Pibid / Revista do LHISTE / 2018

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) foi, inicialmente, uma proposta de governo para incentivar a permanência dos estudantes em cursos de licenciatura e para aperfeiçoar a formação docente inicial, com foco na articulação entre o mundo universitário e as escolas públicas de Educação Básica[1]. Atualmente, a realização de programas de iniciação à docência está prevista no artigo 62, parágrafo 5o da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9394 / 1996), mas seu formato se modifica conforme são lançados editais por parte do setor da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes) responsável por políticas para a Educação Básica.

Por ser um programa de formação inicial de professores que reconhece e institucionaliza a escola como espaço privilegiado de aprendizagem docente, sua concretização buscou uma difícil conciliação entre as expectativas das escolas, dos gestores da política pública e dos docentes das instituições de ensino superior envolvidas. Além disso, distintas concepções sobre formação docente, carreira, estágio e prática como componente curricular atravessaram os muitos formatos de execução do Programa, havendo variações conforme a instituição coordenadora e, dentro desta, das escolhas tomadas em cada subprojeto.

O essencial é que o Pibid apóia uma concepção de formação docente que recusa a visão do professor como exclusivamente técnico ou exclusivamente artesão de práticas e de saberes. A interlocução com professores experientes da educação básica, orientadores universitários e licenciandos potencializa a articulação das dimensões estética, política e cognitiva do aprendizado da docência. Obviamente, o programa por si só não garante tal conexão, mas abre espaço para isso, caso os agentes envolvidos tenham a intenção de romper com velhos paradigmas do aprendizado da docência.

Nesse sentido, o modelo de formação inicial e contínua proposto pelo Pibid permite que concepções de professores como intelectuais transformadores (conforme propõe a tradição da pedagogia crítica [2]) e como agentes culturais (proposta explícita nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores de 2015 [3]), ganhem espaço institucional, na medida em que as ações desenvolvidas passam ao largo do modelo de intervenção pontual para sanar problemas de aprendizagem. Trata-se de um exercício coletivo, de ritmo lento, mas progressivo, em que o diagnóstico da escola e das situações de sala de aula; o planejamento de atividades (aulas, oficinas, objetos de aprendizagem, intervenções, etc.); e a avaliação se dão em função do aprendizado da docência. E não se trata apenas da formação dos estudantes da Licenciatura, mas também dos docentes supervisores e dos coordenadores de área.

A primeira iniciativa de implementação de um subprojeto História na Universidade Federal do Rio Grande do Sul aconteceu em 2009, conduzido por alguns professores da Área de Ensino de História do Departamento de Ensino e Currículo da Faculdade de Educação. Parte das produções desse primeiro período foi publicada em um livro em 2013 [4]. Com o edital Pibid 2014-2018, foi composta uma coordenação interdepartamental, com os docentes já existentes e outros, do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas.

Nesse período, mantiveram-se 24 bolsas de Iniciação à Docência (contemplando aproximadamente o dobro de estudantes, devido a distintos tempos de permanência no projeto), quatro bolsas de Supervisão (sete professores diferentes revezaram-se nesse lugar [5]) e duas bolsas de Coordenação de Área. As escolas que participaram desse período foram o Colégio Estadual Júlio de Castilhos, o Colégio de Aplicação da UFRGS, a Escola Estadual Coronel Afonso Emílio Massot e a Escola Estadual Técnica Irmão Pedro. As atividades desenvolvidas entre 2014 e 2017 foram palco de estudo de um projeto de pesquisa sobre formação docente e construção coletiva de conhecimentos [6].

Além de espaço de produção de conhecimento, o Pibid também é espaço de luta. Esses dois aspectos se dividem apenas para análise, pois, na prática, não há separação (pelo menos, não na nossa perspectiva de docência) entre manifestar-se nas ruas e nos fóruns em defesa da educação pública e produzir conhecimentos didáticos de forma responsável e com qualidade negociada. Em 2015, os primeiros rumores de cortes financeiros ou, até, de suspensão do programa se fizeram ouvir. Houve mobilização no país todo, ao longo das diversas ondas de disputa entre a Capes e o Fórum de Coordenadores Institucionais do Pibid (Forpibid). Da mesma forma, os participantes do Pibid envolveram-se nas greves docentes, nas ocupações, nas greves gerais e em outras iniciativas nesse período de golpes sucessivos.

