Narrativas de si em espaços de privação de liberdade | Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica | 2022

Rotina de casais homossexuais no Presidio Central de Porto Alegre Foto Jean Schwarz Agencia RBS
Rotina de casais homossexuais no Presídio Central de Porto Alegre | Foto: Jean Schwarz/ Agência RBS

Refletir sobre as artes de viver/sobreviver em espaços de privação de liberdade e buscar as diversas significações representadas por dispositivos narrativos oriundos da vida no cárcere podem revelar as vicissitudes e nuances da vida de mulheres e homens represados por instituições penais.

Por meio da escrita, da leitura e até mesmo de relatos orais, encarcerados e encarceradas produzem conhecimentos sobre si, sobre o universo prisional, avaliam dificuldades presentes e projetam sonhos para o futuro. As narrativas de si, elaboradas em condições em que viver é uma luta constante, configuram-se como uma forma de reconstruir a identidade perdida e dar continuidade à vida apesar das adversidades e clausura. Como nos aponta Castillo Goméz (2021, p. 264),1 “[…] trata-se de uma forma de não morrer, em definitivo, de resistência ante a anulação e despersonalização acarretada pelo encarceramento”. Leia Mais

Ofício de ensinar, experiência escolar e narrativas de si | Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica | 2021

A partir de la disrupción del giro narrativo y biográfico en el campo de la educación, las narrativas de sí vienen siendo una de las vías más transitadas y exploradas para nombrar, contar, indagar, comprender e imaginar el mundo de la experiencia escolar y el oficio de enseñar. Los modos de producir y poner en circulación conocimientos científicos sobre el territorio, las temporalidades y las socialidades de la escuela se han visto interrumpidos y alterados por un interés creciente por comprender y conversar con la forma en que los docentes (los seres humanos) experimentamos y recreamos nuestra experiencia y vida profesional y personal, por describir en profundidad cómo heredamos narrativas, sentidos y significados sociales, políticos, educativos que nos constituyen en “hablantes competentes” del campo y, al mismo tiempo, tramamos significaciones, acontecimientos e imágenes acerca de nuestros mundos vividos mediante relatos que nos tienen simultáneamente como autores, intérpretes, narradores, protagonistas y testigos. Leia Mais

Narrativas (auto)biográficas no cinema | Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica | 2021

A temática “Narrativas (auto)biográficas no cinema” desperta e desafia diversas problemáticas inerentes às relações entre linguagem, pensamento, temporalidade, espacialidade e vida. Tratando de um conceito antigo, a história do termo “narrativa” produziu incontáveis polêmicas e nuanças quanto às suas possíveis definições. No campo das Artes, a narrativa implicou desafios poéticos e estéticos responsáveis por dúvidas e enigmas sobre o alcance de seu estatuto ontológico. Perguntas simplistas dirigidas às sete artes acerca de suas capacidades ou condições de produzirem ou de serem – ontologicamente – narrativas marcaram uma série de debates ligados a batalhas políticas e econômicas acerca da edificação de hierarquias relativas aos níveis do sublime acerca da representação suprema do bem e da beleza. Por vezes, a narrativa foi estabelecida como o critério fundamental para se definir classicamente a prática e a obra artísticas por excelência. Leia Mais

A formação da biblioteca pessoal: efeitos refeitos | Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica | 2021

Falemos da biblioteca. Quis dizer com isso que qualquer leitura é uma leitura comparativa, contato do livro com outros livros. Assim como existe dialogismo e intertextualidade, no sentido que Bakhtin dá ao termo, há dialogismo e intertextualidade da prática da própria leitura. Entretanto, não há nada aqui que seja mensurável. Estamos no campo das hipóteses e do provável. Ler será, portanto, fazer emergir a biblioteca vivida […].1

No cerne das atividades escolares, nas histórias de formação individual e coletiva, científica e profissional ou artística, habita a leitura. Que mais não precise ser mencionado aqui para dizer de sua relevância. Lembremo-nos apenas dos embates atuais entre os jovens estudantes – e os nem tão jovens – sobre o prazer ou o tédio que a atividade pode ocasionar. O território dos estudos sobre a leitura é vasto, muito já se falou, investigou e recomendou sobre a questão. Que, por excelência, interessa à maioria das ciências humanas e ocupa posição central para os trabalhos educacionais. Deixemos aos especialistas o domínio das peculiaridades da leitura. Interessa-nos investigar os efeitos da leitura na vida de cada pessoa. A questão não indica a necessidade de se produzirem instrumentos para medições, pois como afirma Jean-Marie Goulemot, “não há nada aqui que seja mensurável”. Talvez, por isso, o próprio leitor, por meio de suas apropriações, seja a principal referência para que se possa compreender o que resta após o ato da leitura. Esse é o caminho escolhido no Dossiê A formação da biblioteca pessoal: efeitos refeitos, de modo a refletir acerca de uma atividade que se tornou central na construção de saberes sobre si e sobre o mundo, sendo estruturante de atividades e ofícios diversos. Leia Mais

