Novas tecnologias e ensino de história | Revista Historiar | 2022

Detalhe de capa de Relacoes Etnico Raciais no Contexto Quilombola Curriculo Docencia e Tecnologia de Ana Carolina Mota da Costa Batista Apris 2020.
Detalhe de capa de Relações Étnico-Raciais no Contexto Quilombola Currículo, Docência e Tecnologia, de Ana Carolina Mota da Costa Batista (Apris, 2020).

A relação entre a História e a Internet não é algo tão novo quanto alguns podem supor. Na década de 1990, por exemplo, pesquisadores americanos já discutiam o uso da internet como fonte e ferramenta de pesquisa, como suporte de memórias e espaço de divulgação de trabalhos acadêmicos, e analisavam os impactos do uso dessas novas tecnologias nas noções de tempo e espaço. Desde então, começaram a surgir reflexões sobre a própria escrita da História, agora perpassada pela rede mundial de computadores.

Em 2001, Rolando Minutti, professor de História Moderna da Universidade de Florença, publicou um livro que iniciou um debate que se esboçava à época, destacando as dúvidas e expectativas dos historiadores em relação ao que se chamava de “revolução digital”. Estes debates seguiram na direção de analisar quais seriam os desdobramentos da Internet nos estudos de História (LUCCHESI, 2012). Leia Mais

História e Gênero | Revista Historiar | 2021

Jose Serapiao posa com orgulho ao lado dos filhos e netos nascidos e criados na zona Norte de Teresina bairro Poti Velho Foto Elias FontineleO Dia
José Serapião posa com orgulho ao lado dos filhos e netos nascidos e criados na zona Norte de Teresina (bairro Poti Velho) | Foto: Elias Fontinele/O Dia

[…] porque gênero é a lente de percepção através do qual, nós ensinamos os significados de macho/fêmea, masculino/feminino. Uma “análise se gênero” constitui nosso compromisso crítico com estes significados e nossa tentativa de revelar suas contradições e instabilidades [e] como [elas] se manifestam nas vidas daqueles que estudamos (SCOTT, 2012, p. 332).

A chamada pública para a composição do dossiê História e Gênero da Revista HISTORIAR teve como propósito principal reunir exemplos da diversidade e da potencialidade dos estudos que analisam as relações de gênero na ciência histórica. Dar a conhecer uma amplitude de temas, conceitos, categorias, diálogos teóricos e metodológicos, críticas e reflexões que envolvem essa juntura, segue sendo um esforço fundamental para reforçar a importância do gênero na compreensão das sociedades e na busca por justiça social no tempo presente; especialmente em um contexto em que o conceito é amplamente mobilizado em discursos políticos e sociais que visam inscrevê-lo e estigmatizá-lo como terminologia indesejável, negativa, perniciosa, tornando-o elemento central de estratégias de “pânico moral”. Leia Mais

SerTão Plural | Revista Historiar | 2021

“(…) como o sertão é grande”.

Guimarães Rosa

A categoria Sertão foi durante certo tempo uma das tendências interpretativas do Brasil – o Sertanismo, que se pretendia capaz de dar conta do que seriam as múltiplas realidades identitárias do país, de forma considerada mais realista, substituindo o lugar do índio pelo do sertanejo, ainda que mantendo basicamente um mesmo discurso de afirmação e busca por uma identidade romântica, costurando imaginação e tradição, especialmente na trama literária. Espaço tenso de debate e afirmação de contrastes – rural, urbano, civilizado, incivilizado, acossado ora pela tradição, ora pela modernidade, o sertão já sofreu o impacto do determinismo, do romantismo, do modernismo, do tradicionalismo. De todo modo, sua pujança excede suas (in)certas fronteiras e abre caminhos para reflexões quase sempre originais, mas também espinhosas. Talvez uma das mais percucientes dessas reflexões tenha sido a de Euclides da Cunha com Os Sertões. Desde então compreendemos que não há sertão, mas sertões. Leia Mais

Sujeitos, espaços e tempos históricos. Edição Especial: egressos do curso de História | Revista Historiar | 2020

Caros leitores da Revista Historiar apresentamos o número 23, de julho a dezembro de 2020, uma edição especial, diria até, celebrativa pela alegria de estarmos vivos e congratulando conquistas. Como as futuras gerações lerão o nosso tempo?

Aqui, no presente, percebemos como um ano de impacto mundial de saúde pública, pandemia causada pelo novo corona vírus (Covid 19), o que nos faz sentir os dramas de sua repercussão na vida cotidiana. “O dia em que a terra parou…”, como previu a música de Raul Seixas, em 1977. Leia Mais

Patrimônio e Sociedade: as várias faces de um debate | Revista Historiar | 2019

Liquidação

A casa foi vendida com todas as lembranças

todos os móveis todos os pesadelos

todos os pecados cometidos ou em via de cometer

a casa foi vendida com seu bater de portas

com seu vento encanado sua vista do mundo

seus imponderáveis

por vinte, vinte contos.