Para finalizar o ciclo 2014-2018, decidimos organizar uma publicação que, de alguma forma, refletisse parcialmente os conhecimentos produzidos por professores (em formação inicial ou contínua, da escola e da universidade) e estudantes da educação básica em coletivo. Para isso, enviamos convites para todas as pessoas que foram ou estavam vinculadas ao Subprojeto História do Pibid UFRGS no final de 2017, para que enviassem suas propostas por meio da Revista do LHISTE. As produções que foram recebidas, avaliadas e aprovadas são as que seguem.

O dossiê está composto principalmente por relatos de experiências produzidos por bolsistas de iniciação à docência e trazem reflexões sobre as vivências escolares, a elaboração e aplicação de sequências didáticas e oficinas.

“Lembrando a greve: relatos produzidos como parte do acervo do memorial da escola técnica estadual Irmão Pedro”, de autoria de Fernanda Sperotto e Arthur Maia Gomes, relata a ação educativa desenvolvida por bolsistas de iniciação à docência no sentido de realizar uma exposição sobre a greve docente do ano de 2017. Quais os significados daquela greve para a comunidade escolar? Quais as marcas que ela deixou e o que os e as estudantes queriam dizer sobre aquele acontecimento? A experiência desenvolvida é um bom exemplo de como as aulas de história podem se valer de acontecimentos do presente para pensar sobre o conhecimento histórico, suas relações com a memória, as relações de poder e a construção de narrativas históricas.

Andressa Borba, Bibiana Harrote Pereira da Silva e Caio Tedesco apresentam “Gênero e ensino de história: reflexões sobre práticas de iniciação à docência no Pibid / história (UFRGS)”, uma reflexão sobre como surgiu a proposta de realizar uma oficina sobre história e relações de gênero para estudantes do Ensino Médio e quais foram os desafios de trabalhar com essa abordagem. A oficina realizou atividades ao longo de um semestre, tendo como eixos centrais os debates sobre gênero, corpos e sexualidades na história e nas sociedades contemporâneas.

“É imperialismo que nem o Donald Trump Sor?: um relato de experiência sobre Imperialismo no âmbito do PIBID”, de autoria de Carlos Eduardo Barzotto e Bruno Corrales apresenta as estratégias utilizadas pelos bolsistas para trabalhar o conceito de Imperialismo, contextualizando as diferenças entre o imperialismo ateniense do século V e o uso do conceito na história contemporânea.

Ainda como relato de experiência, o professor Leonardo de Lara, que atuou como supervisor do Subprojeto História UFRGS entre 2015 e 2017, discute a importância da docência compartilhada como um lugar de aprendizagens mútuas que permitiu a professores e professoras das escolas uma proximidade com a Universidade e com debates atuais no campo da historiografia e do ensino de história. Ao mesmo tempo, o autor fala da experiência de ser supervisor e trabalhar com os e as bolsistas de iniciação à docência.

Carolina Monteiro e Ignacio Angues apresentam o relato intitulado “O partido nazista era o PT da Alemanha?”. Esta pergunta realizada por uma estudante para a dupla de bolsistas do PIBID UFRGS fomentou uma reflexão sobre o ensino de história de temas sensíveis, especialmente quando o passado é ressignificado nas disputas políticas do presente.

Ainda como relato de experiência, o professor Leonardo de Lara, que atuou como supervisor do Subprojeto História UFRGS entre 2015 e 2017, discute a importância da docência compartilhada como um lugar de aprendizagens mútuas que permitiu a professores e professoras das escolas uma proximidade com a Universidade e com debates atuais no campo da historiografia e do ensino de história. Ao mesmo tempo, o autor fala da experiência de ser supervisor e trabalhar com os e as bolsistas de iniciação à docência.

