Historia de la educación y organismos internacionales: nuevas líneas de trabajo en perspectiva transnacional | História da Educação | 2022

PRESENTACIÓN1

Hace varias décadas que el campo de la Historia de la Educación ha dedicado amplios esfuerzos a investigar la importancia que tuvieron diferentes procesos de carácter internacional en el nacimiento o reconfiguración de los sistemas nacionales de educación. El origen y despliegue de este tipo de estudio seguramente haya que situarlos en el ámbito anglosajón. Quizá, el que primero causó un importante impacto sobre la Historia de la Educación fue el trabajo del profesor James A. Mangan (1978). Dicha investigación, se centró en analizar la influencia que habían tenido los centros de educativos británicos para las élites (Public Schools) en el desarrollo del sistema educativo de la India. El propósito del este trabajo estaba en descifrar en qué medida los procesos de colonización del Imperio Británico habían influido también en el establecimiento de modelos educativos en diferentes colonias.

El objetivo último fue desentrañar cómo se habían producido los procesos de transferencia educativa desde el “centro” a la “periferia”. Es decir, captar cómo la educación también había servido como red institucional a la hora de establecer el dominio del imperio sobre sus colonias. Con el paso del tiempo, este tipo de trabajo se amplió. Ahora, no se trataba exclusivamente de captar las formas de dominio. Otras perspectivas de análisis comenzaron a ser importantes. Cabe destacar aquí, aquellas investigaciones que comenzaron a estudiar la construcción de redes de personas, el intercambio de ideas, los procesos de formación de especialistas educativos locales en el propio imperio o los procesos de hibridación educativa entre unos modelos y otros (MCCULLOCH y LOWE, 2003; BRUNO-JOFRÉ y SCHRIEWER, 2012). Leia Mais

Foucault, a genealogia, a história da educação / Cadernos de História da Educação / 2020

Nietzsche, a genealogia, a história é um dos textos mais célebres de Michel Foucault. Por meio de uma espécie de homenagem e, ao mesmo tempo, uma apropriação teórico-prática, o pensador francês tributa a Nietzsche seu empreendimento de uma história genealógica, no qual passam a ocupar lugar – a par do que nomeia sentido histórico ou história efetiva – a inconstância e a provisoriedade dos acontecimentos, em oposição tanto à restituição essencial das coisas, quanto ao reencontro de uma identidade perpétua ou, ainda, ao reconhecimento da unidade universal do sujeito antropológico.

A proposição deste dossiê Foucault, a genealogia, a história da educação busca, em alusão direta ao texto de Foucault, congregar abordagens e reflexões em íntima articulação à análise histórico-genealógica proposta por Foucault, de maneira a focalizar criticamente os jogos veridictivos envolvidos na investigação educacional contemporânea.

Margareth Rago – uma das pesquisadoras brasileiras pioneiras no que se refere não apenas à utilização do referencial teórico-prático da genealogia de Foucault, mas também ao enfrentamento do debate historiográfico, deslocando a análise dos fatos e dos acontecimentos para os fundamentos epistemológicos do discurso com vistas à compreensão dos campos de relações de força em que os jogos de poder se constituem – é a responsável pelo texto que abre o dossiê, o qual revisita, 25 anos depois, o texto As Marcas da Pantera: Michel Foucault na Historiografia Brasileira [1] , também de sua autoria. Por se tratar de uma das primeiras iniciativas desse tipo de discussão no Brasil, o referido texto tornou-se uma leitura obrigatória para estudiosos e pesquisadores que buscam fazer apropriações das formulações genealógicas nas diversas ramificações de campos da História e em outros campos afins.

Desse modo, desdobrando as discussões e ampliando as reflexões a partir de escritos e ditos de Foucault que foram publicados nos últimos anos, Rago atualiza, de maneira bastante abrangente, a análise acerca do conceito de poder nos deslocamentos operados por Foucault: da disciplina, do biopoder e da biopolítica para o governo de si e dos outros na condução das condutas, a partir do que aponta para os modos de subjetivação e para as contracondutas, permitindo a percepção de outros modos pelos quais as práticas da liberdade são experimentadas em face da governamentalidade cristã ou neoliberal. Por isso, As marcas da pantera, 25 anos depois…, ao abrir o dossiê, funciona como uma espécie de patamar a partir do qual são lançadas as reflexões dos outros artigos que o compõem, buscando cumprir com seu propósito de reunir um conjunto de discussões capazes de contribuir para o debate sobre a genealogia de Foucault na História da Educação.

O texto seguinte, A genealogia de Michel Foucault e a história como diagnóstico do presente: elementos para a História da Educação, tomando como base o próprio texto de Foucault que inspira este dossiê, busca desenvolver questões relativas ao projeto de uma história genealógica. A partir disso, traça uma discussão sobre a articulação de marcos teóricos da genealogia foucaultiana com a efetivação da História da Educação, desenvolvendo um argumento que aponta para a pertinência do uso do referencial genealógico no campo da história e da historiografia da educação. Considera, por fim, que a incorporação de noções genealógicas na pesquisa e na produção do conhecimento em História da Educação pode trazer ampliações teórico-metodológicas que, certamente, representam uma contribuição para o delineamento de outros contornos no que diz respeito à compreensão das formas de organização e funcionamento da educação em nossa sociedade, assim como ao entendimento da genealogia como ferramenta histórico-crítica da atualidade, naquilo que Foucault propõe como ontologia do presente, como interrogação da verdade sobre seus efeitos de poder e do poder sobre os discursos de verdade, especialmente no campo educacional.