Carlos Drummond de Andrade. Boi Tempo.

A casa anunciada no poema de Carlos Drummond de Andrade lido acima, foi vendida por apenas vinte contos. A preço de liquidação. No entanto, algo muito sensível chama nossa atenção: nós não conseguimos dimensionar o tamanho da construção, no entanto, a grandeza da casa parece estar numa dimensão para além da pedra e cal. Porque a casa vendida está cheia de lembranças. Está cheia de móveis, mas também de pesadelos, de pecados do presente e do futuro. A casa não está vazia, certamente, da dimensão humana que a habitou um dia. A casa, pelo que entendemos da poesia, tem um peculiar bater de portas, causa de um vento encanado, mas também abre uma vista para o mundo, sendo, por isso mesma, parte invisível do imponderável de cada dia e de cada existência, e que nesse sentido não pode ser medida apenas pelo preço vendido. Leia Mais

História Política | Revista Historiar | 2018

A política tem sido um dos temas mais emergentes do nosso tempo. Talvez o assunto nunca tenha sido tratado com tanto desprezo, banalidade, descrença. Mas se “política é a presença enérgica de cada pessoa na vida comunitária,”[1] “o que política quer dizer, não é neutro ou indiferente. Por isso é objeto de luta.”[2] O papel do cientista nesse campo de disputas é jogar luz sobre os mecanismos de dominação política, descontruindo discursos que ganham materialidade na imprensa, na memória e na cultura política.

Os partidos políticos são os mais atingidos, já que de acordo com René Rémond, se existe um tema essencialmente político, é o dos partidos. Para ele, a relação com o político está na sua essência, cuja formulação pede de maneira quase mecânica, o epíteto político. Ele ressalta que os partidos são políticos porque têm como finalidade, e seus membros como motivação, chegar ao poder. O mesmo não se pode dizer do fenômeno eleitoral, que apesar de se identificar com a política, tem outras aplicações além das políticas, diz Rémond.[3] Leia Mais

130 Anos de Abolição | Revista Historiar | 2018

130 anos da abolição: da escravidão à invenção da liberdade

Brasil, ano de 1888. Às vésperas da Abolição, a escravidão era uma forma de trabalho que definhava. Havia aproximadamente 700 mil escravizados no país, cerca de 5% da população na época. Ainda que esse sistema de trabalho impulsionasse os setores econômicos mais dinâmicos – como o do café, do açúcar e da produção mercantil de alimentos –, o regime escravista entrava em colapso, progressivamente. Nesse contexto, os senhores continuavam apostando nessa modalidade de trabalho e viam a escravidão como a forma ideal de exploração da mão de obra, o parâmetro a partir do qual se acenavam as possibilidades de trabalho livre.

No entanto, a mobilização e campanha abolicionista, com suas conexões nacionais e internacionais; a ação ativista no teatro, no parlamento e no meio jornalístico; as lutas na Justiça pela conquista da liberdade, o apoio de diversos segmentos sociais, especialmente das camadas médias e de trabalhadores urbanos, a crescente resistência escrava, com as fugas e as revoltas dos cativos e a formação de quilombos delinearam o mosaico de fatores que levaram à abolição da escravidão, em 13 de maio de 1888. A historiografia reconhece há tempo, e a sociedade civil brasileira se sensibiliza cada vez mais, para o fato de que a extinção do cativeiro foi um marco importante na jornada emancipatória da população negra, mas não resolveu uma série de impasses, dilemas e assimetrias no campo dos direitos e da cidadania, sem contar que reconfigurou ou criou novas relações de dominação / subordinação. As desigualdades raciais continuam sendo um problema no século XXI. Leia Mais

Protagonismo indígena e ensino de História: identidades, ação política e território | Revista Historiar | 2017

O presente dossiê da Historiar tem como tema o protagonismo indígena e o ensino de História, trazendo ao público trabalhos inovadores e relevantes realizados por pesquisadoras e pesquisadores em diferentes locais institucionais e momentos de sua formação. O conjunto de artigos que agora publicamos representa a vitalidade e a complexidade da temática indígena no campo da História, que vem se renovando desde o início dos anos 2000 com o aumento de pesquisas de excelência desenvolvidas em diversas universidades do país. Esses trabalhos mais recentes têm apresentado o foco em debates interdisciplinares, prezando pelo diálogo com a Antropologia histórica e construindo análises sobre identidades coletivas, ações políticas dos indígenas motivados por necessidades e interesses próprios e reelaboração de territórios das antigas aldeias coloniais. Os artigos deste dossiê apontam para períodos e objetos que vêm ganhando visibilidade na área, tais como o ensino de História voltado para a temática indígena, a prática de governos provinciais a partir da legislação indigenista do início do século XIX e a participação política dos índios nos debates políticos do Oitocentos e na defesa de suas terras. Leia Mais

Escravidão, Abolição e Pós-Abolição | Revista Historiar | 2017

“Art. 3.º Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural ou agroindustrial, sob a dependência e subordinação deste e mediante salário ou remuneração de qualquer espécie”.

