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Intelectuais, Imprensa e Poder (II) / História.com / 2017
Apresentação [1]
A comunicação de massa tem um domínio sobre a pauta da opinião pública. Ela é um importante instrumento político para convencer a sociedade acerca da legitimidade da agenda de grupos organizados; tratando-se de um elemento que não pode ser negligenciado pelos historiadores dedicados ao estudo de diversos temas como: política, movimentos sociais, economia, dentre outros.
O Brasil, assim como outros países afetados pela crise econômica iniciada em 2008, tem sido palco de eventos como: manifestações, greves, ocupações, dentre outros. Tem havido uma profusão de fatos históricos e a imprensa tem sido um veículo de disputas de narrativas que contribui para sentirmos, cada vez mais, a necessidade de cruzarmos todos os discursos possíveis que apresentam diferentes leituras sobre os acontecimentos, sejam elas confirmando a agenda pautada pelos órgãos de imprensa tradicionais ou a questionando.
As redes sociais possibilitaram que não apenas os grandes grupos econômicos pudessem ter o monopólio sobre as notícias e a formação da opinião pública, mas que, também, intelectuais, trabalhadores, jovens, idosos, a direita, a esquerda, o centro, as feministas, os evangélicos e demais variedades de sujeitos sociais pudessem disputar a “voz do povo”.
E a imprensa e os intelectuais do passado? Como atuavam? Como pensavam? Como eram lidos? Como influenciavam? Como ecoavam? Como se posicionavam? Movidos por estas e demais questões que instigam os estudiosos investigadores das práticas e processos históricos, sociais e culturais, a Revista Discente História.com propôs o Dossiê Temático “Intelectuais, Imprensa e Poder”. (v. 4, n. 8, 2017). Como recebemos muitas propostas para a publicação e considerando os problemas que enfrentamos no início de 2017, resolvemos organizar com esses artigos e resenhas dois números. Tivemos a felicidade de recebermos trabalhos que analisaram de forma “problematizadora” a atuação dos veículos midiáticos e editoriais, bem como dos pensadores em diferentes contextos.
Luiz Mário Burity e Shirley Silva, com o texto “’As tuas horas de lazer, emprega-as no estudo’: a imprensa pedagógica enquanto suporte para a cultura educacional paraibana (1930-1945)”, analisaram experiências educativas que exploraram a imprensa paraibana como veículo de divulgação de uma proposta pedagógica para o estado da Paraíba entre 1930 e 1945.
Hugo Cavalcante, no artigo “Disputas entre a agricultura e a criação de gados no Cariri cearense da segunda metade do século XIX: o liberalismo de João Brígido e o jornal O Araripe”, problematizou os discursos do jornal cearense O Araripe quando este retratava processos criminais envolvendo as esferas econômico produtiva e do cotidiano.
Alex Guimarães, no texto “Sob a pena de Júlia: sociabilidades intelectuais, imprensa e poder no entresséculos (XIX-XX)”, analisou as ações e a produção intelectual de Júlia Lopes de Almeida, que atuou na imprensa e na literatura do Rio de Janeiro entre o final do século XIX e início do século XX.
Pedro Henrique Alves, no artigo “Archimínia Barreto: mulher, negra, protestante, intelectual”, apresenta a trajetória de uma intelectual negra, protestante e de origem pobre que rompia com os estereótipos da intelectualidade das últimas décadas do século XIX e das primeiras do XX.
Além dos trabalhos supracitados, não deixe de conferir as demais seções do atual número da revista: Artigos Livres, Resenhas e História na Sala de Aula. Eles também abrilhantam a contribuição deste periódico para com os debates da historiografia e áreas afins.
Boa Leitura!
Antonio Cleber da Conceição Lemos – Conselho Editorial. Mestre em História pela Universidade Federal de Sergipe. Correio eletrônico: cleberhist@hotmail.com
Nota
1. A caricatura de Rachel de Queiroz foi retirada do website Templo Cultural Delfos. Disponível em: http: / / www.elfikurten.com.br / 2012 / 11 / rachel-de-queiroz-dama-sertaneja-das.html?m=1 . Acesso em: 27 abr. 2018.