Inés Dussel com o objetivo realizar uma análise tanto das perspectivas historiográficas como de contribuições para uma compreensão mais abrangente da emergência e dos efeitos da instituição escolar, associando Foucault com o autor pós-foucaultiano Ian Hunter, propõe em seu artigo uma releitura das posições de Foucault sobre a história da escola e uma abordagem do livro Repensando a escola. Subjetividade, Burocracia, Crítica, de Ian Hunter. Assim, a autora opera uma breve reconstituição da história da escolarização na abordagem foucaultiana, assim como apresenta a sua leitura do texto de Ian Hunter, o qual hipotetiza sobre o surgimento da instituição escolar. Em seguida, são apresentados alguns debates suscitados por essa obra entre historiadores e filósofos educacionais. Por fim, a autora propõe perspectivas de linhas de trabalho para a contunuidade do aprofundamento do diálogo com o empreendimento genealógico de Foucault a partir da história da escolarização.

Sob o argumento de que “Uma história da educação em chave genealógica é uma genealogia das práticas pedagógicas”, assim como o de que “uma genealogia das práticas pedagógicas modernas é, finalmente, uma história da modernidade em chave genealógica”, Carlos Ernesto Noguera-Ramírez e Dora Lilia Marín-Díaz apresentam sua contribuição para o dossiê com o propósito de discutir o conceito de “educacionalização do mundo” estabelecido por Tröhler, segundo o qual a modernidade corresponderia à educacionalização do mundo. Reconhecem, assim, a importância e o potência do conceito de educacionalização tanto para a História da Educação quanto para a Pedagogia como um todo. O texto dos dois pesquisadores objetiva realizar a descrição da origem e da emergência de matrizes normativas da modernidade que sustentam o que Tröhler denomina “virada educacional”; esta relida à luz de ferramentas arqueológicas estabelecidas por Foucault. Como principal resultado da investida, os autores afirmam, dierentemente de Tröhler, que o surgimento da educação do mundo não não se deu entre os séculos XVIII e XIX, mas entre os séculos XVI e XVII, no marco daquilo que Foucault cunhou como “era da governamentalidade”. Desse modo, Noguera-Ramírez e Marín-Díaz realizam um exercício histórico-filosófico por meio do qual evidenciam uma perspectiva valiosa para a reflexão sobre a educação e a pedagogia, bem como para a análise das práticas pedagógicas, segundo a problemática posta pela governamentalidade e pelo ascetismo.

Por sua vez, José G. Gondra realiza uma crítica genealógica ao pôr em questão as relações de poder que atravessam as narrativas discursivas. Dessa forma, ele explora alguns princípios narrativos que constituem o manual Noções de História da Educação, de autoria do polígrafo, Afrânio Peixoto, reeditado sucessivamente nos anos de 1933, 1936 e 1942, o qual se apresenta como resultado dos três anos (1932-1934) que o autor se dedicou ao ensino de História da Educação no Instituto de Educação do Rio de Janeiro. Na narrativa construída no manual, Peixoto lega para as futuras professoras o que chama de “história da civilização”, uma espécie de capital cultural que ele considerava fundamental para a compreensão do passado mais remoto e outros presentes, definindo assim uma condição para a obtenção de uma maior profissionalização da docência. Gondra investe no trabalho do registro de algo como uma origem da escola, uma fundação original que operaria com marcos fundamentais, cujo propósito seria a comprovação da substância e das funções desse acontecimento primordial. Assim, o exercício realizado busca desfazer a imobilidade de uma identidade e funcionamento da escola, perpetuando uma essência e suspendendo o tempo. Busca, pois, pensar as opções e operações historiográficas, assim como o movimento pedagógico ao qual o manual de Peixoto se conecta e que, por sua vez, também ajuda a legitimar e reproduzir. Gondra conclui que as tantas (des)continuidades que atravessam e regulam o nosso tempo presente e de modos bastante diversos são possíveis de serem observadas tanto na sociedade assim como nas escolas e, especificamente, na formação de professores, o que pode indicar que aquilo que o passado ensina, por intermédio de noções de história da educação, é o traçado de itinerários nada previsíveis e fora de qualquer teleologia predestinada.

O último artigo do dossiê, intitulado Foucault e a História da Educação brasileira: dos usos possíveis do procedimento genealógico, tendo como horizonte o procedimento investigativo foucaultiano delineado no texto Nietzsche, a genealogia, a história, propõe-se a pôr em perspectiva as repercussões do legado de Michel Foucault, no que diz respeito à utilização de ferramentas genealógicas na produção bibliográfica em História da Educação no período de 1997 a 2017, nos três periódicos brasileiros voltados especificamente ao campo histórico-educacional. A análise recaiu sobre 42 artigos selecionados, de maneira a dar a ver movimentos simultâneos, numa análise de conjunto. Na dissecação do corpus analítico escolhido, não se pretendeu realizar nenhuma comparação entre o que Foucault realizou e os traçados investigativos dos historiadores da educação brasileiros, de sorte que foi realçada a potência da circulação de novas narrativas históricas, por meio da qual desponta a reinvenção de ferramentas já tantas vezes utilizadas e reutilizadas. Desse modo, as conclusões voltam-se para as condições de tempo, lugar e modos que cercam os exercícios de investigação histórica que buscam inspiração teórico-prática em Michel Foucault.

Por fim, é preciso sublinhar que o presente dossiê reúne um conjunto de textos que apresentem repercussões possíveis da questão genealógica no campo da história da educação: as contingências das formas educacionais; os deslocamentos da organização e do funcionamento do aparelho escolar; as estratégias de governamento dos sistemas de ensino, assim como as concepções de conhecimento que sustentam os fazeres pedagógicos e, em última instância, aquelas próprias da História da Educação. Articulando a análise genealógica ao campo específico da história da educação, a intenção é, de algum modo, dispor chaves outras de compreensão do presente educacional e suas interpelações tantas.

Nota

1. Disponível em: https: / / periodicos.sbu.unicamp.br / ojs / index.php / resgate / article / view / 8647987 . Acesso em 06 abr. 2020.

