The Invisible hand?: how market economies have emerged and declined since 500 AD | Bas van Bavel

No ensejo das recentes contribuições da história na discussão sobre a desigualdade, o livro de Bavel aporta com um estudo de fôlego sobre ascensão e declínio das chamadas economias de mercado na longa duração. O tópico da desigualdade econômica e consequente polarização social ganhou a arena pública na década de 2010, em especial com a publicação de The Haves and the Have-Nots: a brief and idyosincratic history of inequality de Branko Milanovic (2010) e logo após o livro de Thomas Piketty Capital in the 21st Century (2013). Ambos os trabalhos de economistas renomados lançaram mão de uma mesma ferramenta para catapultar o debate sobre desigualdade: a história. Para surpresa de muitos historiadores, economistas têm progressivamente utilizado o método histórico na média e longa duração para debater e encontrar origens, nexos causais e idiossincrasias nas desigualdades do capitalismo do século XXI. O livro de Bavel assenta posições do historiador e sua capacidade analítica na longa duração para o debate que então excluía (ou era excluído) por historiadores profissionais.

O argumento do livro de Bavel é simples: 1- Podemos encontrar modelos de economias de mercado ao longo da história, sendo consideradas aquelas que alocam fatores de produção (terra, trabalho e capital) através do sistema abstrato e impessoal do mercado. 2- Economias de mercado de alocam terra, trabalho e capital via mercado alcançam grande e acelerado desenvolvimento econômico; 3- O acelerado crescimento econômico fundado na comercialização dos fatores de produção leva a um aumento das desigualdades, aguda polarização social e declínio das ditas sociedades. Leia Mais

The Oxford Handbook of World History | Jerry Bentley

Pouco conhecida no cenário historiográfico brasileiro, a denominada História Global tem se desenvolvido com força desde a década de 1980 nos meios acadêmicos europeus e norte-americanos. As perspectivas globais, a busca por efeitos-causa e a explicitação de grandes processos, que nortearam a produção historiográfica inglesa e norte-americana desde as obras de Arnold Toynbee (1955) nos anos 1930 até Immanuel Wallerstein (1974) e William McNeill (1963) nos anos 1970, passaram por um intenso processo de renovação e rediscussão.

O livro organizado pelo Professor da Hawai’i University, Jerry Bentley†1, reúne as mais atualizadas discussões sobre o tema, proporcionando em seu conteúdo uma visão ampla e sistêmica da História Global. Em seu prefácio, Bentley apresenta ao leitor as novas – e as não tão novas – dificuldades e armadilhas dos historiadores globais. Influenciados pelos estudos póscoloniais e pela descentralização do saber acadêmico, ocorrido ao longo do século XX – que descendeu das cátedras europeias às mais variadas partes do mundo – os historiadores globais rejeitaram velhas idiossincrasias das denominadas “Histórias Universais”, como o etnocentrismo e um manifesto “sentido da história” hegeliano, em prol de uma análise de processos, encontros e trocas entre as sociedades, considerando sua fluidez e permeabilidade, espalhados por dilatadas dimensões espaciais e temporais. Leia Mais