Júlia Barbosa e Douglas Ramos discutem em seu relato de experiência o trabalho desenvolvido nas aulas da disciplina de Estudos Latino-americanos, ofertada para os anos finais do ensino fundamental no Colégio de Aplicação / UFRGS. O texto indica que as atividades de iniciação à docência foram importantes não apenas para pensar o ensino de história da educação básica. Mas também para refletir sobre a própria formação, enquanto graduandos de uma licenciatura em história.

Além dos relatos, temos um artigo de Lidiane Malaguês, que realizou um levantamento e análise das produções bibliográficas resultantes do Subprojeto História, indicando a diversidade de temas e problemáticas discutidas por integrantes das diferentes equipes que o integraram. Este artigo é importante permite dimensionar que a iniciação à docência precisa considerar alguns aspectos: o contato com o cotidiano da educação pública, o estudo e o planejamento das atividades docentes e a reflexão sobre as práticas desenvolvidas em sala de aula. Acreditamos que, desde 2013, quando o Subprojeto História iniciou, estes três eixos da ação docente foram objeto de nossa preocupação.

Em “O ensino de História e a resistência aos medos de falar, de ser e de dizer” Pedro Soares Gediel e Fernando Seffner discutem o crescente cenário de cerceamento à liberdade de ensinar recorrente de movimentos e projetos de lei que visam censurar temas e abordagens dentro das instituições escolares. Para os autores, essas propostas visam sublinhar que estudantes não possuem qualquer tipo de senso crítico e informações prévias. E desacreditam o lugar dos professores e das professoras como intelectuais, capazes de exercer mediações e produzir conhecimentos junto com os seus alunos / as.

Finalizando o dossiê, apresentamos uma entrevista concedida pela Profa. Dra. Katani Monteiro da Universidade de Caxias do Sul, que coordenou o Subprojeto História PIBID UCS durante 2015-16. Na conversa, realizada em maio de 2018, a Professora Katani reflete sobre os impactos do PIBID para a Universidade, para os e as bolsistas de Iniciação à Docência e para as escolas envolvidas.

Na sessão de temas livres, a Revista do LHISTE apresenta cinco artigos que versam sobre temas extremamente atuais para o ensino de história. Matheus Oliveira da Silva apresenta os debates sobre a Base Nacional Curricular Comum. Lair Faria apresenta sua experiência abordando história das mulheres e música. O tema dos Direitos Humanos é o assunto do texto de Anita Natividade Carneiro, desenvolvido a partir de uma experiência de estágio no ensino médio. Filipe Cambraia do Canto analisa o potencial do ensino de história como disciplina transformadora, a partir de sua experiência no projeto Territórios Negros. Finalizando esta edição, o artigo de Luciano Teles apresenta a experiência do desenvolvimento do jornal discente Folha da História e convida à reflexão sobre a importância dos periódicos alternativos, especialmente dentro dos espaços universitários.

Notas

1. CAPES. Portaria n. 72, de 09 de abril de 2009. Disponível em: . Acesso em: 03 set. 2018.

2. GIROUX, Henry. Professores como intelectuais. Porto Alegre: Artmed, 1997.

3. Conselho Nacional de Educação. Resolução n. 01 de 2015. Disponível em: http: / / portal. mec.gov.br / conselho-nacional-de-educacao / atosnormativos- -sumulas-pareceres-e-resolucoes?id=21028 . Acesso em: 11 jan. 2016.

4. MEINERZ, Carla B. et al. (orgs.). Caderno pedagógico de História – Pibid / UFRGS: saberes e práticas de professores de História em formação. Porto Alegre: Oikos, 2013.

5. Ana Gabriel, Leonardo Lara, Raquel Grendene, Franciele Luvison, Larissa Grisa, José Luis Morais e Edson Antoni.

6. Até o momento, foi publicado um artigo acadêmico sobre essa pesquisa, além de resumos e comunicações em eventos (PACIEVITCH, Caroline. Conhecimento didático e formação de professores de História: contribuições para a teoria e a prática. Diálogo Andino, Tarapacá, n. 53, p. 117-126, 2017. Disponível em: . Acesso em: 03 set. 2018).

