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O Monge e o Executivo: Uma História sobre a Essência da Liderança – HUNTER (MB-P)
HUNTER, James C. O Monge e o Executivo: Uma História sobre a Essência da Liderança. Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2004. Resenha de: ALMEIDA, Carlos Roberto Heckert de. A Arte de Liderar Pessoas. Marinha do Brasil/Proleitura, 2016/2017.
Um dos maiores desafios do convívio em grupo, em lidar com pessoas, consubstancia-se na Arte de Liderar. Nesse contexto, o autor James C. Hunter, em sua obra “O Monge e o Executivo: Uma História sobre a Essência da Liderança” aborda, de maneira didática e ilustrativa, as várias maneiras de melhorar a capacidade de se exercer a liderança, destacando nuances que contribuem, inclusive, para o aprimoramento do convívio dos indivíduos uns com os outros.
O Autor narra a história de John Daily, homem bem sucedido na vida pessoal e nos negócios, mas que, com o decorrer do tempo, se torna nervoso, preocupado e egocêntrico, o que passa a gerar problemas no âmbito do seu trabalho e da sua família, com sua esposa e filhos. Após solicitação do pastor da sua igreja, e da própria esposa, decide frequentar um retiro espiritual de sete dias, cujo tema seria a essência da liderança e onde, inclusive, poderia encontrar Leonardo Hoffman, um renomado executivo, de grande sucesso no passado mas que há muito tinha optado pela reclusão.
Nessa jornada, John passa a cumprir horários, acordar cedo e a ter aulas todos os dias com mais cinco pessoas, de diversos setores da sociedade: Um pregador; um sargento do exército; uma diretora de escola pública; uma treinadora de time de basquete; e uma enfermeira. Nos encontros, as aulas são ministradas pelo irmão Simeão – nome dado a Leonardo Hoffman no mosteiro – que incentiva a discussão e compartilha seus conhecimentos e experiências adquiridas ao longo da sua vida profissional e de retiro.
A didática utilizada pelo autor se mostra muito dinâmica, à medida que atribuiu aos personagens, muito diferentes entre si, frases de efeito que facilitam a compreensão e o aprendizado. Logo na primeira reunião, são suscitadas pelos personagens as qualidades de um bom líder, sendo a liderança conceituada como “habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir os objetivos identificados como sendo para o bem comum”. Outro importante assunto abordado, que muito contribui para a compreensão da influência na liderança, é a diferença entre poder e autoridade, sendo o primeiro “a faculdade de forçar alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou força”, e o segundo a “habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa da sua influência pessoal”, sendo esta a mais ideal e duradoura, pois não pode ser comprada e diz respeito a quem se é como pessoa, ao respeito que se adquire.
Em seguida, os participantes do encontro são influenciados a repensar a maneira como tratam as pessoas, uma vez que os sentimentos de respeito devem ser demonstrados por meio de ações, tanto no trabalho, quanto na vida pessoal, até porque se deve ter em mente a importância de se tratar as outras pessoas da mesma maneira como se gostaria de ser tratado.
O Autor suscita, ainda, a necessidade de se identificar e mudar paradigmas, de repensar “verdades”, pois o progresso contínuo se mostra fundamental, tanto para pessoas como as organizações, uma vez que ficar preso a paradigmas ultrapassados pode nos deixar paralisados. Apesar de reconhecer a dificuldade das pessoas em aceitarem as mudanças, de citar velhos e novos paradigmas, o Autor não menciona mecanismos eficazes para a condução de tais alterações de comportamento, mas tão somente exemplos.
Em outro tópico, os participantes do retiro, mais uma vez sob a condução do irmão Simeão, são compelidos a refletir sobre a importância dos sentimentos nos relacionamentos e na liderança. Inicialmente, foi ventilado entre os personagens que, eventualmente, não se pode controlar o sentimento em relação a determinadas pessoas mas, mesmo assim, esses sentimentos não podem ter o condão de induzir a um tratamento desumano, descortês ou injusto. O amor, segundo o Autor, numa ligação direta com a liderança, manifesta-se por meio da paciência, bondade, humildade, respeito, generosidade, perdão, honestidade e confiança.
Assim, apesar de toda a magnitude e complexidade que permeia a relação entre as pessoas, o Autor, ao trazer à baila o tema liderança por meio de uma história, onde os personagens em seus diálogos utilizam, amplamente, citações de outros estudiosos, exemplos e parábolas, faz com que o tema seja abordado de forma clara e inteligível. O incentivo a se pensar as próprias verdades, a estar aberto a novos rumos, a introduzir bons sentimentos nas relações e se policiar com relação aos maus, faz com que a leitura se torne prazerosa e estimulante, com ensinamentos que fazem com que o leitor reflita sobre suas ações e comportamentos, tanto no trabalho como no convívio no lar e na sociedade.
Carlos Roberto Heckert de Almeida – CT (AA) Marinha do Brasil