RESISTÊNCIA: A construção de saberes históricos em tempo de pandemia | Das Amazônias | 2021

Casarao da Rua 20 Goiania Das Amazônias

Iniciamos esta edição com sinceras condolências em respeito a todos os brasileiros e brasileiras que partiram devido à crise sanitária ocasionada pelo novo coronavírus, mas sobretudo pesarosos do contexto ideológico em que o Brasil está inserido. A Revista Discente das Amazônias se irmana no sentimento de tristeza de cada ente querido que sente a dor da saudade, palavra encontrada apenas no português do Brasil (e que faz muito sentido face a falta do avô, da mãe, do irmão, do pai, da tia, do primo, do próximo ou do distante), na ausência da vida. Externamos nossa solidariedade aos que permanecem e lastimamos por aquelas pessoas que se tornaram montante numérico superior a 470.000 mil mortos, vítimas de um genocídio resultante da ignorância, do negacionismo e da pseudociência.

Mas, nos apeguemos aos respingos de esperanças. Paulo Freire, fugindo da norma, já nos convidava a conjugar o substantivo “esperança” – esperançar é preciso. É nesses embalos de incerteza de um viver marcado por lutas, que devemos acreditar na ciência, na educação pública e gratuita e sua fundamental importância e contribuição para à sociedade. Assim, caros(as) leitores e leitoras, lhes convidamos a lerem os trabalhos submetidos à Das Amazônias, Revista Discente de História da Ufac (em seu volume 4, número 1), que compõe o conjunto de periódicos da área de História do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), da Universidade Federal do Acre (Ufac). Leia Mais

Ensino de História e Saberes Históricos |  SÆCULUM – Revista de História  | 2006

Entregamos ao leitor o segundo número do ano de 2006, honrando nosso compromisso de organização de dois Dossiês: o primeiro, sobre História e Região, e este, sobre Ensino de História e Saberes Históricos. Dessa forma, as publicações da Sæculum neste ano contemplaram reflexões acerca das duas linhas de pesquisa do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal da Paraíba cuja área de concentração é História e Cultura Histórica. Leia Mais

Ensino de História e Saberes Históricos / Sæculum / 2006

Entregamos ao leitor o segundo número do ano de 2006, honrando nosso compromisso de organização de dois Dossiês: o primeiro, sobre História e Região, e este, sobre Ensino de História e Saberes Históricos. Dessa forma, as publicações da Sæculum neste ano contemplaram reflexões acerca das duas linhas de pesquisa do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal da Paraíba cuja área de concentração é História e Cultura Histórica.

Este Dossiê apresenta nove artigos que não têm a pretensão de esgotar os temas e análises sobre Ensino de História e Saberes Históricos, mas pautar futuras pesquisas e permitir novos olhares sobre o campo de pesquisa. Rosa Godoy Silveira problematiza o ensino de História, apontando como nele se elidem o estudo e o debate sobre os conflitos presentes nas sociedades, na medida em que o conhecimento histórico é ministrado como um dado e não como uma construção; Geraldina Maria da Silva e Marlene de Oliveira discutem a prática pedagógica da história e da geografia, a violência simbólica produzida por essa prática e a urgência de repensá-la como construção de cidadania plena; Francisco Chaves Bezerra discute a criação, estadualização e federalização do Ensino Superior na Paraíba e recupera o debate historiográfico no Brasil e na Paraíba referente ao tema, refletindo sobre o projeto de educação de nível superior que foi pensado e executado em todo país a partir da década de 1930; Rosana Ulhôa Botelho descreve uma pesquisa associada à prática pedagógica em que alunos de História, dentre outros cursos de uma instituição de ensino superior de Brasília, participaram como “fonte da pesquisa” e, ao mesmo tempo, como analistas do material produzido sobre a questão da adoção de “cotas” para estudantes afro-descendentes em universidades brasileiras; Vilma de Lurdes Barbosa se propõe a refletir especificamente sobre aspectos relativos ao ensino de história e de história local, na perspectiva de enfocar a sua aplicabilidade e significado para professores e alunos; Helenice Aparecida Bastos Rocha apresenta resultados de pesquisa sobre o ensino de história na escola em que se investiga a relação entre a linguagem e o conteúdo específico, ou conhecimento histórico escolar, problematizada a partir de uma abordagem discursiva e de inspiração etnográfica; Andreza Oliveira Andrade discute como o ensino de história, por meio das verdades e representações veiculadas pelo currículo escolar e pelos livros didáticos, contribui para a construção e reafirmação cotidianas das hierarquias sócio-culturais de gênero; Marcos Antônio Caixeta Rassi e Selva Guimarães Fonseca analisam os impactos da formação inicial de professores de história nas práticas desenvolvidas no ensino fundamental e médio, o modo como os saberes iniciais foram sendo apreendidos e como, ao longo das experiências docentes, foram articulando-se às práticas e metamorfoseando-se. Finalmente, Emerson Dionísio G. de Oliveira reflete acerca do ensino da história a partir dos conceitos de “leitura” redefinidos pelas novas mídias, em particular sobre os trânsitos de informações e os “lugares” de saber.