LEMOS, Antônio Cleber da Conceição. Apresentação. História.com. Cachoeira, v.4, n.8, 2017. Acessar publicação original [DR]
Raça, Gênero e Violência na História / História.com / 2016
É com satisfação que o Conselho Editorial da Revista Eletrônica Discente História.com apresenta seu novo número com o dossiê temático Raça, Gênero e Violência na História. Esta escolha foi decidida a partir da pertinência dessas temáticas no presente, característica que vem se tornando chave na escolha dos dossiês do nosso periódico.
A evocação que o presente realiza em relação às relações raciais e gênero e aquelas mediadas pela violência – o mais bárbaro dos conflitos – tem respaldo nos episódios que vêm se tornando fatos corriqueiros no cotidiano do Brasil e de vários países do mundo.
Recentemente, no último dia de natal, um caso chocou e comoveu o nosso país, que foi o homicídio de um vendedor ambulante numa estação de metrô, em São Paulo, ao defender dois travestis de agressões causadas por dois homens. Estes espancaram o autônomo até a morte, sendo que o mesmo era negro e os agressores eram brancos.
Este episódio sintetiza o horror que a intolerância tem proporcionado ao círculo civilizado que anseia por uma sociedade em que as diferenças e as desigualdades tenham, no mínimo, um tratamento mais humano e igualitário, onde as violências não sejam justificadas por preconceitos e demais visões mesquinhas em relação ao outro.
O papel das Universidades diante do fenômeno da intolerância é proporcionar debates que procurem estabelecer diretrizes que possibilitem os movimentos sociais terem embasamentos para proporem políticas públicas, sejam elas com o aval do Estado ou por iniciativa comunitária. Sendo assim, a universidade jamais deve se furtar ao seu papel de definidora de conceitos para ações de promoção das igualdades e reparações.
E foi com muito brilhantismo que os autores que colaboraram com suas produções acadêmicas contribuíram para o dossiê supracitado. Textos que podem fomentar debates enriquecedores.
O artigo “Mulheres comunistas na Bahia: contribuições para a fundação da federação de mulheres do Brasil e para o movimento pela paz” de Iracélli da Cruz Alves é uma instigante contribuição ao estudo da História das mulheres nos movimentos comunistas, oferecendo às nossas leituras uma visibilidade até então não destacada do lado feminino dessa história.
Encontra-se também o texto “Ofícios estatais e a heterovitimização das mulheres” de Michelle Silva Borges que aborda de forma original a mulher enquanto sujeito dentro das hierarquias e violações às quais são submetidas na relação com a polícia.
No texto “Representações sociais e mulher trabalhadora: implicações do imaginário social na (re)produção de desigualdades de gênero no mercado de trabalho” de Pablo Luiz Teixeira Gomes de Moraes e Flávio Badaró Cotrim, encontramos um balanço bibliográfico que analisa as representações a qual são sujeitas às mulheres no mercado de trabalho.
O estudo presente em “Discursos repressores recifenses: a questão de gênero e da raça através dos discursos sobre o suicídio durante a década de 1920, na cidade do recife” de Pedro Frederico Falk nos traz o retrato da violência no Recife da década de 1920, destacando as diferenças raciais e de gênero nos discursos médico, religioso, jornalístico e jurista, em especial, quando tratavam da questão do suicídio.
E, por fim, “A participação de mulheres na faculdade livre de direito da Bahia no período 1911-1920” de Vitor Luis Marques dos Santos é uma interessante análise que busca descortinar as condições históricas em que as mulheres que ingressaram nessa instituição de ensino superior conseguiram agir.
Desde já, a equipe editorial também convida a você leitor para apreciar os textos das outras sessões: Artigo Livre e História na Sala de Aula. São textos que abordam outras discussões não contempladas no dossiê temático e que também contribuem para temas historiográficos e de diálogos com as disciplinas afins para que possamos melhor entender o presente e o passado e termos condições de lutar por um futuro.
Boa leitura!
Antônio Cleber da Conceição Lemos – Conselho Editorial. Graduado em Licenciatura em História pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e mestrando em História pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Correio eletrônico: cleberhist@hotmail.com
LEMOS, Antônio Cleber da Conceição. Apresentação. História.com. Cachoeira, v.3, n.6, 2016. Acessar publicação original [DR]
Cultura, Política e Identidade / História.com / 2013
Em sua primeira edição, a Revista Eletrônica Discente História.com materializa um projeto de árdua luta, mas acima de tudo, possível. Este periódico é um canal de publicação de produção acadêmica de discentes que atuam na área de História e demais Ciências Humanas e Sociais que dialoguem e contribuam para o campo da prática historiográfica.
