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Cultura escolar, cultura política educacional e comemorações no Brasil / Revista do IHGSE / 2020
8 de julho de 1920. Há cem anos, o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe realizava a sua sessão solene em comemoração do centenário da Emancipação política de Sergipe, em um evento que reuniu número significativo de autoridades políticas, militares e religiosas, incluindo o presidente da República. Naquela ocasião, o sodalício reafirmava o seu lugar institucional, de defensor da memória, de celebração dos heróis, da história e das efemérides de Sergipe.
Mesmo vivenciando um contexto socioeconômico desfavorável, após uma guerra mundial e uma grande epidemia de gripe espanhola, a emancipação política foi amplamente festejada pelos sergipanos, tanto em instituições científicas, como o IHGSE, quanto nas instituições escolares, por meio dos pomposos desfiles cívicos. Muitos desses aspectos foram registrados no quinto volume da Revista do IHGSE, publicado em 1920. Infelizmente, a escrita sobre as efemérides, comemorações, festas cívicas e cotidiano escolar demoraram em se tornar objetos reconhecidos como legítimos para a história, sendo muitas vezes considerados objetos menores.
Felizmente, essa realidade historiográfica tem mudado consideravelmente. Desde a década de 80 do século XX a historiografia educacional brasileira vem passando por um importante processo de renovação, a partir das discussões pautadas na compreensão da cultura escolar, fato que possibilitou a inserção do cotidiano escolar como problema histórico, bem como a edificação do protagonismo de outros sujeitos da História da Educação. Assim, emergem as experiências de professores, alunos e inspetores como sujeitos da história. Do mesmo modo, as práticas educacionais passam a ser vislumbradas nas instituições escolares, com ênfase para o cotidiano escolar, mas também buscando outras narrativas possíveis, como os desfiles cívicos, as feiras e as exposições.
Com isso, foram amplificadas as possibilidades de leitura do cotidiano escolar, com a inserção das políticas educacionais e das culturas políticas educacionais pensadas e difundidas no espaço escolar. Pensando em tais dimensões da historiografia educacional contemporânea, no âmbito das celebrações do bicentenário da Emancipação Política de Sergipe, apresentamos a nova edição da prestigiada Revista do IHGSE. O dossiê reúne artigos que têm a cultura escolar, as culturas políticas educacionais e as comemorações como problema de investigação.
O dossiê é aberto com o empolgante artigo da Professora Beatriz Góis Dantas “Independência: celebrações, memórias e símbolos”. Trata-se de um texto que a partir das memórias de Serafim Santiago, descreve e analisa as celebrações de 24 de outubro em descompasso com 8 de julho, data do Decreto Real que declara a autonomia, e mostra a elaboração de símbolos no contexto de construção do imaginário social da identidade coletiva emergente. Além disso, a antropóloga sergipana discute como o hino sergipano e a representação do caboclo / índio formam uma unidade significativa com funções cívico-pedagógicas procurando atingir mentes e corações.
O segundo texto que compõe o dossiê é intitulado “Por trás daquele quadro tem vida!”, escrito pelas pesquisadoras Danielle Virginie e Josefa Eliana Souza. É um texto que busca atribuir sentido a parte da narrativa visual do painel Instrução, Cultura, Ciência e Arte, pintado por Jenner Augusto e entregue à Universidade Federal de Sergipe em 10 de junho de 1980. É uma interessante leitura que parte do cruzamento de olhares artísticos, e que tem como fonte principal a entrevista com a atriz Virginia Lucia da Fonseca.
O terceiro artigo, intitulado “A Pedagogia da Feira”, de Maria José Dantas, é um exercício de escrita da História da Educação que repensa o cotidiano escolar e enfatiza a feira cultural do Colégio Deputado Elísio Carmelo, evidenciando a existência de uma “Pedagogia da Feira” no processo de aprendizagem. A investigação se debruça sobre a escola, retratando o surgimento da atividade e apontando reflexões sobre a prática educativa.
Os três últimos artigos que compõem o dossiê apresentam as comemorações como problema de investigação. Com o texto “Dia de festa na Penitenciária Modelo de Aracaju”, Marcia Terezinha Oliveira Cruz investiga a participação dos estudantes da Faculdade de Direito de Sergipe (FDS) nas atividades comemorativas integrantes do “Dia do Encarcerado”, realizadas na Penitenciária de Aracaju entre os anos de 1950 e 1968. Era um evento organizado por meio da atuação da Sociedade Santo Ivo, entidade que congregava professores da FDS e os acadêmicos em Direito. Trata-se de um texto que busca desvendar o cotidiano de uma instituição de ensino superior em Sergipe.
