História e Memória / Cadernos de História / 2013

O Brasil não tem memória (?).

Trata-se de uma afirmação recorrente, já cristalizada no imaginário nacional. Não obstante, observa-se que essa realidade vem sendo modificada nas últimas décadas, com a crescente valorização da memória institucional, através da criação progressiva dos centros de memória em todo o país. Em Belo Horizonte esse quadro resultou na inauguração da Rede dos Centros de Memória de Minas Gerais – REMIG, que reúne, em caráter informal, várias instituições voltadas para o propósito de trocar experiências nessa área. Assim, um dos artigos do presente número dos Cadernos de História da PUC Minas, dedicado ao tema da memória e da história, descreve a sua criação e funcionamento, sob o título “Cooperação e preservação: a história da Rede Memória das Instituições de Minas Gerais – REMIG”. Assinam o texto duas de suas idealizadoras, Isabella Carvalho de Menezes e Ana Maria Matta Machado Diniz, coordenadoras, respectivamente, do Centro de Memória da Fundação Arcelor Mittal Brasil e do Centro de Memória da Justiça do Trabalho em Minas Gerais (TRT), além do Professor Daniel Botelho Rabelo, também do TRT.

Outro indicativo dessa valorização é o expressivo acervo de contribuições, de significativa qualidade e substância, encaminhadas para publicação: artigos, comunicações e depoimentos. A multiplicidade dos trabalhos, das abordagens, dos órgãos envolvidos – públicos e privados – e dos especialistas – juízes, professores, profissionais da ciência da informação, entre outros – são exemplares dessa auspiciosa tendência. Alguns dos textos foram elaborados a partir das discussões travadas durante o II Seminário Memória e Informação nas Instituições, em 2009, no âmbito das comemorações dos vinte anos do Centro de Memória e História da PUC Minas, em parceria com o Departamento de História e a REMIG.

Os artigos iniciais, dentre os sete incluídos, abordam o gerenciamento da documentação aplicado aos órgãos públicos. O primeiro, “Gestão de documentos arquivísticos eletrônicos: o caminho percorrido pela administração pública brasileira”, examina a implementação do sistema na Câmara dos Deputados. O segundo, “Gestão documental e resgate da memória na Justiça do Trabalho: preservação documental é direito do cidadão e dever do Estado”, aponta para a necessidade de investimentos em políticas de gestão e preservação documental nas instituições públicas brasileiras, à luz da experiência desenvolvida no órgão.

Os demais (excluindo o artigo já mencionado sobre a REMIG), abordam casos específicos no tratamento da memória e da educação patrimonial: a implantação do “Centro Inhotim de Memória e Patrimônio – CIMP”; os instrumentos da organização de um acervo pessoal, “A Biblioteca do Mestre: Coleção Arduíno Bolivar”; o relato de uma experiência pedagógica, “Programa de erradicação do trabalho infantil: projeto socioeducativo ‘Educar nos Museus’ na cidade de Vespasiano-MG”; e, finalmente, o exame de um documento fotográfico como lugar de memória, “Exposição de si”.

Na modalidade seguinte, temos duas comunicações sobre a memória institucional envolvendo dois patrimônios expressivos da cidade, a CEMIG e o Minas Tênis Clube – respectivamente, “Pensar pra frente, fazer pro mundo!” e “Programa de Requalificação do Centro de Memória Brenno Renato: desafios e perspectivas”.

Por último, mas não menos importante, encontram-se cinco depoimentos. Um deles analisa também a “Educação patrimonial – uma abordagem empírica, didática e criativa”, relativamente ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA / MG. O outro, “Centros de Memória Institucionais: métodos, procedimentos, ferramentas e tecnologia”, versa sobre questões de ordem prática, voltadas para os afazeres administrativos e o atendimento aos usuários dos Centros de Memória. Os três restantes articulam a experiência acadêmica com a memória institucional da PUC Minas: “Memória Preservada: a trajetória do DCE PUC Minas através de documentos”; “No meio do Caminho tinha um Centro de Memória”; e “Iniciação cientifica no CMPH e as escolhas profissionais”.

