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The Semantic Sphere 1. Computation, Cognition and Information Economy – LÉVY (EPEC)
LÉVY, Pierre. The Semantic Sphere 1. Computation, Cognition and Information Economy. Canadá: Wiley Iste, 2011. Resenha de: ZENHA, Luciana. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, Belo Horizonte, v.15, n. 02, p. 193-196, maio/ago. 2013.
Pierre Lévy, filósofo e sociólogo, dedicou sua vida acadêmica para compreender as implicações cognitivas e culturais das tecnologias digitais, promover os usos sociais e para estudar o fenômeno de inteligência coletiva humana. Atualmente, atua como professor e pesquisador no Departamento de Comunicação da Universidade de Ottawa, no Canadá, na Cátedra de Investigação em Inteligência Coletiva. Ele é autor de vários livros: As Tecnologias da Inteligência (1990), Inteligência Coletiva (1994), O que é o Virtual? (1995), Cibercultura (1997), Cyberdemocracia (2002) e Esfera Semântica 1 (2011).
O autor segue produzido o segundo volume, no qual irá aprofundar o programa e o desdobramento da Esfera Semântica.
O livro apresenta uma justificativa filosófica e uma explicação científica de um programa de metalinguagem computacional chamado IEML – Information Economy Metalanguage, ou seja, informações da economia da metalinguagem – que já se encontra em seu décimo ano de desenvolvimento. O IEML é uma linguagem de programação com interface intuitiva que resolverá o problema de interoperabilidade semântica na web e auxiliará a modelar futuros processos de inteligência coletiva online.
Sabemos que as novas mídias digitais nos oferecem uma capacidade de memória sem precedentes, um canal de comunicação onipresente e um crescente poder de comunicação baseado na computação. Em Esfera Semântica, o autor se propõe a explorar essa capacidade de comunicação para aumentar o processo cognitivo à serviço do desenvolvimento humano. Lévy discorre sobre essa capacidade combinando o conhecimento das ciências humanas e sociais com as questões relacionadas à lógica e à informática.
Trilhando esse caminho, Lévy propõe, nessa obra, a construção colaborativa de um hipercórtex global coordenado por uma metalinguagem computacional, pois, para ele, ao reconhecer plenamente a natureza simbólica da cognição humana, podemos transformar o nosso cérebro em uma inteligência reflexiva e coletiva.
Quanto à organização, o volume 1 divide-se em 3 partes. A primeira destina- se à introdução geral com a descrição contextual da pesquisa. A segunda, parte para a Filosofia da Informação, na qual são discutidas a natureza da informação, a cognição simbólica, a conversa criativa, a mutação das ciências humanas e sociais, a informação da economia. A terceira apresenta a Modelagem da Cognição, que aborda a introdução a uma compreensão científica da mente; a perspectiva computacional rumo a uma inteligência reflexiva; a visão geral do IEML – Esfera Semântica; o IEML metalinguagem; o IEML como máquina semântica; a memória hermenêutica; o hipercórtex; a perspectiva humanista para o conhecimento explícito; e a observação da inteligência cognitiva.
A introdução descreve como Lévy chegou às ideias atuais e a sua trajetória de pesquisador por meio da narrativa de alguns anos de trabalho, em que demonstra o desenvolvimento lento de suas reflexões e comprovações. Nessa parte, há uma ampla abordagem informacional que apresenta os campos estudados por ele e sua equipe de pesquisadores, de maneira inter e transdisciplinar, com o olhar profundo e ao mesmo tempo difuso nas áreas da cibernética, ciências humanas, economia, matemática, biologia molecular, filosofia, história, ciências cognitivas, linguística, computação, e até cosmologia.
A memória participativa digital comum a toda a humanidade é limitada e apresenta problemas de opacidade, a incompatibilidade dos sistemas de classificação e linguística. Ele inicia o primeiro capítulo apresentando a filosofia da informação, discutindo aspectos como cognição simbólica e conversa criativa.
Após a apresentação desses conceitos, ele aprofunda na cognição de modelagem com capítulos sobre o conhecimento científico da mente, o programa IEML proveniente da Esfera Semântica, o hipercórtex, observado da conexão, e construção da inteligência coletiva.
