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História Política e Política na História / Revista Eletrônica História em Reflexão / 2011
Dando continuidade em mais um ano de trabalho, a revista História em Reflexão (REHR) traz novos debates acadêmicos para o campo da História e Historiografia. Com muita satisfação o conselho editorial e consultivo apresenta, a você leitor e pesquisador da área, a IX edição da revista com seu dossiê “História Política e Política na História”. Referente ao período de janeiro-junho de 2011, a mais nova edição vem oferecer um panorama sobre a pesquisa histórica no Brasil, sobretudo em Mato Grosso do Sul e região, tendo como principal foco a aproximação entre academia e sociedade.
A fim de incentivar a produção acadêmica sobre a História em diversos sentidos, o objetivo da revista é oferecer subsídios básicos para futuras pesquisas na área, bem como oportunizar aos profissionais da História o acesso a debates acadêmicos atuais. Como um instrumento importante de divulgação do saber científico, a revista evidencia produções relevantes que podem servir de complementação aos temas trabalhados pelos docentes, tanto no que diz respeito ao ensino básico quanto à graduação.
A temática do dossiê dessa edição, foi escolhida de modo que respeitasse a discussão sobre a transformação na maneira de se pensar a política na História, em conseqüência do processo de reorientação metodológica de escrita. O dossiê História Política e Política na História, têm como proposta colaborar com os estudos sobre a postura teórica e metodológica que envolve as pesquisas a respeito do tema, bem como o intuito de oferecer novas e surpreendentes narrativas históricas, frutos de pesquisas realizadas em âmbito da graduação e pós-graduação. São Histórias que relatam os modos de vida dos sujeitos, em uma incessante busca pela sobrevivência que manifestam suas razões: social, cultural e política. Marcam um terreno de dissonâncias e harmonias, em que os sujeitos são levados a buscarem diversas formas de adaptações e resistências, nem sempre pacíficas, para a convivência social.
Uma série de desdobramentos – sociais, políticos, filosóficos e culturais –, permitiu repensar a escrita da História. Uma dinâmica diferenciada em seu processo de produção, fez brotar novos questionamentos para sua composição. Desde a segunda década do século XX, a preocupação com a escrita da História marcou época no cenário da produção do conhecimento histórico. Nesse movimento, segundo Peter Burke, se firmou uma historiografia comprometida com o combate aos ídolos da História, qual seja: o ídolo político, individual e cronológico. Michelet e Burckhardt, antes da atuação da escola dos annales, criticavam o historicismo alemão de Ranke, fornecendo, em certa medida, a base para a fundação da corrente historiográfica dos annales.
A crítica a História Política, direcionada por Marc Bloch e outros estudiosos de sua época, desenvolveu, portanto, uma postura diferenciada diante da análise do passado. Vale dizer que o empenho desses intelectuais, na luta por uma História problema, desconsiderava a forma como foi conduzida a produção do conhecimento histórico, que entendia a sociedade a partir dos grandes eventos. Os personagens que ganharam vulto na História, eram tidos como figuras representativas de uma complexa teia de relações sociais. Deixada de lado, a camada considerada inferior da sociedade, homens e mulheres comuns, na grande maioria dos estudos históricos de até então, não faziam parte do movimento social. As grandes batalhas, os grandes feitos, eram apontados como parte da supremacia intelectual dos dirigentes do poder, criando assim uma espécie de representação benéfica do sistema política de cada governante. Dessa forma, a História Política se estabelecia com primazia na análise historiográfica, a serviço da criação dos Estados Nacionais a partir do Século XVIII.
Assim, a História era vista como ciência que analisava os processos políticos de uma nação, reino, ou mesmo de uma determinada região. Na ousada frase vitoriana de Sir Jhon Seeley, catedrático de História em Cambridge, “História é a política passada: política é a História presente”. Isso significava para o historiador contar a história apenas das vestes dos reis e não dos camponeses, tão pouco da participação das pessoas comuns em processos históricos, que foram palco de profundas transformações na sociedade ocidental.
Nessa medida, a crítica estabelecida a partir do início do século XX, destacou a insuficiência de se pensar a História pelo prisma positivista. Foi esse o gtande questionamento realizado pelos historiadores desse movimento intelectual, constatando os problemas de olhar para a história da humanidade dessa forma. Postura adotada e sistematizada a partir de 1929 com a fundação da revista dos annales.