Caroline Pacievitch – Doutora em Educação pela Unicamp e professora do Departamento de Ensino e Currículo da Faculdade de Educação da UFRGS.

Natália Pietra Méndez – Doutora em História pela UFRGS e professora do Departamento de História da UFRGS.


PACIEVITCH, Caroline; MÉNDEZ, Natália Pietra. Editorial. Revista do LHISTE. Porto Alegre, v.5, n.7, jul. / dez., 2018. Acessar publicação original [DR]

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História ambiental e ensino / Revista do LHISTE / 2017

Meio ambiente na aula de História: Interações entre ensino de história, história ambiental e educação ambiental

A questão ambiental vem se tornando, nas últimas décadas, debate incontornável na esfera pública, a partir da ocorrência de desastres socioambientais, das reivindicações dos movimentos ambientalistas, da realização de conferências internacionais, da apreensão gerada pelos impactos do desenvolvimento tecnocientífico, e da percepção cada vez mais difundida de uma crise de proporções planetárias. Desde os anos 1970, essas questões passaram a ser discutidas também no âmbito da educação e do ensino. Surgia a educação ambiental, como campo de conhecimento dedicado à formação de cidadãos aptos a uma atuação política, capazes de reivindicar “justiça social, cidadania nacional e planetária, auto-gestão e ética nas relações sociais e com a natureza” (REIGOTA, 2006, p. 10). Também a história passou a incorporar o estudo sobre as interações entre seres humanos e natureza ao longo da história, por meio da história ambiental. Essa área de conhecimento trata do papel e do lugar da natureza na vida humana (WORSTER, 1991).

Dada a urgência e importância do tema, o ensino de história não poderia abster-se de abordá-lo. Como bem colocou Circe Bittencourt (2003, p. 42), “a manipulação da natureza pelo homem possui uma longa história, com variações em intensidade e brutalidade”, que precisa estar presente nas aulas de história. Mais do que isso, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) preveem o tratamento da temática de forma transversal na Educação Básica.

Entre outras possibilidades, Gerhardt e Nodari (2010) apresentam algumas sugestões de como o meio ambiente pode ser alvo das aulas de história, por meio do estudo da história local, da toponímia e de fontes visuais e arquivísticas. Os relatos de viajantes que percorreram o território brasileiro ao longo dos períodos colonial e imperial podem ser alvo de investigação que interliga ensino de história e história ambiental, pois contém descrições da flora e fauna que podem ser comparadas com a situação atual de ecossistemas.

Este dossiê se propõe a unir textos que revelam como seus autores percebem as discussões atuais em torno da questão ambiental no ensino de história. Alguns trabalham em cima de suas próprias experiências em sala de aula, outros apresentam balanços históricos e historiográficos, em regiões delimitadas, e, um terceiro grupo apresenta desafios e perspectivas inovadoras para trabalhar o tema. Em função dessa subdivisão temática, o dossiê está organizado em três grupos que totalizam 10 artigos. Além disso, dois textos discutem o tema dos desastres ambientais, na seção Painel. Conta também com duas entrevistas, uma com historiador, outra com educador, ambos autores de obras referenciais nas áreas de história ambiental e educação ambiental.

No primeiro grupo de artigos, Experiências de Ensino, o primeiro texto, de Ely Bergo de Carvalho, busca refletir sobre as dificuldades de se trabalhar a educação ambiental na formação inicial de historiadores. A partir de suas pesquisas e experiências pessoais, o autor considera que essa dificuldade, entre outras razões, está no paradigma de pensamento hegemônico no mundo ocidental, fundado na disjunção sociedade / natureza que, por sua vez, condiciona o viés antropocêntrico com que as ciências humanas têm sido concebidas, ao longo da história.

Na sequência, Ana Marcela França apresenta uma proposta de curso universitário que conjuga história ambiental e história da arte. Além de discussão teórica sobre as duas áreas do conhecimento e sobre o conceito de paisagem, a autora acrescenta exemplos de análises de imagens a partir da interação entre as duas disciplinas.

