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Poder, Representação e Imaginários na Idade Média/Mythos – Revista de História Antiga e Medieval/2022
O Dossiê temático “Poder, Representação e Imaginários na Idade Média” apresenta artigos que abordam a diversidade das formas de poder, políticas, relações culturais, representações, imaginários e a construção de memórias acerca do Medievo. Os textos que compõem o dossiê objetivam instigar reflexões sobre a historiografia produzida no âmbito dos estudos medievais, discutindo suas singularidades, confrontando-as com questionamentos sobre os usos do passado; buscando compreender como esse passado tem sido revisitado, interpretado (e reinterpretado) pelos historiadores. Leia Mais
As dinâmicas entre sagrado e o profano: Uma perspectiva de longa duração (Século V ao XVI) / História Revista / 2019
As discussões sobre sagrado e profano perpassam um amplo campo de análise. Estes dois “campos conceituais” se definem, muitas vezes, um pelo outro, em uma relação intrínseca. O dossiê As dinâmicas entre sagrado e o profano: Uma perspectiva de longa duração (Século V ao XVI) tem por objetivo fomentar as discussões sobre estes universos interpretativos, tendo por problema suas aproximações. Os dez textos que o compõem oferecem um balanço sobre as mudanças ocorridas nas referências teóricas e no campo das metodologias de pesquisa, bem como apresentam um panorama das investigações que se ocupam de uma cronologia alargada dos séculos V ao XVI.
O texto que abre o dossiê tem por título “Crise e hierarquias: as interações entre o sagrado e o profano na Antiguidade e na Idade Média”. Partindo das imbricações entre o sagrado, o profano e a História (presentes tanto no mundo helenístico quanto na Antiguidade Tardia e na Idade Média), Fátima Regina Fernandes e Renan Frighetto apresentam uma discussão conceitual e filosófica, que tem por base a civilitas. Neste âmbito, os indivíduos foram redimensionando as relações sagrado / profano ao longo dos tempos. As resistências / aproximações culturais entre vários povos e perspectivas religiosas, especialmente após o advento do cristianismo, contribuíram para novas percepções e readequações que delimitaram esta complexa relação. O modelo trifuncional, presente nas concepções de mundo da Baixa Idade Média, reviveu ao nível teórico estas concepções, reconfigurando, de modo especial, a perspectiva do sagrado.
Bruno Tadeu Salles, no texto “Anticlericalismo e intercessão aristocrática na Provença dos séculos XII e XIII: o aforismo da relação opositiva entre Estado e família como ponto de partida”, busca discutir o processo de constituição da Ecclesia provençal, particularmente na diocese de Frejús, durante os séculos XII e XIII. São destacadas em seu texto as complexas relações entre os aristocratas, as ordens militares e o poder episcopal. Logo, a ideia da existência de uma Igreja una, sob a liderança do papado no século XIII, não dá conta das imbricações no âmbito regional. Da mesma forma, o autor busca relacionar as críticas anticlericais aos conflitos existentes entre os aristocratas leigos e os príncipes da Igreja da região.
Em “Los Dos Alfonsos: Reyes, obispos y el Arca Santa de las relíquias de San Salvador de Oviedo”, de Raquel Alonso Álvarez, temos um estudo da influência de Pelayo de Oviedo na formulação de um corpus literário, na primeira metade do século XII. Estes textos tinham o claro objetivo de promover a Sé Ovetenses e seu sacro conjunto de relíquias. Este conjunto, antes restrito, foi exposto aos fiéis, destacando também a elaboração de relatos com interpolações posteriores sobre a ação da monarquia asturiana, especialmente de Afonso II, na transferência da Arca Santa para a Igreja de São Salvador.
Fabiano Fernandes, no artigo “As disputas eclesiásticas entre a Ordem do Templo e o Cabido da Sé de Coimbra (1290‐1308). Poder religioso e Poder eclesiástico nas comendas de Ega, Soure, Redinha e Pombal”, discute os conflitos eclesiásticos entre o cabido da Sé de Coimbra e Ordem do Templo, em uma região específica, na virada do século XIII para o século XIV. É enfatizado no texto que as cobranças eclesiásticas, que na contemporaneidade julgaríamos imersas na mera e pura ambição, refletiam, principalmente, a luta pela honra e pelo prestígio de homens que se julgavam íntimos do sagrado, tais como os freires do Templo e os homens do cabido.