Pesquisa com narrativas de crianças e jovens | Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica | 2020

A ampliação de diálogos entre diversas áreas de conhecimento e a diluição de fronteiras epistemológicas têm sido promissoras para assumir crianças e jovens como seres plenos, sujeitos de direitos e de cultura, assim como para a compreensão de base científica que deles se pode fazer. Do ponto de vista epistemológico, teórico-conceitual e de opções metodológicas, a pesquisa com crianças e jovens interroga em diferentes nuances a complexidade inerente à vida humana, com base na escuta de suas vozes, seus modos de ser, de (con)viver e de agir, em sociedades cada vez mais marcadas por aceleradas viragens econômicas, políticas, culturais, digitais.

Entende-se que os desafios são sempre múltiplos. Nesse sentido, há que se superar preconceitos sobre a produção do conhecimento quando a pesquisa se alinha por paradigmas e práticas que legitimam as vozes e reflexões de jovens e crianças na pesquisa e/ou na profissão que é exercida com elas. É nisso que acreditamos, ao admitirmos que os resultados dessas reflexões podem e têm o poder de ecoar nas políticas públicas que se voltam para essas realidades, tão atuais, tomando o ponto de vista educacional como base para as demais: econômicas, políticas, culturais, digitais. Para os problemas humanos, as ciências humanas e sociais têm um papel preponderante na oferta de novas pro(res)postas. Daí, o seu estatuto reivindicar, simultaneamente, preocupações com mudanças estruturais e práticas suscetíveis de promover a ética do bem-estar, do cuidado e da qualidade de vida para o maior número de pessoas. Para tanto, há que teorizar, igualmente, rupturas epistemológicas no que concerne a visões que põem em jogo relações de poder, de saber, de dever e de querer, com sentido. Leia Mais

Memórias, Narrativas e Patrimônios | Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica | 2020

A vida humana e suas trajetórias, desde algum tempo, passaram a ter, nas práticas museológicas e de cunho patrimonial, uma centralidade e importância significativas, pois somente ao se considerar as experiências individuais e coletivas é que os atos de preservação se justificam. Tal perspectiva impõe-se, pois, se por um lado, a trajetória é marcada por conexões com territorialidades e materialidades, por outro, toda a produção de cultura material, matéria-prima das ações de preservação, não pode ser entendida afastada da vida humana e suas aventuras.

O dossiê Memórias, Narrativas e Patrimônios reúne 16 artigos que provocam e cruzam discussões sobre práticas patrimoniais, experiências e memórias de modos diversos como os sujeitos vivem e constroem patrimônios e potencializam ações dos agentes envolvidos nesses processos. Leia Mais

Histórias de vida de educadores/as sociais em pesquisa narrativa (auto)biográfica | Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica | 2020

A vida só é possível reinventada…

Cecília Meireles (2001)1

A proposição do presente Dossiê inscrevese em movimentos diversos. Quando iniciamos o processo de organização, a vida e seus desafios corriam em intensos acontecimentos na política, na educação e no cotidiano do trabalho de professores/as e educadores/as sociais. A etapa de sua finalização, entretanto, se colocou para nós em meio à perplexidade da maior crise humanitária já vista pelas últimas gerações da qual não sairemos ilesos, não sairemos os mesmos. O que fazemos, lemos, organizamos traz a marca do que nos atravessa e é assim que nos colocamos frente aos textos que aqui apresentamos e que tematizam a vida. A vida de mulheres e homens comuns, ordinários no dizer de Certeau2, alguns com grande referência entre nós como Anísio Teixeira, mas todos igualmente destacados educadores, na acepção de Abrahão (2001, 2018)3. Vidas autobio-grafadas que, no limite da luta pela (re) existência física, emocional, profissional nos fazem, ao menos, dois convites: o da permanente reinvenção da vida e de sua também permanente narrativa como caminho coletivo de reafirmação das lutas que nos movem. Leia Mais