Haroldo de Resende – Universidade Federal de Uberlândia (Brasil) https: / / orcid.org / 0000-0001-9379-111X http: / / lattes.cnpq.br / 5363115483274501 E-mail: haroldoderesende@ufu.br

Julio Groppa Aquino – Universidade de São Paulo (Brasil) https: / / orcid.org / 0000-0002-7912-9303 http: / / lattes.cnpq.br / 1124623998211027 E-mail: groppaq@usp.br


RESENDE, Haroldo de; AQUINO, Julio Groppa. Apresentação. Cadernos de História da Educação. Uberlândia, v. 19, n.2, maio / ago., 2020. Acessar publicação original [DR]

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História da Educação: sensibilidades, patrimônio e cultura escrita / Revista História da Educação / 2020

No ano de 2018, o 24º Encontro da ASPHE, organizado pela Associação Sul-Rio-Grandense de Pesquisadores em História da Educação, discutiu o tema “História da Educação: sensibilidades, patrimônio e cultura escrita”[3]. Atentando para as recentes temáticas que vêm sendo desenvolvidas no âmbito históricoeducativo, o encontro reuniu pesquisadores e pesquisadoras a partir desses três eixos.

Ao propor uma introdução ao tema da História Cultural, a historiadora Sandra Jatahy Pesavento (2005), com base em teóricos que fundamentam a discussão por ela tematizada – com destaque para Stone (1981), Certeau (1982), Chartier (1988, 1991), White (1994), entre outros presentes em sua obra –, fez um resumo dos principais conceitos norteadores de um conjunto de mudanças epistemológicas que proporcionaram um novo olhar a historiadores e historiadoras. A entrada em cena desses conceitos reorientou a escrita da história; nesse sentido, destacamos: representação, imaginário, narrativa, ficção e sensibilidades – todos esses presentes, de uma forma ou de outra, nos textos que compõem o dossiê que ora apresentamos. Leia Mais

Arquitetura escolar: diálogos entre o global, nacional e regional na história da educação / Revista História da Educação / 2019

O ano de 2018 marcou duas décadas da publicação no Brasil da obra organizada por Antonio Viñao Frago e Agustín Benito Escolano, intitulada “Currículo, Espaço e Subjetividade: arquitetura escolar como programa” (1998) [3]. Considerada na época a “caixa preta” dos estudos na área de história da educação, o espaço e a arquitetura escolar tem sido explorados em diversas pesquisas estudos no país, exercitando uma importante interlocução entre história, educação e arquitetura [4].

Revisitando a importância desta publicação, que teve sua segunda edição em 2001, este dossiê propõe dialogar sobre a arquitetura escolar em perspectiva global, nacional e regional, enfatizando o momento de configuração e de consolidação das redes de ensino primária em diferentes países e a constituição da escola como uma instituição independente das demais, o que lhe configurou uma identidade própria. Nesta conjuntura, consideramos a concepção funcional e simbólica que a arquitetura escolar incorporou, tanto nos meios urbanos como nos rurais, acompanhando as demandas pedagógicas, as questões higiênicas, assim como os discursos em torno da formação do cidadão através da escola. Leia Mais

Pensar a educação na História: intelectuais, práticas e discursos | Temporalidades | 2019

Um “falso problema, de uma questão circular”! Nesses termos que o pesquisador português Antonio Nóvoa, ainda no final da década de 1990, procurava se desembaraçar de um conjunto de questões aludidas como polêmicas no bojo de investimentos de avaliação que eram produzidos sobre o acúmulo de pesquisas em História da Educação, uma área de estudos então em expansão (CAMBI, 1999, p. 12). O ponto central da pretensa controvérsia estava em delimitar se as pesquisas histórico educacionais correspondiam a um dos domínios da História ou se estabeleceriam uma das especializações das Ciências da Educação; e, consequentemente, se a tarefa de investigar a historicidade dos fenômenos educativos caberia aos historiadores profissionais ou aos pesquisadores em Educação. Aquele era um momento sensível para a área. O acúmulo de um processo de renovação teórico-metodológico, possível pela intensificação do contato e dos esforços de assimilação dos movimentos de renovação historiográfica, aportaram contribuições que permitiram deslocamentos nas definições da especificidade e pertinência da História da Educação, e que, por consequência, impactaram nas expectativas em relação ao conhecimento e as respostas que era capaz de produzir. (NUNES e CARVALHO, 2005) Leia Mais

História e memória da educação / Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino / 2019

Este volume da Revista Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino é dedicado ao tema “História e memória da educação”. Para tanto, tecemos algumas considerações a respeito das próprias noções de história e de memória. O alargamento e a aceleração da produção de estudos em ambos os campos, tem engendrado uma certa fusão e confusão entre as mesmas (SILVEIRA, 1996, p. 15).

Pierre Nora nos demarca que memória e história não são sinônimos, mas conceitos opostos. Na força de suas palavras:

A memória é a vida, sempre carregada por grupos vivos e, nesse sentido, ela está sempre em evolução, aberta à dialética da lembrança e do esquecimento, inconsciente de suas deformações sucessivas, vulnerável a todos os usos e manipulações, susceptível de longas latências e de repentinas revitalizações. A história é a reconstrução sempre problemática e incompleta do que não existe mais (NORA, 1993, p.1).

Autores que estudam a memória (BOSI, 1979; NORA, 1984; HALBWACHS, 1990; POLLAK, 1992; LE GOFF, 1996; KESSEL, 2016) assinalam que a rememoração individual se faz na tessitura das memórias dos diferentes grupos com que nos relacionamos. O indivíduo carrega em si a lembrança, mas a ação de lembrar é feita na interação com a sociedade, com grupos e instituições em que participa. É no contexto destas relações que construímos as nossas memórias.

A produção da história, por outro lado, ultrapassa o registro do depoimento, das informações contidas nas mais diversas materialidades, e se volta para a reflexão teórica e metodológica na construção do conhecimento. Para André Burguière o que confere valor ao trabalho do historiador não é a qualidade das fontes que ele conseguiu descobrir, mas a capacidade praticamente infinita de interrogá-las (1993, p. 54).