Além do Dossiê Ensino de História e Saberes Históricos este número apresenta artigos de Serioja R. C. Mariano, que analisa os motins militares na década de 1820 na Paraíba, inserindo-os em um quadro mais amplo de construção do Estado Nacional, sem deixar de apontar as especificidades locais; de Pierre Normando Gomes da Silva e Marcello Bulhões Martins, onde os autores analisam a obra A Educação Nacional (1890), de José Veríssimo, com o intuito de vistoriar o cotidiano social e as proposições pedagógicas de acepção de educação e de corpo que marcaram a formação do sentimento nacional e a cultura pedagógica que daí surgiram; Lourenço Conceição Gomes, por sua vez, traz uma interessante discussão comparativa entre as fortalezas de Natal, no Rio Grande do Norte, e da Ribeira Grande, em Cabo Verde, analisando o sentido simbólico de cada uma delas para a conquista e controle da colônia; Tatyana de Amaral Maia mostra, com base na correspondência pessoal, o entrelaçamento das vidas de Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo e Darcy Ribeiro. Concluindo ainda temos a resenha assinada por Regina Célia Gonçalves, que esmiúça o livro Operários de uma vinha estéril, de Charlotte Castelnau-L’Estoile, obra que analisa competentemente a atuação da Companhia de Jesus no Brasil Colonial.

Diversos temas, diversos objetos, enfoques também diversos. Sæculum marca sua posição editorial de dar voz e espaço aos pesquisadores do campo da História, esperando que os textos aqui publicados suscitem profícuos debates. À leitura, então…


Equipe Editorial. Editorial. Sæculum, João Pessoa, n.15, 2006. Acessar publicação original [DR]

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Saberes históricos e pedagógicos / Revista Brasileira de História / 2004

A presente edição da RBH, mais uma vez, comporta um dossiê a propósito de saberes históricos e pedagógicos. No número 46, de 2003, fizemos um comentário que merece aqui reprodução: “Apenas considerando o início dos anos 90 e os dias atuais, isto é, 32 números editados, a RBH publicou principalmente dossiês de teoria de história ou historiografia, cerca de 25% do total — o que atesta vivamente que o ofício do historiador, seus métodos e dificuldades, apresentam-se como a preocupação mais constante da comunidade”.

É possível que tal preocupação com as questões teóricas decorra da tentativa de administrar a mais recôndita aspiração do historiador: a de lidar positivamente com a imprevisibilidade do conhecimento. O futuro não está compreendido pelo passado, e essa indeterminação angustia aquele a quem, por profissão, cabe confrontar o conhecimento adquirido com o devir. Toda e qualquer comunidade humana toma decisões sobre o seu futuro, e não o faz optativamente. Somos todos obrigados, para o bem e para o mal, a optar. Daí o lugar especial destinado à imaginação nos estudos históricos. É pelo trabalho simultâneo da imaginação e da razão que o historiador encontra motivos para a refutação de sua instabilidade de princípio.