O artigo de Wesley Kettle procura analisar de que maneira os professores e professoras de história da rede pública da cidade de Ananindeua-PA incorporam o tema do meio ambiente em suas práticas pedagógicas. A partir da realização de entrevistas, o autor percebe alguns problemas derivados da formação dos docentes, o que leva a um descompasso entre a história ensinada em sala de aula e os resultados das investigações oriundas dos programas de pós-graduação e projetos de pesquisa desenvolvidos nas universidades brasileiras.

No texto que fecha essa primeira parte do dossiê, Elenita Malta Pereira e Antônio Dias Prestes apresentam as discussões que foram objeto em aulas de História Ambiental ministradas pelos autores no curso de História da UFRGS, em 2012 e 2013. Além de expor a sequência dos conteúdos e temáticas abordados naquelas experiências, o artigo argumenta pela necessidade de aprofundamento da questão ambiental nas disciplinas voltadas à formação de professores de história, sem prejuízo de sua presença de forma transversal em todas as demais que compõem os cursos formadores.

No segundo grupo de textos que compõem o dossiê, História e historiografia, o artigo de Carla Oliveira de Lima apresenta um balanço historiográfico – não exaustivo – sobre abordagens que tematizaram sobre as interações entre o homem e o mundo natural no contexto da Amazônia brasileira. A autora defende que os trabalhos orientados pela história ambiental conseguem superar o determinismo geográfico e oferecem interpretações mais aprofundadas da região.

Fabiano Quadros Rückert, no segundo artigo da seção, constrói uma narrativa da história da educação ambiental na Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos. O texto aborda iniciativas individuais, a partir da atuação precursora de Henrique Roessler, bem como a atuação da sociedade civil em organizações ambientalistas e comitês de bacias.

No último artigo dessa seção, Bread Soares Estevam analisa o contexto de emergência da Educação Ambiental e da História Ambiental, como resultado do processo de busca por novos paradigmas para a superação da crise socioecológica configurada a partir da década de 1970. O autor defende a profunda conexão entre as duas disciplinas e oferece sugestões de eixos temáticos que podem ser trabalhados nas aulas de história, de forma a contribuir para a educação ambiental dos estudantes.

A terceira seção do dossiê, Desafios e Perspectivas, é aberta com o artigo de Jó Klanovicz, no qual o autor discute o impacto da política estadual de Educação Ambiental do Paraná no redimensionamento das matrizes curriculares dos cursos de graduação em História das universidades estaduais paranaenses. O artigo argumenta que a implementação da História Ambiental ocorre muito mais no âmbito da pesquisa do que do ensino, em função das especificidades desse campo do conhecimento histórico e de dificuldades no âmbito político das universidades estaduais.

Na sequência, o artigo de Rodrigo Barchi apresenta o discurso ecologista presente em um movimento (anti) musical chamado grindcore, surgido nos anos 80 e que se caracteriza tanto pela grande velocidade quanto pelo alto ruído de suas composições. A proposta do autor é, a partir do conceito de “saberes insurrectos” e das verdades construídas pelas pessoas infames, desvelar um pouco mais as ecologias e educações “menores” construídas por grupos menores e / ou marginais.

Encerrando a terceira seção, o artigo de Denis Fiuza traz uma proposta de análise de fontes impressas no ensino e na pesquisa em história, como periódicos, jornais e revistas relacionados à preservação ambiental, com o objetivo de aprofundar os debates sobre a ecologia e instrumentalizar os professores e estudantes em relação a essa temática, a partir do referencial teórico da ecocrítica.

O dossiê conta também com dois textos na seção Painel, que abordam o tema dos desastres socioambientais. O primeiro, escrito por Haruf Salmen Espindola e Cláudio Bueno Guerra, realiza um esforço no sentido de facilitar o entendimento do desastre socioambiental que abateu sobre o Rio Doce, nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, oferecendo elementos para se discutir criticamente riscos, impactos e desastres ligados aos grandes investimentos de capital. No segundo texto, Marcos Aurélio Espindola discute a importância de se abordar a temática dos desastres socioambientais no ensino de história, a partir de um ponto de vista não-antropocêntrico.

