Histórias das violências de gênero contra as mulheres | Manduarisawa | 2021

Parece estranho que, em pleno ano de 2022, o tema das violências de gênero contra mulheres e meninas esteja apenas começando a ganhar um apelo geral entre a sociedade brasileira. Historicamente, a sociedade brasileira legitimou, por meio das instituições públicas, a desigualdade de gênero que, por sua vez, é fruto de heranças histórico-jurídicas que remontam ao período colonial. Exemplo disto é a utilização do termo mulher honesta no Código Penal de 1940, a fim de se fixar parâmetros para auferir um juízo de valor em casos de crimes sexuais cometidos contra mulheres (só foi retirado do ordenamento brasileiro nos anos 2000, por ser considerado um parâmetro comportamental estereotipado). Também o Código Civil brasileiro de 1916 – que trazia pesada carga semântica no tratamento direcionado às relações entre homens e mulheres – só foi alterado nos anos 2000, quando homens e mulheres passaram a receber tratamento normativo equiparado.

Reforçamos, portanto, que ainda que as mulheres tenham obtido grandes conquistas em âmbito internacional e nacional, a violência de gênero contra mulheres ainda é recorrente em nosso país e no restante do mundo. Só no Brasil, no primeiro semestre de 2020, ao menos 648 mulheres foram assassinadas por motivação relacionada ao gênero. O índice representa aumento de 1,9% em relação ao mesmo período, de janeiro a junho, no ano anterior, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública – FBSP e integram o 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Leia Mais

Mundos do Trabalho: lugares, condições e experiências de trabalhadores e trabalhadora | Mandurarisawa | 2021

O dossiê “Mundos do Trabalho: lugares, condições e experiências de trabalhadores e trabalhadoras” da Revista Manduarisawa apresenta uma diversidade temática congênere as reflexões atinentes aos conflitos nos “Mundos do Trabalho”, visibilizando e trabalhadores formais e/ou informais. Destarte, pensamos nessas práticas a partir de inquietações e problemáticas que envolvem o mercado e as relações de trabalho no tempo presente, partindo de estudos sobre a precarização trabalhista desde o final do século XIX até os dias atuais.

O regime de trabalho escravocrata, uma prática não muito longínqua, deu lugar a outro sistema de exploração do homem pelo homem: o capitalismo. Ele avançou como uma novidade, embora possamos considerá-lo como um tipo de aprisionamento do trabalhador, já que este homem dito “livre” se tornou a principal base para a formação do mercado capitalista do trabalho assalariado. Aliado à ideologia do Progresso, o capitalismo trouxe consigo a mudança nas relações de trabalho e nos modos de vida na cidade. De forma que o século XX provocou transformações estratégicas para uma organização do sistema econômico, mesmo que disso resultassem mudanças drásticas, principalmente ocasionadas pelo que se referia a chamada “ideologia do progresso”, em que se associa a ideia do novo à civilização como referência a modernidade. Leia Mais

Ensino de História na Amazônia: práticas pedagógicas como reflexão para a pesquisa | Mandurarisawa | 2020

O desafio de exercer a carreira de magistério no Brasil não tem sido das mais fáceis, principalmente depois da ascensão da extrema direita no país e no mundo. Este cenário político possibilitou o fortalecimento de ideias de cunho neofascista que trouxe no seu bojo o fortalecimento de racismo, xenofobia, machismo, assim como o negacionismo científico. Este último com intensa repercussão entre os professores de História do ensino básico à pós-graduação. No ensino básico, a disputa de narrativas tende a ser mais prejudicial devido a interferências mais direta no mercado editorial e subtração de temáticas importantes. Os representantes políticos adeptos deste ideário chegaram ao poder em 2018 pelo voto popular.

Com a sociedade convulsionada, temas consensuais nas pesquisas históricas como escravidão negra, golpe militar no Brasil, gênero, entre outros, passaram a ser contestados não a luz de novas pesquisas e sim por atos de vontade de adeptos do novo grupo de poder numa conjuntura política específica cujos acontecimentos e explicações ainda estão se desenrolando. Respostas simplistas a questões complexas fazem parte do rol de explicações por parte dos ideólogos: “a escravidão no Brasil era melhor, pois os negros já eram escravizados em seus antigos territórios”; “em 1964, no Brasil, assumiu o poder os militares através de um regime militar constitucional” e assim por diante. Leia Mais

História e Patrimônio documental / Manduarisawa / 2020

O dossiê “História e Patrimônio documental”, da Revista Manduarisawa, foi organizado pelos historiadores e arquivistas, Leandro Coelho de Aguiar1 e Renata Regina Gouvêa Barbatho2. O presente número reúne diferentes olhares que envolvem a temática, conseguindo promover debates e reflexões em relação às práticas históricas e a concepção do conceito de patrimônio documental, que para além de sua materialidade, é um produto das dinâmicas sociais e das relações de poder.