Procedendo dessa forma, isto é, publicando sucessivos dossiês sobre questões teóricas da disciplina, a RBH tem aberto freqüentemente espaço para a aventura do saber, lidando sempre com o entender e o ensinar a história. Neste número, como em outros precedentes, contamos com a parceria de eficientes e inspirados autores para discutir aspectos teórico-metodológicos da historiografia contemporânea, que se constituem, muitas vezes, em impasses da nossa ciência. Os três primeiros artigos do presente número da RBH, a seu modo, avaliam os ditos impasses. Norberto Guarinello abre o volume discutindo conceitos como tempo histórico, estrutura e ação, a partir da perspectiva do tempo cotidiano. Numa leitura que pode se constituir em diálogo e contraponto ao artigo anterior, Carlos Zacarias, em “A dialética em questão”, busca demonstrar que uma determinada tradição marxista nunca deixou de promover sínteses essenciais ao método dialético. Em “Testemunho, juízo político e história”, Fernando Kolleritz analisa as propriedades características do gênero testemunhal, descrevendo as situações ideológicas que presidiram a recepção de depoimentos sobre os campos de concentração nazistas e comunistas.

Ocupando um espaço privilegiado, seguem-se sete artigos nos quais o tema do ensino de história constitui a preocupação primordial. Claudefranklin Santos e Terezinha Alves de Oliva recuperam e analisam um livro de leitura, o Através do Brasil, que, procurando fortalecer a identidade nacional, sintetizou um ideal pedagógico brasileiro do início do século XX. Cuidando de tema semelhante, Sonia Miranda e Tania de Luca, em “O livro didático de história hoje”, constroem uma breve radiografia do livro didático contemporâneo e apontam algumas temáticas centrais que têm ocupado o cenário relativo ao saber histórico escolar. Lucia Guimarães aborda o IV Congresso de História Nacional, promovido pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no Rio de Janeiro, em 1949, com o intuito de avaliar a sua contribuição à historiografia nacional. Laerthe Abreu Jr. analisa o caderno de recortes sobre educação do Diario Official do Estado de São Paulo, nos anos 30 e 40 do século XX. Sua intenção é mostrar indícios das práticas escolares que aparecem e se destacam em meio aos textos sobre aspectos legais da educação. A tentativa de construção de um Código disciplinar para a História no Brasil é o assunto privilegiado por Maria A. Schmidt, em artigo que põe em foco a obra didática de Jonathas Serrano (1855-1944), professor de História do Colégio Pedro II. Luiz Cerri, em “Saberes históricos diante da avaliação do ensino”, trata da influência que o ENEM exerceu, como prática avaliativa privilegiada durante o anterior governo federal, na organização do currículo do Ensino Médio. E, ainda dentro da seção destinada ao conhecimento pedagógico, Paulo Martinez estuda questões ambientais presentes no conhecimento histórico escolar.

Além desses, mais três artigos, versando sobre temáticas externas ao dossiê, completam a presente edição. São eles: “Almas em busca da salvação: sensibilidade barroca no discurso jesuítico (século XVII)”, de Eliane Fleck; “Mediações entre a fidalguia portuguesa e o Marquês de Pombal: o exemplo da Casa de Lavradio”, de Fabiano V. dos Santos; e “O caráter religioso e profano das festas populares: Corumbá, passagem do século XIX para o XX”, de João Carlos de Souza.

Fiel à sua tradição, portanto, a RBH abre espaço para uma aliança entre a imaginação e a razão histórica. Mas o faz esquivando-se do perigo de tomar por real o que é produto da imaginação. O caminho para o desfazimento da aludida confusão parece estar contido na separação entre duas formas de imaginação, e na escolha daquela que, procedendo por hipóteses as quais ela se esforça para validar, afasta imediatamente as conclusões em diametral oposição à experiência vivida.

Assim, a atividade científica em história — para a qual a RBH pretende se constituir em veículo de divulgação — é o protótipo da imaginação cotidianamente confrontada pela experiência. E, em nosso caso, essa experiência nos vem pelo profícuo relacionamento entre nossos autores e nossos leitores.

Conselho Editorial


Conselho editorial. Apresentação. Revista Brasileira de História, São Paulo, v.24, n.48, 2004. Acessar publicação original [DR]

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