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An Empire of Print: The New York Publishing Trade in the Early American Republic – SMITH (THT)
SMITH, Steven Carl. An Empire of Print: The New York Publishing Trade in the Early American Republic. University Park, PA: The Pennsylvania State University Press, 2017. 264p. Resenha de: ARENDT, Emily J. The History Teacher, v.52, n.4, p.727-728, ago., 2019.
New York City has long been considered the center of the American publishing industry. Although scholars have examined the mid-nineteenth-century figures— titans like George Palmer Putnam and the Harper Brothers—who are often credited with establishing the Big Apple’s preeminence in the book trade, Steven Carl Smith offers a rewarding glimpse into the lesser-known figures who preceded them and laid the crucial groundwork for print culture to flourish in the United States. Tracing the rise of New York’s publishing industry from the 1780s through the 1820s, Smith demonstrates how those involved in the book trade (printers, publishers, and booksellers) built local, regional, and national networks that allowed them to supply domestically manufactured books to a “population that had an insatiable appetite for knowledge” (p. 5).
Smith accomplishes this task through five extraordinarily well-researched case studies, most of which are organized around a key figure in the industry. The first looks at Samuel Loudon, an on-again, off-again state printer, to illustrate how printers helped rebuild political communication networks following the Revolution. Next, Smith uses William Gordon’s history of the American Revolution and its roundabout path to publication in the United States to argue that the domestic publishing industry played a vital role in the project of nation building. His next chapter reveals the power of printers to divide rather than unite Americans by exploring the bookshop politics of John Ward Fenno, a devoted Federalist who challenged Republican competitors and reflected the growing partisan spirit gripping the country by the late 1700s. The next case study focuses on the literary fairs that proved pivotal in crafting the trade into a movement for national self-sufficiency, as printers and publishers convinced booksellers and consumers to buy American-made rather than imported texts. The final chapter surveys the emergence of a national book trade as exemplified in the work of Evert Duyckinck, an enterprising capitalist involved in the sale and distribution of texts—especially cheap schoolbooks—that he solicited based on a keen understanding of what American readers wanted and needed. These examples demonstrate the key role played by early printers, publishers, and merchants in making New York’s publishing trade nationally significant.
Although An Empire of Print primarily offers an in-depth look at some major players in the emergence of a domestic publishing industry, Smith also provides a useful contribution to bigger debates over the rise of the market economy and the creation of a national print culture that connected Americans together through the act of reading. Indeed, he very successfully shows that the distribution networks built by men like Fenno and Duyckinck helped shape a national market for printed works well before 1830. Although it is intuitive that the creation of a national print market would entail the emergence of an “imagined community” of diverse readers, further examination of reception alongside distribution is warranted. In all, however, Smith’s impressive use of newspapers, personal correspondence, estate inventories, account books, and other financial records offers ample evidence to support his contentions.
While this monograph will prove essential reading to scholars interested in the history of the book in early America, it is probably not appropriate reading for most students at the secondary level or in college survey courses. I can imagine, however, that motivated educators would find much of interest and use in preparing lessons on the early republic. In particular, the chapters on print and ideology could be used as background for really excellent lessons incorporating primary sources into the classroom. For instance, Gordon’s History of the Rise, Progress, and Establishment, of the Independence of the United States, the topic of Chapter 2, is readily available in digitized forms and could be excerpted for students to explore how printers in the late 1700s “helped shape the new nation’s understanding of its history and its possibilities for the future by creating a national reading public attentive to its recent past” (p. 46). The third chapter on Federalist John Ward Fenno could likewise provide inspiration for educators interested in helping students explore the rancorous partisan print culture of the 1790s so readily apparent in periodicals from the time. Well-written and meticulously researched, this volume offers an important look at how New York’s publishing industry helped shape the social, economic, and political life of the early republic.
Emily J. Arendt – Montana State University Billings.
[IF]Os mineiros da floresta: modernização, sociabilidade e a formação do caboclo-operário no início da mineração industrial amazônica | Alberto Paz
Da esquerda para direita: Robert Slenes e Adalberto Paz | Foto: Acervo de Adalberto Paz |
Praticante da história social, o professor da Universidade Federal do Amapá (Unifap) Adalberto Paz publicou em 2014 o seu primeiro livro, resultado de sua dissertação de mestrado defendida no Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2011. Nesta obra, o autor enfoca o primeiro projeto industrial de exploração mineral na Amazônia, implantado no então Território Federal do Amapá (localizado no norte do Brasil), na década de 1940, pela Indústria e Comércio de Minérios S.A. (Icomi), que se associou à norte-americana Bethlehem Steel Company.