Por ser fruto de uma temática que envolve diferentes áreas, o dossiê pode ser contemplado pela presença de autores não só da História, mas de profissionais que atuam em arquivos, bibliotecas e museus, o que permitiu enriquecer a experiência e diversificar os discursos. Composto por uma entrevista, onze artigos temáticos no dossiê, dezesseis artigos livres e um relato de experiência, o número da revista aqui apresentado pode ainda ter seu conteúdo subdivido em três categorias nos escritos sobre o “Patrimônio documental”, visto que foram abordados estudos sobre histórias de instituições custodiadoras de acervos, e dos próprios acervos, tanto como fonte de pesquisa, quanto como objeto da pesquisa.

As práticas dos profissionais que atuam no auxílio da organização, preservação e difusão dos acervos ganharam, neste dossiê, grande destaque, visto que foi permitido que o patrimônio documental ganhasse novo contorno, não só como fonte para “revelar” diferentes aspectos da nossa história, como também para serem vistos como objetos que carregam consigo suas próprias trajetórias, como já dito.

Outro elemento que ganhou destaque nesta edição foi a possibilidade de se promover uma entrevista com o historiador doutor Vitor Manoel Marques da Fonseca, atualmente coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal Fluminense e que atuou no Arquivo Nacional do Brasil por trinta anos, assim como representante do Brasil no Conselho Internacional de Arquivos e no Projeto Memórias do Mundo, da UNESCO. Compartilhar sua vivência nos permite grande aprendizado e compreensão de que o universo dos acervos documentais é complexo e exige resiliência.

No mais, é necessário agradecer a toda equipe necessária para que este número fosse possível existir, à equipe editorial, pela confiança em aceitar tal empreitada, aos pesquisadores, que se propuseram a enveredar na temática e escrever acerca do assunto e aos pareceristas, que de forma profissional atuaram dentro dos prazos e nos ajudaram a apresentar um conteúdo de acordo com desejado.

Uma leitura proveitosa a todos.

Cordialmente

Organizadores

Leandro Coelho de Aguiar – Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em História (PPGH / UFAM) e professor Assistente da Faculdade de Informação e Comunicação, na mesma Universidade.

Renata Regina Gouvêa Barbatho – Doutora em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e servidora da Fundação Casa de Rui Barbosa, mas atualmente encontra-se cedida ao Arquivo Nacional do Brasil.


AGUIAR, Leandro Coelho de; BARBATHO, Renata Regina Gouvêa. [História e Patrimônio Documental]. Manduarisawa, Manaus, v.4, n.1, 2020. Acessar publicação original [DR].

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Desigualdades – violência – relações de poder na história / Manduarisawa / 2019

A presente edição especial da Revista Manduarisawa reúne um conjunto de artigos apresentados durante o I Encontro Estadual de História da ANPUH Seção Roraima, realizado entre os dias 01 e 04 de outubro de 2018, na Universidade Federal de Roraima (UFRR).

O encontro promovido pela ANPUH / RR, que no mesmo ano iniciava suas atividades no estado de Roraima, objetivou promover, incentivar e fortalecer a disciplina História no estado, na região norte e em nível nacional. O encontro estadual contou quatro conferências, cinco mesas redondas, dezesseis simpósios temáticos e lançamentos de livros. Durante os quatro dias de evento, os mais de trezentos participantes puderam debater acerca de uma grande variedade de temas historiográficos e de questões políticas e sociais de interesse da comunidade de historiadores e historiadoras, como da sociedade em geral. Destes participantes, registrou-se a presença de pesquisadores das mais variadas localidades do país, como das cidades de Tefé, Manaus e Coari (AM), Rio de Janeiro (RJ), Niterói (RJ), Santarém (PA), Belém (PA), Salvador (BA), Ponta Grossa (PR), Florianópolis (SC) e cidades do estado de Roraima. Os historiadores tiveram uma rica oportunidade de dialogar com um grande número de pesquisadores oriundos de diversas áreas do saber que prestigiaram o evento, como: Antropologia, Sociologia, Agroecologia, Arquitetura e Urbanismo, Serviço Social, Artes Visuais, Comunicação, Direito, Educação do Campo, Filosofia, Economia, Letras, Odontologia, Psicologia, Pedagogia, Medicina, Música e Patrimônio.

