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História e Arqueologia: diálogos interdisciplinares/Dimensões – Revista de História da UFES/2022
Nos últimos anos, na esteira do spatial turning, 2 a História ampliou suas perspectivas metodológicas e documentais, afastando-se de uma tradicional lógica logocêntrica, o que a posicionou na seara dos estudos atinentes à cultura material e a associou intimamente a disciplinas com agendas afins de investigação, a exemplo da Arqueologia. A materialidade dos homens no tempo emerge, a partir deste momento, como elemento ativo na história. Os lugares ocupados pelos indivíduos são agora percebidos como espaços onde suas ações se desenvolvem, condicionando, não raras vezes, seus movimentos e evocando simbolicamente uma gama de representações. Dentro desta perspectiva, não é mais possível entrever os eventos pretéritos sem considerar o ambiente físico onde eles aconteceram. As paisagens e os lugares construídos, imaginados e apropriados pelos homens não são mais ignorados, sendo compreendidos como uma dimensão fundamental da história (BARROS, 2017; MARTINS; SILVA, 2019, p. 97-101). Leia Mais
Estudos africanos: novas perspectivas historiográficas / Dimensões / 2019
Em meados do século XIX, Hegel (1995, p. 174), em sua Filosofia da História, exprimia uma percepção extremamente pessimista em relação à História da África: “[a África] não faz parte da história do mundo. Não tem […] progressos a mostrar, movimentos históricos próprios”. A visão de Hegel acerca do continente, sobretudo de sua parte subsaariana, negava a possibilidade de sua historicização, colocando-o na posição de figurante de um passado centrado na Europa. Ecos da perspectiva hegeliana ainda repercutiam nos meios acadêmicos em pleno século XX, como demonstra Fage (2011, p. 8-9), ao reproduzir a fala do famoso professor de Oxford, Sir Hugh Trevor-Roper, que afirmara, em 1963, não haver uma História da África, mas tão somente a dos europeus no continente.
Carlos Lopes (1995), em seu clássico artigo A pirâmide invertida: historiografia africana feita por africanos, explicita a existência de três grandes correntes historiográficas associadas aos Estudos Africanos, cada qual, segundo ele, ligada a um contexto político / acadêmico próprio: a denominada corrente da inferioridade, identificada com o período colonial em África; a da superioridade, associada ao pan-africanismo e à descolonização; e o que o autor guineense intitulou de novos estudos acerca do continente, que se aproximam, em grande medida, de perspectivas interpretativas pós-estruturalistas. Leia Mais