Narcotráfico e segurança humana | Argemiro Procópio

Nas relações internacionais, como em outros campos das ciências sociais, o Estado apareceu, constantemente, como referencial importante, senão como o principal, nos estudos e pesquisas empreendidos. Durante a Guerra Fria, para os especialistas norte-americanos em estudos internacionais, por exemplo, ele era o ponto de partida das análises ideológicas. Com a derrubada do Muro de Berlim, a qual simbolizou a queda do regime socialista, novos campos de estudos, que ultrapassam as circunscrições geográficas e territoriais tradicionais, vieram a lume, possibilitando a ampliação dos estudos sobre determinados temas, até então considerados de importância secundária ou vistos como de política interna.

Havia a expectativa, após o fim do conflito bipolar, do encerramento da era dos embates ideológicos e, desta forma, os povos, fossem por meio de seus Estados, fossem por meio das organizações internacionais, assumiriam o combate contra o subdesenvolvimento, ao pugnar pela elevação do bem estar social de todos os habitantes do planeta (e assim contemplar a Carta dos Princípios Fundamentais dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas) e não apenas por altas taxas de crescimento econômico, por si mesmas. Leia Mais

Relações internacionais e política externa do Brasil: dos descobrimentos à globalização | Paulo Roberto de Almeida || A política externa do regime militar brasileiro: multilateralização/ desenvolvimento e construção de uma potência média (1964-1985) | Paulo G. Fagundes Vizentini || Mercosul: fundamentos e perspectivas | Paulo Roberto de Almeida

As relações internacionais enquanto objeto de estudo vêm desenvolvendo-se de maneira amplamente satisfatória nos últimos anos no Brasil, com o acúmulo quantitativo e o progresso qualitativo dos trabalhos divulgados nesse campo. Muito desse avanço é devido ao surgimento de cursos de pós-graduação – nem todos stricto sensu – que colocam as relações internacionais de modo geral e a inserção externa do Brasil de modo particular no centro das preocupações de pesquisa e de elaboração de monografias. Outro tanto pode ser visto como o resultado de iniciativas propriamente editoriais, com a tradução de bons livros publicados no exterior e a publicação, isoladamente ou em coleções especializadas, dos trabalhos produzidos por cientistas sociais e historiadores do Brasil.

Os dois primeiros livros aqui resenhados inauguram, precisamente, uma nova coleção editorial, a “relações internacionais e integração” da UFGRS, ao passo que o terceiro é veiculado por uma editora mais tradicional no campo das letras jurídicas. Os dois autores militam, um de modo pleno, o outro em tempo parcial, nas pesquisas e na docência acadêmica, combinando a interpretação sociológica com uma visão histórica das relações internacionais do Brasil. Essa visão histórica é mais centrada no caso da pesquisa de Paulo Vizentini, enfocando a política externa do regime militar no Brasil entre 1964 e 1985, e mais dispersa no caso de Paulo Almeida, indo dos séculos XV-XVI (“diplomacia dos descobrimentos”), passando pela emergência do multilateralismo contemporâneo, a partir do século XIX, até o recente surgimento (1995) da Organização Mundial de Comércio (“diplomacia do desenvolvimento”). Leia Mais