“Comunidad cristiana, comunidad política. Identidad y discurso histórico en la cronística de la baja Edad Media castellana” é o tema do artigo de Martín Federico Ríos Saloma. No âmbito das relações sagrado / profano, o autor busca discutir como uma comunidade cristã, legitimada por pertencer à Eclesia, começou a definir‐se a partir do século XIII também como uma comunidade política, ligada à coroa castelhana. A ação dos cronistas régios teria sido fundamental neste processo de afirmação do poder monárquico, e de sua importância, na luta contra os muçulmanos. De uma identidade originalmente religiosa, esta teria sido convertida gradualmente em uma identidade de cunho político.
Juliana Salgado Raffaelli, no texto intitulado “A atividade cristianizadora na auto‐ hagiografia de Valério de Bierzo”, aborda as estratégias de cristianização atribuídas a eremitas do século VII. Ao descrever sua própria trajetória religiosa nos moldes das Vitae, Valério de Bierzo teria agido de forma consciente e deliberada para defender o modo de vida ascético em uma época de conflitos religiosos. A autora enfatiza particularmente a ideia de que, no século VII, a Hispania já havia eleito o cenobitismo como a forma ideal de vida monástica. Logo, a vida comunitária apresentava vantagens para o fortalecimento da Igreja. A Vita Valerii estava inserida, portanto, no contexto de expansão e organização da Igreja visigoda, com particular ênfase na educação dos jovens aristocratas.
A separação perceptível na atualidade entre as esferas divina e humana não era verificável no contexto medieval, em que a vida terrena era entendida como uma fase transitória, em direção a um projeto de salvação. Tendo por base esta constatação, o artigo de Maria Filomena Coelho, intitulado “Narrativas de milagres: a sacralização da justiça profana (Portugal, séc. XIV)”, confere o sentido de justiça divina relativa a um conjunto de narrativas do Flos Sanctorum, manuscrito do século XIV existente na Biblioteca da Universidade de Brasília. Conforme a autora, as lógicas pelas quais essa justiça se realiza são oriundas da experiência política e social, o que terminou por sacralizar o poder profano.
Lukas Gabriel Grzybowski, no artigo intitulado “O paganismo escandinavo entre a percepção e a imaginação: A Vita Anskarii de Rimbert e as Gesta Hammaburgensis de Adam de Bremen”, busca apresentar uma reflexão ao mesmo tempo teórica e metodológica sobre o uso de fontes cristãs para o estudo dos povos escandinavos na época viking. Concomitantemente, o autor, a partir das referidas reflexões e de uma análise rigorosa de parte da Gesta Hammaburgensis, de Adam de Bremen, e da Vita Anskarii, de Rimbert, considera que ambos não estavam preocupados em um diálogo com os pagãos. Segundo o autor, Adam de Bremen e Rimbert também não buscavam propriamente compreender a religião dita pagã, nem possuíam aspirações etnográficas, mas criavam, sobretudo, imagens mentais de acordo com o interesse de seus interlocutores.
Em “Santidades Ibéricas: Entre o Sagrado e o Profano”, a autora Renata Cristina de Sousa Nascimento tem por premissa a sacralização territorial oriunda da posse dos vestígios sagrados, que conferiu a reinos e cidades status especial. Na Península Ibérica, coleções de relíquias supostamente de Cristo e dos santos contribuíram na construção da polêmica ideia de Ibéria sagrada. Na guerra constante entre o bem e o mal era necessário estar ao lado de elementos concretos, que garantiam proteção contra as doenças, as intempéries climáticas, as guerras e toda sorte de malefícios. Portanto, um local que possuísse estes objetos era santificado, abençoado e seguro.