No campo da história e memória da educação podemos tratar da cultura difundida e praticada na instituição, enfocando também as práticas educacionais. Podemos igualmente pensarmos na reconstrução da memória audiovisual e documental por meio da seleção de fontes iconográficas, como fotografias, plantas arquitetônicas, filmes, entrevistas e documentação escrita. Há a possibilidade também de valorizarmos a rede de configurações socioculturais estabelecidas pelo corpo docente e discente, trabalhando-se com a memória coletiva.

Pari pasu, neste volume são apresentados 13 (treze) artigos que discorrem sobre história e memória a partir de temáticas alusivas aos acervos e fontes, a história do ensino e suas práticas pedagógicas, agentes e instituições educativas.

Aproveitamos para desejar uma boa leitura a todos e que a temática do volume inspire novos pesquisadores a realizarem investigações no campo da história da educação.

Referências

BOSI, Ecléa. Memória & sociedade: lembrança de velhos. São Paulo: T.A. Editor, 1979.

BURGUIÈRE, André. Dicionário das Ciências Históricas. Rio de Janeiro: Imago, 1993.

HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.

LE GOFF, J. História e Memória. 2. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 1996.

KESSEL, Zilda. Memória e memória coletiva. Disponível em: acesso em 28 / 04 / 2016

NORA, Pierre. Les Lieux de mémoire. Paris: Gallimard, 1984, v. 1.

NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Proj. História, São Paulo, (10), dez. 1993.

POLLAK, M. Memória e identidade social. Estudos Históricos, v. 5, n.10, 1992

SILVEIRA, Rosa Maria Godoy. Recuperar a memória, fazer história. In: Debates Regionais III: Fazer História, (des) construção e (in)certeza. João Pessoa: Almeida Gráfica e Editora Ltda / NDIHR / ANPUH,1996.

Olivia Morais de Medeiros Neta

Maria Inês Sucupira Stamatto

Genilson Ferreira da Silva

Marcia Cristina Lacerda Ribeiro


MEDEIROS NETA, Olivia Morais de; STAMATTO, Maria Inês Sucupira; SILVA, Genilson Ferreira da; RIBEIRO, Marcia Cristina Lacerda. Apresentação. Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino. Caetité, v.1, n.3, jan. / jun., 2019. Acessar publicação original [DR]

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História da Educação na América Latina e no Brasil: 500 anos de imposições, experiências / Expedições / 2018

História da Educação na América Latina e no Brasil: 500 anos de imposições, experiências. Revista Expedições, Morrinhos, v.2, n.2, 2018. Apresentação do dossiê indisponível na publicação original.

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[DR]

História da Educação e ensino de História / História em Revista / 2018

Nas últimas décadas observa-se a emergência de dois importantes campos de pesquisa na historiografia brasileira – História da Educação e Ensino de História – cujas efervescências de produções acadêmicas podem ser atestadas pelos inúmeros trabalhos de pós-graduação defendidos no Brasil, pela criação de associações nacionais de pesquisadores, pelos significativos eventos realizados, pelas publicações de / em revistas científicas e pela consolidação de vários grupos de pesquisa.

Nos dois campos ressalta-se o fato de terem sido constituídos em zona de fronteira, no limiar entre a História e a Educação, resultando na emergência de discursos que expressam os diferentes lugares de fala, com abordagens, problemas e metodologias próprias. Em ambos os espaços, a História da Educação e o Ensino de História são áreas de investigação consolidadas e que vem sendo repensados a partir de novos desafios epistemológicos.

Reunimos, neste dossiê, oito artigos resultantes de pesquisas que, de algum modo, refletem essa dimensão do campo, a partir da mediação entre diferentes modos de pensar, conceber e analisar a relação entre a História da Educação e o Ensino de História. Destacamos que ao agregar contribuições destes dois campos, encontraremos textos que se propõem a realizar problematizações em diferentes contextos, bem como a partir de distintas fontes, abordagens temáticas e perspectivas teóricas. Nesse sentido, as pesquisas aqui divulgadas tomam como referências a historicidade dos processos culturais escolarizados e não-escolarizados, as práticas e discursos mobilizados para ensinar e aprender saberes e conhecimentos (históricos), a dinâmica legislativa sobre aspectos educativos em geral e do ensino de História em particular, os agentes intelectuais que pensaram a escola, a educação e o ensino de História, as memórias sobre práticas, normas, regimes e instruções, de modo a constituir significativas e importantes discussões para o campo das Ciências Humanas.

Os diferentes objetos e problematizações, centrados nos dois campos de pesquisa, que os autores dos artigos deste dossiê acionam, evidenciam distintas fontes textuais, bem como demonstram os variados modos com que os pesquisadores operaram conceitualmente. Assim, foram mobilizados conceitos e métodos como representação, cultura escolar, formação de professores, através da análise iconográfica, do discurso e da revisão bibliográfica. Destacando, assim, emergentes temáticas como a história indígena, oficina de educação profissional de meninos, assistência de meninas desvalidas, educação de mulheres, alfabetização de adultos, reforma pedagógica, ensino na educação básica e constituição do sujeito docente de História.

Para abrir o dossiê contamos com texto de Martha Victor Vieira, intitulado A escrita e o ensino da História no século XIX e a representação dos indígenas nas Lições de Joaquim Manuel de Macedo, que analisa a produção da escrita da história do Brasil, dando ênfase ao ensino da história indígena no século XIX. Para a autora, o manual didático Lições de História de Brazil para uso das Escolas de Instrução Primária (1861 / 63), de autoria de Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882), foi um importante impresso não apenas como material pedagógico para o ensino de História, mas como suporte de enunciação da temática indígena.