Um dos resultados do evento consiste na publicação do livro “Desigualdade, violência e relações de poder na História”, publicado em 2019 pela editora da UFRR, disponível em acesso livre na página da editora1. O livro é fruto dos 110 trabalhos inscritos para apresentação nos simpósios temáticos.

Este dossiê especial é composto por oito artigos, todos eles apresentados nas cinco mesas redondas, que compuseram a programação do evento: 1) Relações Internacionais: história e fronteiras; 2) História do Tempo Presente: metodologia e possibilidades de pesquisa; 3) Recortes da América Portuguesa; 4) Educação e diversidade; 5) Diálogos entre o passado e o presente: escravidão, quilombola e indígena. As mesas redondas tiveram como preocupação principal debater questões teóricas e metodológicas dos mais diversos campos e abordagens da História.

A comissão organizadora do evento e do dossiê agradece a parceria firmada com a equipe da Revista Manduarisawa para publicação dos presentes trabalhos.

Boa leitura

Nota

1 Livro disponível para download gratuito em: http: / / ufrr.br / editora / index.php / editais?download=409

Tiago Siqueira Reis

Monalisa Pavonne Oliveira

Carla Monteiro de Souza


REIS, Tiago Siqueira; OLIVEIRA, Monalisa Pavonne; SOUZA, Carla Monteiro. Desigualdade, violência e relações de poder na História. Manduarisawa, Manaus, v.3, n.1, 2019. Acessar publicação original [DR].

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História, Conflitos e Experiências Agrárias / Manduarisawa / 2019

O presente dossiê da Revista Manduarisawa intitulado “História, Conflitos e Experiências Agrárias”. O mesmo foi organizado em parceria com o Professor Me. Prof. Luiz Antonio Nascimento de Souza1 e reúne um conjunto de artigos compostos por pesquisadores (as) de todo o país. A seguinte temática visa reunir debates entorno da questão agrária em suas múltiplas dimensões, destacando a história das lutas pela terra, os conflitos fundiários em suas dimensões latino-americanas, nacionais, regionais e locais. As vivências nesses espaços incluem as lutas pela manutenção e preservação dos costumes e modos de vida por parte das populações ribeirinhas, quilombolas e indígenas, bem como relatos de experiências peculiares que têm o mundo rural e agrário como tecido social.

Neste sentido este dossiê tem objetivo de busca ao debate, análises de assuntos relacionados as questões agrárias, não se pode pensar em ruralidades sem se levar em conta as suas dimensões conflitivas em torno de todo o país, o embate secular pela luta pela terra, os conflitos agrários, a expulsão de centenas de famílias de suas terras provocadas pela expansão da fronteira agrícola e a violência no campo que em dez anos provocou o assassinato de mais de mil e novecentas pessoas, em sua maioria absoluta lideranças sociais, lideranças indígenas, assessores e defensores dos direitos humanos no campo.

Os artigos presentes na edição “História, Conflitos e Experiências Agrárias” começam com os artigos da temática do Dossiê, entre eles: “Disputas no interior da questão agrária no Brasil” por Émerson Dias de Oliveira; “O princípio da função social no Estatuto da Terra e o processo de desapropriação da Fazenda Annoni, no Norte Sul Rio-Grandense” por Simone Lopes Dickel; “Cultura política indígena e violência no alto Solimões: o caso do massacre do capacete (1988-2001)” por Tamily Frota Pantoja e “A etnia tenharim e a retomada dos direitos usurpados: uma leitura sobre os antagonismos entre a etnopolítica e os interesses capitalistas” por Jainne de Castro Bandeira.