O retorno à análise da História Política – expressão cunhada a partir das décadas finais do século XX –, pode ser entendido como a antítese do modo como a História foi estabelecida antes da crítica levantada pela escola dos annales. Com divulgada expressão, mais ou menos, nas décadas de 1950 e 1960, a partir de alguns estudos, principalmente, dinamizados pela new left review, a sociedade presenciou uma nova forma de se explicar as relações sociais e políticas na história da humanidade. A revista apresentou um entendimento sobre o ser humano em sua complexidade, sujeito dotado de consciência e cultura em seu processo político de lutas sociais. Thompson e Hobsbawm, tiveram grande importância na divulgação dos ideais da revista que propôs, acima de tudo, entender o marxismo de outra maneira, na tentativa de não cair em uma análise estrutural da sociedade. Iniciava-se em meados do século XX, os pressupostos fundamentais para propor uma análise sobre a função política nas relações sociais.
Já nas décadas de 1970 e 1980, se apelava para uma História vista de baixo, preocupada com setores da sociedade deixados de lado na análise historiográfica. A história vista de baixo, em desuso hoje em dia, ganhou fôlego como resposta as imposições historiográficas estruturais e como um meio de mostrar a importância das pessoas comuns na História. Nesse sentido, entender a História política tendo como ponto de partida a história vista de baixo, significava analisar os mecanismos de produção das lutas político-sociais.
Embora como filha do seu tempo, a história vista de baixo acabou oferecendo uma ferramenta de análise importante para História Política, qual seja: entender a organização das lutas das classes pobres na história. Revelou pesquisas voltadas para um universo fora da representação da classe dominante. No entanto, a produção das idéias políticas da camada dominante passaram a ser vistas como parte integrante do emaranhado que compõem os processos históricos desse campo, e não como primordial para compreender as relações humanas e processos decisórios. A História Política é entendida, portanto, como expressão social de determinados grupos e não apenas em sentido político partidário, ou mesmo no plano da atuação do Estado nas vidas dos sujeitos. Processos sociais marcam a atuação de pessoas comuns na história, e a política ganha característica de organização de: luta, resistência, avanço e retirada. Enfim, a seguir seguem os trabalhos que compões a IX edição da Revista Eletrônica História em Reflexão.
O artigo que inicia o dossiê Integralismo: o fascismo brasileiro em Santa Catarina produzido pelo Dr. João Henrique Zanelatto, é analisado o contexto sócio-político de instalação do Integralismo em Santa Catarina, a sua organização nos municípios catarinenses, a constituição dos núcleos e sub-núcleos. Assim, a partir da expansão do fascismo brasileiro no Estado catarinense o autor analisa a sua influência em determinado espaço levando em consideração a atuação da imprensa e da Ação Integralista Brasileira (AIB).
O texto de Ludimila Gomides Freitas, Jogos Políticos por índio e mercês: as negociações da Câmara Municipal de São Paulo no século XVII, é tratado as relações dos paulistas camaristas e suas relações com diversas autoridades da colônia portuguesa onde hoje temos o território brasileiro. Por meio dessas relações os integrantes da Câmara paulistas puderam escravizar indígenas e receber mercês régias. A autora menciona que a Câmarara Municipal de São Paulo foi utilizada como instrumento político a fim de garantir o regime compulsório de trabalho. Outro fator citado no texto são as instabilidades políticas, sobretudo no nordeste, nas quais os paulistas foram requisitados para auxiliar a elite do nordeste a fim de auxiliar nos confrontos locais, fazendo com que alguns de seus interesses fossem atendidos.
O mestrando Bruno Silva de Souza traz para o dossiê da REHR o texto: A fé e a razão: antimaquiavelismo e Buena Razón de Estado no pensamento político espanhol do século XVII. Em seu artigo o autor relaciona dois campos em seu objeto de estudo: o religioso e o político, a fim de enriquecer a sua análise. Souza traz uma alternativa oposta do pensamento de Maquiavel, a qual questiona a teoria da secularização. A fim de discutir a questão, coloca-se em evidência o papel estruturante desempenhado pela fé católica no pensamento político espanhol do século XVII, analisando o ponto de vista de um militar que serviu a corte de Felipe IV que defendia a razão submissa do Estado a fé católica.
Já o artigo As reformas políticas e econômicas neoliberais no Brasil nas décadas de 1980 e 1990 elaborado por Fábio Luciano Oliveira Costa, mestrando em Educação, trata das reformas políticas neoliberais desde o final do regime militar até os anos de 1990. Na sua análise, o autor inicia tratando da preparação do regime militar para abarcar tais reformas a fim de ter a legitimação da população brasileira. A seguir o autor discute as reformas no contexto da década de 1990, que tiveram como atores o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), e amparo dos acordos firmados do Consenso de Washington (1989). Em último lugar o autor vem argumentar a influência do neoliberalismo como forma de imperialismo exercida pelos países desenvolvidos, os quais, conforme o autor, são os únicos benefeciados das reformas existentes.
