Walter Benjamin historiador | Revista de Teoria da História | 2021

Walter Benjamin OPERA Walter Benjamin
Cena da ópera “Benjamin, última noite”, de Michel Tabachnik | Imagem: RTP, 2019

O pensamento histórico de Walter Benjamin é abordado por teóricos de muitas estirpes, animados por interesses os mais diversos. Há quem se aproxime da concepção benjaminiana da História ao investigar a literatura, e este leitor há de se ocupar, entre outros títulos, com as Passagens, livro tido por Benjamin como uma História Social da Paris do Séc XIX, e que, no entanto, se assemelha ao que hoje entendemos por História Cultural. A literatura e suas relações com a modernidade, a literatura e suas relações com a memória e a política – assuntos primordiais desta obra inconclusa que chegou a ser pensada como um livro sobre Baudelaire.

A História que se faz a partir da literatura, com vistas a uma teoria da modernidade. Assim, o leitor, a leitora que munidos do interesse pela linguagem se aproximam de Benjamin, deparam-se a todo momento com seu pensamento histórico, seja no conceito de crítica, que ele pretende historizar, seja no conceito mesmo de origem, que, à maneira de Foucault e sua arqueologia, Benjamin mobiliza para criticar a História científica, de matriz historicista – a História dos Historiadores. Leia Mais

Em defesa do Patrimônio Natural: o historiador e o meio ambiente | Revista Hydra | 2021 (D)

Filosofia e Historia da Biologia 35 Walter Benjamin
Gucci Equilibrium | Foto: Divulgação |

Após um ano da pandemia de COVID-19, nos encontramos em um país desgastado pela má gestão do governo federal e pelo despreparo e desprezo do poder executivo. Os sintomas deste panorama não se restringem apenas à área da saúde pública, principal atingida neste contexto. A cada dia, vemos o crescente sucateamento da educação, o pífio investimento no campo cultural, o enfraquecimento das bases democráticas e o pouco caso na preservação ambiental.

Neste novo número da Revista Hydra, renovamos nosso compromisso com os temas mais urgentes sob o olhar crítico de pesquisadoras e pesquisadores da História e campos afins. Apesar do clima doloroso, é com imensa felicidade que apresentamos o dossiê Em defesa do Patrimônio Natural: o historiador e o meio ambiente. Leia Mais

Hayden White: reflexões contemporâneas | ArtCultura | 2018

Poucos autores foram paradoxalmente tão mal lidos e tão necessários para a historiografia quanto Hayden White (1928-2018). O norte-americano, durante sua carreira de mais de cinco décadas, soube, talvez como ninguém, provocar intelectualmente os historiadores e historiadoras de modos diversos: de suas asseverações sobre o caráter ficcional do discurso historiográfico às suas críticas ao que ele chamou de “anodinia ideológica” da disciplina, passando por suas teorizações seminais sobre os eventos modernistas de nossa era, White fez da polêmica uma arte; não a controvérsia vazia, contudo, que visa somente fechar discussões, mas a provocação como uma forma de armar a imaginação e o intelecto contra as diversas forças que nos dominam, consciente e inconscientemente. Para ele, as disparadas incisivas contra a historiografia disciplinada não eram mais do que uma maneira de se tentar chamar a atenção de seus colegas aos “problemas peculiares de seu tempo” e à possibilidade de que, em nossa modernidade tardia, a história havia se transformado mais em um problema do que uma solução – o pesadelo do qual já nos falava Joyce e de que, ao fim e ao cabo, desejamos escapar. Leia Mais

Carlo Ginzburg | ArtCultura | 2007

Os trinta anos recém-completados da publicação original de O queijo e os vermes: o cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela Inquisição, bem como os vinte anos de sua tradução brasileira, parecem uma data oportuna para refletir sobre a trajetória intelectual do seu autor nas últimas décadas. Aquele livro, como se sabe, foi responsável por projetar Carlo Ginzburg como um dos mais inovadores historiadores de sua geração e — traduzido em vinte e dois idiomas além do italiano — tornou-se uma espécie de marco da renovação dos estudos de história da cultura popular, tanto quanto de um modo de fazer história que aliava a análise atenta das minúcias, o interesse pelo protagonismo individual (ou o ponto de contato entre as estruturas de larga duração e o cotidiano mais banal de um personagem sem importância, cuja vida dificilmente poderia ser considerada como estatisticamente representativa) e tudo aquilo que muito freqüentemente se tem considerado como características centrais de uma perspectiva micro-histórica. Somava-se a isso, ainda, a atenção sobre a exposição e a narração, o flerte entre a história e a literatura.

Todos esses aspectos, imediatamente reconhecidos pela crítica histórica, converteram o livro num clássico, e não apenas na Itália. O exemplo próximo e mais eloqüente é aquele dado pelo público brasileiro, que garantiu não somente as reedições sucessivas da história de Menocchio (incluindo aí mais recentemente uma edição de bolso com grande tiragem), como também a tradução quase imediata da maior parte da produção intelectual desse autor nos últimos vinte anos.1 Leia Mais