História e Imprensa / Fronteiras – Revista Catarinense de História / 2013

O número 22 da revista Fronteiras, a Revista Catarinense de História, com o dossiê História e Imprensa, apresenta discussões produzidas por pesquisadores e pesquisadoras de diferentes formações e de distintos lugares. Em comum um tema, ou ainda um objeto de estudo: a imprensa. Objeto de investigação complexo e instigante, a imprensa tem feito parte da agenda de pesquisa e análise da historiografia bem como de diversas áreas do conhecimento, e tem recebido notável destaque. Neste volume, apresentamos artigos cujos autores se debruçaram sobre jornais de grande circulação, jornais locais, bem como sobre jornais clandestinos. Assim, temos notícias do cotidiano, de política, de arte, de movimentos sociais, de turismo, dentre outros, analisados à luz dos instrumentos da interpretação histórica.

O artigo de autoria de Luciana Rossato e Mariane Martins, cujo título é “Um pedacinho de terra perdido no mar”: um novo destino turístico em construção, apresenta a discussão através de notícias publicadas no jornal catarinense O Estado na década de 1980. Em meio ao interesse político de impulsionar o turismo na cidade de Florianópolis, este jornal teve papel importante colocando em evidência temas que acionavam o passado da cidade para referenda-la como “destino turístico”.

A mídia catarinense é também discutida no texto de Rafaela Duarte, A euforia na imprensa: o movimento Diretas Já visto pelos jornais catarinenses, no qual a autora procura compreender o papel da imprensa como “ator social” durante o movimento Diretas Já. Tem como fontes textos e fotografias dos jornais O Estado, Jornal de Santa Catarina e A Notícia, todos de circulação em Santa Catarina.

Douglas Satírio da Rocha e Vicente Neves da Silva Ribeiro também de debruçaram sobre a mídia catarinense, e apresentam o artigo com o título Ocupando os editoriais: representações do MST no Jornal Diário da Manhã no Oeste Catarinense (1985 – 1989). Os autores analisam as representações sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) a partir da análise do jornal Diário da Manhã, publicado entre os anos de 1985 e 1989 no Oeste catarinense, e percebem que questões relacionadas ao MST estão presentes no citado jornal em editoriais marcados por opiniões e interesses.

Outro texto sobre a mídia catarinense é apresentado por Anelise Rodrigues Machado de Araujo, As crianças estão nos noticiários: a imprensa escrita periódica na construção da História da Infância (Jornal Diário Catarinense, 1986-1990). Este artigo propõe reflexões relativas à História da Infância a partir de pesquisa realizada no Jornal Diário Catarinense (edições entre 1986 e 1990).

A exposição de notícias em jornais clandestinos do Brasil e do Uruguai, que denunciavam violências cometidas contra mulheres militantes contrárias às ditaduras desses países, é tema do artigo Miriam Alves do Nascimento, Os discursos nas denúncias de violência: Brasil e Uruguai. A pesquisadora utiliza os estudos de Gênero, além da História Comparada e da História Oral, buscando perceber se as autorias de tais jornais se utilizavam de prescrições de Gênero para estabelecer algum tipo de sensibilização junto aos seus leitores.

Crimes que se tornam “sensação” na imprensa carioca do século XIX são discutidos por Marilia Rodrigues de Oliveira, em Quando os crimes se tornam “sensação”: narrativas da imprensa, ciência e moral no Rio de Janeiro da Primeira República. Tais crimes eram apresentados relatando os problemas vividos pelos cidadãos-leitores e também de modo a suscitir o extraordinário ente eles. A autora parte de um caso especifico do caso da “Tragédia da rua Januzzi” para analisar porque determinados crimes mereciam tal espaço na mídia em detrimento de outros.

Completando a revista, na seção Artigos, temos o texto Nasce uma estrela: os primeiros anos da trajetória musical de Elis Regina, onde Andrea Maria Vizzotto Alcântara Lopes estuda a carreia musical da cantora e a recepção à sua obra, bem como a relação desta com a indústria fonográfica e meios de comunicação brasileiros.

Conectando-se com a História: a oficina “A História em diálogo com as NTICs e com o mundo virtual: o saber, o fazer e o ensinar histórico de Marcella Albaine Farias da Costa é outro texto da seção. A pesquisadora traz uma discussão sobre a ampliação da noção de fonte histórica a partir das novas linguagens midiáticas. Mais especificamente trata-se de uma investigação sob a ótica especifica de professores de História em formação inicial que vivem o desafio de pensar o ensino de História a partir das NTICs.

Na seção Resenha, a obra Mujeres peruanas. El otro lado de la Historia, de Sara Beatriz Guardia é apresentada por Edda O. Samudio, com ênfase na historiografia feminina e na historiografia latinoamericana. Temos também a resenha de Luisa Rita Cardoso feita para o livro de Gabriel Felipe Jacomel cujo título é Falar de si, falar de nós: o teatro feminista em tempos de ditadura.