Na sequência, o texto de Jeane dos Santos Caldeira e Jezuina Kohls Schwanz, denominado por As representações do Asilo de Órfãs São Benedito na imprensa local pelotense durante a primeira metade do século XX, investiga as representações de um asilo assistencial para meninas órfãs enunciadas nos jornais da cidade de Pelotas / RS. De acordo com as autoras, o conjunto de representações, constituídas em torno da instituição, indicavam principalmente a existência de uma proteção “benevolente” dos membros da sociedade pelotense que colaboravam com a manutenção do asilo, garantindo o amparo e subsídio às meninas negras desvalidas durante a primeira República.

O artigo de Hardalla Santos do Valle, Imagens das oficinas profissionalizantes salesianas na cidade do Rio Grande / RS (1910-1960), se propõe a compreender o processo de educação de meninos e jovens realizado em oficinas profissionalizantes do Liceu Salesiano de Artes e Ofícios Leão XIII na cidade do Rio Grande / RS, na primeira metade do século XX. A autora destaca que o uso de fotografias, associadas à outras fontes como relatórios e jornais locais, possibilitam uma melhor compreensão dos elementos, das práticas e das materialidades da cultura escolar presentes na instituição analisada.

Fernanda Costa Frazão no texto A educação feminina entre a normalização e a resistência: uma análise dos discursos da revista Careta (1914-1918) apresenta uma análise do discurso acerca do processo histórico de educação para meninas e jovens. Tendo como principal objeto de investigação uma série de edições da revista ilustrada e de variedades Careta, publicadas na década de 1910, a autora discorre sobre o processo de normalização e conformação de papéis sociais destinados às mulheres, bem como os possíveis mecanismos de negações e resistências utilizados para enfrentar a regulação e prescrição de condutas pretensamente “desejadas” para o universo feminino.

O texto Da materialidade ao conteúdo: análise do material didático do Movimento Brasileiro de Alfabetização de Leide Rodrigues dos Santos, revela como um dispositivo pedagógico adotado pelo Mobral, na década de 1970, se tornou um importante meio discursivo para propagar valores, ideologias e cultura, podendo, assim, ter sido um instrumento eficiente de reprodução do saber oficial posto por setores do poder e do Estado.

O próximo texto é de Simôni Costa Monteiro Gervasio e Alessandro Carvalho Bica, cujo título é “Educar é construir para o infinito”: análise dos discursos transformadores relativos à reforma de 1971 nos editoriais da Revista do Ensino do Rio Grande do Sul (1972-1974). O artigo descreve como os editorias da Revista de Ensino veiculou ideias, metodologias, propostas, sugestões e conselhos que estavam regulados pela Reforma do Ensino de 1971. Seus autores concluem que a Revista do Ensino funcionou como um canal direto de comunicação entre a Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul e os professores, transmitindo ideias sobre práticas e métodos que deveriam ser implantados na prática dos docentes.

Em O ensino de História e as práticas pedagógicas: os desafios dos professores no Ensino Fundamental, os autores Helena Gouveia da Silva Oliveira, Irlanda do Socorro de Oliveira Mileo e Renato Pinheiro da Costa, examina as práticas pedagógicas de professores da educação básica para o desenvolvimento do ensino de História no estado do Pará. Neste artigo os autores problematizam a preocupação de professores em participarem, cada vez mais, de formações continuadas, por entenderem que estas podem contribuir no aperfeiçoamento das práticas de sala de aula e com o conhecimento de metodologias inovadoras que possibilitem “melhorar” suas práticas docentes.

Encerramos com a reflexão de Felipe Nóbrega Ferreira que, em Nas voltas que a formação em História dá: um relato de experiência sobre o estar coordenador pedagógico na rede básica de ensino, narra a experiência do constituir-se professor de História. A partir de uma reflexão crítica, o autor descreve três momentos de sua formação profissional, sobretudo, na atuação como coordenador pedagógico em uma escola do Rio Grande do Sul, seja os de buscar um saber ambientalizado, a prática apreendida pela documentação e atribuição da mantenedora da instituição em que atua e o desenvolvimento de uma proposta de formação na área de História, a qual denominou como “do ouvir e do falar”.

Por fim, cumpre dizer que ordenamos o dossiê a partir da temporalidade dos objetos que os artigos apresentam. Os oito textos seguem a cronologia ascendente, permitindo a leitura de certa dinâmica entre os campos da História da Educação e do Ensino de História. Neste dossiê, o leitor encontrará uma representativa mostra de investigações que vêm sendo realizadas em diferentes regiões do Brasil, que têm se dedicado a analisar, sob diferentes aspectos e enfoques conceituais e metodológicos os campos da História da Educação e do Ensino de História.

Desejamos a todos uma boa leitura!

Natal / RN e Pelotas / RS, agosto de 2018.

Magno Santos

Fernando Ripe


SANTOS, Magno; RIPE, Fernando. [História da Educação e do Ensino de História: temas, fontes e problematizações]. História em Revista. Pelotas, v.24, n.1, 2018. Acessar publicação original [DR]

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Magistério oitocentista: contribuições da história da educação na problematização de questões de gênero, etnia e protagonismo docente / Revista Brasileira de História da Educação / 2018

Este dossiê é composto por quatro artigos sobre professores oitocentistas com recortes que contemplam diferentes regiões, períodos e questões [1]. O intuito desse conjunto de reflexões consiste em trazer contribuições da história da educação para a problematização de questões de gênero, etnia e protagonismo no exercício do magistério, considerando as singularidades regionais do território, em um período determinado da história brasileira, o Oitocentos.

A docência constitui parte imprescindível dos processos educacionais previstos nos projetos de civilização, progresso e ordenação de sociedades no século XIX, concebidos por agências governamentais ou não. O magistério público, em tais circunstâncias, confere ao ofício a particularidade de atuar em nome do Estado, mas também de ser peculiarmente afetado por ele. Da mesma maneira, atua na sociedade e é afetado por ela e por suas demandas sociais, ainda que algumas sejam configuradas como bandeiras de determinados grupos. Ambas as condições provocam continuamente os professores a se posicionarem com gradações de maior ou menor conformismo ou insubordinação, tornando-se atores de uma agenda que são convocados a cumprir.

