Ascensão e queda do Terceiro Reich, vol. II: O começo do fim (1939-1945) – SHIRER (CTP)

SHIRER, William L. Ascensão e queda do Terceiro Reich, vol. II: O começo do fim (1939-1945). Tradução Pedro Pomar e Leônidas Gontijo de Carvalho. Rio de Janeiro: Agir, 2008. Resenha de: SHIRER, William L. Os Bastidores do Terceiro Reich.    Cadernos do Tempo Presente, São Cristóvão, n. 06–06 de janeiro de 2012.

A obra Ascensão e queda do Terceiro Reich foi publicada em 1960 e tem como autor o jornalista internacional e historiador William L. Shirer (1904-1993). Nascido em Chicago, Shirer trabalhou realizando reportagens sobre o nazismo para CBS e a Universal News Service e fazendo cobertura sobre a queda do Terceiro Reich como correspondente de guerra. É autor de alguns romances e livros de não-ficção, entre eles, Berlin Diary (1941) e The Collapse of the Third Republic (1969). Suas pesquisas para a realização do livro Ascensão e queda do Terceiro Reich começaram em 1925, quando foi para Alemanha e o escreveu em cinco anos e meio. O trabalho foi divido em dois livros: Ascensão e queda do Terceiro Reich Vol. 1: Triunfo e cosolidação1933-1939 e Ascensão e queda do Terceiro Reich Vol. 2: O começo do fim 1939-1945. Se no primeiro o autor focaliza a ascensão e consolidação do nazismo na Alemanha entre 1933-1939, a segunda obra, a ser aqui resenhada, se preocupa com tramas vividas pelo Terceiro Reich na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Em “O começo do fim”, o autor relata os principais fatos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) no que se direciona na ação dos alemães. Suas observações são feitas com base no que ocorria nos bastidores, ou seja, as principais decisões e ações dos governantes e generais dos Terceiro Reich, principalmente o ditador Adolf Hitler. Assim, ele intercala as medidas da cúpula do Partido Nacional-socialista e as conseqüências dessas no campo de batalha e nos países derrotados como também nos vencedores. Shirer usa como fontes os arquivos dos nazistas apreendidos depois do conflito, tais como documentos secretos, telegramas, memorandos, diários, mensagens, entre outros, como também depoimentos nos julgamentos de Nuremberg depois do conflito.

Primeiramente, há uma narração das vitórias da Alemanha no Ocidente, mostrando como a tática de Adolf Hitler e seus generais fora um sucesso para conquistar a Polônia, a Dinamarca, Noruega, Holanda, Bélgica e França. Observa-se também que nesse primeiro momento houve a preocupação de Hitler em lutar apenas na frente Ocidental, para isso muita das vezes se sujeitou as exigências da União Soviética como aliada. Porém, já com a Itália foi o inverso, pois, esse país muitas das vezes acabou ofuscado pelas vitórias dos nazistas, até mesmo nas conferências, quando o ditador alemão quase sempre dominava a fala em relação a Mussolini.

Diante de tantas vitórias alemãs a Inglaterra acabou ficando isolada e Adolf Hitler acreditava veemente que a guerra no Ocidente já estava ganha. Assim, desejou fazer um acordo de paz com Churchill para dominar completamente o Ocidente e depois se preocupar em derrotar os soviéticos, afinal, lutar em duas frentes não seria nem um pouco vantajoso. Porém, o primeiro-ministro britânico não aceitou as exigências do Nacional-socialista, em consequência, Hitler resolveu invadir a Inglaterra e ainda tentou convencer ao mundo de que a paz não foi estabelecida por culpa de Churchill.

Todavia, para desembarcar na Inglaterra os alemães precisavam passar pelo mar, pois sua maior força era terrestre. Na marinha e nos ares os britânicos mantinham a supremacia. Assim, a Alemanha não atingiu seu objetivo de invadir a Grã-Bretanha. Em seguida, Hitler comete um dos seus maiores erros, decide atacar a URSS dividindo seu exército em duas frentes. Tal decisão já tinha sido tomada muito antes, enquanto fazia acordos com os soviéticos, inclusive já estava até preparando suas estratégias, mas matinha em segredo, até mesmo de seu aliado Mussolini, mostrando assim, como a Itália esteve de lado dos planos nazistas. A princípio teve sucesso em sua invasão, porém, o inverno rigoroso da Rússia os fez recuar.

Em 1941 começou seu conflito contra os EUA e, assim, a Alemanha cometeu outro erro. Adolf Hitler não queria esse conflito até que o Leste fosse conquistado, mesmo que subestimasse a força americana. Porém, os japoneses jogaram com os nazistas e atacaram Pearl Harbor, logo, o Führer esteve obrigado a declarar guerra aos estadunidenses. Assim, a guerra que estava quase ganha para os nazistas mudou de curso, pois, a partir desse ano começa o fim do Terceiro Reich com sucessivas derrotas. Muitas dessas perdas foram graças à mente doentia do ditador nazista, que não aceitava recuar, deixando suas tropas serem liquidadas, mesmo com tantas sugestões de seus generais.