Por meio do artigo “Memórias Escolares de uma Celebração Identitária”, Solyane Lima e Sérgio Guerra analisam a importância do Desfile de 25 de junho no cotidiano escolar na cidade de Cachoeira, no recôncavo da Bahia. Esta celebração é uma data importante não só para a localidade, mas para a Bahia, posto que, há alguns anos, a sede do governo é transferida para a cidade nesse dia. É um estudo que repensa o lugar das comemorações em uma das principais datas do calendário cívico baiano.
Por fim, no artigo “Uma das mais bellas páginas de vosso brilhante passado”, Magno Santos analisa as comemorações de inauguração do monumento a Inácio Joaquim Barbosa, fundador da cidade de Aracaju, nos idos de 1917. O foco da análise foi a mobilização de intelectuais que operacionalizaram diferentes atributos no intuito de forjar a biografia de Inácio Barbosa como herói da cidade e torná-lo apto para o culto cívico.
Por meio desta edição, o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, através de seu periódico, cumpre com a missão institucional de cultora da história sergipana e de ser o espaço privilegiado dos saberes históricos de homens e mulheres deste chão. Mesmo em um contexto permeado de incertezas acerca do porvir, em decorrência da lamentável proliferação da pandemia do coronavírus, devemos seguir o exemplo dos confrades de 1920 e celebrar a data magna dos sergipanos. Como bem expressa o hino estadual, “Alegrai-vos, sergipanos”. “Vamos festejar” e fazer boa leitura da nova edição da Revista do IHGSE.
Magno Francisco de Jesus Santos
Natal, maio de 2020
SANTOS, Magno Francisco de Jesus. Apresentação. Revista do IHGSE. Aracaju, n.50, v.2, 2020. Acessar publicação original [DR]
Rememorar a Independência de Sergipe / Revista do IHGSE / 2020
Rememorar a Independência de Sergipe: histórias, processos e experiências
A reunião de textos desta edição tem especial sentido de celebração de efeméride, palavra que, de forma simples e direta, alude ao ato comemorar acontecimento ou fato ocorrido em data específica. Contudo, mais do que a forma e a expressão com que o passado se faz presente para uma coletividade, as comemorações de fatos históricos são indissociáveis do ato de lembrar, identificando os significados que dão sentido e coerência a seu presente. Mas qual a finalidade das comemorações que envolvem datas históricas?
Não é novidade que as sociedades sempre comemoraram os referenciais de sua existência ao longo do tempo. Na Antiguidade, os feriados eram eventos valorizados, principalmente entre os romanos, que usavam esses momentos para celebrar acontecimentos importantes de guerra, honrar divindades ou mesmo festejar em homenagem a algum imperador falecido. Nas sociedades do Antigo Regime, etapas da vida dos monarcas e seus familiares, como nascimentos, casamentos, aniversários e falecimentos, eram motivo de celebração, sem falar no calendário frequentado por santos e fatos do catolicismo, a serem festejados no reino e nos domínios além-mar. Após a Revolução Francesa, que marca a modernidade política burguesa no Ocidente, o ato e a maneira de comemorar assumiram dimensões cívicas e institucionais laicizantes. No Brasil, as lutas de independência e a necessidade de comemoração simbólica da separação de Portugal, em 7 de setembro de 1822, assinalam a naturalização dessas celebrações justamente por remontarem ao nascimento político da nação e à pertinência da criação de tradição comemorativa e de mito na figura de D. Pedro I.
Datas importantes e sua celebração (uma vez que há episódios que devem ser lembrados. mas não comemorados) marcam a passagem do tempo com construções simbólicas que ressignificam momentos considerados relevantes em razão da ocorrência de lutas, conquistas, experiências ou traumas adquiridos ou por definirem nova condição. Nos documentos e comunicações oficiais do período imediato à independência, por exemplo, tornou-se comum registrar o número de anos passados desse fato, como demarcação de nova era, novo presente, nova realidade. Mas sua comemoração também pode significar o momento em que a sociedade se debruça sobre si e reflete sobre o acontecimento, que, convertido em símbolo e representação, contribui sobremaneira na elaboração de referenciais de identidade(s), processo que, embora orientado e disputado, flui no tempo e opera, por incursão seletiva no passado, a construção de consciência histórica, moldada pela percepção de singularidade / alteridade também histórica.