Para esse número, a presente edição recebeu trabalhos que foram submetidos à avaliação de seus pareceristas oriundos de várias universidades federais e estaduais do Brasil, fato que demonstra a lacuna que uma revista discente como esta preenche no meio acadêmico e o quanto discentes e seus respectivos orientadores acreditaram na credibilidade da proposta deste meio de divulgação do conhecimento científico.
Para a seção Dossiê Temático Cultura, Política e Identidade foram selecionados textos que, dentro desses três grandes campos dos estudos e pesquisa, trazem problematizações e olhares onde se espera que o leitor se sinta instigado a conhecer e, quem sabe, produzir novas pesquisas que enriqueçam o conhecimento histórico.
No texto A Flauta Doce: a história do percurso desse instrumento na música contemporânea de Claudio Alves Benassi, encontra-se uma interessante contribuição ao campo da História da Música ao ser realizada uma discussão sobre a história da flauta doce em diferentes momentos da história da música contemporânea em que a prática de tocar esse instrumento conflitou com mudanças na história da arte.
Na abordagem de Jaqueline J. Fernandes Vilas Boas em As lavadeiras de Santa Clara e Bicas dos Monteiros em Diamantina: sabão, pão e tradição encontramos a trajetória de uma importante pesquisa de campo que objetiva a descrição dos locais de trabalho das lavadeiras das referidas cidades mineiras enunciadas no título, além de sua vida cotidiana. Este trabalho demonstra os possíveis diálogos que os pesquisadores do campo da História podem estabelecer com a Antropologia.
Com o intuito de contribuir com o campo da História da Religião, o artigo intitulado A manifestação festiva de uma divindade africana em Salvador de autoria de Fernanda Reis dos Santos discute a prática da religiosidade afrobrasileira, em especial o caso de Salvador / Bahia, através do significado do ato de festejar. Este artigo contribui para pensarmos as práticas religiosas e seus significados do candomblé com recorte e abordagens originais.
A discussão de Jamille Oliveira Santos Bastos Cardoso em Circularidade cultural no espaço colonial: a Santidade de Jaguaripe e o processo de reinvenção identitária, ao reconstruir a história da Santidade de Jaquaripe, estuda a transculturação envolvendo relações entre etnias no cerne dessa religiosidade ameríndia. A investigação da autora investiu na tentativa de compreender os diferentes sujeitos históricos envolvidos no evento.
Como interessante contribuição para o entendimento de uma das instituições mais antigas no século XIX, o artigo de Wellington da Silva Medeiros, Concílio Vaticano I (1869-1870): centralização do catolicismo, demonstra como a Igreja Católica conseguiu se adaptar às transformações do século, mesmo mantendo antigas tradições.
No trabalho Contextualizando o Espaço: idéias e artifícios na construção da imagem de Nordeste (1920-1940), Rosana Alexandre Santos apresenta uma reflexão sobre o pensamento regionalista e os elementos da musicalidade de Luiz Gonzaga em meio ao cenário de construção de uma identidade nacional, além disso, discute de que forma esse pensamento e essa música foram de fundamental importância na construção de um imaginário a respeito da região Nordeste.
Em Escolha do itinerário terapêutico diante dos problemas de saúde: considerações socioantropológicas, de autoria de Nadson D. S. Júnior, George Gonçalves e Franklin Demétrio os leitores compreenderão o processo de construção do itinerário terapêutico de um paciente diante dos problemas em relação à saúde, passando pelo viés da relação que esse processo apresenta junto às representações da cultura desse indivíduo.
“Folhas Venenosas”: a reação católica à difusão de livros e bíblias protestantes na Bahia na década de 1860, de Leonardo Ferreira de Jesus, reconstrói a história de religiões que concorreram frente à Igreja Católica brasileira, mas a grandeza da pesquisa está na contribuição historiográfica do autor para entendermos os conflitos não apenas religiosos como igualmente políticos e culturais entre essas religiões na Bahia do século XIX.
Renan Falcheti Peixoto em Hesíodo e o Alfabeto Grego no Processo de Politização da Palavra Na Formação da Polis estuda a história da construção do caráter político da palavra no que tange à maneira como esta foi utilizada nos mecanismos de elaboração intelectual e sociabilidade na Grécia Antiga. A originalidade do tema e construção bem trabalhada e cuidadosa do presente artigo nos convida a uma leitura agradável e informativa.
