Intelectuais, nações e identidades nas Américas – séculos XIX e início do XX | Revista Eletrônica da ANPHLAC | 2012

A 13ª edição da Revista da ANPHLAC traz o dossiê “Intelectuais, nações e identidades nas Américas – séculos XIX e início do XX” com um rico e variado conjunto de 10 artigos e uma resenha de pesquisadores brasileiros e estrangeiros.

As relações entre intelectuais, nações e identidades na América Ibérica nos séculos XIX e XX vêm sendo sistematicamente revisitadas, nos últimos anos, a partir de novas “leituras do passado” e de abordagens comparadas sobre as diversas experiências históricas de construção dos Estados e nações no continente americano. Neste sentido o Dossiê nº 13 apresenta-se como um espaço plural de debate e troca entre pesquisadores que trabalham com diferentes enfoques e experiências nacionais acerca do tema. Leia Mais

Nações, Regiões, Identidades: possibilidades históricas e historiográficas / Aedos / 2009

Em sua terceira edição, Aedos apresenta o dossiê Nações, Regiões, Identidades: possibilidades históricas e historiográficas. Três artigos concentram-se em um dos temas mais polêmicos em discussão nos últimos anos, qual seja, o sentimento de pertencimento à nação e à região e a grande diversidade de interpretações desse fenômeno histórico. Mariana Thompson Flores, em “Visões da Cisplatina: a criação do Estado Oriental – por Lavalleja e Anônimo”, analisa dois relatos da Guerra da Cisplatina, discutindo memória e identidade e evidenciando duas abordagens sobre a emancipação política do Uruguai. Já Carolina Fernandes Calixto, no trabalho “O Brasil regional de Freyre e Amado: elos entre identidade nacional, história e literatura”, centra seu estudo nas obras literárias de dois intelectuais brasileiros, debatendo os ideários de nação e regionalismo, bem como sua proximidade às diretrizes políticas governamentais. Alexandre Piana Lemos encerra essa seção especial, percorrendo as obras de Nelson Werneck Sodré, Caio Prado Jr. e Fernando Henrique Cardoso no artigo “A formação histórica brasileira: perspectivas marxistas” para analisar como a teoria social brasileira de inspiração marxista concebeu a formação social e o desenvolvimento da nação.

Entre os artigos que versam sobre assuntos variados, o leitor encontrará oito trabalhos. O artigo “Do Arquipélago ao Continente: estratégias de sobrevivência e ascensão social na inserção açoriana nos Campos de Viamão (séc. XVIII)”, de Adriano Comissoli, analisa as formas de inserção social dos açorianos imigrados para o sul do Brasil, destacando o funcionamento do mercado de terras e as estratégias de ascensão social baseadas no grupo familiar. O texto “Natureza, Ciência e Progresso: a natureza brasileira no debate letrado do IHGB (1839-1845)”, de Luiz Fernando Barbato, por sua vez, trata dos usos que os letrados oitocentistas do IHGB fizeram dos elementos das Ciências Naturais em seus discursos para, por exemplo, incentivar o desenvolvimento econômico e o povoamento do interior do Brasil, com o intuito de inseri-lo no rol dos países europeus considerados por eles como civilizados. Ao analisar a trajetória e relações de um dos líderes da Revolução Farroupilha no artigo “Tramados, Penas e Farrapos: mecanismos de articulação política através da trajetória de Domingos José de Almeida. (Rio Grande São Pedro, Século XIX)”, Carla Menegat pretende evidenciar as formas de organização e de participação política no momento do pós-independência no Brasil. Já Francivaldo Alves Nunes oferece-nos “Colonização agrícola e núcleos coloniais nas terras de florestas da Amazônia Oriental (Pará, século XIX)”, um texto no qual enfatiza as preocupações e os discursos do Império Brasileiro no estabelecimento de núcleos agrícolas nas áreas de floresta do estado do Pará. O trabalho do autor Juan Zeballos, “Racismo en Córdoba entre 1900 y 1915. La Continuidad.”, analisa práticas discursivas proferidas pela elite cordobesa na virada do século XIX para o XX. O objetivo de tal análise é perceber a racialização, a biologização e a inferiorização de minorias étnicas (indígenas e africanos) presentes em uma nação pretensamente branca. Através das manifestações racistas, Zeballos percebe a reivindicação empreendida por essa elite intelectual e política por uma sociedade organizada em castas característica do período colonial, em um importante contexto social e político de debates sobre cidadania. Thiago Mourelle nos apresenta o artigo “Pedro Ernesto Baptista: um projeto político inovador”, em que problematiza a historiografia sobre o populismo e o trabalhismo, investigando a trajetória do interventor e, depois, prefeito do Rio de Janeiro Pedro Ernesto Baptista durante a década de 1930, analisando os embates do referido governante com a política do início do governo Getúlio Vargas. Em seu artigo, “O crepúsculo da escravidão e a formação do mercado de trabalho livre no Brasil: as interpretações de Caio Prado Jr. e de Celso Furtado”, Ivan Colangelo Salomão realiza um breve estudo comparativo entre as teses de Celso Furtado e Caio Prado Junior com o objetivo de perceber as diferenças e semelhanças presentes nas obras de ambos os autores em relação ao duplo processo da abolição da escravidão e da formação do mercado de trabalho assalariado no contexto da história contemporânea do Brasil. Mergulhado na contemporaneidade, Róber Ávila fecha a seção com o trabalho “Fragilidade Hegemônica”, em que aborda o poder estadunidense e a noção de crise hegemônica. Segundo o autor há sinais de incompatibilidade entre o poder estadunidense e as circunstâncias contextuais verificadas.