Pela interpretação de fragmentos do passado de que os historiadores dispõem em sua época, acrescidos do desafio de entender os valores de temporalidade que não é a sua, como num quebra-cabeça, vão se refazendo e trazendo atos, sentidos, trajetórias de sujeitos históricos e seus efeitos para a realidade presente. Cabe a esse profissional dar sentido a esse emaranhado e, assim, promover, para além da esfera individual, ressignificação da experiência vivida, que, por operação memorialística, passa a constituir repertório de elementos formativos de sentimento de coletividade. Tão importante quanto esse processo, é a dimensão física da memória captada por produtos criados em torno da celebração, como selos, bustos, discursos, cartazes, estátuas, músicas, hinos, convites, bandeiras, livros, vídeos, entrevistas, placas e exposições, que precisam ser entendidos em seu contexto original, uma vez que pretendem promover a apropriação social, simbólica e discursiva, do tempo e sua passagem.
Assim, a própria organização da celebração e sua efetivação também se tornam material para ser rememorado, o que revela a importância de se atentar não apenas para o que se comemora, mas também para maneira de lembrar o evento, correspondência e resultado dos projetos políticos e das relações de poder vigentes. François Pierre Nora, historiador e referência incontornável de teorização sobre os campos da memória social e coletiva, aponta o presente como gerador dos “instrumentos da comemoração, moldando-os conforme suas necessidades e especificidades, bem como a própria simultaneidade das efemérides assumem relevância nas relações políticas e no imaginário nacional” (apud Lisboa, 2008, p. 36).
Mas o que se comemora em 8 de julho, feriado para os sergipanos? Há 200 anos ocorria a emancipação da capitania de Sergipe, que, por intricado processo político, lutou para conquistar e confirmar sua independência. A autonomia oficial tem sua origem nas transformações administrativas da primeira década do século XIX, postas em vigor pelo governo de D. João VI (que, supõe-se, ocupa espaço afetivo na história sergipana), quando o monarca e sua Corte se fixaram no Brasil, a partir de 1808, e, ainda, na conjuntura revolucionária do conturbado contexto europeu oitocentista. A especificidade da análise desse processo se insere no entrelaçamento de duas lutas concomitantes por autonomia: a da capitania, para sair da tutela administrativa e da exploração econômica e tributária da capitania da Bahia; e a da colônia, em meio a seu dilema entre projetos políticos liberais das Cortes portuguesas ou construção de um país independente liderado por D. Pedro I.
Mais do que dar destaque e mostrar como a Independência ocorreu nas “partes” da América Portuguesa, trata-se de fundamental contribuição intelectual para melhorar o conhecimento sobre a nossa separação de Portugal e reavaliar a construção do Brasil, enquanto corpo político autônomo, por perspectiva local, confirmando a sempre necessária refutação da difusão de dita “história nacional” contada a partir do eixo sul do país, que não conhece outros espaços, outras experiências, outras gentes. Acredita-se fortemente que a análise da experiência histórica da autonomia da capitania de Sergipe evidencia a pertinência de buscar a compreensão das dinâmicas políticas como formadoras de identidades sociais e regionais e seu papel na construção do Estado nacional brasileiro, com todos os seus dilemas, dificuldades e traços, que ajudaram a compor quem nós somos e como compreendemos essa árida, mas criativa, trajetória.
Este dossiê reúne, relembradas de forma qualificada, abordagens de pesquisadores sobre essa experiência. O artigo que abre o conjunto de textos, intitulado Comemoração do primeiro centenário da emancipação política de Sergipe: Um olhar a partir das revistas do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGSE), de Cristiano Ferronato, Maristela Andrade e Patrícia Batista, apresenta reflexões de investigação realizada sobre o processo de construção da memória coletiva do povo sergipano a partir da organização da comemoração de data cívica 8 de julho, ocorrida no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe – IHGSE, em 1920.
O historiador Wanderlei de Oliveira Menezes problematiza em seu artigo a carta régia de 8 de julho de 1820, explorando o significado de independência e a sujeição administrativa da Capitania de Sergipe à Bahia, por meio da análise das relações de dependência administrativa entre as duas capitanias do período entre 1763 e 1820, e percorrendo as nomeações dos capitães-mores (governadores), autoridade mais afetada com a subalternidade administrativa, para sugerir entendimento da carta régia como mecanismo de fortalecimento do poder central da monarquia portuguesa em detrimento dos interesses regionais da Bahia.
No artigo Memorável dia 8: os significados da prisão de um Governador, da fuga do malvado Vigário e da trama de um Coronel corrompido (Sergipe, 1820-23), o historiador Anderson Pereira dos Santos analisa a articulação entre a prisão do Governador Carlos Burlamaqui, a fuga do Vigário da Freguesia de N. Sra. do Socorro de Cotinguiba, Antônio José Gonçalves de Figueiredo, e a trama do Coronel José de Barros Pimentel, com o objetivo de evidenciar a multiplicidade de posições políticas e de interesses pessoais em jogo no difícil processo de consolidação da autonomia de Sergipe. Por essa via de reflexão, argumenta que a identidade sergipense foi ressignificada e que a autonomia local se conecta com diferentes conjunturas dentro e fora do Império Português.
