Intelectuais e palavra impressa | Giselle Martins Venâncio

Redes de sociabilidade, geração e cultura política: conceitos que já não são mais desconhecidos dos historiadores brasileiros, dentre esses, pesquisadores que se lançam a investigações que tomam por objetos publicações literárias, culturais, jornalísticas, historiográficas e aqueles responsáveis pela sua produção ou difusão. Dentro deste panorama de pesquisa se apresenta o livro Intelectuais e palavra impressa. Lançada em 2016, a obra tem como organizadora Giselle Martins Venâncio, professora do departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisadora vinculada ao Núcleo de Pesquisa em História Cultural instalado nessa mesma instituição. Ao longo de sua trajetória como historiadora, Venâncio buscou investigar temas relativos à história da cultura escrita, tendo como uma das principais preocupações interrogar os usos sociais dos objetos impressos, bem como os conflitos e estratégias que podem nestas materialidades estarem inscritos.

Nota-se que a obra supracitada é fruto dos diversos trabalhos acadêmicos nos quais Venâncio esteve envolvida como orientadora. Os capítulos do livro são recortes de pesquisas, algumas concluídas e outras em andamento, que estão situadas nos mais diversos espaços acadêmicos da UFF, da graduação à pós-graduação e, portanto, têm como autores pesquisadores em diversos graus de formação (de graduandos a doutores) aglutinados em torno do tema da palavra impressa. Sendo assim, de uma maneira geral, o livro permite pensar em como a temática da Cultura Escrita em convergência com a História Cultural e Política é passível de ser abordada. Exibindo um breve panorama dos limites e das possibilidades que se abrem aos pesquisadores que investem nessas áreas de pesquisa e onde todos esses conceitos acima mencionados são de alguma maneira instrumentalizados, o livro proporciona reflexões que tangenciam, por exemplo, a forma de organização e ação de intelectuais ou dos grupos a eles vinculados. Leia Mais

História Pública no Brasil: Sentidos e itinerários | Ana Maria Mauad, Juniele Rabêlo de Almeida, Ricardo Santhiago

A tentativa de compreensão e a elaboração da noção de “História Pública” são dois movimentos recentes dentro do campo historiográfico brasileiro, o que, no entanto, não significa que tal debate esteja ausente de outras iniciativas que tangenciam a construção do conhecimento histórico ao longo do tempo produzido no país – inclusive aquelas encabeçadas por sujeitos que não são institucionalmente reconhecidos como historiadores. O livro História Pública no Brasil: Sentidos e itinerários lançado recentemente, no ano de 2016, segue este percurso que busca trazer à cena a reflexão da história e seus inúmeros públicos – considerando também a multiplicidade de significados desse último termo. Já na apresentação da obra é evidente o desejo de fugir de uma simplificação do que seria a História Pública, buscando assim constituir um campo de estudos que permita desenvolver esta concepção, inclusive, assumindo a sua multi e interdisciplinaridade. Leia Mais

Arquivos pessoais: reflexões disciplinares e experiências de pesquisa | Luciana Heymann, Isabel Travancas e Joelle Rouchou

Embalado por um movimento entendido nos estudos da pós-modernidade como “o retorno do sujeito”1 se percebe há mais de trinta anos um aumento crescente do interesse de pesquisadores quanto a utilização de arquivos que “vão além” daqueles considerados “consagrados”. Mas quais seriam estes arquivos “para além”? A palavra “arquivo” correntemente esta associada à imagem de grandes conjuntos documentais onde podem ser encontrados os saldos das atividades burocráticas de determinada instituição, seja ela pública ou não. Já os arquivos “para além” ultrapassariam essa noção circunscrita de arquivo como um lugar de verdade e imparcialidade.

Como exemplo destes diferenciados corpos documentais, se colocam os arquivos pessoais, que, durante décadas, desde as primeiras manifestações do movimento Annales, ficaram marginalizados pois entendia-se que estes estavam ligados a um fazer histórico a ser superado. No entanto, mudanças no “fazer” historiográfico ligadas sobretudo a releitura de uma história política e o desejo de construção de uma história do “ordinário”, do homem comum, suas práticas e hábitos trouxeram novamente à cena tais vestígios, instigantes testemunhos de trajetórias individuais. Leia Mais