Este dossiê também é composto por artigos livres, entre eles: “Civilização, Ocidente, “clássicos” e eurocentrismo: é possível uma ecologia de saberes para a História da Historiografia e a Teoria da História?” por Matheus Vargas de Souza; “O projeto civilizador de Pombal: uma discussão sobre a imposição do vestuário às sociedades indígenas da Amazônia em meados do século XVIII” por Caroline Almeida Gaspar; “Embates pela Igreja: Clero regular e clero secular no espaço luso-amazônico” por Isabela Cristina Botelho Senna Albuquerque; “Anjinhos inocentes: A morte infantil no Amazonas entre os séculos XIX e XX” por Fábio Augusto de Carvalho Pedrosa e “A implementação do juizado de menores no Amazonas (1930-1950)” por Maria Vitória Castro Brasil.

Agradecemos a participação de todos os pesquisadores e pareceristas envolvidos neste Dossiê e enfatizamos que a Revista Manduarisawa disponibiliza de um espaço aberto para divulgação e interação de vários estudos, com intuito de enriquecimento da historiografia.

Desejamos uma ótima leitura para todos (as)!

Nota

1. Professor Adjunto e doutorando do Curso de História Social da Universidade Federal do Amazonas.

Cordialmente,

Conselho Editorial – Revista Manduarisawa.


CONSELHO EDITORIAL. Apresentação. Manduarisawa, Manaus, v.3, n.2, 2019. Acessar publicação original [DR].

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Revoluções e Revoltas no século XX / Manduarisawa / 2018

O dossiê “Revoluções e Revoltas no século XX” traz artigos que analisam momentos importantes da História contemporânea. A Revolução Russa que completou seu centenário em 2017, marcou a trajetória dos trabalhadores do mundo todo, tendo um grande significado para o século XX. É imprescindível num momento em que o mundo novamente passa por uma grande transformação social, política e cultural, convulsionada pela globalização, migrações e novas relações de trabalho, tenhamos abordagens que nos possibilitem revisitarmos o passado onde as lutas sociais foram imprescindíveis para organizar, promover e fortalecer os trabalhadores, seus movimentos, suas reivindicações.

Os artigos presentes no dossiê desse número da Revista Madwarisawa, foram apresentados durante a X Semana de História, da Universidade Federal do Amazonas em 2017, que teve como tema “Os 100 anos da Revolução Russa e o ensino de História”.

O artigo intitulado “Aliancistas e integralistas: disputas políticas e ideológicas no Amazonas”, de Davi Monteiro Abreu, aborda através da historiografia os impactos da Ação Integralista Brasileira (AIB) e a Aliança Nacional Libertadora (ANL) no Brasil e especialmente no estado do Amazonas. Dois movimentos que tiveram impacto no Brasil nos anos 30 e que acabou por influenciar as políticas regionais de outros estados brasileiros, inclusive o Amazonas.

Já no artigo Instituições de ensino com inspiração anarquista no início do século XX, Patrícia Cristina dos Santos apresenta o papel que instituições de ensino anarquistas tiveram no processo educativo no Brasil. Um tema bastante instigante e importante sobre a educação brasileira e sua expansão e a influência de determinados movimentos políticos no final do século XIX e início do XX.

Os trabalhos aqui apresentados trazem temas diversos, mas possuem um único eixo que é a importância da agência dos trabalhadores como protagonistas históricos de eventos de grande impacto social no século XX. Portanto, são trabalhos resultantes de pesquisas monográficas, PIBIC’S ou artigos para disciplinas que refletem sobre as inquietações de seus autores (as), permitindo um diálogo rico sobre sujeitos, protagonismo, política e revolução.

Espero que seja uma ótima leitura para todos (as)!!!

Professora Doutora Kátia Cilene Couto e Equipe Editorial.


COUTO, Kátia Cilene. Revoluções e revoltas no século XX. Manduarisawa, Manaus, v.2, n.2, 2018. Acessar publicação original [DR].

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História Social do Trabalho na Amazônia / Manduarisawa / 2017

História Social do Trabalho na Amazônia / Manduarisawa / 2017

A Manduarisawa – Revista Discente do Curso de História da Universidade Federal do Amazonas tem por objetivo ser um periódico anual, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Federal do Amazonas (PPGH / UFAM), que conta com a participação, no seu corpo editorial, dos alunos da graduação do Curso de Licenciatura Plena em História (UFAM) e do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal do Amazonas (PPGH / UFAM).