Atento a uma sociedade onde predominavam formas tradicionais de trabalho, Adalberto analisa o impacto que o sistema de produção icomiano gerou no cotidiano das pessoas que viviam no Amapá. O autor também buscou entender de quais formas o caboclo da região, acostumado a produzir para sua subsistência, no ritmo do ciclo da natureza, reagiu ao trabalho formal e hierarquizado, bem como às regras impostas pela empresa. Para tanto, o historiador utilizou-se de variadas fontes, como: relatos orais de ex-trabalhadores da Icomi, livros de memórias, artigos de jornais vinculados ao governo territorial, documentos oficiais como relatórios de estado e da empresa, até processos judiciais, encontrados no arquivo do Tribunal de Justiça do Estado do Amapá.
O trabalho com processos judiciais é algo recente na historiografia amapaense, mas que vem atraindo mais e mais pesquisadores interessados nos conflitos sociais, como Sidney Lobato, que, em tese defendida na Universidade de São Paulo (USP), buscou analisar as táticas de sobrevivência usadas pelos trabalhadores urbanos em Macapá, entre 1944 e 1964, diante das inseguranças cotidianas por eles vivenciadas.[1] Todavia, no âmbito nacional, há já algumas décadas que os autos da justiça vêm sendo explorados por pesquisadores. Como exemplo, podemos destacar Maria Sylvia, que defendeu, no ano de 1964, a tese Homens livres na ordem escravocrata também na Universidade de São Paulo[2], período de grande desconfiança quanto ao uso desses documentos pelo historiador.
Na década de 1980, Sidney Chalhoub, a partir de Trabalho, lar e botequim[3], travou calorosos debates sobre as potencialidades e limitações dos processos-crimes, pois, ainda existia um forte ceticismo no que tange ao potencial dessas fontes. Contudo, nos últimos 30 anos, seu uso tornou-se bastante recorrente. Os autos criminais e cíveis possibilitam ao pesquisador preocupado com os conflitos sociais conhecer o cotidiano dos trabalhadores e as diferentes atividades destes fora do ambiente de trabalho, tendo como base as narrativas das contendas judiciais. Tais documentos passaram a ser um importante caminho para historiadores que adotam a perspectiva de baixo, um meio de dar maior visibilidade às experiências das classes subalternas.
A obra está dividida em três capítulos. No primeiro, o autor analisa as características da sociedade amapaense na década de 1940, bem como, as transformações ocorridas a partir do momento em que o Amapá se tornou Território Federal, desmembrando-se do estado do Pará, o que acarretou muitas mudanças sociais, econômicas e políticas. Nesta década, no centro deste território, foi encontrada uma grande jazida manganês de alto valor. O segundo capítulo focaliza o cotidiano do trabalhador na década de 1950, momento em que estava sendo instalada a infraestrutura do projeto Icomi. No seu último capítulo, Adalberto Paz, aborda a experiência dos operários dentro de uma cidade construída pela mineradora (company town), no interior da selva amazônica, e as relações desse operariado com o governo territorial – capítulo que também versou sobre as primeiras organizações sindicais na região.
Após a criação do Território Federal do Amapá e a nomeação de Janary Gentil Nunes para governar a região houve uma forte tentativa de modernizar a sociedade territorial. Para tanto, um dos caminhos, na visão dos governantes, seria o investimento em pesquisa que ensejasse o aproveitamento em larga escala das riquezas minerais do referido espaço amazônico. Assim, tendo como fonte artigos do jornal Amapá, Adalberto Paz afirma que Janany ofereceu um prêmio para quem levasse a ele provas concretas da existência de minérios no Amapá. Um regatão da região, Mario Cruz, sabendo da premiação, levou uma pedra de manganês ao governador. Paz afirma que a expedição de Mário ocorrera antes da divulgação da premiação que ficaria conhecida como o marco inicial da exploração mineral no Amapá.
O manganês encontrado era de alto teor e excepcional valor comercial, superior a muitas jazidas conhecidas naquela época. A partir disso, criou-se o mito em torno da viagem do aventureiro, o que passou a ser largamente divulgado e propagandeado por Janary Nunes, que se apresentava como o grande incentivador do aproveitamento das riquezas locais. A expedição de Cruz foi divulgada pelo jornal Amapá e pela Rádio Difusora, veículos ligados ao governo territorial.
Janary de várias maneiras buscava uma aproximação com o trabalhador da região. Este que estava acostumado com a extração da castanha, com os seringais e com os veios de ouro, mundos do trabalho muito diferentes do novo sistema produtivo que a Icomi implantou. Os discursos do governador eram elaborados cuidadosamente. Neles, Nunes buscava a valorização do elemento humano local, o caboclo, imagem-síntese do trabalhador amapaense. Com isso o governador clara e intencionalmente se aproximava do discurso trabalhista do presidente Getúlio Vargas, no mesmo período.