Encerram o dossiê duas entrevistas com professores que atuam intensamente pela interação da temática ambiental no Ensino de História a partir de suas respectivas áreas: Paulo Henrique Martinez, na história ambiental, e Marcos Reigota, na educação ambiental.

O dossiê, portanto, abriga artigos e entrevistas que trazem diferentes olhares e perspectivas para pensarmos a abordagem da questão ambiental no Ensino de História. Que frutifique e colabore para multiplicar as análises sobre o tema e, mais importante, que possa contribuir para qualificar a atuação docente no dia-a-dia da sala de aula. Dessa forma, quem sabe, o dossiê mesmo possa ser um instrumento de Educação Ambiental, ajudando a superar a disjunção sociedade-natureza, de forma a construir um ensino de história menos antropocêntrico.

Referências

BITTENCOURT, C. M. F. Meio ambiente e ensino de História. História & Ensino, Londrina, v. 9, p. 63-96, 2003.

GERHARDT, M.; NODARI, E. S. Aproximações entre História Ambiental, Ensino de História e Educação Ambiental. In: BARROSO, V. L. M. et al. Ensino de História: desafios contemporâneos. Porto Alegre: EST, 2010.

REIGOTA, M. O que é educação ambiental. São Paulo: Brasiliense, 2006.

WORSTER, D. Para fazer história ambiental. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 4, n. 8, p. 198-215, 1991.

Elenita Malta Pereira – Doutora em História (UFRGS). Professora no Departamento de História da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

A organizadora


PEREIRA, Elenita Malta. Editorial. Revista do LHISTE. Porto Alegre, v.4, n.6, 2017. Acessar publicação original [DR]

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Ensino de História e Interdisciplinaridade / Revista do LHISTE / 2015

Com um pequeno dossiê sobre Ensino de História e Interdisciplinaridade, chega ao público o segundo número da Revista do LHISTE. As três contribuições sobre o tema trazem reflexões sobre práticas educativas específicas, mas que apontam para problemas compartilhados em nosso campo. No primeiro artigo, Letícia Ferreira examina algumas experiências do Instituto Federal do Rio Grande do Sul na integração da História a disciplinas técnicas. A seguir, Jezulino Braga analisa possibilidades de ensino através da narrativa visual do Museu de Artes e Ofícios de Belo Horizonte, espaço de memória e linguagem particulares, que exigem do professor uma abordagem atenta a outras áreas do conhecimento. No terceiro texto, Eduardo Ferreira e Samuel da Silva discutem a formação do professor de História, confrontando teoria e prática, em busca de novas didáticas para a sala de aula.

Aproveitando o tema, apresentamos uma novidade: a seção Painel. A partir desta edição, publicaremos notas de profissionais convidados a respeito de assuntos “quentes” da área. São textos curtos, descritivos e / ou de opinião, que, acreditamos, permitem construir um painel de pontos de vista variados. Organizada pelo professor Benito Schmidt, a seção traz contribuições de Valdei Araújo, Itamar Oliveira, Jocelito Zalla e Viviane Gnecco.

Também publicamos neste número dois artigos na seção livre. Jaqueline Zarbato explora as interfaces entre currículo e práticas docentes no tocante à formação do professor de História. Mateus Meireles reflete sobre a temática dos Direitos Humanos no ensino da disciplina, recorrendo à sua experiência de estágio supervisionado.

Na seção Relatos de Práticas, Jefferson da Silva fala do PIBID-História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e Leandro Mayer discute o Projeto História Local Porto Novo, desenvolvido em Itapiranga – Santa Catarina.

Caroline Pacievitch e Amanda Oliveira nos apresentam o livro Peabiru: um caminho, muitas trilhas, organizado pelas professoras Ernesta Zamboni, Maria de Fátima Sabino Dias e Silvia Finocchio, na seção Resenhas. Por fim, Pacievitch introduz um depoimento do professor Jean-Christophe Sanchez, do Lycée Pierre d’Aragon, em Muret (França), e da École Superieure du Professorat et de l’Éducation da Académie de Toulouse, na seção Entrevista.