Tema bastante original se encontra no texto A composição gráfica dos impressos informacionais em Sergipe Imperial, de Germana Gonçalves de Araújo, Jeane Santana e Vicent Bernardo Alves Santos, em que se examina o modo de produção técnico-artístico utilizado na produção impressa dos suportes de comunicação e de expressão literária. Esse estudo contribui para a história da tipografia no Brasil, da educação e da imprensa sergipana do século XIX no Sergipe Imperial. Fundamentado em pesquisa bibliográfica e documental em acervos físicos (arquivos públicos e particulares) e na hemeroteca digital da Fundação Biblioteca Nacional, permite conhecer aspectos compositivos gráficos de periódicos e da informação impressa da época, fundamental para o conhecimento da produção de periódicos em Sergipe.
No texto intitulado Juntas de Governo Provincial no processo de Independência: conflitos e disputas em torno de noções de autonomia e autoridade militar (Bahia 1821-1823), Edna Maria Matos Antônio e Antônio Cleber da Conceição Lemos exploram o significado da montagem das Juntas de Governo no quadro da instalação de instituições liberais como peça de reforma política do liberalismo português em seu esforço de transformar a sociedade lusa, sem deixar de dialogar com tradição absolutista (religiosa e política). A partir da análise da experiência da Junta da Província da Bahia, focalizam as dificuldades de seu estabelecimento e funcionamento captadas no complicado relacionamento com o comando militar naquela Província no momento de intenso conflito político na dinâmica da transição de domínio colonial para autonomia nacional.
Este dossiê reitera a oportunidade e a importância de se construir conhecimento atualizado e reflexão histórica crítica sobre evento especial, como o da comemoração dos 200 anos da Independência de Sergipe, notadamente quando sua veiculação se dá através da revista do Instituo Histórico e Geográfico de Sergipe, que corajosamente mantém o espírito da missão pensada por intelectuais sergipanos, no já distante ano de 1912, de “verificar, coligir, arquivar e publicar os documentos, crônicas e memórias relativas às datas históricas (…) do Brasil e especialmente de Sergipe” [2] . É oportunidade excepcional de conhecer ou reconhecer os vários aspectos que envolvem a compreensão da ação / agentes políticos atuantes naquele contexto e suas escolhas, através da abordagem por diferentes campos de investigação, perspectivas de análise, espaços e problemas imbricados nas independências e seu aprendizado. Fica evidente, ainda, a importância das datas conformadoras da memória social e atuantes na construção de referenciais de pertencimento e comunhão de um passado, que, alicerçado em história e memória, alimentando uma festa que amálgama política, identidade e liberdade.
Notas
2. Revista do IHGSE, Aracaju, Ano I (1913) | 1º Trimestre. Disponível em https: / / seer.ufs.br / index.php / rihgse / issue / view / 869.
Aracaju, maio de 2020.
Referências
ANTONIO, Edna Maria Matos. A “independência do solo que habitamos”: poder, autonomia e cultura política na construção do Império brasileiro. Sergipe (1750-1831). São Paulo / UNESP; Cultura acadêmica, 2012.
LAVABRE, Marie-Claire. La commémoration: mémoire de la mémoire? http: / / bbf.enssib.fr / consulter / bbf-2014-03-0026-002. Acesso em 13 / 05 / 2020.
LISBOA, Karen Macknow. Comemorações, Memória, História e Identidade. In: RODRIGUES, Jaime (Org.). A Universidade Federal de São Paulo aos 75 Anos: ensaios sobre história e memória. Ed. FAP-UNIFESP, 2008. Disponível em http: / / books.scielo.org / id / hnbsg. Acesso em 13 / 05 / 2020
Edna Maria Matos Antônio – Doutora em História e Cultura pela UNESP. Professora do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe e pesquisadora de História do Brasil Colonial e Imperial, com ênfase em poder e relações sociais; Coordenadora Titular do Programa de Mestrado em História da UFS.