Quais seriam, então, as características desse trabalhador que habitava a região nos anos 1940? Adalberto Paz responde tal pergunta no primeiro capítulo. O autor buscou então compreender e identificar quem era esse trabalhador antes de tornar-se mineiro/operário. Para isso, consultou pesquisadores que tinham passado pela região. Assim, Paz percebeu que dois grandes segmentos extrativistas existiam na Guiana Brasileira, na década de 1940, “o vegetal, com a coleta da castanha-do-Pará e o da borracha; e o mineral, com a garimpagem do ouro” (PAZ, 2014, p.37). Cada atividade exigia um conhecimento específico, porém, muitos trabalhadores desenvolviam mais de uma durante o ano.
Por meio dos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge), o historiador trouxe para seu trabalho detalhes dessas atividades. Segundo Antônio Teixeira Guerra, um dos pesquisadores citados por Paz, muitos seringueiros também eram castanheiros, o que era comum, pois, no período das chuvas “entre os meses de janeiro e abril – os trabalhadores apanhavam as castanhas nos médios e altos cursos dos rios e na estiagem – entre os meses de setembro e dezembro – dedicavam-se a extração do látex das seringueiras nos baixos cursos” (PAZ, 2014, p. 39). Importa salientar que os produtos eram negociados por meio do sistema de aviamento.
O sistema de coletas era uma atividade tradicional nesse espaço, e a possibilidade de dinamizar o mercado interno era vista com desconfiança pelo caboclo. Segundo o autor, alguns pesquisadores acreditavam que a falta de experiência, o emprego de métodos inadequados levaram os caboclos a tentativas mal sucedidas na agricultura, pois tais trabalhadores estavam acostumados a obter o seu sustento através do extrativismo.
Outro ponto que merece destaque no estudo de Adalberto Paz é a crescente presença de migrantes egressos do Norte e Nordeste, a maioria dos trabalhadores não especializados que rumaram para a região para compor a mão de obra proletarizada. Estes que eram formados por categorias de trabalhadores que já existiam em diversas regiões do país. Porém, afirma o autor, nas primeiras atividades da empresa Icomi na região (pesquisas e prospecções), os trabalhadores braçais eram originários de diferentes grupos de extrativistas, antes dispersos no interior do Amapá, nas ilhas do estado do Pará e nas cidades amapaenses interioranas. Importa ressaltar que muitos trabalhadores viram na instalação do empreendimento industrial a possibilidade de se desvencilharem das antigas práticas extrativistas, que demandavam muito trabalho e que amiúde geravam ganhos irrisórios.
No segundo capítulo, Adalberto Paz, traz os processos judiciais como principais fontes de análise, documentos que hoje são encontrados no arquivo do Fórum do Tribunal de Justiça de Macapá. Por meio de autos trabalhistas e criminais, o autor chega ao cotidiano dos trabalhadores amapaenses durante a década de 1950. Momentos de lazer, sociabilidades, e conflitos fora do ambiente fabril foram identificados. Certamente um dos principais méritos do autor nesta obra.
Muitas vezes, tendo como espaço de sociabilidade os bares da antiga Doca da Fortaleza, que se localizava no espaço que hoje é o centro comercial de Macapá, bem próximo das modernas construções que estavam sendo erguidas pelo projeto “civilizador” do governo territorial, após a expulsão das pessoas que ocupavam tradicionalmente aquele espaço. A Doca era bastante visitada pelos trabalhadores amapaenses. Muitos operários, quando recebiam os salários da mineradora Icomi, tinham esta área de lazer como destino imediato.
Contudo, o grande fluxo migratório, gerado, principalmente pela oferta de emprego na região, deu destaque a outros ambientes de lazer como: o Porto de Santana, Porto Platon e Terezinha. O usufruto da prostituição era um dos lazeres mais procurados. Paz consegue identificar as minúcias dos conflitos nessas localidades e peculiaridades das pessoas que ocupavam esses lugares por meio dos inquéritos judiciais. Casos amorosos envolvendo mineiros e meretrizes, brigas entre trabalhadores de diferentes regiões, acertos de contas travados nas festas e boemias noturnas.
Não obstante, ao analisar artigos do jornal Amapá, o autor afirma que na nova sociedade que o governo territorial pretendia fundar não havia espaço para criminosos, pessoas vingativas. Criou-se a ideia de reformulação social e moral. Mostrava-se para os trabalhadores que eles não mais estavam vivendo em um período de desamparo e exploração desordenada, mas que era necessário mudar os hábitos. Para isso, buscava-se educar as novas gerações. Tais mudanças estavam em consonância com os objetivos da mineradora Icomi. O estilo de vida boêmio de vários trabalhadores chamava a atenção da companhia, fazendo com que esta buscasse meios para cultivar comportamentos moralmente regulados, principalmente na segunda fase do empreendimento.