Esperamos que este número possa representar uma contribuição relevante dos Cadernos para a comunidade acadêmica, segundo os pressupostos da interação ensino, pesquisa e extensão, da interdisciplinaridade e da socialização do conhecimento.

Heloisa Guaracy Machado – Professora Doutora. Editora-gerente dos Cadernos de História da PUC Minas.


MACHADO, Heloisa Guaracy. Editorial. Cadernos de História. Belo Horizonte, v.14, n.20, 2013. Acessar publicação original [DR]

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Idade Média / Cadernos de História / 2010

EDITORIAL

Os Cadernos de História PUC Minas, cumprindo o seu objetivo de promover o diálogo ininterrupto entre os variados campos das Ciências Humanas e Sociais, além de contribuir para a divulgação da produção científica, apresenta à comunidade acadêmica o Dossiê Idade Média. Composto de seis artigos inseridos em um recorte cronológico correspondente ao Medievo Central (séculos XI a XIII) e à Baixa Idade Média (XIV e XV), apresenta certa diversidade temática que pode ser reunida em dois conjuntos geohistóricos denominados, à maneira dos hispânicos, de “além-Pireneus” e “aquém-Pireneus”.

No primeiro conjunto e, encabeçando os trabalhos, está o artigo “Catolicismo e catarismo, um choque entre mitologias”, do renomado medievalista Hilário Franco Júnior. Tendo como pano de fundo o aspecto religioso, extrapola as perspectivas mais usuais, teológica, ideológica e social, sobre o catarismo, para analisá-lo no viés inovador do entrelaçamento mítico-litúrgico-ideológico da religião cristã, dando sequência às suas publicações mais recentes sobre o tema.

Situado no mesmo campo espaciotemporal está o quarto artigo, “Sistemas rituais do processo matrimonial no medievo europeu ou sistemas generificados de controle social”, de Rejane Barreto Jardim. Sua análise discute a possibilidade dos ritos de noivado, casamento e do charivari constituírem-se em formas de controle social da
sexualidade, num complexo sistema de relações de Gênero, os quais, no seu conjunto, correspondem às manifestações das diferentes camadas sociais.

Os demais artigos deslocam-se para o território de aquém-Pireneus – conforme a nomenclatura aqui adotada –, ou seja, para o âmbito particular da Península Ibérica e sua singularidade histórica, examinando questões ligadas, principalmente, a outro importante tópico medieval: a guerra.

Assim, o segundo artigo, “Assimilação do grupo moçárabe após a conquista de Toledo no século XI: questões a discutir”, de Renata Rodrigues Vereza, busca a articulação entre os aspectos sociais, políticos e religiosos no Reino de Leão e Castela, através da análise da condição dos moçárabes sob os dominadores islâmicos. Nesse
sentido, traz à tona nuances da comunidade cristã do centro-sul e suas especificidades decorrentes da presença cultural árabe, se comparadas às populações dos reinos do norte ibérico, com uma organização integralmente identificada com a antiga tradição cristã e visigoda.

Tendo o mesmo reino como cenário, o sexto artigo, “Reconquista cristã. Guerra e religiosidade no cancioneiro mariano afonsino”, de Heloisa Guaracy Machado, aborda o fenômeno bélico subsumido aos imperativos da religião cristã. A análise tem como ponto de partida a cantiga n. 169, que integra a literatura piedosa do rei Afonso X, o Sábio, na representação dos aspectos da Reconquista, colocados sob a ótica da história da salvação.
Já o terceiro artigo, “Uma escrita do passado centrada nas guerras”, de Susani Silveira Lemos França, examina as imagens da guerra, no Reino de Portugal, construídas pelos cronistas locais, sobretudo os atributos políticos e sociais do fenômeno tal como aparecem nas histórias da época.

Por último, mas não menos importante, o aspecto social é privilegiado no artigo cinco, “Tu fust’la Verga, el tu fijo la flor: Gonzalo de Berceo e a infância medieval”, de Augusto de Carvalho Mendes, que examina a visão sobre a infância a partir de fontes literárias no âmbito castelhano. Somando-se às contribuições trazidas pelos demais
trabalhos, o texto em questão projeta nova luz à história da família, em franco crescimento como objeto de estudo, ao problematizar uma concepção cristalizada sobre a suposta desvalorização da criança, na época, consolidada pela conhecida tese de Philippe Ariès sobre o tema.