ANTÔNIO, Edna Maria Matos. Apresentação. Revista do IHGSE. Aracaju, n.50, v.1, 2020. Acessar publicação original [DR]
Escravidão e Abolição no Brasil / Revista do IHGSE / 2019
AMARAL, Sharyse. Apresentação. Revista do IHGSE. Aracaju, n.49, v.2, 2019. Sem acesso ao original [DR]
Manoel Bomfim / Revista do IHGSE / 2019
SOBRAL, Maria Neide; LUCINI, Marizete; NEGROMONTE, Fátima Bezerra. Apresentação. Revista do IHGSE. Aracaju, n.49, v.1, 2019. Sem acesso ao original [DR]
Universidade Federal de Sergipe: meio século de histórias / Revista do IHGSE / 2018
ALVES, Eva Maria Siqueira; OLIVEIRA, João Paulo Gama. Apresentação. Revista do IHGSE. Aracaju, n.48, v.2, 2018. Sem acesso ao original [DR]
Os arquivos e a produção do conhecimento histórico / Revista do IHGSE / 2018
CAMPELLO, Lorena de Oliveira Souza; VITORIANO, Marcia Cristina de Carvalho Pazin. Apresentação. Revista do IHGSE. Aracaju, n.48, v.1, 2018. Sem acesso ao original [DR]
Escritas de si / Revista do IHGSE / 2017
OLIVEIRA, João Paulo Gama; FREITAS, Anamaria Gonçalves Bueno de. Apresentação. Revista do IHGSE. Aracaju, n.47, v.2, 2017. Sem acesso ao original [DR]
Intelectuais nos(dos) Institutos Históricos / Revista do IHGSE / 2017
OLIVEIRA, João Paulo Gama. Apresentação. Revista do IHGSE. Aracaju, n.47, v.1, 2017. Sem acesso ao original [DR]
Sergipe Republicano / Revista do IHGSE / 2016
Com o entendimento de que “De fato, jornais e revistas não são no mais das vezes, obras solitárias, mas empreendimentos que reúnem um conjunto de indivíduos, o que os torna projetos coletivos, por agregarem pessoas em torno de idéias, crenças e valores que pretende se difundir a partir da palavra escrita” [1]. A Revista do IHGSE apresenta este conjunto de ideias a serem difundidas e colocadas para o diálogo nos meios intelectual sergipano e brasileiro.
No presente número apresentamos o Dossiê “Sergipe Republicano”, no qual, uma dezena de pesquisadores deixaram registrados nas páginas da Revista da “Casa de Sergipe” uma variedade de temas e inquietações que contagiarão o leitor. Encerramos assim, um ciclo iniciado com “Dinâmicas Coloniais na Capitania de Sergipe D’El Rey”, seguido por “Sergipe Provincial”, ao todo, foram publicados vinte e um trabalhos nos três recortes temporais propostos.
Neste Dossiê, podemos encontrar os seguintes artigos: “Subsídios para o estudo da tributação em Sergipe República (1889-2000)”, no qual, Lourival Santana Santos continua o trabalho apresentado na Revista do IHGSE, no número 41, tendo ali estudado o período de 1500 a 1889. Desta vez, o autor revela as dificuldades enfrentadas pelos governantes por conta dos déficits constantes nas suas finanças mesmo com o fiscalismo exagerado sobre as rendas estaduais.
No segundo artigo, os pesquisadores Joaquim Tavares Conceição, Jorge Carvalho do Nascimento e Marco Arlindo Amorim Melo Nery discorrem sobre aspectos da trajetória de Emanuel Franco (1919-2008) desde a sua formação educacional até a sua atuação como engenheiro, agrônomo, professor e pesquisador. Aspectos da trajetória desse significativo intelectual sergipano são traçados em um texto que apresenta muitas contribuições para os interessados na temática.
No trabalho “Entre sussurros e silêncios: as passeatas cívicas dos grupos escolares sergipanos e a ausência das festas republicanas nas ruas (1923-1930)” Degenal de Jesus da Silva examina o percurso das festividades, indivíduos e instituições envolvidos nesses momentos de celebração e as representações utilizadas naquele período histórico. Já Cibele de Souza Rodrigues, em co-autoria com Eva Maria Siqueira Alves, trata do jornal estudantil O Porvir pertencente ao Atheneu Sergipense. As autoras observam como os alunos lidavam com as questões da instrução e como expressavam suas opiniões, vislumbrando o citado periódico como pertencente à cultura escolar daquela significativa instituição de ensino secundário.
A dinâmica de funcionamento da sociedade sergipana em 1939, às vésperas da eclosão da Segunda Guerra Mundial, é o tema da pesquisadora Janaína Cardoso de Mello, que utiliza o viés do anúncio publicitário e da visão de consumo para identificar o destinatário, o potencial motivador e o alcance dos produtos comerciais difundidos nos periódicos Correio de Aracaju, Folha da Manhã, O Nordeste e Sergipe Jornal, nesse momento da História de Sergipe.