Marlene de Fáveri

Nucia Alexandra Silva de Oliveira

Editoras de Fronteiras – Revista Catarinense de História


FÁVERI, Marlene de; OLIVEIRA, Núcia Alexandra de. Editorial. Fronteiras: Revista catarinense de História. Florianópolis, n.22, 2013. Acessar publicação original [DR]

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História e Linguagens Midiáticas / Fronteiras – Revista Catarinense de História / 2013

O presente número da revista Fronteiras, a Revista Catarinense de História, dossiê História e Linguagens Midiáticas, traz um conjunto de textos resultantes de pesquisas que abordam diferentes linguagens midiáticas contemporâneas como fontes para a escrita da História, bem como a sua aplicabilidade no campo do ensino. Temas e fontes como a internet, as mídias corporativas, mídias impressas, mídias televisivas, filmes, documentários, arte contemporânea, novas tecnologias da informação e da comunicação, analisam os usos destas fontes, suas apropriações e representações em sincronia com as demandas e experiências inseridas na História do Tempo Presente.

O artigo intitulado Internet, História e Esquecimento: sobre pensar o passado escrito no universo virtual, de Sonia Meneses, problematiza relações entre história Internet na produção de memória e artefatos históricos no universo virtual. Antero Maximiliano dos Reis, em Mídias Corporativas e Sociais entre Práticas e Discursos: Trabalhadores Juvenis e fast-foods, observa o processo de comunicação interna das corporações de fast-foods, percebendo a complexa linguagem midiática corporativa através da análise sites, revistas empresariais, e folders de programas de incentivo e competição.

As mídias de comunicação são instituições que produzem e distribuem informações, e isto é analisado num estudo de caso por Sonia Wanderley, no artigo Cultura histórica e as mídias de comunicação. Através do olhar para o telejornal Jornal Nacional, autora percebe relações de poder e capacidade na fabricação de representações que forjam significados e afirmam memórias individuais e coletivas quando invasão militar da Companhia Siderúrgica Nacional, durante uma greve de metalúrgicos, em 1988.

Carlos Eduardo P. de Pinto, em História, sexo e risos: quem tem medo de Xica da Silva?, aborda as relações entre o cinema e a história, através da análise do filme Xica da Silva (Cacá Diegues, 1976), para refletir sobre as formas como os sentidos históricos podem ser transformados pela linguagem cinematográfica, identificando o humor como uma estratégia de politização.

Tendo como fonte a arte contemporânea, o texto Construindo novos sentidos para os palestinos: narrativas visuais de Manal Deeb, de Carolina Ferreira de Figueiredo, analisa como Manal Deeb utiliza sua arte para veicular outros tipos de informações acerca da Palestina que não as das mídias ocidentais, e apresenta outras histórias dos sujeitos desta região. Ao problematizar identidades, Manal se apropria dos sentidos de positividade em relação ao palestino, e a partir de sua própria trajetória, desafia as notícias midiáticas homogeneizadoras.

Já Rafael Rosa Hagemeyer, no artigo Reencenando o drama do passado: a greve no documentário Os queixadas (1978), de Rogério Corrêa, analisa os desdobramentos da ação sindical após o golpe militar de 1964. O filme evidencia as contradições e mudanças do contexto político da abertura, antecipando o que viria ser chamado “cinema de intervenção”. Através da análise da produção do filme e de sua proposta narrativa, interpretada através de críticas, reportagens e entrevista com o autor do documentário, pode-se perceber o alcance e os limites dessa proposta de reconstituição histórica.

Estabelecendo a relação entre História e linguagens midiáticas, Marcella Albaine Farias da Costa, em Conectando-se com a História: a oficina “A História em diálogo com as NTICs e com o mundo virtual: o saber, o fazer e o ensinar histórico”, problematiza como as novas tecnologias da informação e da comunicação ampliam a noção de fonte histórica, modificam as concepções de tempo e espaço, alteram o conceito de arquivo, patrimônio e memória e abrem novas possibilidades à pesquisa e ao ensino de História.

José Antonio Ferreira da Silva Júnior e Natália Ayo Schmiedecke, com o artigo Esquerdas latino-americanas e discursos identitários nos anos 1960 / 70: os casos da revista Casa de las Américas e da Nova Canção Chilena, observam as expressões culturais de artistas e escritores contidas em uma revista e num movimento musical, analisando o engajamento político e intelectual identificado com o imaginário político da época.

Ainda, dois artigos de demanda contínua: de Silvia Maria Fávero Arend, intitulado Ainda vivemos como nossos pais? Notas sobre mudanças nas famílias brasileiras das classes médias urbanas (1980-2000), onde o autor faz uma narrativa histórica, de caráter ensaístico, analisando as principais mudanças que se operaram nas famílias brasileiras das classes médias urbanas, entre 1980 e 2000; e, o de Denilma Santos Figueiredo, As senhoras e as donas nas vilas de Bragança e de Ourém (Pará, Brasil) no século XIX, com análises de testamentos de testamentos e inventários post-mortem das Vilas de Bragança e Ourém do século XIX, onde observa mulheres na sociedade rural daquele contexto, na posse e manutenção do patrimônio familiar herdado, superando o estereótipo de mulher branca frágil e submissa.

Assim, são oito artigos que conduzem leituras para interpretações, reapropriações e reflexos acerca de História e Linguagens Midiáticas, nas suas diversas fontes e olhares. Somados aos artigos da revista, apresentamos a resenha do livro O corpo nas expressões gráficas de humor: Dilma Rousseff e a política brasileira contemporânea, de Michele Bete Petry, apresentada por Michelle Carreirão Gonçalves.

Marlene de Fáveri

Núcia Alexandra de Oliveira

Editoras de Fronteiras – Revista Catarinense de História


FÁVERI, Marlene de; OLIVEIRA, Núcia Alexandra de. Editorial. Fronteiras: Revista catarinense de História. Florianópolis, n.21, 2013. Acessar publicação original [DR]

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