A Manduarisawa nasceu da inquietação de jovens acadêmicos que almejavam contribuir e incentivar a produção do conhecimento científico na Amazônia. Dessa forma, desejamos que a Revista Discente seja um canal de divulgação das pesquisas acadêmicas e um meio no qual possibilita a troca de experiências e saberes. Esperamos que o periódico possa também colaborar de forma significativa para o desenvolvimento intelectual de cada autor (a), parecerista e leitor (a). E por fim, que esse seja um espaço de debate, crítica e reflexão sobre a nossa pratica de pesquisa e escrita no campo da História.

Nesse seu primeiro volume, o corpo editorial decidiu estimular o debate sobre a História Social do Trabalho na Amazônia, por isso, lança-se com onze artigos, dividindo-se entre: Dossiê temático, Artigos Livres, Resenhas e Pesquisa em Experiência em Docência.

Considerando a constante necessidade de discutir as experiências e práticas sociais que englobam as categorias do trabalho na região amazônica, este dossiê visa fomentar o debate do campo da História do Trabalho que tem articulado discussões bastante amplas e diversificadas, como os estudos de gênero, etnicidade, relações e interações entre trabalho livre e escravo, pós-abolição, identidade e migrações. Revisita também temas clássicos, como as múltiplas relações que se estabelecem entre os trabalhadores e suas organizações representativas; entre eles e o patronato, assim também como com o Estado. No interior destes Mundos do Trabalho, para usar a feliz e rica expressão consagrada por Eric Hobsbawm, os temas são os mais variados, indo desde a discussão de paradigmas interpretativos e debate historiográfico em torno da temática, até a análise das relações entre categorias distintas de trabalhadores, passando pelo tenso diálogo estabelecido pelas associações operárias com as mais diversas organizações da sociedade e instituições do Estado; pelos conflitos trabalhistas; as relações e distinções entre campo e cidade e entre trabalhadores urbanos e rurais, os mecanismos de controle e resistência, o trabalho feminino e infantil, etc.

Iniciamos o Dossiê “História Social do Trabalho na Amazônia” com o artigo “Novas incursões da Pesquisa Histórica: o uso do processo judicial trabalhista como fonte”, de Francisca Deusa Costa, que discute o uso do processo judicial trabalhista como fonte histórica na Amazônia, apresentando um estudo de caso com base numa reclamatória em Itacoatiara no ano de 1974. A autora também apresenta quadro atual do acervo do Centro de Memória da Justiça do Trabalho da 11ª Região – CEMEJ11, disponível para consulta e pesquisa.

Em “Imigração, propaganda e legislação: a marginalização do trabalhador nacional nos programas de colonização no Pará (1880 – 1900)”, os autores Francisnaldo Sousa dos Santos e Francivaldo Alves Nunes abordam sobre a imigração ao analisar a todo o favorecimento dado pelas iniciativas estatais no Pará aos trabalhadores estrangeiros em detrimento dos trabalhadores nacionais quanto aos programas de colonização onde esses agentes públicos buscavam por meio da criação de núcleos coloniais e o consequente povoamento desses espaços agrícolas fomentar a produção agrícola nas áreas próximas à capital Belém.

No artigo “Operariado feminino: uma conjuntura plural em uma capital da Amazônia (Belém, 1930–1935)”, de José Ivanilson Rodrigues e Lais Luane Veras, discute-se as questões de gênero, operariado feminino e associativismo na capital paraense. Os autores se empenharam em demonstrar os espaços diversos de atuação das operárias: fabricas, serviços autônomos, oficinas, companheiras de labuta, entre outros, além de aspectos cotidianos, como: os salários auferidos, a aflição do desemprego, o compartilhamento do oficio entre operários e operárias no trabalho autônomo, a busca por recolocação mercado de trabalho, inclusive suscitando a migração entre ofícios.

Luciano Everton Teles em “Acerca do Jornal Confederação do Trabalho: Mundos do Trabalho, Elite Extrativista / Comercial e “Bloco de interesses do Trabalho” – Amazonas 1909 / 1910” analisa o movimento operário e os interesses de segmentos da elite local em produzir uma fala direcionada ao operariado cujo conteúdo continha uma proposta política de formação de um “bloco de interesses do trabalho”, explicitando o contexto social e político que contribuíram para esse processo.