Narrativas, pandemia e adoecimento social | Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica | 2020

O ano de 2020 nos trouxe o cenário pandêmico com todos os seus desdobramentos sociais, políticos, econômicas, sanitários, educacionais, comunicacionais, culturais, e tantos outras implicações cotidianas nunca experimentadas pelos sujeitos deste século, um trauma em proporção planetária. Ao passo que o isolamento se mostra como a estratégia mais eficaz de proteção das populações, ele vem produzindo angústia, medo, tensões diante dos agravantes psicossociais, dos novos cuidados e hábitos de saúde e da confrontação com a vulnerabilidade física, emocional e social que se impõe a todos, de forma global. A confrontação com a morte e com a finitude da vida ou com a condição de vida precária traz à tona um tema tabu que ganha contornos ainda mais duros diante da impossibilidade de manter ritos de passagem que secularmente estruturam as relações pessoais e dão forma às histórias de vida. Até a presente data no Brasil, os números de mortes pela COVID-19 caminham para as 200 mil mortes, mas as notícias que chegam pela grande mídia sugerem subnotificações. São 200 mil famílias que perderam seus entes queridos. Perdas que exigem novas formas de elaborar o luto diante da suspensão dos habituais rituais de despedida. Leia Mais

Pesquisa (auto) biográfica em educação na Ásia | Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica | 2019

Le dossier présenté dans ce nouveau numéro de la Revista Brasileira de Pesquisa (Auto) biográfica accueille des textes de chercheurs (universitaires, docteurs ou doctorants) qui vivent, travaillent ou développent leurs recherches en Asie. Historiquement, du point de vue européen, l’Asie constitue un “ailleurs extrême”, une forme d’extériorité radicale. À la fin du xIxe   siècle, l’espace asiatique varie dans ses intitulés entre “Asie orientale” et “Extrême-Orient”. Le terme “Far East” fait son apparition dans l’Empire britannique, en faisant référence à l’Est lointain dont les contrées nécessitent de longs voyages pour y accéder. L’émergence d’un territoire “au plus loin” s’affirme durant cette période dans l’ensemble de l’Europe: “Les équivalents anglais Far East, allemand Ferner Osten, italien Estremo Oriente, espagnol et portugais Extremo Oriente semblent tous attestés de la même époque” (Détrie et Moura, 2001, p. 5)1. Ainsi, si du point de vue européen, en fonction de l’étirement de la distance, l’espace qui sépare les deux continents a dû, pour être pensable, être départagé entre le Proche, le Moyen, et l’Extrême-Orient (MOURA, 2001)2. Comment penser l’Asie lorsque l’on se situe au Brésil, spécialement à Salvador de Bahia, lieu d’édition et de parution de la revue qui contient ce numéro. L’Asie se trouve alors située à l’opposé du globe, le Japon semblant être la “diamètre géographique” du Brésil. Leia Mais

Narrativas LGBTIQ | Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica | 2019

“L’homosexualité dans ce monde, c’est possible tant qu’on n’en parle pas.”

Hervé Guibert (1990, p. 34)1

“Ce n’est pas grave si tu ne te réveilles pas tout seul Si à côté de toi c’est un gars et que t’as la larme à l’œil”

Eddy de Pretto (2017)2

Nous tenons, tout d’abord, à remercier la Revue Brésilienne de Recherche (Auto)Biographique d’avoir accepté notre proposition de diriger ce dossier, réunissant des recherches sur des récits LGBTIQ3 , et à féliciter son Conseil éditorial de son accueil face aux résonances de cette thématique dans l’actuel contexte politique brésilien. Leia Mais

Percursos narrativos em educação matemática | Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica | 2019

Necessitamos de uma linguagem para a experiência, para poder elaborar (com outros) o sentido ou a falta de sentido de nossa experiência, a sua, a minha, a de cada um, a de qualquer um. Larrosa (2015, p. 67-68)1

O que tem mobilizado os educadores matemáticos para traçar seus percursos investigativos tomando as narrativas como inspiração teórico-metodológica? Seriam as narrativas uma linguagem para conversarmos sobre a educação matemática?