O trabalho de Leandro Araújo Crestani intitulado O surgimento do inimigo interno: Ditadura Militar no Brasil (1964 a 1985) traz a público outra produção que colabora com o dossiê desse semestre. Nesse artigo, Cristani vem tratar dos aparelhos repressivos da ditadura militar como a Doutrina de Segurança Nacional e a o Serviço Nacional de Informações, criados a fim de garantir a denominada “Segurança Interna”. No seu trabalho o autor buscou investigar as origens do golpe militar por meio de um estudo da Arquidiocese de São Paulo, buscando através de fontes e bibliografias o nascimento do poder coercitivo dos militares envolvidos nas teias do poder administrativo federal.
Em Uma visão da Revolução Cubana diante do ensino brasileiro de Raymond Willians o autor Caio Dias de Brito vem analisar quatro livros didáticos e sua forma pedagógico-ideológica da apresentação do conteúdo e a visão do autor do trabalho. A fim de dar maior colaboração para a discussão, Brito traz três conceitos do sociólogo galês Raymond Williams (Ideologia, Hegemonia e Tradição Seletiva). Autores como Mario Schmidt, Elza Nadai, Joana Neves, Carlos Guilherme Mota, Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo, são colocados no cenário deste trabalho.
Everton Demetrio publica nessa edição o artigo História Política e ficcção: Veredas de tradição e modernidade no sertão rosiano. Nesse trabalho o autor tem por objetivo analisar um episódio do livro Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, especificamente, o caso do julgamento de Zé Bebelo, tratando-o como alegoria de momento singular da história republicana nacional. Em seu estudo Demetrio vem refletir através da literatura Grande Sertão: Veredas a confrontação entre o urbano e o rural e aspectos ligados a convulsões políticos institucionais presentes na passagem do regime imperial para o republicano. De todo modo, o autor traz em cena a delicada análise que se utiliza da literatura para se compreender aspectos do processo histórico.
O texto de Rosangela Baida e de Cándida Graciela Arguello Chamorro iniciam a sessão de artigos livros da IX edição da REHR. Esse trabalho é resultante de um estudo bibliográfico e de análise de fontes que discorrem a respeito de doenças que afetaram os povos indígenas da costa do Brasil, nos primeiros séculos da colonização. Em primeiro lugar as autoras descrevem as doenças as quais muitas eram epidêmicas. A seguir, foi considerado as etiologias das enfermidades ocidentais. A partir de alguns resultados, Baida e Chamorro verificaram que juntamente entendimentos científicos a respeito das doenças, esteve presente a compreensão mítico-religiosa entre os missionários e outros agentes civilizadores. De maneira geral, as autoras concluem que os dados obtidos na pesquisa serão de muito proveito para o estudo das doenças nos povos indígenas guarani falantes dos séculos XVI e XVII.
Kalhil Gibran Melo de Lucena e Maria Ângela de Faria Grillo são os autores de O uso de uma linguagem popular nas aulas de História: as representações da República Velha nos folhetos de Cordel. Nessa produção, os Lucena e Grillo compreendem a história da República Velha por meio da literatura de cordel possibilitando um olhar diferente do período. Para além disso, os autores propõem a utilização da literatura de cordel como um meio didático-pedagógico a ser empregado na sala de aula. Através dessa ferramenta, é proposto instigar os debates de modo reflexivo, por meio da musicabilidade das rimas e versos desse tipo de literatura, fazendo com que o aprendizado seja visto de maneira prazerosa aos olhos dos educandos.
A seguir está o trabalho do Mestre Ademar Alves da Silva, intitulado Os Batistas no contexto do protestantismo brasileiro discorre a respeito da implantação da Igreja Batista no Brasil. Para tanto o autor faz uma reflexão a respeito das Igrejas Protestantes no período colonial e após a independência. Ao longo do texto o autor disserta a respeito dos aspectos doutrinários da Igreja Batista e, ao concluir sua discussão, menciona que, em geral, os aspectos doutrinários dificilmente se modificam em seus conceitos, havendo também aquelas que são filiadas a CNBB, as quais não seguem os mesmos moldes.
Gelise Cristine Ponce Martins é autora de As relações cotidianas de uma família de cafeicultores nas memórias de Braz Ponce Martins (1897-1943). O trabalho trata da história de vida de Braz Ponce Martins, o qual foi filho de imigrantes espanhóis e cafeicultor, que teve sua vida relatada na autobiografia Memorial de um século de cafeicultores. Para facilitar a metodologia de seu trabalho a autora delecionou a história de sua origem e de sua infância, levando em consideração o contexto histórico, o qual remonta à imigração espanhola para São Paulo e à colonização do norte do Paraná. Percebe-se que Gelise C. P. Martins levou em consideração aspectos importantes para análise de uma análise biográfica: entender uma memória individual que se apóia na memória coletiva, tratando das narrativas históricas de cafeicultores da primeira metade do século XX.