Ainda analisando os documentos judiciais, o autor identificou alguns conflitos trabalhistas que envolviam trabalhadores e seus patrões. Eram desentendimentos envolvendo questões hierárquicas. Empregados que, ao reclamar melhores condições de trabalho aos seus superiores, acabavam sendo demitidos por justa causa. Assim, os processos trabalhistas possibilitaram ao pesquisador apreender detalhes desses conflitos e problemas de relacionamento nos espaços da empresa, além das origens da mão de obra, condições de trabalho e o relacionamento dos operários com a mineradora. O pesquisador, também, destaca em seu livro a presença de vários processos sem conclusão, o que deixa entrever certa fragilidade do poder judiciário local. Afirma o historiador que era recorrente a demora no encaminhamento dos processos, a perda de prazos, o que inviabilizava o estabelecimento de sentenças.
Interessante observar na narrativa de Adalberto, que ele faz uma desconstrução dos discursos oficiais propalados, incansavelmente, pela Icomi, onde estes tratavam dos êxitos na execução dos projetos e os progressos proporcionados pela empresa a uma “região selvagem”. Porém, através de inquéritos policiais, chegou-se aos acidentes de trabalho, mortes e sofrimentos que a narrativa oficial intencionalmente não mencionara. E acrescenta o autor, “se nos detivéssemos apenas naquilo que a companhia produziu sobre si mesma e naquilo que o governo territorial dizia que ela representava, não iriamos muito além do otimismo ingênuo” (PAZ, p. 149). De fato, as análises dos documentos judiciais romperam esse silencio.
Na última parte de seu trabalho, o autor trouxe como fontes os livros de memórias, biografias, documentos que foram produzidos pela mineradora Icomi e depoimentos de ex- trabalhadores para poder chegar às experiências e ao cotidiano do operariado dentro de uma das cidades construídas pela empresa, no interior da Amazônia, a company town de Serra do Navio, hoje sede de um dos municípios do estado do Amapá. Neste espaço, ainda permanece a estrutura urbanística construída pela Icomi no início da década de 1960, tornando-se um lugar que abriga lembranças desse passado recente, um lugar de memória.
Importa salientar que a empresa construiu dois núcleos habitacionais para os trabalhadores no Território Federal do Amapá e que, apesar de os documentos e estudos denomina-las de vilas operarias, Adalberto afirma que foram autênticas companies towns, uma chamada de Serra do Navio e outra, edificada nas proximidades do Porto de Santana, denominada Vila Amazonas. Ambas começaram a ser construídas após a empresa ter assegurado a infraestrutura necessária para escoar o minério. Para o autor essas construções tinham como função “‘ajustar’ e normatizar a imensa maioria dos trabalhadores locais não especializados dentro dos padrões de produtividade e ritmos de trabalho da moderna economia capitalista industrial” (PAZ, 2014, p. 167). Buscando forjar comportamentos baseados em um modelo de família estável.
Ambas foram um recurso de controle do proletariado pela Icomi. Todavia, ao contrário do pensamento de muitos pesquisadores, Paz percebe que o trabalhador de Serra do Navio, enxergava o controle a que estava sendo submetido, pois, apesar de todas as estratégias de normatização da empresa, os operários eram capazes de criar estratégias de subversão através dos próprios instrumentos de controle de sua vida social.
No entanto, a tentativa de controle dos trabalhadores acontecia de variadas formas. O que é observado pelo autor através das entrevistas de pessoas que viveram nos núcleos operários, onde cartilhas com as orientações eram distribuídas. Adalberto destaca que a Icomi realizava inspeções sem avisar previamente os moradores das vilas primárias e intermediárias de Serra do Navio. Caso a avaliação fosse negativa, os operários eram particularmente repreendidos. Vários limites e regras de condutas eram impostos. Todavia, o autor verifica nas entrevistas que ainda era possível driblar a fiscalização.
Muito já foi escrito sobre a presença da mineradora Icomi no estado do Amapá. O que ratifica a importância e influência econômica, política e social que teve tal empreendimento na região, fazendo parte da história de muitos amapaenses e sendo o primeiro dessa magnitude a buscar a extração de minérios na Amazônia. Há muitos documentos a serem carreados para a pesquisa da história social do trabalho no Amapá. No atinente aos trabalhadores da Icomi ainda há muito a ser estudado, como, por exemplo, as questões relativas à saúde do trabalhador, que podem ser analisadas por meio de prontuários médicos dos operários que se encontram presentes no arquivo da empresa no município de Santana, e do jornal a Voz Católica. Certamente a leitura atenta de tais documentos pode trazer grandes contribuições para estudos das experiências do trabalhador amazônico.