Ao longo do Oitocentos, o ofício foi significativamente regulado por leis e por costumes oficiosos marcados pelas diversidades regionais, imperativos e urgências que, somados às experiências docentes (Schueler, 2001; Munhoz, 2012), conferem diferentes matizes aos processos de constituição da profissão. Também sinalizam os problemas e os efeitos do processo de inculcação de valores, de conformação e de adesão da população, via educação, a um projeto de governamentalidade, em que pesem os recorrentes movimentos insurgentes ao longo do Império.

Compreender e analisar tais aspectos permitem desnaturalizar ideias e imagens produzidas em torno do ofício de professor, bem como desconstruir crenças arraigadas e difundidas por muito tempo no próprio meio acadêmico. A persistência do tema da docência na composição dos eixos dos congressos da área como o Congresso Brasileiro de História da Educação e o Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação e o quantitativo expressivo de trabalhos remetem à emergência de novas abordagens, mas também sinalizam que a temática continua sendo importante objeto de estudos da história da educação e do campo da educação.

Os artigos que compõem o dossiê, no que se refere aos recortes temporais, abordam desde experiências iniciadas na década de 1820 avançando até o fim do século XIX. A maior concentração de estudos na segunda metade do século se relaciona com a ampliação da escolarização e da cultura escrita, abertura de escolas, instituições formadoras e criação de periódicos. Este crescimento incrementou a produção de registros que são tomados como fontes das pesquisas. Neste período, algumas medidas governamentais relativas à Instrução Pública, como a lei de 15 de outubro de 1827 e o ato de 1834 (adicional à Constituição de 1824), desencadearam um significativo crescimento da malha escolar e dos docentes. Marcos internos à história da educação – tanto da esfera central como estes citados, quanto provinciais – balizam as periodizações, assim como os eventos da história política das regiões e do Império do Brasil.

Assim, são analisadas trajetórias docentes vividas em regiões com diferentes características, ‘centrais’ e ‘periféricas’, imersas em ritmos sociais e econômicos distintos. São locais centrais – como a Corte – ou mais distantes geograficamente do poder imperial como a província da Parahyba do Norte. A Corte apresentava grande urbanização e era a mais populosa entre as localidades recortadas; São Paulo era uma capital pouca urbanizada, mas estava entre as regiões mais populosas da província. A vila de Cotia, servindo de contraponto, apresenta um contexto cultural caipira de uma região da província de São Paulo.

Fernanda Moraes, no artigo intitulado ‘Professores e professoras públicas de Primeiras Letras em Cotia (SP, 1870-1885): trajetórias docentes e estratégias do oficio de ensinar’, analisou a atuação de docentes de primeiras letras em Cotia – município vizinho à capital paulista, entre os anos de 1870 e 1885. Ao rastrear a vida pública de 14 professores, a autora identificou a presença deles em cargos públicos e / ou em funções diversas, concomitantes ou não ao exercício do magistério. Foram sujeitos que atuaram, sobretudo, no último quartel do século numa localidade periférica – Cotia – geograficamente próxima à capital paulista, mas distante do crescimento econômico que se assistia em outras regiões da província. Enquanto muitas localidades paulistas vivenciavam o desenvolvimento econômico propiciado pela cultura do café e instalação da linha férrea, Cotia vivia um processo de retrocesso justamente por ser um ponto importante do tropeirismo que decaiu com a ferrovia. Fernanda Moraes destacou que, a despeito da estagnação econômica, a escolarização foi ampliada na região e ressaltou a importância da ambiência familiar e das relações entre masculino e femininona configuração do magistério no XIX.

Angélica Borges, no texto intitulado ‘Lugares do magistério na Corte Imperial: o protagonismo do professor Candido Matheus de Faria Pardal’, apresenta uma reflexão acerca da trajetória de um professor que lecionou e circulou por diferentes espaços escolares, mas também por espaços religiosos, recreativos, sociais e políticos, na capital do governo imperial, a localidade mais urbanizada no período. Candido Matheus de Faria Pardal (1818-1888) exerceu o magistério por pelo menos 42 anos – no ensino primário, secundário e profissional – em instituições públicas e particulares, para meninos e meninas. O professor também atuou como examinador e escreveu compêndios. Angélica Borges destacou como Pardal extrapolou os limites da escola em diversas associações de caráter religioso, social, cultural, político e econômico, e em diferentes cargos públicos, estabelecendo uma série de relações a partir da escola com professores, governantes, famílias dos alunos, vizinhança, a cidade e o mundo estrangeiro, em um momento de intensificação do processo de escolarização na sociedade da Corte – por mais de quatro décadas – atravessando três quartéis do XIX. Por meio do recorte da trajetória prolongada de um professor numa localidade central, a autora refletiu sobre as diferentes relações estabelecidas entre magistério, escolarização e cidade.

A partir de um recorte provincial, Surya Aaronovich Pombo de Barros, no artigo intitulado ‘Graciliano Fontino Lordão: um professor ‘de côr’ na Parahyba do Norte’ destaca à luz da história da educação da população negra no Brasil a trajetória do professor Lordão (1844-1906), filho de uma mulher negra de quem se tem poucas informações e de um frei católico, que era professor e detinha relativa proeminência na sociedade local. Surya Barros acompanha a trajetória de escolarização, o exercício do magistério (como professor particular e público de primeiras letras e de latim) e a atuação política de Lordão como deputado provincial / estadual por quatro mandatos, além de dirigente do Partido Liberal. A autora questiona o impacto que a presença de um professor negro pode ter representado para os alunos e a possível relação entre pertencimento racial e algumas de suas práticas docentes como ter um aluno que era filho de uma escrava ou abrir uma aula noturna para adultos. Seu objetivo é destacar a possibilidade de ascensão social que a instrução podia representar para a população negra sem desconsiderar os obstáculos, a exclusão e a precariedade vivida por estes sujeitos.