Projeto de Lei N. 6442/2016 de autoria do deputado federal Nilson Leitão (PSDB-MT)

Aproximando-se do marco de 130 anos da abolição da escravatura no Brasil, a se realizar em 2018, o tema que nunca deixou de figurar entre as principais problemáticas do universo acadêmico, volta à baila do modo mais cruel possível, o da permanência que se veste de trajes de retrocesso não só social, mas também político e institucional. A proposta de lei que busca reordenar as relações de trabalho no espaço rural, prevendo a possibilidade de remuneração em forma não salarial, abrindo espaço para converter fornecimento de alimentos e moradia enquanto contrapartida ao trabalho, assustadoramente remonta ao inglório tempo da escravatura no Brasil, o que nos leva à observação do quanto nosso pacto social ainda precisa ser fortalecido para que se atinja padrões mínimos de civilidade. Leia Mais

O Ensino de História | Revista Historiar | 2016

Nos últimos anos o Ensino de História tem cada vez mais se consolidado como um campo de estudos da História e como objeto de pesquisa dos historiadores, algo que nem sempre aconteceu. Até a década de 1960, o Ensino de História foi visto como uma área de formação e não como objeto de pesquisa, estabelecendo-se, assim, uma relação dicotômica que criou uma separação entre ensino e pesquisa, como se essas duas atividades não pusessem ser realizadas concomitantemente. O surgimento das pós-graduações em História no Brasil a partir dos anos 1970 acentuou essa separação na medida em que passaram a atribuir às pós-graduações em Educação a tarefa de pensar o ensino e a aprendizagem em História.

Somente no final da década de 1970 é possível perceber o início de uma mudança nesse cenário, mudança essa que significou uma resposta aos retrocessos cometidos pela ditadura militar, principalmente através da lei 5.692 / 71, que fundiu as disciplinas de história e geografia criando a disciplina de estudos sociais, instituiu a obrigatoriedade do ensino profissionalizante para o então 2º grau e criou as licenciaturas curtas, desvalorizando e precarizando ainda mais a profissão de professor. Leia Mais

O mundo do trabalho e trabalhadores e suas práticas sociais | Revista Historiar | 2015

Eis mais uma edição da Revista Historiar, que insiste na vontade de contribuir, divulgando estudos realizados por pesquisadores sobre temáticas diversas. Neste número, pautamos novamente os temas relacionados ao mundo do trabalho e trabalhadores e suas práticas sociais. Desta forma este número é especial, pois vivemos tempos difíceis nos quais há flexibilização nas relações de trabalho, ao mesmo tempo em que se vê o aumento do desemprego e a perda de direitos anunciada pelo atual governo interino, além da crescente precarização do trabalho, inclusive nas universidades públicas brasileiras. Estes elementos suscitam o debate e faz um chamamento para as discussões dentro e fora das universidades sobre temas caros: democracia, tolerância, violência, liberdade, organização sindical, movimentos populares, mídias, direitos trabalhistas etc

Destacamos nesta edição artigos que trazem olhares diferenciados sobre o trabalho, as experiências sociais, organização e expressão cultural dos trabalhadores: Leia Mais

Ditadura Militar no Brasil / Revista Historiar / 2013

Eis mais uma edição da Revista Historiar do Curso de História da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA. Ao abrir-se para este exemplar a ideia não é somente divulgar alguns textos e debates a respeito da tortura, violências no período da ditadura brasileira.

Trata-se de uma tentativa de ampliação do debate teórico com diferentes estudiosos sobre esta temática. São elaborações de professores que vem desenvolvendo pesquisas, estudos que se complementam a partir de uma prática social vivenciada nos últimos tempos. Sim, é o registro de formulações de jovens pesquisadores que se debruçam sobre a história e memória de um momento absolutamente arbitrário de nossa caminhada rumo a conquista da democracia. Assim, estes artigos são explicitados por autores que afirmam suas concepções, divulgam suas abordagens e compromisso social. Leia Mais

Historiar | UVA | 2009

HISTORIAR UVA

A Diretoria do Centro de Ciências Humanas da Universidade Estadual Vale do Acaraú, em parceria com o Curso de História, dispõem para a comunidade acadêmica a  Revista Historiar (Sobral, 2009-), cujo objetivo é criar oportunidades para a divulgação das pesquisas do corpo docente das áreas de humanidades da UVA e de outras IES de ensino e pesquisa.

Face à sua concepção inicial, a Revista Historiar estará voltada para a divulgação (online) dos resultados das pesquisas desenvolvidas por profissionais da História, dentro de suas atividades acadêmico-científicas.

Periodicidade semestral.

Acesso livre.

ISSN 2176-3267

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