Notas
1. Ver: LOBATO, Sidney. A cidade dos trabalhadores: insegurança estrutural e táticas de sobrevivência em Macapá (1944-1964). Tese de Doutorado em História Social defendida na USP, 2013.
2. Ver: FRANCO, Maria Sylvia de Carvalho. Homens livres na ordem escravocrata. 4ª ed. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1997.
3. Ver: CHALHOUB, Sidney. Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro da belle époque. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2001.
Danilo Mateus da Silva Pacheco – Pesquisador do Laboratório de Estudos da História Social do Trabalho na Amazônia (Cnpq/Unifap). Professor da rede estadual de ensino no Amapá (Sead-AP). Especialista em História e Historiografia da Amazônia (Unifap). É mestrando no Mestrado Profissional em Ensino de História (Profhistória/Unifap), e bolsista da Capes.
PAZ, Adalberto. Os mineiros da floresta: modernização, sociabilidade e a formação do caboclo-operário no início da mineração industrial amazônica. Belém: Paka-Tatu, 2014. Resenha de: PACHECO, Danilo Mateus da Silva. O trabalhador amazônico e o novo sistema de produção industrial. Revista Tempo Amazônico, Macapá, v.3, n.1, p.200-206, jul./dez., 2015. [IF]
Microcrédito: O Mistério Nordestino e o Grameen Brasileiro
O livro Microcrédito: O Mistério Nordestino e o Grameen Brasileiro fornece a melhor visão da indústria microcréditícia brasileira e de seu futuro do que a maioria do que foi escrito sobre o assunto. De forma interessante, a análise não discute o microcrédito brasileiro de uma perspectiva global, mas enfocando desde o ponto de vista quase exclusivamente institucional e sobre uma instituição em particular: o CrediAMIGO do Banco do Nordeste.
O livro demarca claramente os desafios enfrentados pelos praticantes de microcrédito no Brasil, dando ênfase particular à diversidade demográfica da maioria dos clientes potenciais e à informalidade dos seus negócios. Porém, também propõe soluções a esses problemas oferecendo uma visão duma indústria microcreditícia baseada numa forte presença estatal. E, no pano de fundo, é bem perceptível a mão de Marcelo Neri. Organizador e autor principal do livro, ele é seguramente um dos economistas mais importantes do Brasil. Formado em Economia e com mestrado pela PUC do Rio de Janeiro e doutorado pela Princeton University nos Estados Unidos, suas áreas de trabalho principais são o bem-estar social, o trabalho, e a micro-econometria. Leia Mais
Condição Feminina – Condição Operária, um estudo de caso sobre operárias têxteis – NEVES (VH)
NEVES, Magda Maria Bello. Condição Feminina – Condição Operária, um estudo de caso sobre operárias têxteis. Tese de Mestrado. DCP/UFMG. Resenha de: DELGADO, Lucília de Almeida Neves. Varia História, Belo Horizonte, v.2, n.2, p. 139-143, jun., 1986.
A mulher, as condições de trabalho da mulher, a dupla jornada de trabalho, a mulher dona de casa, a mulher mãe, a mulher profissional, a mulher operária, as condições especiais nas quais a mulher é contratada, são vários dos muitos aspectos através dos quais a questão feminina tem sido tratada. A literatura que trata do tema expande-se a um ritmo cada vez mais crescente. São depoimentos individuais de vida, são romances, são teses acadêmicas, são poesias, são artigos de revistas e jornais. especializados ou não. E um fenômeno mundial. A mulher adquiriu um estatuto novo e um’ reconhecimento diferenciado que cada dia se torna mais evidente. O trato â questão feminina S · e amplia e ultrapassa o mundo dos impressos. Os meios de comunicação audio-visual passam a apresentar programações inteiras e diárias que tratam com exclusividade da questão feminina. Tanto nos meios de comunicação impressos ·como nos audio-visuais o tratamento do tema adquire uma característica inovada. Questões sexuais, relacionamento afetivo, relação com os filhos, maternidade. controle de natalidade, profissão, tarefas domésticas, moda … são temas tratados permanentemente pela imprensa falada. televisada e escrita. Outro tipo de publicação que proliferou nos últimos tempos é a imprensa feminista. De alcance e público mais restrito este tipo de publicação tem tido importância vital, como elemento de vanguarda no novo tratamento que a questão feminina exige.
