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Povos e culturas da região Amazônica: imigração, trabalho e luta | Outras Fronteiras | 2021
Itacoatiara – AM | Imagem: Rede Amazônica/G1
O dom de despertar no passado as centelhas de esperança é privilégio exclusivo do historiador convencido de que também os mortos não estarão em segurança se o inimigo vencer. 2
O momento atual é crucial para aprofundar o conhecimento sobre a Amazônia e refletir acerca do seu processo histórico através das muitas concepções teóricas à disposição. Como pensála de outro modo em História? Dos estudos culturais com enfoque nos inúmeros povos, etnias e identidades ali engendradas, aos estudos sociais e econômicos que compreendem a expansão das frentes pioneiras, os processos migratórios, as formas de exploração sob a égide e inserção do capitalismo predatório e rudimentar, é preciso abarcar outras possibilidades. O presente e o futuro requerem para a Amazônia estudos históricos do tempo presente, da história do clima, da história ambiental…
A partir do golpe de 1964 no Brasil, a expansão da fronteira Amazônica se processou dentro de uma lógica singular mediada pelo Estado por meio da Doutrina de Segurança Nacional, onde o Poder Público se colocou como mediador dos interesses da grande empresa privada e do capital internacional, no intuito de promover um crescimento econômico rápido e a qualquer preço. De acordo com Berta Becker,3 para realizar seu projeto, o Estado impôs uma nova malha técnico-política que incorpora as tendências expansionistas e transformadoras já existentes nas sociedades próximas dos grandes centros políticos e econômicos na Amazônia, por meio das concepções ideológicas trazidas pelos milhares de migrantes que chegavam à região a partir dos projetos de colonização autoritários. Na fronteira, desenvolveu-se um jogo simbólico denso e dramático da nação com seus propósitos. É preciso compreender e conhecer objetivamente a fronteira para além das concepções ideológicas simplificadoras do processo autoritário de ocupação, que é incapaz de captar a magnitude e a complexidade em curso na sociedade brasileira. Mais que uma definição geográfica, a fronteira é uma categoria histórica. De acordo com José de Souza Martins, a história contemporânea da fronteira no Brasil é marcada pelas lutas étnicas e sociais. Neste sentido, a Fronteira é eminentemente o lugar da alteridade. É o local de descoberta do outro e do desencontro. Desencontro de povos que vivem em regimes de temporalidade diferentes.4 Leia Mais
Corporeidades em Luta: Feminismos e Corpos de Resistências ao Sul Global | Ofícios de Clio | 2021
A proposta deste dossiê nasceu pela recente conquista ao outro lado da fronteira, a da legalização do aborto na Argentina, em dezembro de 2020. Uma luta histórica que marca, não somente o acesso aos direitos sexuais e reprodutivos, mas o reconhecimento do direito à vida das mulheres, dos homens transgêneros e de outros corpos que engravidaram (ou foram engravidados) sem interesse ou condições para gestar. Tendo o corpo como foco, as pesquisas analisadas partem das corporeidades enquanto processo histórico de resistência, de disputa e de opressão, para os diferentes períodos, seja no Brasil ou no restante do sul global – região dos países em desenvolvimento. Para além das ações feministas coletivas e individuais, o dossiê trata de pesquisas atentas aos usos políticos dos corpos; à interferência do Estado, da Medicina, do Judiciário e da Igreja no dizer-fazer-saber dessas corporeidades; à precariedade diferenciada entre as vidas, à performatividade, às generificações e às resistências a essas generificações, às formas repressivas e produtivas de enunciar os corpos. Além disso, os textos protagonizam corpos marcados pela raça, gênero, classe, território, sexualidade e geração, ou seja, que consideram a interseccionalidade. Leia Mais