Finalizando o dossiê, Renato Rodrigues da Silva, no texto “As relações entre as esferas laicas e eclesiásticas na aristocracia da Nortúmbria no século VIII”, propõe valorizar a categoria “classe social” para o estudo das inter‐relações entre aristocratas leigos e eclesiásticos. O autor apresenta uma crítica ao que considera uma ênfase excessiva nas dinâmicas internas das instituições religiosas, identificando nessa perspectiva, ainda recorrente, laços intrínsecos com a historiografia institucional do século XIX. Logo, na Nortúmbria anglo‐saxã do século VIII, a fundação, difusão e regência de mosteiros estavam intimamente ligadas aos membros da alta aristocracia leiga.
Boa leitura!
Fabiano Fernandes – (UNIFESP). E-mail: fabfer2007@hotmail.com
Renata Cristina de Sousa Nascimento – (UEG, UFG, PUC‐GO). E-mail: renatacristinanasc@gmail.com
Organizadores
FERNANDES, Fabiano; NASCIMENTO, Renata Cristina de Sousa. Apresentação. História Revista. Goiânia, v. 21, v. 24, n. 1, jan. / abr., 2019. Acessar publicação original [DR]
Práticas Culturais e Identitárias: entre o Oriente e o Ocidente (Século V-XV) / Revista Mosaico / 2018
As vivências entre os mundos oriental / ocidental se constituem em um campo inesgotável e complexo de análise. Se por um lado as guerras aceleraram este distanciamento, por outro as aproximações foram várias; incentivadas pelas peregrinações e trocas culturais intensas, que garantiram a flexibilidade identitária e a elaboração de novos significados e parâmetros. O presente dossiê tem a pretensão de contribuir com esta discussão, englobando interpretações diversas, que contemplam a temática proposta. No primeiro artigo, de autoria de Janira Feliciano Pohlmann a autora reflete sobre a ambiguidade das noções de heresia e ortodoxia, no contexto do século IV, em que diferentes correntes cristãs da antiguidade romana pretendiam solidificar sua atuação em todo o Império. A autora procura responder à seguinte questão: Como os hinos compostos por Ambrósio de Milão, ajudaram a edificar a ortodoxia nicena? Na sequência Cynthia Maria Valente apresenta alguns momentos de disputas entre o Império Bizantino e o Reino Visigodo de Toledo, tendo por ponto de partida a expansão bélica bizantina no norte da África. Estas relações de antagonismo e disputas acirradas marcariam a história da região. O texto de Roseli Martins Tristão Maciel busca traçar um panorama acerca das diversas visões sobre a Lepra da antiguidade à Idade Média, com destaque para a construção teórica acerca da doença, presente em escritos de origem judaica e cristã.
Com destaque às aproximações identitárias entre oriente e ocidente, Elaine Cristina Senko Leme e Mariana Bonat Trevisan, discutem as concepções relativas à sexualidade entre estes espaços distintos. Para tanto, fazem um paralelo entre a obra do muçulmano Muhammad al-Nafzawi, Os Campos Perfumados, e o Leal Conselheiro, de autoria do rei português D. Duarte. Sobre a herança árabe na medicina e cozinha medieval aragonesa, Renato Toledo Amatuzzi discute as influências de alguns alimentos de origem árabe na dietética real, com destaque para o açúcar, frutas cítricas, as especiarias e o arroz, por meio das receitas culinárias e prescrições médicas. Ainda no âmbito da Baixa Idade Média Ibérica Hugo Rincon Azevedo, resgata as crônicas de Fernão Lopes e Gomes Zurara. Nelas apresenta evocações do poder régio por meio de cerimônias simbólicas de exaltação, consideradas fundamentais nas estratégias de legitimação da Casa de Avis no século XV. Usando método comparativo Célia Daniele Moreira de Souza, resgata obras consideradas como espelho de príncipes, que tiveram por função o aprimoramento da arte de governar. Escolhendo duas fontes de estilos diferentes, estas contribuem para aproximações discursivas possíveis, entre oriente e ocidente.
Fechando o dossiê o artigo de Juliana de Mello Moraes e Maria Cláudia de Faveri Luz discute o papel das denunciantes, motivações e conteúdo das acusações. Mapeando seu perfil sócio- ocupacional, bem como as relações de conflito que as envolviam, destacam também aquelas suscitadas / reforçadas pela presença do inquisidor.