Nesta leva tão ampla de publicações sobre o tema “mulher”, dentre os vários livros acadêmicas publicados e as várias teses defendidas nas universidades surgem alguns trabalhos que contribuem sem dúvida para’ ampliação e aprofundamento da literatura especializada. Este é o caso da tese de Mestrado em Ciência Política defendida por Magda Maria Belfo Neves na UFMG em 1983. Sob o título “condição Feminina -Condição Operária, um estudo de caso sobre operárias texteis”, a autora aborda de forma simples, mas com densidade as questões mais pungentes que compõem o cotodiano das operárias tecelãs. O texto é de uma leveza não comum às pesadas teses acadêmicas normalmente escritas nas universidades. Mesclado de depoimentos das operárias, de citações bibliográficas e de ligeiras análises teóricas a leitura se faz solta sem dificuldades. O caráter descritivo do trabalho facilita seu acesso a um público não universitário, sendo inclusive possível a sua leitura pelas próprias protagonistas da pesquisa, as operárias tecelãs.
Devido a essa facilidade de compreensão do texto, cremos que um objetivo fundamental da Universidade vem a ser atendido pelo trabalho de Magda, ou seja. a produção não só para o público vinculado ao mundo acadêmico, mas também e especificamente para a comunidade na qual a Universidade está inserida.
A ESTRUTURA DO TRABALHO
O texto da tese se divide em uma introdução, quatro capítulos e uma conclusão. No que se refere à reflexões teóricas, a introdução é a parte mais rica desta tese. Aliás, o forte do trabalho não é a parte teórica, sua riqueza e importância maior estão na exaustiva pesquisa empírica levada a cabo pela autora. Ela própria assim define seu trabalho:
” … este trabalho é um estudo monográfico, um estudo de caso, que não têm pretensões de generalizações teóricas, mas sim, de descrever e analisar as condições materiais e cotidianas de um grupo de mulheres, trabalhando numa fábrica de fiação e tecelagem. Enfim, de como se dá a subordinação da mulher operária trabalhando no processo de produção capitalista, o que existe de específico neste processo em relação a mulher”.
As questões teóricas da introdução sustentam-se basicamente em textos de Karl Marx, Taylor, Robert Linhart e Claude Durand(1). Com base na análise e discussão dos conceitos teóricos destes autores Magda redige o pano de fundo sobre o qual se assenta o objeto maior de sua pesquisa, ou seja, analisar a inserção da mulher no processo de trabalho na indústria de fiação e tecelagem. Realizando uma discussão detalhada da conceituação do processo de trabalho, a autora acaba por concluir que além da rotina normal do trabalho operário que oprime indiscriminadamente a homens e mulheres, as condições de trabalho da mulher, são especialmente mais dolorosas, já que, uma série de outros fatores contribuem ainda mais para caracterizar, para elas, uma situação de submissão duplicada. São fatores de ordem política e cultural, que preponderam na sociedade e que são habilmente usados, de forma particular pela fábrica, para seleção, controle e rendimento da força de trabalho feminina ali empregada. Tendo como referência estas reflexões preliminares a autora define o objetivo de seu trabalho da seguinte maneira:
“o objetivo deste trabalho é analisar como se dá nas indústrias de fiação e tecelagem a inserção da mulher no processo de trabalho e. quais os fatores políticos e culturais articulados pela fábrica para subordinar a mulher à divisão sexual do trabalho. Além disto, nos interessa compreender como as mulheres enfrentam essa imposição e esse controle no cotidiano da fábrica”.
Além disso. ultrapassando o mundo do trabalho enquanto puro mecanismo de produção, a autora se propõe, segundo a citação acima, a compreender a reação da mulher frente às condições de trabalho e de vida que lhe são impostas. Se a reação é de passividade e aceitação, se de revolta, ou são impostas. Se a reação é de passividade e aceitação, se de revolta, ou de crítica. Procura também identificar as maneiras através das quais estas reações se expressam.
Para melhor atender aos objetivos propostos por seu trabalho, Magda percorreu uma longa trajetória de pesquisa empírica dentro e fora da fábrica. Uma trajetória na coleta de dados que ultrapassou os limites da academia e penetrou nas emoções das protagonistas de tão importante estudo de caso. Partindo de contatos extra fábrica e usando a fundo a sua sensibilidade e identificação feminina com as operárias entrevistadas, Magda conseguiu conquistar não só a sua confiança, mas também penetrar no cotidiano de suas vidas e melhor compreender, a partir daí, suas dificuldades, anseios, aspirações, alegrias e tristezas O maior mérito do trabalho é exatamente este, sem perder seu caratér sociológico e político, transforma-se por este mesmo caratér adicionado à emoção presente em cada depoimento das operárias num testemunho cheio de vida da dura realidade ,que é o cotidiano da mulher operária tecelã de uma indústria de fiação e tecelagem de Belo Horizonte.
Desenvolvendo um eficaz trabalho de rompimento da dissimulação característica de postura operária em relação ao mundo intelectual, Magda conseguiu que as mulheres falassem livremente de sua experiência de vida e do seu cotidiano. Para tal freqüentou suas casas, e participou de seu cotidiano extra-fábrica. Só depois de vencida esta fase é que a pesquisadora entrou na fábrica, e aí já tendo conquistado na etapa anterior das operárias tecelãs passou a fazer entrevistas no próprio local de trabalho. Tomando como modelo a Enquete Operária de Marx de 1880 a autora entrevistou vinte operárias e dez técnicas administrativas.