Parece-nos que esse tem sido um caminho promissor, para produzirmos nossas pesquisas, colocando-nos à escuta de estudantes e professores, como forma de darmos sentido às nossas experiências com o ensino e a formação do professor que ensina matemática. Como um ato político de valorizarmos as vozes daqueles que, historicamente, têm sido silenciados. Leia Mais

Pesquisa (Auto)biográfica em educação na Europa e América | Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica | 2018

Não há dúvida de que a pesquisa biográfica se tornou cada vez mais importante em todo o mundo, nas ciências educacionais e sociais, nos últimos 50 anos, e que os padrões metodológicos e teóricos deste campo de pesquisa foram consideravelmente consolidados. Não obstante, permanecem os preconceitos culturais sobre as abordagens particulares. Essas culturas de pesquisa com certa influência internacional – como a pesquisa (auto)biográfica de língua alemã, francesa e inglesa – que, em sua maioria, remontam a uma longa tradição de pesquisa, mantiveram seu próprio perfil.

E mesmo que as atividades de pesquisa cooperativa tenham se intensificado internacionalmente – como na pesquisa biográfica comparativa centrada no estudante, a longo prazo, entre o Reino Unido, Alemanha, Suécia, Espanha, Polônia e Irlanda, ou a pesquisa de migração centrada na biografia entre Alemanha, Itália, França e na Grécia – os perfis de pesquisa “clássicos” das três culturas de pesquisa mais influentes permanecem em vigor por algum tempo. Leia Mais

Investigación biográfica y autobiográfica en Educación en América Latina | Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica | 2018

Los artículos sometidos para la composición del presente dossier representan una mirada plural acerca de la aproximación conceptual, metodológica y experiencial desarrollada desde las ciencias sociales y la investigación biográfico-narrativa en educación de América Latina aplicada tanto en ámbitos formales como no formales. Los ejes temáticos, a los que corresponden distintos modos de abordar, revelan la actualidad del campo distribuidos en tres agrupamientos principales: estado del conocimiento o estado del arte en determinados países durante la última década; enfoques y métodos de investigación biográfico-narrativa en la educación; instituciones y sujetos, enlaces biográficos.

En la producción de América Latina es notable la interconexión de los campos de conocimiento; deja ver en un campo biográfico fértil que recoge las variadas deliberaciones provenientes de la literatura inglesa, francesa, alemana e italiana, junto con la proyección creciente de la lengua portuguesa. En contraste, es débil el eco de otras zonas geográficas como Asia o África, probablemente a causa de circuitos limitados de circulación más que de producción. El enfoque biográfico en las narrativas de educación ciertamente se remonta pocos decenios atrás, si tomamos en cuenta la sistematización de argumentaciones y enfoques paradigmáticos; empero no deja de hundir sus raíces en una tradición de emergencias y rupturas en el universo de las ciencias sociales. Leia Mais

Migrações, pesquisa biográfica e (auto)biográfica | Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica | 2018

O tema das migrações humanas e os enfoques biográficos e (auto)biográficos revestem-se hoje à escala global de uma atualidade e pertinência incontestáveis. Vivemos no presente a era das migrações, caraterizada por deslocamentos maciços de migrantes econômicos e refugiados, escapando à miséria, conflitos armados, alterações climáticas, seca e seus impactos alimentares em várias zonas do globo. Simultaneamente, é notória uma generalização de presentificações biográficas por parte de pessoas comuns no espaço público, em função da acessibilidade a novos meios de comunicação, redes sociais, e a uma “condição biográfica” dos nossos tempos. Há também a democratização de expressões autobiográficas por parte de classes sociais e grupos diversificados que evidencia uma “tendência biográfica” (RENDERS, HAAN, HARMSMA, 2017)1 a requerer a atenção de leigos e analistas sociais. Leia Mais

Imagens, narrativas e currículos | Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica | 2017

O dossiê Imagens, narrativas e currículos inscreve-se em uma rede de pesquisa e possibilita diversas reflexões, cujo produto resultante viria a ser algo múltiplo. Admitimos este fato, há muito tempo, já que entendemos – ao contrário do que nos ensinaram a maioria dos movimentos de pensamento acerca de escolas1 – existir uma intensa relação entre os muitos “dentrofora”2 das escolas, possibilitada pelos movimentos cotidianos que os “praticantes-pensantes” (OLIVEIRA, 2012)3 fazem.

Trabalhando com a ideia de que todos nós formamos inúmeras redes educativas – todas de “práticasteorias”4 – entendemos que os múltiplos “conhecimentossignificações” que nelas são criados, são relacionados e referidos a todos os “espaçostempos” dessas mesmas, pelas tantas “idasvindas” que fazemos entre elas.