Adriana Mocelim – Doutora e Mestre e em História pela Universidade Federal do Paraná. Graduada em História pela UFPR. Professora na Pontifícia Universidade Católica do Paraná. E-mail: drikamocelim@yahoo.com.br
Renata Cristina de Sousa Nascimento – Doutora em História pela UFPR. Docente efetiva na Universidade Federal de Goiás, Universidade Estadual de Goiás e na Pontifícia Universidade Católica (PUC- Goiás). E-mail: renatacristinanasc@gmail.com
MOCELIM, Adriana; NASCIMENTO, Renata Cristina de Sousa. Apresentação. Revista Mosaico. Goiânia, v.11, n.2, jul. / dez., 2018. Acessar publicação original [DR]
Práticas jurídicas, políticas e literárias / Revista Mosaico / 2013
A relação entre os historiadores e suas fontes tem sido objeto de debate intenso no âmbito da historiografia atual. O objetivo do dossiê práticas jurídicas, políticas e literárias é estabelecer um mosaico de reflexões sobre tal questão, por meio de trabalhos que versam acerca dos múltiplos temas relacionados a essa problemática, e que tem por objeto de análise fontes sobre o mundo antigo e medieval. Este é constituído por textos de vários pesquisadores oriundos de diversas universidades brasileiras que trabalham com esta temática, usando fontes várias como hagiografias, discursos literários e jurídicos.
Na segunda parte deste número da Mosaico, encontramos dois artigos que compõe com a reflexão sobre o mundo medieval, apresentando formas diferenciadas de interelação entre Filosofia, Literatura e o Direito. Por fim indicamos duas resenhas de obras atuais e bastante pertinentes que versam sobre o mundo antigo, medieval e o limiar da Idade Média. Esperamos que este número da Revista Mosaico encontre abrigo também entre novos leitores.
Renata Cristina de Sousa Nascimento – PUC Goiás
Ivoni Richter Reimer – PUC Goiás
Editoras deste número
NASCIMENTO, Renata Cristina de Sousa; REIMER, Ivoni Richter. Editorial. Revista Mosaico. Goiânia, v.6, n.2, jul. / dez., 2013. Acessar publicação original [DR]
História e Idade Média / Revista Mosaico / 2011
O dossiê “História e Idade Média” reflete a ampliação temática da Revista Mosaico, que acompanha o grande aumento do interesse pelos estudos medievais, fato este comprovado pelo número de pesquisas presentes nos diversos programas de pós-graduação do Brasil. Dentro desta perspectiva, os artigos que compõem a primeira parte da Revista, o dossiê, apresentam um variado leque de possibilidades de análise e de discussão sobre temas relativos ao medievalismo.
Na segunda parte deste número da Mosaico, encontramos três artigos que trabalham com a perspectiva da interlocução entre História e Direto; são eles: “Os últimos anos da escravidão e a tensão social em processos crime: ações de escravos e senhores”, de Murilo Borges Silva; “Percorrendo os caminhos do Direto Civil Brasileiro”, de Rita de Cássia de Oliveira Reis; e “História e tutela jurídica do meio ambiente no Brasil: limites e efetivação”, de Jean-Marie Lambert, Roberta Elaine de S. N. Barros e Thiago Martins Barros.
Este volume é constituído por textos de vários pesquisadores oriundos de diversas universidades como UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), UFPR (Universidade Federal do Paraná), UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso), UFG (Universidade Federal de Goiás), PUC-GO (Pontifícia Universidade Católica de Goiás), UEG (Universidade Estadual de Goiás) e UC (Universidade de Coimbra).
Esperamos que este número da Revista Mosaico encontre abrigo também entre novos leitores.
Renata Cristina de Sousa Nascimento
Dirceu Marchini Neto
Os Organizadores
NASCIMENTO, Renata Cristina de Sousa; MARCHINI NETO, Dirceu. Editorial. Revista Mosaico. Goiânia, v.4, n.1, jan. / jun., 2011. Acessar publicação original [DR]