Em Análise do nível de desenvolvimento socioeconômico do Estado de Mato Grosso do Sul o graduado Ricardo Fernandes Santos e a Professora Doutora Madalena Maria Schlindwein traz um estudo econômico que compara o desenvolvimento sul-mato-grossense com a média da região Centro-Oeste. Para facilitar a análise os autores utilizaram dados como: índice de natalidade, de mortalidade bruta e infantil, de Desenvolvimento Humano, taxa de fecundidade, de alfabetização, PIB (Produto Interno Bruto) per capita, entre outros. Alguns apontamentos de Santos e Schlindwein indicam que Mato Grosso do Sul têm o segundo melhor Índice de Desenvolvimento Humano da região. Porém, outros resultados referentes a indicadores econômicos citados no artigo apontam alguns aspectos não tão favoráveis.
A mestranda Ana Paula Menezes publica o artigo Colônia Agrícola Nacional de Dourados-História Memória: considerações acerca da construção de uma memória oficial sobre a CAND na região da Grande Dourados. O texto faz referência da implantação da CAND, um dos projetos do Estado Novo fruto do projeto político Marcha para Oeste. Conforme a autora a CAND teve grande repercussão devido ao desenvolvimento que possibilitou à região, o que lhe garantiu destaque na memória coletiva da mesma. Outro aspecto tratado no texto é a construção de uma memória oficial em torno da colônia que colaborou, de certa forma, para encobrir o mais simples e genérico significado da CAND na região de Dourados, atual Estado de Mato Grosso do Sul.
O próximo artigo livre Leitores eu vou contar, um caso impressionante, uma cena muito triste, e um crime horripilante: crimes e representações nos folhetos de cordel do Pará na primeira metade do século XX, de Geraldo Magella de Menezes Neto, analisa através de folhetos de cordel os diversos olhares e significados não só a respeito de crimes, mas também dos atores envolvidos. Conforme o autor desse trabalho o relato dos em poemas de cordel era comum e bem recebido em Belém do Pará na primeira metade do século XX. De acordo com Menezes, através de peculiar literatura, os poetas atribuíram valores aos criminosos e as vítimas, fatores discutidos ao longo do texto.
O graduando em economia Rafael Venturini Trindade nos traz o artigo A modernidade brasileira segundo Buarque de Holanda, o qual discute a evolução da sociedade nacional sob o olhar de Sérgio e Chico Buarque de Holanda. Para tanto, Trindade utilizou duas obras: Raízes do Brasil (1936) e Leite Derramado (2009). De acordo com o autor, principalmente em relação a Sérgio Buarque de Holanda, o trabalhos de alguns autores tratam as especificidades e angústias que comportam seu tempo.
O artigo da mestranda Rachel Gomes de Lima Contribuição a História da Freguesia de Inhaúma: Elites, Usos E Formas de Apropriação das Terras, Relações Sociais e Econômicas encerra a sessão de artigos livres dessa edição. Nesse trabalho Lima analisa as relações sociais e econômicas nas elites agrárias da freguesia rural de São Tiago de Inhaúma durante o século XIX. A partir das influências econômicas do período, a autora trata de fatores ligados a propriedades e uso da terra. O contexto histórico do Rio de Janeiro entre o final do século XVIII e primeira metade do XIX é levado em consideração para inserir São Tiago de Inhaúma no estudo.
A seguir a REHR apresenta três resenhas, sendo a primeira do livro O historiador e seu tempo: encontros com a história organizado por Tânia Regina de Luca, Antonio Celso Ferreira e Hollien Gonçalves Bezerra, a qual foi produzida por Diogo da Silva Roriz. A segunda O Crime do Restaurante Chinês – Carnaval, Futebol e Justiça na São Paulo dos anos de 1930 de Boris Fausto, resenhada por Daniel Rincón Caíres. E a terceira de Rute Guimarães Torres, A natureza dos rios: história, memória e territórios. Organizada por Gilmar Arruda.
Para finalizar essa edição trouxemos uma expressiva entrevista com o Padre Bartolomeu Meliá, expoente colaborador da Antropologia e História Indígena. A intenção do Conselho Editorial da revista é que a publicação das assertivas de Meliá, tragam novas reflexões para as pesquisas que integram o emaranhado histórico e antropológico indígena.
O Conselho Consultivo e Editorial lança mão de mais uma edição preparada com muito empenho pelo grupo que a compõe. Tenham uma boa leitura!
Cássio Knapp
Fernanda Chaves de Andrade
Diógenes Egidio Cariaga
Juliano Alves da Silva
(Editores)
Dourados-MS, Inverno de 2011.
ANDRADE, Fernanda Chaves de; CARIAGA, Diógenes Egidio; KNAPP, Cássio; SILVA, Juliano Alves da. Apresentação. Revista Eletrônica História em Reflexão. Dourados, v.5, n.9, jan. / jun., 2011. Acessar publicação original [DR]