Com este número, também inauguramos a nova identidade visual da Revista do LHISTE e sua publicação paralela via ISSUU, plataforma que permite a visualização digital da revista conforme a estrutura e as características das edições impressas. Com isso, buscamos qualificar a experiência de leitura e ampliar a circulação dos textos publicados, acreditando ser nosso papel estabelecer um espaço amplo de troca de ideias entre a universidade e a escola.

Equipe Editorial


Equipe Editorial. Editorial. Revista do LHISTE. Porto Alegre, v.2, n.2, jan. / jun., 2015. Acessar publicação original [DR]

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Ensino de História: ontem e hoje / Revista do LHISTE / 2014

Estamos colocando à disposição de pesquisadores, professores e estudantes um Dossiê que se propõe pensar o ensino de História, do ponto de vista da pesquisa e do ponto de vista das práticas pedagógicas, mas não com a pretensão que criar mais um limite entre a pesquisa e o ensino. Ao contrário, o presente Dossiê apresenta artigos que pensam a pesquisa e a prática pedagógica a uma só vez, problematizando e apresentando alternativas para a sala de aula a partir dos atores que a vivem. Ensejamos que essa reflexão seja a partir da própria sala de aula e de seus atores.

Nesse sentido, esta primeira edição da Revista do Laboratório de Ensino de História e Educação da UFRGS, é resultado de trabalhos de diversos professores, pesquisadores e estudantes de história que assumiram inteiramente o papel de professores-pesquisadores, que realizam a pesquisa sem perder a perspectiva da sala de aula e que ministram aulas de História, sem deixar de exercer a atividade do pensamento.

O LHISTE aposta no debate sobre o ensino de História como forma de qualificar as intervenções pedagógicas em sala de aula, por isso edita a Revista para abrir um espaço novo para pesquisadores, para professores e para estudantes que tenham na escrita e no pensamento a forma e o fundamento da reflexão sobre a aula de História. Esperamos contribuir para a formação dos novos professores e para o contínuo repensar das práticas na Escola Básica.

Equipe Editorial

Revista do LHISTE


Equipe Editorial. Editorial. Revista do LHISTE. Porto Alegre, v.1, n.1, jul. / dez., 2014. Acessar publicação original [DR]

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LHISTE | UFRGS | 2014

LHISTE3 LHISTE

A Revista do LHISTE – Laboratório de Ensino de História e Educação da UFRGS (Porto Alegre, 2014) – é uma publicação semestral especializada em trabalhos acadêmicos sobre o ensino de história, em todos os níveis e etapas educativas, além de sua intersecção com outras áreas do conhecimento.

Constitui-se, portanto, em espaço para a comunicação de pesquisas e reflexões sobre a prática docente, os processos de aprendizagem, a construção de currículos em história, a formação de professores, a memória e a educação patrimonial e o ensino de história e a interdisciplinaridade, entre outros temas caros ao campo.

Também visa à divulgação e registro de novas estratégias, metodologias e objetos, formando um banco de dados especializado em boas práticas pedagógicas de professores em formação inicial, nos estágios e no PIBID/História, assim como de professores da educação básica.

É formada por um Conselho Editorial vinculado ao LHISTE e um Conselho Consultivo mais amplo, composto por professores-pesquisadores de diversas instituições universitárias do país e do exterior, com reconhecida atuação no ensino de história e áreas afins.

É dividida em quatro seções, como descritas abaixo, Artigos, Relatos, Resenhas e Entrevistas. Os trabalhos que se enquadram nas três primeiras categorias são recebidos em fluxo contínuo e avaliados por pares. Podem ser submetidos textos de graduandos, pós-graduandos e profissionais formados em licenciaturas, mestrados e doutorados em História e áreas afins.

Além dos trabalhos recebidos continuamente pelo SEER (Sistema de Editoração Eletrônica da UFRGS), a revista pode publicar dossiês temáticos, com chamadas regulares. Também são previstos números especiais extraordinários, com temas específicos e registros de eventos organizados pelo LHISTE e/ou de relevância para o ensino de história.

Periodicidade semestral.

Acesso livre.

ISSN 2359-5973

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