Nos “espaçostempos” escolares, assim, estão presentes inúmeros currículos ocupados por inúmeros “artefatos culturais” que se transformam em curriculares, com os processos pedagógicos aí desenvolvidos. Nestes encontramos: artefatos materiais – cadeiras, mesas, lousas, calendários, chamadas, janela climática, quadros diversos; produções externas de normatização, como leis de ensino, normas administrativas ou decisões da equipe de direção das regionais de ensino; crenças pedagógicas – teorias didáticas e curriculares, métodos de ensino, formas de trabalhar e estudar; artefatos tecnológicos – televisão, vídeos, instrumentos musicais etc. Aí estão também os corpos e as mentes daqueles que “habitam” esses “espaçostempos”, fazendo-os seus: estudantes, docentes, pessoal administrativo e funcional, responsáveis pelos estudantes, comunidade local etc. O conjunto desses artefatos materiais, ideológicos e teóricos, somado aos seres humanos que os reproduzem e produzem outros “conhecimentossignificações” com eles, e que circulam diferentemente nos processos pedagógicos em cada escola, formam aquilo que chamamos de “currículos”. Esses “espaçostempos” são, desse modo, com tudo o que neles circula, artefatos curriculares, também. Todo este conjunto de seres humanos, produtos e criações das relações de uns com os outros, adquire significados múltiplos e complexos nos processos educativos, exatamente porque seus diferentes “usos”, na repetição, permitem que apareçam diferentes tecnologias de uso e a criação de “conhecimentossignificações” diversos. Leia Mais

Viagens e narrativas (auto)biográficas | Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica | 2017

Quem nunca se imaginou atravessando terras, céus e mares em busca do desconhecido, do inusitado, do novo? Uma propaganda e até mesmo uma revista que se vê de relance em uma banca de jornais despertam o desejo de partir, sumir, mudar, experimentar. Apesar de sempre ter existido a curiosidade pelo estranho e o exótico, o educador Francisco Venâncio Filho (1941)1, considerava que, o gosto pela viagem era moderno na medida em que se tornara possível viajar pelo livro, pela revista ilustrada ou pelo cinema. No seu entendimento, elas podiam ser de diferentes gêneros e espécies: de negócio, de saúde, de luxo, de recreio e de cultura, exigindo sempre um cuidado especial. Assinalava, ainda, existir, uma “encantadora psicologia da viagem” (idem, p. 119), como sugeria Paul Morand, em Le voyages (notes e maximes), o que envolvia um projeto com previsão de custos e itinerários, o que seria precedido da reunião de mapas, guias, prospectos e conhecimento de uma literatura especializada, capazes de fornecer informações preciosas e precisas. No delineamento de uma certa pedagogia da viagem, Venâncio Filho, sinaliza para a importância de estudo e planejamento, como a necessidade de viajar com pouca bagagem, comprar o menos possível e conhecer pelo menos cem palavras do país visitado para ter acesso a números, moedas, passagens e alimentação. Alertava ainda: “A preparação cultural da viagem torna-se condição para que se aproveite o mais possível” (idem, p. 123). Leia Mais

Narrativas, arte e contemporaneidade | Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica | 2017

As narrativas estão presentes em todos os tempos, lugares e sociedades. Pessoas e grupos criam suas narrativas e, frequentemente, compartilham-nas com sujeitos de diferentes culturas. Histórias são contadas de muitas formas, através de diversas mídias, ganhando sentido como representações que emergem e transitam por mitos, rituais, repertórios orais, visuais, musicais e cênicos, sendo emolduradas por práticas subjetivas e culturais que as transformam/qualificam como narrativas.

Temos assistido ao desenvolvimento, sem precedentes, de inúmeras modalidades de narrativas – orais, filosóficas, científicas, literárias, fotográficas, antropológicas, artísticas, educacionais, cinematográficas, videográficas, digitais, de publicidade, gestão, informação etc. A velocidade e o volume de narrativas que nos invadem e interpelam, cotidianamente, constituem uma avalanche, que nos encharca e consome, sem que tenhamos tempo suficiente para refletir, analisar, saber quem são os agentes da sua produção e as figuras da sua construção simbólica, ou, quais mecanismos de poder elas produzem e reproduzem. Além disso, as narrativas não obedecem a um formato, não se submetem à uma perspectiva ou crítica e tampouco se acomodam a modelos estabelecidos, situação que, muitas vezes, incomoda e intriga. Leia Mais

(Auto)biografias, fotografias, acervos e escritas de formação | Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica | 2016