Heloisa Guaracy Machado – Professora Doutora. Editora-gerente dos Cadernos de História PUC Minas


MACHADO, Heloisa Guaracy. Editorial. Cadernos de História. Belo Horizonte, v.11, n.14, 2010. Acessar publicação original [DR]

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América Latina / Cadernos de História / 2008

Os Cadernos de História estão inseridos em um projeto político-pedagógico do Departamento de História da PUC Minas, que concebe os campos do ensino, da pesquisa e da extensão como um elo indissociável na cadeia de produção, distribuição e socialização do conhecimento. Sua proposta é servir de veículo na divulgação do conhecimento científico, relativo às temáticas históricas e afins ‒ como a Antropologia, a Filosofia, Pedagogia, a Sociologia e a Literatura ‒, de acordo com as tendências teórico-metodológicas atuais. Isso pressupõe um horizonte interdisciplinar, que busca somar diferentes perspectivas em uma visão de conjunto da realidade e alimentar a reflexão permanente sobre os desafios apresentados pelas sociedades contemporâneas.

Depois da experiência de quase quinze anos das publicações impressas, os Cadernos de História apresentam sua nova versão eletrônica que, além de cumprir com uma exigência dos órgãos nacionais de fomento à pesquisa, viabilizam a publicação dos textos científicos, ao reduzir, em grande medida, os custos operacionais inerentes ao processo de editoração, mantendo ainda o padrão de excelência exigido.

Tendo esses pressupostos em vista, o presente número reúne trabalhos de diversas procedências e conteúdos. Os três primeiros artigos, reunidos no Dossiê América Latina, consistem em desdobramentos de palestras realizadas na PUC Minas, durante Seminário sobre o tema. Dois deles abordam questões bastante comentadas, o populismo e a teologia da libertação, dando-lhes, no entanto, uma roupagem original e bastante esclarecedora. O terceiro examina um assunto menos ventilado, mas de forma não menos esclarecedora, relativo à valorização e o resgate da cultura andina.

Os demais artigos versam sobre matérias distintas, na perspectiva da História cultural: o quarto, sobre uma das suas maiores expressões, o cinema, através da tradição americana dos Looney Toones e o quinto, traz uma das problematizações mais atuais no campo da historiografia, examinando as relações entre cultura e natureza, nas representações literárias do semiárido brasileiro. O sexto artigo sistematiza um conjunto de estudos e reflexões empreendidos pela equipe do Cefor PUC Minas, na construção de propostas e ações no âmbito da formação continuada de professores da Educação Básica. Fechando o número, está a nota de pesquisa relativa ao trabalho conjunto de professores do Departamento de História sobre a digitalização e disponibilização dos acervos paroquiais da rota da Estrada Real.

Espera-se, desse modo, atender à expectativa dos leitores e, ao mesmo tempo, aprimorar cada vez mais este espaço de reflexão. Nesse sentido, são muito importantes as contribuições dos nossos pares, seja através de sugestões, seja através dos seus artigos, a serem encaminhados à Revista.

Finalizo com os agradecimentos àqueles cujo empenho possibilitou essa publicação, confirmando a minha fé no trabalho em equipe: ao Professor Paulo Agostinho, pela liderança natural no processo de criação do formato eletrônico; ao Professor Edison Gomes, o trabalho contínuo de revisão, na qualidade de Editor da Revista; ao Técnico de Laboratório do Centro de Memória de Pesquisa Histórica, Leandro Pereira de Abreu, pelo apoio técnico; ao estagiário Rafael Pacheco Mourão, pela implantação do novo formato e a diagramação da revista; ao Colegiado do Departamento de História, pelo acolhimento e a parceria de sempre.

Heloisa Guaracy Machado – Editora gerente dos Cadernos de História.


MACHADO, Heloisa Guaracy. Editorial. Cadernos de História. Belo Horizonte, v.10, n.13, 2008. Acessar publicação original [DR]

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