No contato extra-fábrica a autora teve a oportunidade de penetrar no uni· verso operário mais amplo, podendo observar e conviver com aspectos como: condições de moradia, de transportes, hábitos de lazer, trabalho doméstico .. , durante três meses utilizou o mesmo transporte coletivo usado pelas tecelãs, percorreu o percurso por elas percorrido na ida e volta para o trabalho, conversou com elas e com seus familiares visitando suas casas inúmeras vezes. Este contato, segundo a própria autora, revestiu-se de um caratér especial marcado inicialmente por um choque ~entre a concepção acadêmica da maior parte da intelectualidade de que o científico se busca em verdades exatas, e as contradições inerentes à vida das tecelãs, contradições estas que ultrapassam em sentimentos e emoções os conceitos dos textos teóricos e manuais acadêmicos.
Neutralizado o choque inicial de dois mundos tão diversos superou-se a primeira etapa da pesquisa e o trabalho no interior da fábrica pôde ser desenvolvido com maior facilidade. A conquista da confiança das operárias já havia sido conseguida, só restava à pesquisadora adaptar-se às condições imperantes no local de trabalho e assim dar início a uma segunda série de entrevistas. A própria autora afirma que as dificuldades de adaptação à fábrica foram inúmeras e o incômodo provocado pelo calor, poeira e barulho, foi seu companheiro permanente durante todo o tempo em que permaneceu no interior da empresa aplicando questionários.
Aplicados os questionários deu por concluída a fase de pesquisa empírica e iniciou então a etapa da redação do texto. Uma: etapa na qual com especial sensibilidade conseguiu compor com rara perfeição um retrato real e completo da vida das operárias tecelãs.
Cinco capítulos alem da Introdução e da Conclusão, compõem o caminho percorrido para a formação de um interessante painel sobre o trabalho e vida das tecelãs da indústria de Fiação e Tecelagem ., A” de Belo Horizonte: São eles : Desenvolvimento Tecnológico e Presença Feminina na Indústria Textil; Divisão Social e Sexual do Trabalho na Fábrica; Processo de Trabalho e Produção; Condição de Trabalho e Saúde do Trabalhador; Politica Salarial e Dupla Jornada de trabalho.
Percorrendo uma vasta bibliografia sobre a presença feminina nas indústrias de fiação e tecelagem{2), Magda utilizou ao máximo os avanços teóricos e conceituais alcançados por estes textos, mas além disso deu um salto de qualidade e desvendou a fundo a condição feminina no trabalho e na vida das operárias tecelãs da indústria ”A”.
Relacionando processo de trabalho com trabalho feminino, e também analisando o grau de desenvolvimento tecnológico alcançado pela empresa nos ·últimos 20 anos, Magda chega a três conclusões: A fábrica não passou por modificações tecnológicas de peso nos últimos 20 anos; a maior parte da força de trabalho ali empregada é composta por pessoas do sexo feminino (de 1300 operários 670 são mulheres); a mão-de-obra feminina é empregada nos trabalhos menos qualificados e de menor remuneração. A justificativa para o emprego desse elevado número de mulheres na fábrica e também para a sua baixa remuneração é bem expressa petas seguintes palavras de um supervisor reproduzidas no texto da Magda: ” … a mulher aceita receber salários baixo, seu salário é de complementação, é uma “ajuda” em casa e, por outro lado, ela está ali esperando para casar, é um emprego provisório, por isso ela aceita mais e reivindica menos;’. É portanto fundamental numa empresa deste tipo o controle dos salários em um nível mais baixo e a certeza de que as reivindicações serão quase inexistentes.
A política desenvolvida pela empresa de se prevenir ao máximo movimentos reivindicatórios dentro da fábrica começa, de acordo com a análise desenvolvida pela autora, a ser colocada em prática já na seleção e contratação de pessoal. Os critérios para a contratação passam por uma rede de amizade e de família. Qualquer pessoa só pode ser contratada se for indicada por outra pessoa que já trabalhou na fábrica, e mais, a preferência de contratação recai sobre familiares dos operários da empresa. Esta estratégia de controle revela-se como sendo de uma eficácia extrema, os compromissos tornam-se pessoais e os contratados têm medo de romper a rede em algum ponto. Ninguém quer comprometer ninguém, perder o emprego ou indicar pessoas que possam comprometê-las negativamente na empresa.