Fabiana Garcia Munhoz, no artigo intitulado ‘Para além das prendas domésticas: a trajetória da mestra Benedita da Trindade no magistério feminino paulista’, aborda a trajetória da professora pública de primeiras letras pioneira da cidade de São Paulo, Benedita da Trindade do Lado de Christo. A autora interpreta questões que perpassaram o magistério feminino nesta província problematizando a legislação que criou as aulas públicas de primeiras letras para meninas e, a partir da trajetória da mestra Benedita, destaca a questão dos saberes específicos previstos pela lei (as prendas domésticas) retomando estudos anteriores (Hilsdorf, 1997; Rodrigues, 1962) e a interpretação desta historiografia de que a mestra resistia em ensinar as prendas domésticas previstas pela lei. Operando numa perspectiva micro-histórica, Fabiana Munhoz analisa o ingresso no magistério com a novidade representada pelos concursos públicos entre a população feminina; destaca a atuação de professoras como examinadoras das novas candidatas e estabelece algumas relações entre as experiências das mestras e os lugares que ocuparam – ou buscaram ocupar – na instrução feminina e transmissão do magistério entre mulheres na cidade de São Paulo em meados do XIX.

Os artigos do dossiê dão cor à heterogeneidade da docência – e da escolarização – ao longo do Oitocentos. Foram três abordagens com recortes locais e uma provincial. Em um cenário de contexto caipira, como o da vila de Cotia, observamos uma rede de professores em atividade e a ampliação da malha escolar. Acompanhamos os sujeitos professores – homens e mulheres – em suas relações, cooperações e conflitos para efetivar as aulas de primeiras letras numa localidade pouco populosa e urbanizada e com uma economia próxima da subsistência. Quase meio século antes, há alguns quilômetros da pequena vila de Cotia, na capital da província de São Paulo (uma cidade pouco urbanizada no período, mas capital de província), o magistério feminino era inaugurado e exercido por uma professora que conviveu com outras mestras, alunas e famílias, vereadores, inspetores e presidentes de província e lidou com questões relativas ao ingresso, exames, saberes das aulas femininas e transmissão do magistério. À modesta urbanização da província de São Paulo, onde acompanhamos uma experiência feminina, contrapõese o dinâmico cenário da Corte. Além dos contrastes regionais e do espaçamento do tempo, pesa a diferença de gênero nas experiências docentes dos sujeitos investigados.

A diversificada trajetória do professor Pardal atravessa e é atravessada por múltiplos espaços da cidade do Rio de Janeiro. Por ser homem, a vida pública do mestre foi bastante movimentada (e registrada em fontes) em associações de caráter religioso, social, cultural, político e econômico. Sua experiência indicia um caráter urbano do magistério na medida em que professor e seus alunos adentraram e abriram as escolas para estes espaços. No mesmo Império do Brasil, numa província do Norte do Império [2], bastante distante da Corte e com uma economia alicerçada na produção agrícola (açúcar e algodão), pecuária e no trabalho escravo combinado à mão de obra livre, acompanhamos a trajetória de um professor negro e os impactos de sua atuação num país onde a escravidão era legalmente permitida e fonte de produção da riqueza que se concentrava nas mãos de uma minoria da população.

Às diferenças regionais soma-se a diversidade temática das investigações. Como já destacamos, houve uma variedade de objetos – desde a circulação de professores e sua presença em outros espaços da cidade exercendo um protagonismo docente, relações familiares, transmissão do magistério até a questão racial e de gênero. Para subsidiar as análises, foi mobilizado um repertório diversificado de fontes. As interpretações são construídas a partir de cuidadoso trabalho de pesquisa em arquivos e de sistematização. Entre as fontes, destacam-se os documentos manuscritos da Instrução Pública de arquivos estaduais; imprensa oitocentista; relatórios de inspetores da Instrução e de presidentes de província; relatórios oficiais e legislação educacional.

Os artigos do dossiê trazem contribuições da história da educação para as reflexões sobre o magistério oitocentista e evidenciam as diferentes possibilidades de enfoque em torno da docência. Pardal, Lordão, Benedita da Trindade e os diversos professores de Cotia protagonizaram histórias de negociação e conformação diante das condicionantes impostas, e também de resistência, ousadia e luta para inserção e intervenção na sociedade por meio do magistério. Cada qual à sua maneira, a partir das possibilidades, de sua condição regional, de gênero ou de etnia, deixou seu quinhão de contribuição para compreendermos e constituirmos as multifacetadas páginas da docência na história da educação brasileira.

Notas

1. Os artigos que compõem este dossiê foram apresentados no formato de Comunicação Coordenada intitulada ‘Magistério oitocentista: singularidades regionais, de gênero e raça em trajetórias docentes’, no IX Congresso Brasileiro de História da Educação, realizado em 2017, em João Pessoa-PB, no eixo temático ‘Formação e Profissão Docente’.

2. Durante o século XIX, as expressões ‘províncias do norte’ e ‘do sul’ eram utilizadas, mas sem organização oficial. O que se denominava de região Norte dizia respeito aos atuais norte e nordeste (Gregório, 2012).

Referências

GREGÓRIO, V. M. (2012). Dividindo as províncias do Império: a emancipação do Amazonas e do Paraná e o sistema representativo na construção do Estado nacional brasileiro (1826-1854). São Paulo, SP: USP.

HILSDORF, M. L. S. (1997). Mestra Benedita ensina primeiras letras em São Paulo. São Paulo, SP: Plêiade.

MUNHOZ, F. G. (2012). Experiência docente no século XIX: trajetórias de professores de primeiras letras da 5ª comarca da Província de São Paulo e da Província do Paraná (Dissertação de Mestrado em educação). Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo.