Na análise de Estefanni Patrícia Santos Silva e Janaina Cardoso de Mello, Imágenes de La Shoá: história e expografia crítica no Museo Del Holocausto em Buenos Aires, as autoras trazem visão crítica sobre a expografia que compõe o Museo Del Holocausto na cidade de Buenos Aires, Argentina. Assim, elas discutem as categorias que englobam a museografia e o contexto histórico do nazifascismo. Sem exageros, é uma forte contribuição na renovação dos modos de abordagem dos efeitos da Segunda Guerra Mundial e da ideologia nazista e fascista na vida e no cotidiano das pessoas.
No artigo O conto do vigário e outros contos: revoltas escravas no Espírito Santo dos oitocentos, Rodrigo da Silva Goularte capta interpretações sobre as tensões sociais e políticas que envolvia a independência do Brasil e as rebeliões escravas no Espírito Santo.
A discussão de Carlos Eduardo da Silva Moraes Cardozo em Ó Pátria Amada, Salve, Salve: reflexões sobre nação, identidade nacional e juventude brasileira, o autor reflete, teoricamente, a articulação entre o conceito de nação elaborado por Benedict Anderson e o fenômeno que abrange os jovens contemporâneos que é a reconfiguração e reteritorialização dos jovens no Brasil ao serem presentes nos espaços das redes sociais.
Mayara Amanda Januário, no texto Ofícios, Celibato e Identidade Clerical: o padre Francisco Lopes Lima, discute a possibilidade de uma identidade clerical focada no estudo de caso do padre Francisco Lopes Lima, este recebeu sentença da Inquisição tendo recebido como pena a interdição das suas atividades como clérigo. A autora demonstra a partir de sua pesquisa a possível aplicabilidade dos métodos da “micro historia” para o caso específico.
Fechando a seção Dossiê Temático, o autor Guilherme Mascarenhas em Um Estudo Temático Comparativo Entre a Sacralidade do Infante Santo, D. Fernando, e o Messianismo de D. Sebastião demonstra como a diversidade de aspectos relacionados ao sebastianismo podem ter relação com o discurso de santidade do culto ao Infante Santo. É uma investida interessante do autor, que descortina um encadeamento de tradições e discursos que permaneciam no silêncio, e aqui eles são trazidos à tona.
Na seção História Na Sala de Aula, espaço dedicado a trabalhos que abordam as práticas de ensino envolvendo a disciplina de História nos ensino fundamental e médio, encontra-se a pesquisa de Cássia da Silva Dias, Joseane Pereira Souza e Iara Silva A Utilização de Programações Televisivas No Ensino de História: as representações de mulheres negras e indígenas no programa “Zorra Total” que discute como as mulheres de descendência africana e indígena são representadas nesse programa de humor da televisão no Brasil. Demonstrando que os programas televisivos não apenas se apresentam como bons recursos a serem usados na sala de aula, como evidenciam os tipos de conteúdos que jovens, crianças e adultos tem acesso em suas casas.
A seção Artigos Livres, dedicada a artigos que abordam diversas temáticas que não necessariamente precisem contemplar o dossiê temático, tem-se o artigo de Eliseu Santos Ferreira Silva, Criminalidade e Cotidiano No Município de Cachoeira e Seus Termos (1890-1893) que objetiva levantar casos relacionados à criminalidade na cidade de Cachoeira para ter uma compreensão dos significados e experiências dos crimes e dos comportamentos dos indivíduos que os praticaram.
As contribuições dos autores para o entendimento de diversos períodos da história é uma realidade nesta edição. Espera-se que os trabalhos selecionados e publicados sejam estimuladores de discussões e produções de conhecimentos. Este é um dos ideais em que a Revista Eletrônica Discente História.com se ancora, seguindo o ideal acadêmico de que ela deve servir não apenas para a divulgação de trabalhos, mas como meio de disseminação e apropriação de conhecimentos, além de ser um canal de diálogo entre os estudiosos do país.
Equipe Editorial
Adalton Passos Barbosa
Antonio Cleber da Conceição Lemos
Elder Luan dos Santos Silva
Elias dos Santos Conceição
Geferson Santana de Jesus
Iansmin de Oliveira
Gonçalves João Paulo Pinto do Carmo
BARBOSA, Adalton Passos; LEMOS, Antonio Cleber da Conceição; et al. Apresentação. História.com. Cachoeira, v.1, n.1, 2013. Acessar publicação original [DR]