Mariana Emanuelle Barreto de Gois volta-se para as “páginas criminais” para investigar histórias carcerárias da Penitenciária Modelo de Aracaju, na primeira metade do século XX. Especialista no assunto, a autora investiga histórias dos detentos e nos leva ao debate sobre gênero no espaço prisional em um texto repleto de surpresas.
Finalizando o Dossiê “Sergipe Republicano”, Carine Santos Pinto discute sobre “O extinto aldeamento de Água Azeda e suas relações de conflito com a Fazenda Escurial – SE no século XX”, como um desdobramento do trabalho de Mestrado em História defendido na Universidade Federal de Alagoas.
Na sessão de artigos livres, Lorena Campello “abre” o arquivo pessoal de Epifânio Dória para mostrar as várias possibilidades de pesquisa que o rico acervo pode oferecer. Anne Emilie Cabral analisa a formação do ser docente de Maria Júlia Cabral, entre os anos de 1936 e 1957, na cidade de Capela (SE) e Suely Cristina Silva Souza investiga “Os programas de Matemática do Atheneu Sergipense durante a Reforma Capanema”.
Para concluir este número, temos a satisfação de publicar o necrológio de Santo Souza elaborado por Estácio Bahia Guimarães, somado ao discurso de Igor Leonardo Moraes Albuquerque em homenagem a José Aloízio de Campos e a resenha de Wagner Lemos com o título “A um passo do esquecimento, o derradeiro e intenso romance de Giselda Morais”.
Nota
1 LUCA, Tânia Regina de. História dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2005. p. 140.
Aracaju, Junho de 2016
João Paulo Gama Oliveira – Editor da RIHGSE.
OLIVEIRA, João Paulo Gama. Apresentação. Revista do IHGSE. Aracaju, n.46, v.2, 2016. Acessar publicação original [DR]
Sergipe Provincial / Revista do IHGSE / 2016
OLIVEIRA, João Paulo Gama. Apresentação. Revista do IHGSE. Aracaju, n.46, v.1, 2016. Sem acesso ao original [DR]
Dinâmicas Coloniais nas Capitanias de Sergipe D’el Rey / Revista do IHGSE / 2015
Dom Luciano Duarte / Revista do IHGSE / 2015
No segundo semestre de 2014 o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe firmou uma promissora parceria com uma das principais instituições culturais de Aracaju, o Instituto Dom Luciano Duarte. Como primeira ação fruto dessa parceria, foi promovido em janeiro de 2015 o “Seminário Dom Luciano: Perfis”, como forma de celebrar o natalício de 90 anos do arcebispo emérito da Arquidiocese de Aracaju.
O evento, realizado nas dependências das duas instituições, entre os dias 27 e 29 de janeiro, apresentou uma vasta programação, com o lançamento de livros, mesas redondas e conferências. Além disso, o seminário tornou-se um espaço profícuo de discussões acerca da trajetória de um dos principais intelectuais sergipanos da segunda metade do século XX, com destacada atuação no campo cultural do estado.
Luciano José Cabral Duarte nasceu em Aracaju, em 1925. Ainda jovem, despertou a vocação de ingressar no sacerdócio, levando-o a peregrinar por inúmeros seminários pelo país. Ordenado, teve uma destacada atuação como sacerdote, com suas afamadas homilias proferidas na Igreja São Salvador e na recém-criada Rádio Cultura de Sergipe. Na década de 50, ele tornou-se doutor em Filosofia pela Université de Paris I / Panthéon Sorbonne.
No campo religioso, o padre Luciano, como ainda é afetivamente chamado pelos familiares e amigos, destacou-se na reestruturação da JUC, na imprensa católica com o jornal “A Cruzada” e na “Rádio Cultura”, bem como na participação do Concílio do Vaticano II e na longa trajetória como arcebispo da Arquidiocese de Aracaju. também destacou-se por suas polêmicas acerca da Teologia da Libertação, com uma série de artigos publicados nos principais impressos do país. Entre as camadas populares, evocam as memórias da voz firme e pausada no “Sermão das Sete Palavras” proferido no Batistão na Sexta-feira Santa.
No campo cultural, Luciano Duarte tornou-se um dos principais defensores da institucionalização do ensino superior em Sergipe. Primeiramente com a fundação e direção da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe (FAFI). Posteriormente, com a campanha em defesa da criação da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Atuou também como membro do Conselho Federal de Educação e tornou-se um entusiasta na preservação do patrimônio religioso, por meio da criação do Museu de Arte Sacra de São Cristóvão.
