Coisas que todo professor de português precisa saber: a teoria na prática. | Luciano Amaral Oliveira

O livro Coisas que todo professor de português precisa saber: a teoria na prática aborda o ensino da língua sob uma ótica pragmática, ou seja, levam-se em conta os usos da língua, seus falantes e os seus contextos de uso. Logo, o enfoque principal é permitir aos professores que se apropriem das concepções teóricas relativas ao ensino de Língua Portuguesa (LP), para que possam transmiti-los aos seus alunos conforme a vertente sociointeracionista de ensino.

O autor, Luciano Amaral Oliveira, atua principalmente nas áreas de leitura e produção textual, ensino de língua portuguesa e semântica. Professor da Universidade Federal da Bahia, é graduado em Economia, mestre e doutor em Letras e Linguística pela mesma instituição. Desenvolve pesquisas na área de estudos críticos do discurso e ensino pragmático de gramática, voltados para a formação e conscientização dos professores em relação aos aspectos discursivos da língua. Leia Mais

Falar, ler e escrever em sala de aula | Stella Maris Bortoni-Ricardo

O primeiro volume da série “Ensinar leitura e escrita no ensino fundamental”, intitulado “Falar, ler e escrever em sala de aula: do período pós-alfabetização ao 5° ano” abarca, fundamentalmente, importantes reflexões sobre o ensino da escrita e leitura do período posterior à alfabetização até o 5° ano. Essa obra, coordenada pela doutora em Linguística Stella Maris Bortoni-Ricardo, com auxílio de sua orientanda Maria Alice Fernandes de Souza, é resultado de uma pesquisa sociolinguística que ainda hoje permanece em andamento.

A produção é destinada a professores que estão atuando em sala de aula, à formação inicial e continuada. Com a intenção de promover uma reflexão sobre o que tem ocorrido nas escolas brasileiras, o livro apresenta várias fontes de debates e sugestões de intervenções para os leitores.

O livro é sistematizado com uma introdução, seguida por quatro unidades, em cujo interior há aulas, as quais são fontes essenciais de análise e sugestões de trabalho. A maioria das aulas possui os tópicos “Refletindo juntos”, “Saberes que colhemos na comunidade, saberes que colhemos nos livros” e “Trocando mensagens”, salvo algumas exceções. As autoras facilitam a compreensão da leitura ao identificarem a idade e a turma a que se destinam as aulas. Outro aspecto facilitador são os boxes existentes ao lado das páginas, que são constituídos por explicações e referências das fontes de estudo sobre o tema trabalhado na lauda. Um aspecto crucial que as autoras explicitam na introdução é a concepção de ambas sobre a língua materna, já que é por meio dessa fundamentação que o trabalho será analisado.

A primeira unidade, “Falar, ler e escrever em sala de aula”, possui quatro aulas; a primeira, terceira e quarta se referem à reflexão sobre variantes linguísticas. A professora realizou um trabalho com diferentes turmas; todas as atividades foram pautadas no pressuposto da existência de variações da língua, trazendo na quarta e última aula da unidade o conhecimento sobre três conceitos dos contínuos que se relacionam com tal variação. Na segunda aula, a docente desenvolveu uma atividade sobre o tipo textual instruir; com esse movimento, trabalhou as características próprias dessa tipologia e salientou a relevância social que esses saberes abarcam.

Na segunda unidade, “Modos de falar, modos de escrever”, três aulas subsidiaram a pesquisa. As pesquisadoras permaneceram analisando a mesma turma na primeira e segunda aulas, nas quais há um trabalho sobre a influência que a linguagem oral traz à escrita. Com o auxílio do dicionário e outros suportes, a professora levantou uma rica discussão sobre o que é próprio da escrita e da oralidade. Já na terceira aula, em outra turma, as docentes exploraram os conceitos de tempos verbais e suas funcionalidades.