“Entre restos: memórias e história de mulheres garis em Manaus (1985-2015)”, de Ramily Frota Panjota, busca investigar, através de fontes orais, as histórias e memórias das mulheres que trabalham como garis na cidade de Manaus, refletindo acerca da constituição das relações sociais na cidade através das questões de gênero e trabalho no interstício de 1985 a 2015.

Fechando o Dossiê Temático, Richard Kennedy Candido em “Primeiro de maio em tempos de repressão: o “Grande Dia” do operariado mundial na ditadura civil-militar brasileira através do Jornal do Comércio do Amazonas (1964-1968)” expõe como as celebrações do Primeiro de Maio foram realizadas em Manaus nos anos de 1964-1968 dentro do período da ditadura civil-militar brasileira. Utiliza como fonte o Jornal do Comércio para mostrar toda a amplitude da maior data do operariado mundial na cidade.

Os autores Daniel Rodrigues Palheta e Alexandre da S. Santos abrem a sessão Artigos Livres com o trabalho “As motivações econômicas do Estado Português que levaram à diáspora de populações africanas para Amazônia, nos séculos XVII e XVIII” e realizam uma discussão histórica e historiográfica sobre a escravidão de negros na Amazônia Colonial.

No artigo “A metáfora da fronteira no Poema Uiara, de Octávio Sarmento”, Alexandre da Silva Santos discute sobre a alteridade constituinte na identidade do imigrante nordestino, por meio do personagem Militão, no período áureo da borracha na Amazônia, através do poema “Uiara”, de Octávio Sarmento, poeta amazonense recém descoberto pela crítica local.

Apresentam-se nesse volume duas resenhas: “Informação, repressão e memória: a construção do estado de exceção no Brasil na perspectiva do DOPS-PE (1964-1985)” de Rafael Leite Ferreira e “Representações utópicas no Ensino de História” de Michele Pires Lima.

Na sessão Pesquisa em Experiência em Docência, o trabalho de Nadinny Alves de Souza, “Entre o real e o ideal: Reflexões sobre o saber histórico a partir da experiência do PIBID” apresenta os problemas presentes na relação estabelecida entre o debate acadêmico e atuação docente dos profissionais de História e busca constituir uma discussão o mais próximo possível da realidade encontrada nas salas de aula do ensino básico.

Enaltecemos a contribuição dos autores com seus respectivos trabalhos, a colaboração generosa e qualificada dos pesquisadores (as) e professores (as) que avaliam os trabalhos enviados à revista, aos nossos incentivadores e apoiadores nessa jornada. Fazemos menção à colaboração da equipe fundadora da Revista que promoveram a criação do periódico, ao Departamento de História e Programa de Pós-graduação em História da UFAM, nosso agradecimento.

Com isso, a Manduarisawa espera continuar cumprindo a sua missão de origem que é estimular, por meio do debate e divulgação, os trabalhos de pesquisa na área da História, Ciências Humanas e Sociais.

Kívia Mirrana Pereira

Davi Monteiro Abreu

Evelyn Ramos

Isabela Albuquerque

Raoni Lopes

Rômulo de Sousa

Thaieny Gama

Equipe Editorial


PEREIRA, Kívia Mirrana et. al. Apresentação. Manduarisawa, Manaus, v.1, n.1, 2017. Acessar publicação original. [DR].

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DR

 

Manduarisawa | UFAM | 2017

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A Manduarisawa – Revista Discente do Curso de História da UFAM (Manaus, 2017-) nasceu da inquietação de jovens acadêmicos que almejavam contribuir e incentivar a produção do conhecimento científico na Amazônia tendo por objetivo ser um periódico anual, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), que conta com a participação, no seu corpo editorial, dos alunos da graduação do Curso de Licenciatura Plena em História (UFAM) e do Programa de Pós-graduação em História (PPGH/UFAM).

Dessa forma, desejamos que a Revista Discente seja um canal de divulgação das pesquisas acadêmicas e um meio no qual possibilita a troca de experiências e saberes.

Esperamos que o periódico possa também colaborar de forma significativa para o desenvolvimento intelectual de cada autor (a), parecerista e leitor (a). E por fim, que esse seja um espaço de debate, crítica e reflexão sobre a nossa prática de pesquisa e escrita no campo da História.

Periodicidade semestral.

Acesso livre.

ISSN 2527-2640

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