Dessa forma, a segunda e terceira partes do livro tratam do IEML (Information Economy Metalinguage) como um sistema simbólico que se constitui em: (1) uma linguagem artificial que se traduz automaticamente em línguas naturais, (2) um idioma de metadados para a marcação de colaborativa semântica de dados digitais, (3) uma nova camada de endereçamento do meio digital (conceptual endereçamento) apto a resolver o problema da interoperabilidade semântica, (4) uma linguagem de programação especializada na concepção de redes semânticas, (5) um sistema de coordenadas semânticas da mente (a esfera semântica), que permite a modelagem computacional da cognição humana e a auto-observação de inteligências coletivas.
O autor defende que o desenvolvimento e o uso de IEML poderiam levar a uma revolução epistemológica em ciências humanas e sociais (em frente, atualmente, uma avalanche de “big data”). O IEML poderia se tornar uma importante ferramenta nas mãos de comunidades humanas para criar, assimilar e “gerir” o conhecimento. Tudo isso com foco e na direção de um aumento da inteligência coletiva humana ligada a uma aprendizagem contínua social e generalizada.
É assim que Lévy e sua equipe de pesquisadores apresentam um método prático científico com um modelo social de processos cognitivos dos fluxos de expressão em uma lógica não linear que se apresenta em uma linha digital de informações.
Usando o IEML, o meio digital poderia ser transformado por meio das funções cerebrais que integram hipertextos, leitura e navegação web e integração de pessoas com foco na inteligência coletiva. O IEML permite um novo tipo de com putação semântica que, segundo o autor, vai revolucionar a internet da maneira que a conhecemos e consequentemente uma revolução na pesquisa das ciências sociais.
Uma imagem futurista e otimista da linguagem e da metalinguagem conectada por meio das tecnologias digitais.
Em Esfera Semântica 1, Lévy defende a ideia de que a espécie humana pode ser definida pela sua capacidade especial de manipular símbolos. Para ele, essa capacidade demonstra aumento devido à manipulação dos símbolos ter apresentado alterações sociais relativas às esferas econômica, política, religiosa, epistemológica e educacional, dentre outras. O autor compartilha sua reflexão a partir da análise de quatro dessas marcantes mudanças: (1) a invenção da escrita, quando os símbolos se tornaram permanentes marcas de tribos e grupos sociais; (2) a invenção do alfabeto, numerais indianos e outros pequenos grupos de símbolos capazes de representar “quase tudo” por combinação; (3) a invenção da imprensa e (4) a invenção posterior dos meios de comunicação eletrônicos, em que os símbolos são reproduzidos e transmitidos em tempo real. Estamos, segundo o autor, presenciando o início de uma outra grande mudança que está sendo realizada: a antropológica, que acontece por meio de símbolos que podem ser transformados em autômatos massivamente distribuídos na forma digital.
A principal contribuição de Lévy em Esfera Semântica 1 é a criação e o desenvolvimento de um sistema simbólico de comunicação pelo novo meio digital capaz de explorar o poder computacional, a capacidade da memória e expressão onipresente por meio digital. O IEML (Information Economy Metalinguage) promove uma inovação radical na notação e processamento da semântica, uma vez que programa é uma linguagem regular que proporciona novos métodos para a interoperabilidade semântica, navegação, a categorização referencial de inteligência coletiva. Ainda é preciso dizer que o IEML programa é compatível com os principais padrões da web de dados e está em sintonia com as tendências atuais da computação social.
Há um documento em anexo ao livro, elaborado por Lévy, que ele denomina como Documento de Visão. Nele, o autor explica a relevância filosófica dessa nova linguagem, expõe suas estruturas sintáticas e semânticas, e pondera as suas possíveis implicações para o crescimento da inteligência coletiva no ciberespaço.
Lévy finaliza o livro com a premissa de que a comunicação e a capacidade de análise semântica potencializarão a inteligência coletiva humana no ciberespaço e contribuirão para desenvolvimento humano em geral. O processo será realizado pela categorização social da memória digital global, resolvendo o problema da interoperabilidade semântica, proporcionando um sistema semântico transparente de endereçamento (tanto significativo como computável). Além disso, ampliarão o impacto da escrita colaborativa e a leitura no ciberespaço, preparando o terreno (simbólico) para inteligência coletiva.