Os estudos (auto)biográficos, inicialmente circunscritos aos textos narrativos e a suas potencialidades, nas últimas décadas, têm encontrado outras fontes e múltiplas possibilidades de pensar e problematizar os espaços biográficos e sua expansão. Num movimento muito semelhante ao ocorrido em outros campos epistemológicos, o amadurecimento do campo da pesquisa (auto)biográfica começa a se evidenciar, pela diversificação de interesses e abordagens, e pela sofisticação de sua produção, para além de seu universo inicial, das letras e da história (e, por consequência, dos textos narrativos), e da educação (e, portanto, da entrevista narrativa). As possibilidades abertas para a pesquisa e a compreensão dos mundos da vida humana são múltiplas e o dossiê (Auto)biografias, fotografias, acervos e escritas de formação procura dar materialidade a três dessas perspectivas.

A ideia de se pensar a (auto)biografia a partir da fotografia, como extrato de um momento vivido, como um retrato instantâneo de um acontecimento, no qual a memória ganha uma materialidade – até mesmo, na efêmera fotografia digital – e indaga quem a observa com signos e símbolos de um tempo passado, impressos nas vestimentas, nos comportamentos, nas expressões, nos gestos que sedimentam algo da psicologia ou da mentalidade de um tempo, nos dá algum indício de como estas fontes podem significar alguma diferença nas pretensões de nosso campo de estudo. São um passo rumo a uma outra dimensão representacional. Leia Mais

Escritas de si, literatura e cinema: diálogos (auto)biográficos | Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica | 2016

[A narrativa] está presente no mito, na lenda, na fábula, no conto, na novela, na epopeia, na história, na tragédia, no drama, na comédia, na pantomima, na pintura […], no vitral, no cinema, nas histórias em quadrinhos, no fait divers, na conversação. Além disto, sob estas formas quase infinitas, a narrativa está presente em todos os tempos, em todos os lugares, em todas as sociedades; a narrativa começa com a própria história da humanidade; não há em parte alguma povo algum sem narrativa; todas as classes, todos os grupos humanos têm suas narrativas […]

Roland Barthes1

Na epígrafe, Roland Barthes nos diz que as narrativas, por sua quase infinita diversidade (histórica, literária, biográfica, autobiográfica, cinematográfica…), e por sua onipresença na história da humanidade, representam formas de manifestação inalienáveis do ser humano, onde quer que ele se encontre, não importando o momento de sua vida, e em qualquer tempo histórico. Nessa quase infinita diversidade, os seres humanos encontram nas narrativas biográficas e autobiográficas um modo próprio de ser e de contar a história de vida de outrem (biografia) e a história de sua própria vida (autobiografia), constituindo e constituindo-se enquanto seres sociais, racionais, líricos, históricos, místicos, políticos, artísticos, míticos… Leia Mais

Pesquisa (auto)biográfica em análise: entre diálogos epistemológicos e teórico-metodológicos | Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica | 2016

A pesquisa (auto)biográfica no campo educacional brasileiro vincula-se a uma rede de cooperação acadêmico-científica e internacional, contando, notadamente, com Laboratórios e Grupos de Pesquisa de países latino-americanos e europeus, que têm contribuído para significativos avanços no âmbito dos estudos (auto)biográficos. As diversas perspectivas de pesquisa e os modos próprios como os pesquisadores, situados histórico e espaço-temporalmente, a partir das apropriações epistemológicas e teórico-metodológicas do método (auto)biográfico, fazem emergir formas implicadas de produzir conhecimento. Trata-se de um movimento de pesquisa-ação-formação, que tem como centralidade os sujeitos, suas histórias individuais, coletivas, institucionais, de formação, de inserção social, de empoderamento, através das formas como acessam suas memórias, mediadas por experiências e narrativas sobre a vida, em suas múltiplas dimensões. Leia Mais

Pesquisa (Auto)Biográfica | ABPAB | 2016

Pesquisa Autobiografica

A Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica (Salvador, 2016-) é um periódico quadrimestral, publicado pela Associação Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica (BIOgraph), que tem por principal objetivo a publicação de artigos acadêmico-científicos inéditos, que aprofundem e sistematizem a pesquisa empírica com fontes biográficas e autobiográficas, assim como de caráter epistemológico, teórico-metodológico, visando a fomentar e promover o intercâmbio entre pesquisadores brasileiros e de outros países, no âmbito do movimento biográfico internacional, como política de socialização de estudos vinculados à pesquisa (auto)biográfica em Educação.

Periodicidade quadrimestral.

Acesso livre.

ISSN 2525-426X

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