Essas diferentes facetas do intelectual foram debatidas no “Seminário Dom Luciano: Perfis” e agora, os textos apresentados no evento são disponibilizados ao público por meio de um dossiê que compõe o primeiro volume da edição 45 da Revista do IHGSE. Trata-se de uma forma de preservar a memória das discussões promovidas ao longo da última semana de janeiro de 2015, como também na estratégia em divulgar as relevantes contribuições apresentadas no seminário, sobre os diferentes campos de atuação do Padre, como a Filosofia, a Educação e a Religião.
Certamente, essa publicação evoca a um ato de justiça, pois esse dossiê temático em homenagem ao arcebispo emérito de Aracaju preenche uma lacuna da revista que, ao longo do século XX, tornou-se notória na difusão dos principais nomes da inteligentzia sergipana. Nas páginas que seguem, o leitor poderá ler as reflexões sobre a trajetória de Luciano Duarte e, assim, entender a dimensão da relevância desse ator social na história intelectual de Sergipe. Boa leitura!
Aracaju, 02 de julho de 2015
Magno Francisco de Jesus Santos – Editor
SANTOS, Magno Francisco de Jesus. Apresentação. Revista do IHGSE. Aracaju, n.45, v.1, 2015. Acessar publicação original [DR]
História da educação em Sergipe / Revista do IHGSE / 2014
O IHGSE é uma das principais instituições culturais e científicas do estado de Sergipe. Possuidor de um acervo de valor inestimável, o sodalício consolidou-se como um espaço privilegiado na promoção da pesquisa acerca da sociedade sergipana. Prova disso é o elevado quantitativo de pesquisadores que diariamente visitam a Casa de Sergipe em busca de vestígios para a composição de suas investigações.
Instituição plural e complexa, o IHGSE atende a um público diverso. Entre seus principais pesquisadores estão leitores das camadas populares, estudantes da rede básica de ensino, graduandos e pós-graduandos. A riqueza do acervo possibilita a circulação de diferentes públicos e promove diariamente a redescoberta do passado sergipano.
Todavia, além de possuir um valioso acervo, a Casa de Sergipe também destaca-se pela notoriedade de possuir o mais antigo e importante periódico das ciências humanas em circulação no estado. A Revista do IHGSE tornou-se ao longo de sua primeira centúria um espaço privilegiado na difusão de novos olhares acerca da sociedade sergipana sob as lupas interpretativas da História, Geografia, Antropologia, Sociologia e Política.
Com isso, do mesmo modo que o IHGSE tornou-se “abrigo dos homens de letras” [1] da menor unidade da federação e promoveu o processo de emancipação cultural do povo sergipano,[2] como bem enfatizou o presidente do sodalício; a Revista do IHGSE ao longo dos últimos cem anos foi um veículo de grande relevância na difusão dos saberes acerca do passado local. A trajetória do periódico confunde-se com a própria historiografia local, pois revela a emergência de novas temáticas e enfoques de investigação.
Talvez essa seja uma das principais causas da vitalidade da Revista do IHGSE, que além de proporcionar a possibilidade de publicação de textos de novos pesquisadores, também possibilita a aglutinação de diferentes perspectivas teórico-metodológicas. Com isso, o periódico possibilita a difusão do conhecimento acerca do estado em vertentes plurais e polissêmicas, ao congregar intelectuais renomados, novos pesquisadores vinculados aos programas de pós-graduação e pesquisadores outsiders. Além disso, essa reunião de perspectivas analíticas diversas ocorre sem menosprezar o aspecto qualitativo das contribuições. Pelo contrário, dinamiza o campo investigativo com diferentes olhares acerca do passado local.
Uma temática que emergiu na historiografia sergipana através das páginas da Revista do IHGSE foi a história da educação.[3] Apesar da clássica “História da Educação em Sergipe” de Maria Thetis Nunes ser a obra de maior fôlego na historiografia educacional sergipana,[4] foi José Calasans o responsável pelas primeiras análises acerca do universo educacional em Sergipe.[5] Como asseverou Jorge Carvalho do Nascimento, os primeiros estudos acerca do universo educacional em Sergipe foram publicados na Revista do IHGSE, com o artigo inaugural de José Calasans, ainda em meados do século XX.[6]
Contudo, após um longo período de produção esparsa e fragmentada, na década de 90 do século XX a escrita da história da educação em Sergipe apresentou uma significativo avanço quantitativo e qualitativo. Se tomarmos como parâmetro a Revista do IHGSE, podemos perceber um processo gradativo de aumento das contribuições que versam sobre a esfera educacional, especialmente com estudos acerca das instituições escolares e das trajetórias biográficas.