Referências
Biografia completa de Pierre Lévy (Fonte: site da IEML ).
http://www.ieml.org/spip.php?article28&lang=fr http://p2pfoundation.net/Semantic_Sphere http://bit.ly/vwTUgi http://www.monde-diplomatique.fr/1995/10/LEVY/1857 http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:http://julien.lecomte.over-blog.com/article-medias-culture-et-cognition-entretien-avec-le-philosophe-pierre-levy-103876764.html&hl=pt-BR&prmd=imvns&strip=1
http://www.ieml.org/IMG/pdf/2009-Levy-IEML.pdf http://www.ieml.org/IMG/pdf/IEML_Semantic_Topology.pdf http://www.ieml.org/IMG/pdf/IEML-Dictionary.pdf Luciana Zenha – Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) Doutoranda UFMG E-mail: luciana.zenha@gmail.com
[MLPDB]A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço – LÉVY (C)
LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. 5. ed. São Paulo: Loyola, 2007. Resenha de: FOR, Celso Samir Guielcer de. Conjectura, Caxias do Sul, v. 15, n. 2, p. 197-200, maio/ago, 2010.
A obra de Pierre Lévy que tem por subtítulo: “por uma antropologia do ciberespaço” mostra uma tentativa epistemológica de construir alguns referenciais sobre o pensamento baseado na velocidade e nas transformações da informática e das tecnologias da informação no mundo contemporâneo.
O texto é estruturado de tal forma que cada parte se completa. É uma espécie de grande quebra-cabeça que, aos poucos, vai se mostrando, revelando com uma unidade temática e de sentido; em outras palavras, cada capítulo compõe uma parte do projeto, e cada parte expõe as facetas do projeto, um texto bastante metafórico, mas contando com uma objetividade de sentido e de significação do ciberespaço e da inteligência coletiva.
O ciberespaço é um lugar onde os acontecimentos estão em constante transformação e onde as infovias garantem a velocidade dessas transformações.
A partir da afirmação no prólogo, podemos começar a demonstrar a construção de um projeto realmente efetivo de uma possível nova forma de racionalidade. Esse projeto está baseado na ideia de mundialização das características humanas, conforme excerto extraído da obra: Na verdade, as decisões técnicas, a adoção de normas e regulamentos, as políticas tarifárias contribuirão, queiramos ou não, para modelar os equipamentos coletivos da sensibilidade, da inteligência e da coordenação que formarão no futuro a infra-estrutura de uma civilização mundializada. (p. 13).
Lévy alerta para o fato de que voltamos a ser nômades, e esse nomadismo está vinculado ao problema da velocidade, e essa está “lincada” a viagens em um mundo de significados e a uma multiplicação exagerada de saberes e de conhecimentos. Esse nomadismo não está vinculado à ideia de um espaço territorial geográfico. É visualizando o problema da relação do social que nos afastamos e que contraímos ainda mais nossas relações e nossas trocas propriamente humanas.
Então, o projeto da inteligência coletiva é um projeto de estabelecimento de relações entre indivíduos, talvez isolados, que podem agora entrar em contato com outros.
O problema da inteligência coletiva é descobrir ou inventar um além da escrita, um além da linguagem tal que o tratamento da informação seja distribuído e coordenado por toda parte, que não seja mais o apanágio de órgãos sociais separados, mas se integre naturalmente, pelo contrário, a todas as atividades humanas, volte às mãos de cada um. (p. 17).
O livro está dividido em duas grandes partes: 1- A engenharia do laço social; 2- O espaço do saber. Para acompanhar a estrutura e a visão que Lévy entrelaça, gostaria de seguir seu pensamento. Primeira parte: Cap.1 Os justos. Ética da Inteligência Coletiva; Cap. 2 As qualidades humanas. Economia da Inteligência Coletiva; Cap. 3 Do molar ao molecular. Tecnologia da Inteligência Coletiva; Cap. 4 Dinâmica das cidades inteligentes. Manifesto por uma política molecular; Cap. 5 Coreografia dos corpos angélicos. A teologia da Inteligência Coletiva; Cap. 6 A arte e a arquitetura do ciberespaço. Estética da inteligência coletiva. Segunda parte: Cap. 7 Os quatro espaços; Cap. 8 O que é um espaço antropológico?; Cap. 9 Identidades; Cap. 10 Semióticas; Cap.