Duas aulas são ministradas na terceira unidade: “Produzindo diferentes gêneros de texto”. Uma tem como objetivo construir o conceito de “diagrama sequencial”, ensinando, assim, às crianças a construírem narrativas; e fazer com que elas tenham seu repertório de vocabulário ampliado, dando destaque para a escrita e reescrita de textos. À última aula restou a construção do sentido da tipologia instruir, em que a professora mencionou o que significa sentido comum e figurado.

“Revisando conceitos básicos” é o título da última unidade do livro que, como sugerido, faz uma revisão do projeto realizado em todas as outras unidades. Traz, ainda, uma peça teatral infantil sobre festas juninas e sua suposta utilidade para a realização de outras atividades que contemplem o uso de gêneros textuais. Finalizando, as autoras dão ênfase aos debates que aconteceram durante a pesquisa e suas implicações.

Sem sombra de dúvidas, a produção das pesquisadoras é extremamente válida no âmbito educacional, visto que trata de temas atualizados e relevantes no campo da Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Portuguesa, sobretudo nos anos iniciais, etapa educacional muitas vezes pouco contemplada com os estudos aqui relatados. De maneira exemplar, conclui-se que os principais objetivos foram cumpridos. Positivamente as autoras fazem com que a pesquisa se relacione com a comunidade onde ela é realizada, fornecendo exemplos para outras instituições educacionais. Em contrapartida, ao longo do trabalho, senti a falta de explicações e reflexões embasadas teoricamente, que provavelmente dariam ainda mais sentido ao trabalho.


Resenhista

Vanessa Almeida Stigert – Graduanda do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail: vanessa_stiigert@hotmail.com


Referências desta resenha

BORTONI-RICARDO, Stella Maris; SOUZA, Maria Alice Fernandes. Falar, ler e escrever em sala de aula: do período da pós-alfabetização ao 5° ano. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. Resenha de: STIGERT, Vanessa Almeida. Revista Práticas de Linguagem. Juiz de Fora, v.2, n. 2, p.117-119, jul./ dez. 2012. Acessar publicação original [DR]

Norma Culta Brasileira: desatando alguns nós | C. A. Faraco

Este livro trata de questões relativas à norma linguística e de problemas derivados do conservadorismo exagerado, em relação à Língua Portuguesa, presente na cultura nacional. O autor destaca, de forma clara, que o ensino de língua materna não considera a diversidade linguística, pois, ainda hoje, a maioria dos educadores desprivilegia a existência de uma língua formada por várias normas, e assim tentam impor apenas uma como legítima. Este é o ponto de partida para a presente obra, pois nele, Faraco busca argumentar sobre a relevância de se repensar a língua e os preconceitos intrínsecos a ela. Para tal, o autor apresenta um feliz panorama que engloba desde questões referentes às distintas denominações existentes em relação ao português, como: norma culta, norma gramatical, gramática da língua culta, língua padrão, língua certa, língua cuidada e língua literária; até questões que envolvem o histórico da Gramática e a relação entre a variação linguística e a escola.

O estudo divide-se em cinco capítulos, nos quais, ao final, objetiva levar a um questionamento sobre a forma de ensino-aprendizagem da língua portuguesa presente no atual sistema de educação, e propõe uma pedagogia variacionista, na qual a língua é vista de forma heterogênea, que relaciona-se diretamente com questões culturais e políticas. Leia Mais

Linguagem, gênero, sexualidade: clássicos traduzidos – OSTERMANN (REF)

OSTERMANN, Ana Cristina; FONTANA, Beatriz. Linguagem, gênero, sexualidade: clássicos traduzidos. São Paulo: Parábola Editorial, 2010. 166 p. Resenha de: ANDRADE, Daniela Negraes Pinheiro. Questões linguísticas envolvendo gênero, sexualidade e interação social. Revista Estudos Feministas v.19 n.1 Florianópolis Jan./Apr. 2011.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos,1 no seu artigo primeiro, diz que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos” e que, portanto, “dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”. Partindo do pressuposto, elaborado pelo filósofo alemão Immanuel Kant, de que o ser humano é, primordialmente, fruto daquilo que a educação faz dele, é plausível pensar que a construção de uma sociedade livre, fraterna e igualitária passa pelo acesso ao conhecimento. É sabido, contudo, que não todo e qualquer tipo de conhecimento se põe a serviço do respeito à diversidade em amplo aspecto como fator preponderante para a humanização das relações sociais de modo a assegurar o convívio livre, fraterno e igualitário entre as pessoas.