Outras medidas abordadas no livro são as atrocidades que os nazistas, através da SS com Himmler ao comando, cometeram contra judeus, prisioneiros de guerra, principalmente os russos e povos conquistados, com mais perversidades contra os do Leste. Foram milhões exterminados através de fuzilamentos cometidos pelos Einsatzgruppe, campos de concentração e câmeras de gás, além de experiências médicas e coleções de peles. Cometeram Cadernos do Tempo Presente, São Cristóvão, n. 06–06 de janeiro de 2012.

Cidade Universitária Prof. José Aloísio de Campos, Rodovia Marechal Rondon, s/nº, sala 06 do CECH-DHI, Bairro Jardim Rosa Elze, São Cristóvão – SE, CEP: 49.000-000, Fone: (79) 3043-6349. E-mail: caderno@getempo.org   ainda pilhagem e saques nos países derrotados e trabalhos forçados. Essas barbaridades foram alimentadas pela ideologia que Hitler pregava da superioridade do povo ariano e que os demais, considerados como desprezíveis, deveriam ser exterminados.

Primeiramente entrou em ação Einsatzgruppe nos fuzilamentos de milhares de vítimas. Mesmo assim, os nazistas queriam exterminar de uma vez por todas os judeus e os russos iniciando o genocídio, principalmente dos primeiros, através das câmeras de gás. Inclusive mulheres e crianças, as quais Himmler proibia que fossem fuziladas para que morressem apenas com o envenenamento. Tais pessoas eram levadas aos campos sem saber o que as esperava. Algumas ainda eram vítimas de experiências médicas grotescas. Houve diminuição de mortes quando se necessitou de mão-de-obra escrava.

Finalmente a ofensiva dos Aliados avança cada vez mais e a Alemanha sofre sucessivas derrotas. É vencida na África, na Rússia, na Normandia, além da queda de Mussolini. Muitos dos governantes alemães sabiam que as condições para seu país eram cada vez desfavoráveis, mas Hitler ainda acreditava que venceria e em nome da honra não poderia recuar. Para piorar a situação a maioria dos militares mantinha severa lealdade a seu Führer e cumpria suas ordens doentias, que levariam ao fim do Terceiro Reich. Poucos pretendiam tirar o ditador do poder e os que tentaram tiveram seus planos fracassados, seja pela falta de competência como pela má sorte.

Os últimos dias de Adolf Hitler e o Terceiro Reich foram em Berlim no subsolo da Chancelaria, acreditando fielmente que a culpa de seu fim foi graças às traições. Ao final, muitos revolveram deixar sua lealdade de lado e se salvarem. O estado mental do líder nazista chegou a um ponto de desejar que toda a Alemanha fosse destruída já que ele também seria como, por exemplo, ordenou que se destruíssem as fábricas do país. Por fim, os soviéticos dominaram completamente a capital da Alemanha e o ditador alemão suicidou-se.

Um dos grandes pontos positivos dessa obra é que o autor trabalha as fontes colocando o leitor em contato com elas, através de transcrições de alguns fragmentos de tais documentos. Assim, Shirer comprova suas interpretações com passagens das próprias falas dos principais personagens do Terceiro Reich. Outro aspecto importante é a narração dos principais fatos como consequências das ações dos governantes, ou seja, como se tramava os bastidores do governo alemão em relação à Segunda Guerra Mundial.

Porém, o autor predominantemente coloca a culpa das atrocidades nazistas em Adolf Hitler e seus militares e esquece que o povo alemão foi conivente e apoiou o Partido Nacional-socialista. É claro que esses governantes foram os grandes responsáveis, mas é necessário observar que os próprios alemães mantinham severa lealdade ao Führer e nada fizeram para acabar com o extermínio. Portanto, faltou observar o comportamento da sociedade alemã frente aos acontecimentos trágicos de mortes e sofrimentos.

Por fim, observa-se que este livro é essencial para professores, alunos e pesquisadores da Segunda Guerra Mundial. Tanto para estudos direcionados ao governo alemão como qualquer outro que pretende realizar pesquisas relacionadas a diversos aspectos do conflito mundial. Essa obra oferece um panorama geral sobre o tema, sendo importante para se conhecer o plano de fundo de trabalhos direcionados à Guerra de 1939-1945.

Nota

Referências

SHIRER, William L. Ascensão e queda do Terceiro Reich, vol. II: O começo do fim (1939-1945). Tradução Pedro Pomar e Leônidas Gontijo de Carvalho. Rio de Janeiro: Agir, 2008.

Raquel Anne Lima de Assis – Graduanda em História pela Universidade Federal de Sergipe. Bolsista PIBITI/FAPITEC do Projeto Portal Segunda Guerra:aspectos do cotidiano em Aracaju. Integrante do Grupo de Estudo Presente (GET/CNPq). E-mail: raquel@getempo.orgOrientador: Prof.Dr. Dilton Cândido S. Maynard.

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