11 Figuras do espaço e tempo; Cap. 12 Instrumentos de navegação; Cap. 13 Objetos do conhecimento; Cap. 14 Epistemologias; Cap. 15 As relações entre espaço. Para uma filosofia política.
Na primeira parte, Lévy vai tratar mais das situações dos humanos que se ligam uns aos outros ocupando espaços. O primeiro capítulo da primeira parte (p. 35 a 40) com o título: “Os justos. Ética da inteligência coletiva” refere que a ética que ele menciona é a da hospedagem. Ser hóspede e ser hospedado; a relação de respeito e cumplicidade dentro das trocas intensas expostas. E, para colorir essa densidade, usa a metáfora bíblica de Sodoma e Gomorra. Lot dá hospitalidade a estranhos. E essa hospitalidade é demonstrada na persistência em não entregar os estrangeiros. Poderíamos, a partir da visão da mulher de Lot, pensar como a tentação ataca também o justo, e, principalmente, como, a partir de um justo, podemos formar o grupo dos justos, apesar de serem minoria e construir uma sociedade dos justos.
No segundo Capítulo: “As qualidades humanas. Economia da inteligência coletiva” (p. 41 a 46). Busca lançar pistas para pensarmos um pouco sobre as condições da produção de uma subjetividade, como principal atividade econômica. O terceiro Capítulo: “Do molar ao molecular. Tecnologia da inteligência coletiva” (p. 47 a 58) é uma tentativa de montar uma hierarquia, que não é estática, mostrando como as partes e todos se relacionam ao todo. No fim do capítulo, o autor mostra um quadro esquemático mostrando a evolução da técnica e da tecnologia. Capítulo 4: Dinâmica das cidades inteligentes. Manifesto por uma política molecular (p. 52 a 82). É um estudo importante para representar a democracia em tempo real e reconhecer a importância de usarmos os meios de comunicação para podermos atuar nesse espaço de informação como verdadeiros cidadãos. Ainda no Capítulo 5: “Coreografia dos corpos angélicos. A teologia da Inteligência Coletiva.
Elabora uma ideia que visa a mostrar o elemento ontológico da comunicação, uma quase metafísica da comunicação. E o Capítulo 6: “A arte e a arquitetura do ciberespaço. Estética da Inteligência Coletiva”.
Constrói uma estética, formas mostrando elementos fundamentais da estética e da construção de elementos sociais e ontológicos da continuação das obras continuadas. Aqui ele tenta estabelecer um vínculo entre o real e o virtual.
Na segunda parte sob o título “O espaço do saber”, acontece o entrelaçamento dos elementos assim chamados antropológicos. Capítulo 7: “Os quatro espaços” mostra quatro condições de evolução do pensamento e desenvolvimento do mesmo. Por isso, no Capítulo 8, ele se pergunta sobre o espaço antropológico.
No Capítulo 9, o que se constata é a reconstrução dos fragmentos estabelecidos desde o início de sua análise e até a construção de seu projeto. Por isso, o Capítulo 9 tem por título “Identidades”. Já no Capítulo 10, o que temos é uma construção significativa sobre o problema da própria significação, cujo título é “Semióticas”. Nos Capítulos 11 e 12, as possibilidades de entrelaçamento entre o real e o virtual são abordadas, agora, dando ênfase à necessidade de entrelaçamento e efetivação do projeto de Inteligência Coletiva.
Por fim, os três últimos Capítulos (13, 14 e 15) representam a concretização do projeto de Inteligência Coletiva como uma condição antropológica e propriamente efetiva no meio das pessoas a partir do meio técnico informacional, mostrando a efetividade do processo de Inteligência Coletiva e do social. Por isso, a inteligência do todo não resulta mais mecanicamente de atos cegos e automáticos, pois é o pensamento das pessoas que pereniza, inventa e põe em movimento o pensamento da sociedade (p. 31).
Referências
LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. 5. ed. São Paulo: Loyola, 2007. 212 p. Recebido em 15 de abril de 2010 e aprovado em 3 de maio de 2010.
Celso Samir Guielcer de For -Licenciado em Filosofia. Especialista em Informática Educativa. Mestrando em Filosofia da Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Caxias do Sul (UCS).