No que diz respeito especificamente à contratação da mulher, a autora aponta mais uma questão que revela o quanto são fortes as artimanhas usadas para se levar as operárias a uma submissão cada vez maior. A estrutura do trabalho na empresa reproduz integralmente a estrutura do patriarcalismo que predomina na sociedade em geral. O Chefe, superior na hierarquia da fábrica, não abre mão de pressionar, com o uso do seu poder de chefia, as moças que ali trabalham. São pressões, na maioria das vezes, revestidas de características sexuais. A operária vê-se pressionada a submeter-se “à autoridade masculina” sob pena de perder o emprego.
Outra questão ressaltada com prioridade pela autora é a posição da mulher na estrutura hierarquica da fábrica. Baseado em argumentos de que mulher é dócil, meiga e paciente a elas são dados trabalhos especiais, normalmente localizados hierarquicamente abaixo daqueles destinados aos homens. Tal situação~ muito bem expressa no depoimento de uma tecelã citado no trabalho:
“… As mulheres na fábrica, apesar de trabalharem muitos anos, estão sempre assim em posição inferior. Mesmo aos homens mais novos, por exemplo, tem ocupado lugares de chefes, encarregados, etc. E a mulher está sempre permanecendo mais baixo. Eles não dão assim muito valor e oportunidade para a mulher”.
Outros aspectos do trabalho da mulher tecelã também são abordados com muita propriedade pela autora. Ela descreve em detalhes o treinamento das operárias, sua jornada de trabalho, suas funções, sua relação com a máquina, seu lazer, sua concepção de vida, suas esperanças. Além disso retrata exaustivamente todo o processo de produção desde a preparação dos fios, até o acabamento final do tecido. Um retrato inteiro da realidade sofrida das operárias, marcado pelo testemunho de fiandeiras, tecelãs e bobinistas.
Para compor melhor o quadro a autora dedica um capítulo inteiro de seu trabalho a analisar as condições de saúde e trabalho das tecelãs. Condições de trabalho cuja composição básica é o barulho, a poeira e o calor. Uma mescla de elementos que provoca nervosismo, alergia, constantes irritações e inflamações de garganta, tuberculose, sinusite, dor de cabeça, doenças na pele, palpitação, inchaço de perna e envelhecimento precoce. Os depoimentos das tecelãs colhidos pela pesquisadora, são pungentes e revelam senão uma situação de impotência das trabalhadoras diante das condições de trabalho que lhes são impostas pelo menos um misto de perplexidade e de revolta.
Além dessas condições aviltantes que as tecelãs enfrentam no seu dia a dia da empresa, condições. que as levam a um esgotamento crônico, outros fatores também contribuem para o seu envelhecimento precoce. Os salários· são baixos, e portanto insatisfatórios e insuficientes. O trabalho é duplo, quando finda a jornada de trabalho na fábrica a operária se vê obrigada a se envolver no trabalho doméstico. Inicia-se então, a jornada da lavação de roupa, preparo de ali· mentes, cuidado com os filhos. E a tecelã que tem filhos é a que mais se sacrifica. Optando pelo trabalho noturno, ela tem o dia (“livre”) para os afazeres domésticos. A luta dessa trabalhadora é incessante e continua. Seu fazer é praticamente inexistente e só lhe resta sonhar, sonhar aliás, por sua condição de mulher operária jamais alcançará.
A conclusão do trabalho é curta, e esta aliás tem sido, infelizmente a norma dos trabalhos acadêmicos. No entanto, apesar das poucas páginas a ela dedicada, a autora consegue sintetizar com bastante eficácia o que é a vida e o trabalho da tecelã da Indústria “A” de Minas Gerais. Uma vida e um trabalho onde o patriarcalismo se une ao capitalismo, para através da subordinação da mulher operária, alcançar lucros maiores para a empresa.
Notas
1 MARX, Karl – O Capital. Rio, Civilização Brasileira, s. d. (Livro 1).
2 A bibliografia usada compõe-se basicamente dos seguintes textos, dentre outros:
Referências
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CORIAT, Benjamin – d’ Atelier et Ie Chronométre. Paris, Christian Boujours editeur.
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CORIAT, Benjamin- Ciência, Técnica e Capital. Madrid, Blume, 1976.
RODRIGUES, Jessita Martins – A Mulher Operária – Um estudo sobre tecelãs. São Paulo. Hucitec, 1979.
ACECO, LIliana – La Muyer en el Processo de trabajo- una fábrica têxtil– ANPOCS. 1980.
PEREIRA. O coração da fábrica- Um estudo de casos entre operárias têxteis. Rio, Paz e Terra, 1981.
PENA, Maria Valéria Junho –Mulheres e trabalhadoras- Presença Feminina na Constituição do Sistema Fabril. Rio, Paz e Terra. 1981.
Lucília de Almeida Neves Delgado – Professora Adjunto do Departamento de História da FAACH/UFMG.
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