Se o conhecimento é a chave para o entendimento e o aprimoramento das relações sociais dos seres de natureza humana, independentemente de raça, etnia, credo, opinião política, orientação sexual etc., toda obra que contribua para a construção do saber nesse sentido é digna de elogio. O livro Linguagem, gênero, sexualidade: clássicos traduzidos, sendo assim, merece ser celebrado. A obra presta um grande serviço à comunidade acadêmica leitora do português brasileiro e aos demais públicos interessados em prol do fortalecimento dos estudos voltados para a construção de um saber humanizador no tocante à questão da diversidade de gêneros e à questão da sexualidade no âmbito das interações sociais. Organizada por Ana Cristina Ostermann, ph.D. em Linguística (Universidade de Michigan, EUA), e por Beatriz Fontana, Doutora em Letras (UFRGS, Brasil), a publicação traz a compilação, competentemente traduzida, de artigos acadêmicos escritos por pesquisadores e pesquisadoras estadunidenses e britânicos/as considerados basilares dentro do escopo compreendido por gênero, sexualidade e interação social, abordado sob o viés da linguística interacional. Leia Mais

Introdução aos Estudos Culturais – MATTELART; NEVEU (PL)

Os franceses Armand Mattelart (professor de ciências da informação e da comunicação da Universidade Paris VIII) e Érik Neveu (professor de ciência política) se propõem em sua obra, Introdução aos Estudos Culturais a trazer o leitor ao cenário de discussão sobre os “Estudos Culturais”, analisando o conceito de cultura e suas diferenciações e transformações ocorridas desde a segunda metade do século XX até a atualidade. Considerada pelos franceses como “disciplina marginal”, uma vez que dissocia-se da análise da cultura letrada, os “Estudos Culturais” trazem uma proposta de visão crítica da cultura, percebida como instrumento de reorganização da sociedade. Para os autores: “(…) a questão central é compreender em que a cultura de um povo, e inicialmente, a das classes populares, funciona como contestação da ordem social ou, contraditoriamente, como modo de adesão às relações de poder” (MATTELART, 2004, p. 14). Leia Mais

Brasil fora de si: experiências de brasileiros em Nova York / José C. S. B. Meihy

Desde a última década, o tema Migrações Internacionais tem tido cada vez mais destaque na imprensa nacional e internacional através de notícias, reportagens especiais e, mais recentemente, da telenovela. A cada dia novos números e informações são divulgados, mostrando faces até então desconhecidas do fenômeno emigratório.

No Brasil, o tema vem sendo estudado por pesquisadores de diferentes universidades, o que tem colaborado para a ampliação do número de livros sobre o assunto.

Entre os estudos publicados recentemente sobre as Migrações Internacionais, um dos mais instigantes é, sem dúvida, o do historiador e professor da Universidade de São Paulo, José Carlos Sebe Bom Meihy.

Lançado em 2004 pela Parábola Editorial, Brasil fora de si: experiências de brasileiros em Nova York, é o resultado de mais de cinco anos de pesquisas e de milhares de horas de convívio do autor junto a brasileiros residentes na cidade de Nova York, nos Estados Unidos. Ao todo foram cerca de 700 entrevistas gravadas com emigrantes oriundos de diferentes regiões do Brasil.

O que fazem estes brasileiros na quarta maior cidade do mundo? Como chegaram até ela? Como se relacionam com os espaços da cidade e seus diversos habitantes? Como vêem o Brasil a partir dos Estados Unidos? Para responder a estas e outras perguntas, José Carlos Bom Meihy busca, através da história oral, “dar ouvidos” aos sujeitos envolvidos no processo emigratório. Segundo ele, seu principal diálogo não foi com a historiografia, mas sim com vidas plenas de contradições, de “certezas provisórias” e pontilhadas de “mas”. De fato, ao longo do livro não há aquelas intermináveis citações ou mesmo diálogos codificados com outros autores, os quais aparecem com freqüência em muitos escritos acadêmicos.

