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Independências: 200 anos de história e historiografia/Acervo/2022
Em 2022 completaram-se 200 anos da(s) Independência(s) do Brasil. Datas marcantes costumam ser oportunidades instigantes para comemoração e reflexão. Afinal, transformam-se em uma oportunidade para revisitar temas e renovar olhares, interpretações e abordagens sobre eles. No caso dessa efeméride, foi o que aconteceu, dentro e fora da academia. Teses e dissertações, exposições, livros, sítios eletrônicos, seminários e simpósios, textos e um sem-número de artigos científicos foram produzidos ao longo deste ano (e ainda deverão continuar a ser publicados nos próximos), trazendo à tona antigas questões, mas fornecendo novos encaminhamentos e novas roupagens.
Comemorar o bicentenário da Independência não é somente voltar-se para o passado, mas é também refletir sobre os problemas apresentados pelo presente e sobre as expectativas com o futuro do país. Ao fim de 200 anos de emancipação, cabe perguntarmos que país é esse que foi construído e qual país desejamos daqui para frente. Leia Mais
As ciências e as independências do Brasil | Revista Brasileira de História da Ciência | 2022
Detalhe do cartaz do Seminário Internacional “Ciências, saúde, ambiente: independências do Brasil?” | Imagem: Agência FIOCRUZ de Notícias
No bicentenário da independência do Brasil, a Revista Brasileira de História da Ciência pretende contribuir com interpretações sobre as influências das ciências e da tecnologia nos processos de construção histórica do Brasil independente e de suas identidades nacionais através da publicação deste dossiê temático. Em processo de longa duração, delimitamos as interpretações sobre as “independências’’ do Brasil desde a reforma pombalina da Universidade de Coimbra e a fundação da Academia das Ciências de Lisboa, na década de 1770, até fins do Império brasileiro, quando algumas práticas e instituições científicas se fortaleceram.
A busca de novos sentidos sobre as ciências no Brasil encontra respaldo em recentes abordagens historiográficas. Antigos temas já muito explorados, como as viagens científicas, têm sido ressignificados nos últimos anos. Este é o caso da Viagem Filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira, que percorreu vasto território colonial entre Belém e Cuiabá de 1783 a 1792. Apesar do reconhecimento de historiadores desde o século XIX sobre a vasta produção de coleções e relatos, as práticas e o cotidiano da viagem foram negligenciados ou questionados por muito tempo devido à ausência de publicações dos resultados da viagem. A extrema valorização acadêmica sobre as publicações científicas se coaduna com uma dissociação anacrônica entre teoria e prática, o que teria levado à construção de um imaginário de uma ciência puramente utilitarista, e por isso, foi considerada de menor relevância em grande parte da historiografia que reforçou constantemente as ausências de atividade científica no período colonial e a situação de atraso em relação ao norte global. No artigo “Vidas e saberes em trânsito: os indígenas preparadores Cipriano de Souza e José da Silva e a Viagem Filosófica na Amazônia colonial portuguesa (1783-1798)”, Gabriela Berthou de Almeida traz novos significados sobre as práticas em viagem, especialmente através da atuação dos “práticos”, denominação concernente à participação dos indígenas na preparação de coleções. Leia Mais