Esse aumento sistemático do número de pesquisas no âmbito educacional pode ser entendido como reflexo da consolidação do ensino de pós-graduação stricto sensu em Sergipe, que atualmente possui dois programas com doutorados. Além disso, o aumento sistemático da porcentagem das contribuições expressam a consolidação da história da educação como um dos principais campos investigativos da historiografia sergipana, assim como a permanência da Revista do IHGSE como espaço privilegiado na difusão dos estudos de vanguarda em Sergipe.
Diante desse cenário, essa nova edição da Revista do IHGSE apresenta o dossiê com “História da Educação em Sergipe”. O título homônimo ao livro da consagrada historiadora Maria Thetis Nunes consiste em uma forma de reconhecer as suas contribuições para a historiografia local, pois muitas das pesquisas da renovada historiografia educacional sergipana tiveram início com as provocações interpretativas e vestígios documentais elencados pela mestra.
O primeiro artigo que compõe o dossiê discute um período pouco estudado da historiografia educacional sergipana. Leyla Santana, Solyane Lima e Simone Amorim analisam as continuidades e descontinuidades no âmbito da instrução primária na Província de Sergipe no período de 1827 a 1838. No segundo artigo, Suely Cristina Souza investiga as classificações e competências dos docentes do Atheneu Sergipense, a fim de confirmar a existência e pertinência dos ditames da Reforma Francisco Campos.
O terceiro texto, de autoria de Néviton Silva, busca traçar um paralelo da Associação Atlética de Sergipe como um clube voltado para a prática esportiva, por vezes confundida como um prolongamento da vida social dos seus frequentadores. No quarto texto, Maria de Lourdes dos Anjos investiga os embates no processo de implantação do Colégio Americano Batista em Aracaju, revelando frestas da educação batista em Sergipe desenvolvida por missionárias norte-americanas. Já Rita Barroso e José Adailton Silva buscam compreender o processo de construção de uma política de inserção e gestão das TIC a partir da formação continuada de professores dos Núcleos de Tecnologias Educacionais (NTE) de Aracaju e Lagarto.
Na seção de artigos livres, Vanessa Oliveira identifica as associações católicas de pretos na província de Sergipe e, de modo particular, evidencia a devoção a Nossa Senhora do Rosário como um aspecto relevante da experiência religiosa dos africanos e seus descendentes. Seguindo a mesma perspectiva do universo afrosergipano, Joceneide Cunha identifica as nações africanas nos registros de óbitos da Freguesia de Santo Amaro e aponta os locais que esses africanos foram sepultados, constituindo uma geografia da morte em Sergipe oitocentista.
Respaldada nos processos inquisitoriais de 1591, Andreza Mattos analisa as redes de sociabilidades entre os integrantes mamelucos das expedições no sertão. Claudefranklin Monteiro discute as divergências intelectuais entre os sergipanos Sílvio Romero e Manoel Bonfim.
Notas
1. RIBEIRO, J. Freire. Palavras do Acadêmico. Revista do IHGSE. Nº 26ª, Vol. 22. Aracaju, 1965, p. 30.
2. ALBUQUERQUE, Samuel Barros de Medeiros. Emancipação Cultural de Sergipe. Jornal da Cidade. Caderno B. Aracaju, 8 de julho de 2012, p. 7.
3. NASCIMENTO, Jorge. C. do; FREITAS, Itamar. A Revista em Sergipe. Revista de Aracaju, Aracaju, v. 9, 2002, p. 169-187.
4. NUNES, Maria Thetis. História da Educação em Sergipe. 2ª ed. São Cristóvão: EDUFS, 2008 [1984].
5. SILVA, José Calazans Brandão da. O ensino público em Aracaju (1830-1871). Revista do IHGSE, Aracaju, v. 15, n. 20, 1949-1951.
6. NASCIMENTO, Jorge Carvalho do. Historiografia Educacional Sergipana: uma crítica aos estudos de História da Educação. Aracaju: FAP; São Cristóvão: UFS, 2003.
Aracaju, julho de 2014
Magno Francisco de Jesus Santos – Editor da Revista do IHGSE.
SANTOS, Magno Francisco de Jesus. Apresentação. Revista do IHGSE. Aracaju, n.44, v.2, 2014. Acessar publicação original [DR]
História e Culturas Políticas / Revista do IHGSE / 2014
SANTOS, Magno Francisco de Jesus. Apresentação. Revista do IHGSE. Aracaju, n.44, v.1, 2014. Sem acesso ao original [DR]
IHGSE | IHGSE | 1913
A Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe -RIHGSE (Aracaju, 2013-) é uma publicação do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe.
A Revista tem como finalidade disseminar conhecimentos relacionados à história, historiografia de Sergipe e do Brasil, como também veicular produções científicas relacionadas com a geografia, cultura e memória.
Periodicidade semestral.
Acesso livre.
ISSN 2446-4856
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