Nas quatro partes que compõem o livro, ganham voz inúmeros personagens que, em sua maioria, enfrentam diariamente os desafios de viver na ilegalidade, fugindo o tempo todo dos agentes da Imigração Americana. Boa parte destes brasileiros ou “brasucas”, conforme os designa Bom Meihy, tem dificuldades em aceitar a sua condição de imigrantes, preferindo se dizer “de passagem” ou “em trânsito”, mantendo a idéia de um “retorno iminente” e desenvolvendo uma “saudade crônica” do Brasil, que só é aliviada nas gerações que se sucedem, as quais crescem com outros problemas.

Segundo o autor, falta a estes “brasucas” coragem de assumir que suas experiências fora do Brasil extrapolam os limites da aventura episódica e se constituem em um processo emigratório de grandes proporções. Esta falta de “consciência emigratória” deve-se em parte à tradição de que imigrantes foram os europeus e demais grupos que chegaram no Brasil especialmente no século X IX e não os atuais imigrantes que são brasileiros de nascimento e de aceitação irrestrita.

Muitos destes novos imigrantes, segundo Bom Meihy, deixaram o Brasil no final dos anos 80 e início dos anos 90 em meio a planos econômicos e políticas de governo fracassados. A maioria deles recebeu influência de notícias que mostravam o exemplo de pessoas que alcançaram sucesso ao sair do país. Estas notícias, em um contexto mundial de crescente desemprego, acabaram surtindo muito efeito. No entanto, somente as notícias e as razões econômicas não explicam a presença de brasileiros em Nova York. Conforme mostra o autor através de suas entrevistas, existe uma teia complexa de justificativas que extrapolam as macro-explicações acadêmicas.

Entre as estratégias usadas atualmente por milhares de migrantes para entrar em território estadunidense estão os “vistos de entrada”, a fronteira com o Canadá e, principalmente, a fronteira do México, onde age uma rede de coiotes transportando migrantes de um lado ao outro. Destas estratégias, Bom Meihy destaca em seu livro o uso sistemático do visto de turista como uma das formas mais utilizadas até 2001, quando ocorreram os atentados de 11 de Setembro. Após entrarem nos Estados Unidos como turistas, muitos migrantes ali permaneciam depois de vencidos os prazos, colocando-se na condição de ilegais ou regularizando sua situação através da mudança para a condição de estudante, conseguindo autorização de trabalho ou arranjando casamentos de fachada. Depois do 11 de Setembro, no entanto, aumentaram as dificuldades para entrar naquele país.

Da mesma forma, aumentou o número de brasileiros presos ao tentar atravessar clandestinamente a fronteira via México.1 De todas as cidades destino nos Estados Unidos, uma das que mais possuem brasileiros é Nova York. É esta também uma das cidades menos estudadas por pesquisadores brasileiros interessados em entender o processo de deslocamento Brasil-Estados Unidos, segundo Bom Meihy.

Nova York constitui um “expressivo campo de provas” que acolhe multidões de diferentes países. É nela que há a “reinvenção de nichos culturais” materializada em restaurantes, lojas, mercados, escolas, hospitais e igrejas que servem para afirmação e constituição de identidades de grupos étnicos, num jogo de resistência e negociação em que, ao invés da cópia perfeita, os imigrantes se valem de um “arremedo” da cultura do seu país. No caso dos brasileiros de Nova York, isto ocorre, entre outros lugares, em um espaço chamado Uttle Brasil, nome dado à rua 46, no centro de Manhattan, onde acontecem anualmente as comemorações do Sete de Setembro.

Na segunda parte do seu livro, intitulada Sobreviver e Sobre o Viver, o autor mostra que o trabalho é um dos temas recorrentes quando o assunto é a manutenção dos brasileiros nos Estados Unidos. Nesse país, a aceitação da mudança de profissão e da condição de trabalho antes exercido é uma condição incontornável para aqueles que estão determinados a ficar. “Os brasucas, como também outros participantes de fluxos imigratórios, quase sempre, partem do princípio de que, pelo menos em uma fase introdutória, têm de aceitar a mudança de função, fazendo o que aparecer”. Assim, advogados lavam pratos, engenheiros entregam pizza, assistentes sociais fazem faxina, dentistas viram dançarinas.