Na seção Mesa Redonda, temos a satisfação de oferecer ao público o debate travado em torno do texto do norte-americano Joseph Younger, “Corredores de comércio e salas de justiça: lei, coerção e lealdade nas fronteiras do Rio da Prata” – publicado na primeira edição de Aedos – por três especialistas brasileiros: Fabrício Prado, Luiz Augusto Farinatti e Mariana Thompson Flores. Em seu comentário, Prado enfatiza os modos pelos quais, na transição entre a colônia e o estado-nação, a própria lei deve ser vista como um determinado tipo de coerção. Da mesma maneira, Flores e Farinatti chamam a atenção para os diversos debates historiográficos sobre o processo de asseguramento das lealdades nacionais no Prata no período imediatamente posterior às independências. A réplica de Younger, disponibilizada em português e em inglês, realiza um balanço das principais críticas feitas pelos comentadores, concordando com muitas das sugestões por eles realizadas, sem deixar, contudo, de expor algumas divergências.

Para dar continuidade ao propósito da seção, apresentamos o artigo de Keila Auxiliadora Carvalho, doutoranda da Universidade Federal Fluminense, “Tempo de Lembrar: as memórias dos portadores de lepra sobre o isolamento compulsório”, acerca do qual o público interessado poderá enviar comentários críticos para serem publicados na próxima edição de Aedos. Ao tomar como objeto de estudo pessoas com ranceníase isoladas na Colônia Santa Izabel, em Minas Gerais, o referido texto não apenas coloca em questão a visão da História Oral como procedimento técnico, mas problematiza conceitos como “memória” e “identidade”. Para além de divulgar o trabalho de Carvalho, o propósito de disponibilizá-lo na seção Mesa Redonda é o de proporcionar uma discussão franca e pública sobre as contribuições que ele traz para a historiografia.

Na seção de resenhas, Aedos proporciona a seus leitores a possibilidade de conhecer os minuciosos trabalhos de Ana Paula Pruner de Siqueira e Alejandra Noemí Ferreyra. Siqueira nos apresenta o livro Gerações de Cativeiro, de Ira Berlin, que, em sua síntese sobre a experiência escravista dos Estados Unidos, escrita a partir da leitura de recentes pesquisas historiográficas, foca o olhar na ação dos diversos sujeitos envolvidos no processo. Já Ferreyra resenha o livro Inmigración española, familia y movilidad social en la Argentina moderna, de Maria Liliana da Orden, que aborda a problemática da integração de imigrantes espanhóis na cidade de Mar Del Plata no início do século XX através da análise das redes sociais primárias.

Encerra o presente número a entrevista realizada com Sabina Loriga. A historiadora italiana da École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS) é entrevistada por Viviane Trindade Borges, respondendo a questões mais amplas sobre a “experiência institucional” através do exército piemontês do Antigo Regime.

Com o presente número, a Gestão 2008 / 2009 do Conselho Editorial de Aedos despede-se dos membros do Conselho Consultivo e dos leitores, agradecendo-lhes pelo sucesso das três primeiras edições da revista e desejando ao corpo de avaliadores e aos novos colegas que passam a integrar o Conselho Editorial que a continuação desse trabalho seja tão enriquecedora e prazerosa como foi para nós.

Conselho Editorial

Gestão 2008 / 2009


Conselho Editorial. Editorial. Aedos, Porto Alegre, v.2, n.3, 2009. Acessar publicação original [DR]

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