Os depoimentos colhidos pelo autor, ao mesmo tempo em que mostram a tentativa de superação das dificuldades enfrentadas, também denunciam o lado trágico da emigração: longas jornadas de trabalho sem direito a descanso, subemprego e, em alguns casos, formas de trabalho escravo. O índice dos que falam inglês é baixíssimo. Por isso, muitos têm que se submeter a outros brasileiros, limitando-se a “trabalhos silenciosos” em que se pode fazer algo sem muitas palavras.

O envio de dinheiro para os que ficaram no Brasil é uma das práticas mais comuns entre os imigrantes. Há os que remetem dinheiro porque têm e querem, e os demais que, mesmo não podendo, acabam por fazer sacrifícios inacreditáveis “tanto para satisfazer a fantasia dos familiares quanto pela própria incapacidade de admitir o fracasso”.

Entre os trabalhos exercidos por brasileiros em Nova York e que foram estudados por Bom Meihy estão os de engraxate, empregados de restaurantes, motoboys, pedreiros, jardineiros, dançarinas e dançarinos e a faxina. Em cada um desses casos, o autor revela vidas em meio à compra e venda e disputas por “companhias” ou pontos de trabalho, “aluguel de empregos”, com subcontratação entre os próprios brasileiros, envolvimentos com redes internacionais de prostituição, além de inúmeros outros desafios.

Na terceira parte de seu livro, o autor faz um exercício metodológico de costura de histórias de vida distintas. Nesta parte, assim como nas anteriores, alguns depoimentos são transcritos na íntegra, dando ao leitor a possibilidade de conhecer mais do que apenas fragmentos de entrevistas. No entanto, para além dos depoimentos orais, agora também são utilizados outros documentos, como são os casos das cartas e do diário de uma jovem brasileira a que o autor teve acesso.

J á na quarta e última parte do seu trabalho, Bom Meihy mostra a situação dos brasileiros nos Estados Unidos após o 11 de Setembro. Nesta parte, ele trata, entre outros assuntos, daqueles que decidiram voltar ao Brasil e mostra que muitos retornados percebem que tudo mudou e, em muitos casos, que se equivocaram ou tiveram uma “saudade traída”, como afirmou um dos entrevistados, quanto ao que imaginavam que iriam encontrar na volta ao país de origem. Depois disso, já não conseguiam ficar “nem lá, nem cá”, pois suas identidades, memórias e percepções sobre ambos os espaços foram abaladas. Na opinião do autor esta é a dura realidade de uma comunidade “transterrada e em febril transe cultural”, cujas memórias estão “em constante ebulição”.

O autor conclui seu trabalho criticando o que ele chama de “clã intelectual”, ou seja, aqueles que se preocupam apenas com o debate teórico, deixando de lado experiências vivas do fenômeno emigratório.

Brasilfora de si é, sem dúvida, um convite à reflexão e mudança de atitude, tanto por parte de historiadores e demais pesquisadores, quanto por parte de governos e autoridades públicas que sistematicamente têm fechado os olhos e ouvidos para o dilema de milhares de seres humanos que deixaram e continuam deixando o nosso país.

Notas

1 Somente entre outubro de 2004 c março de 2005, de acordo com reportagem do jornal Correio Bra^iliense, publicada em 24 de abril deste ano, foram mais de 10 mil brasileiros presos, muitos de uma mesma família, inclusive crianças.


Adriano Larentes da Silva – Universidade Federal de Santa Catarina MEIHY, José Carlos S. B. Brasil fora de si: experiências de brasileiros em Nova York. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. Resenha de: SILVA, Adriano Larentes. Textos de História, Brasília, v.13, n.1/2, p.239-243, 2005. Acessar publicação original. [IF]