Rodrigues, L. M. (1962). A instrução feminina em São Paulo. São Paulo, SP: Escolas Profissionais Salesianas.

SCHUELER, A. F. M. de (2001). Culturas escolares e experiências docentes na cidade do Rio de Janeiro (1854-1889) (Tese de Doutorado em educação). Faculdade de Educação da UFF, Niterói.

Fabiana Garcia Munhoz – Historiadora e pedagoga pela Universidade de São Paulo (2002, 2008). Mestra (2012) e doutora (2018) em Educação pela Faculdade de Educação da USP. Suas investigações na área da História da educação dedicam-se ao estudo sobre o magistério oitocentista com foco na história social do trabalho docente, história social das mulheres e relações de gênero. Participa do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em História da Educação (NIEPHEFEUSP) desde 2007. É professora de Educação básica da cidade de Rio Claro – SP / BR desde 2013. E-mail: fgmunhoz@gmail.com https: / / orcid.org / 0000-0002-0198-4924

Angélica Borges – Graduada em Pedagogia e mestre em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo (USP, 2014). Professora adjunta do Departamento de Ciências e Fundamentos da Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Campus Duque de Caxias (FEBF-UERJ), e professora da educação básica na Rede Municipal de Duque de Caxias (RJ). Integrante do grupo de pesquisa EHELO- FEBF (Estudos de História da Educação Local). E-mail: angelicaborgesrj@gmail.com http: / / orcid.org / 0000-0003-0207- 943X


MUNHOZ, Fabiana Garcia; BORGES, Angélica. Apresentação. Revista Brasileira de História da Educação, Maringá-PR. Maringá, v. 18, 2018. Acessar publicação original [DR]

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Produção de conhecimentos, difusão e ensino na (e da) História da Educação / Cadernos de História da Educação / 2017

Sob a designação geral “Produção de conhecimentos, difusão e ensino na (e da) História da Educação”, este dossiê tem o propósito de compreender processos de produção e de ensino do conhecimento histórico-educacional mediante o exame de casos específicos, do recurso a fontes e métodos diversos, bem como da experiência do ensino.

Os seis artigos reunidos retomam e analisam, entre outros aspectos, em especial, a utilização da legislação e dos manuais de ensino situando a discussão a partir de estudos desenvolvidos acerca de situações determinadas como a educação no Maranhão na Primeira República e a elaboração de manuais escolares e os sentidos por eles assumidos no campo educacional, em São Paulo, no período entre as décadas de 1940 e 1950. Características dos processos de autoria e legitimação dos manuais são objeto de atenção.

Também se confere lugar de destaque para as potencialidades da legislação (e de diversas outras fontes) no confronto entre as proposições oficiais e a concretização de práticas na vida escolar, a partir da análise da situação do ensino de História da Educação em Minas Gerais constatando o baixo nível de correspondência entre prescrições e realizações no ensino.

Questões ligadas à produção do conhecimento histórico educacional e suas configurações em países (como Portugal, França e Espanha), cujas relações com o Brasil têm sido marcantes, são o ponto de partida para a discussão sobre o trânsito de modos de interpretação, escolhas teóricas e recurso a fontes que predominaram entre nós desde a década de 1970.

Os textos em seu conjunto evidenciam a preocupação com as possibilidades de concorrer para a história do ensino, da produção de conhecimentos, das escolas e da profissão docente. As potencialidades e limites dos diferentes materiais são problematizados em cada um dos trabalhos bem como o são as questões relativas às experiências de identificação, sistematização, disponibilização e ensino.

Desse modo, é possível afirmar que os artigos reunidos nesse dossiê se caracterizam de forma convergente ao se ancorar, cada um deles, em uma investigação específica de objeto e periodização autônomos e realizar, simultaneamente, incursões metodológicas que explicitam e debatem o potencial de fontes e métodos exemplificando marcas teóricas e enquadramentos diversos que mostram modalidades de construção de interpretações em História da Educação.

O artigo que abre o dossiê, intitula-se “A escrita da História da Educação: distâncias e proximidades na apropriação de fontes e métodos no caso das produções de Portugal, França, Espanha e Brasil”. Ele foi redigido por Denice Barbara Catani, da Universidade de São Paulo, como uma retomada de alguns resultados obtidos em investigação realizada sobre a produção de conhecimentos na área dos estudos educacionais e, em especial, sobre a produção dos estudos da História da Educação no Brasil. Para tanto, a autora recorreu à pesquisa dos processos que permitiram a construção e renovação de matrizes interpretativas a partir do exame da produção da área em países que sabidamente estabeleceram, nas últimas décadas, importantes relações acadêmicas com o nosso país, isto é França, Espanha e Portugal. Indicam-se, assim, as relações entre as transformações da escrita histórico educacional no Brasil e nos países citados atentando especialmente para as apropriações decorrentes de intercâmbios, deslocamentos e viagens dos conhecimentos em perspectiva comparada.

Em seguida, Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas, da Universidade Federal de Sergipe, no texto intitulado “Fontes para a difusão da didática moderna no ensino da Língua Portuguesa: os manuais do Ensino Ginasial e a autoria docente nas décadas de 1940 e 1950”, relatou resultados de investigação que mobilizou como fontes prioritárias os manuais de língua portuguesa para as séries ginasiais, editados nas décadas de 1940 e 1950, de autoria de professores paulistas, que pregava o aprendizado da gramática a partir de textos literários. A coleção “Páginas Floridas”, de Francisco Silveira Bueno, editada pela Livraria Acadêmica, Saraiva e Cia e a “Coleção Didática do Brasil – Série Ginasial- Português”, assinada por Aída Costa foram selecionadas como exemplares representativos de compreensão da circulação de novos padrões didáticos por professores-autores que ocuparam posições relevantes no campo educacional paulista e mobilizaram diferentes estratégias. A pretensão do estudo foi contribuir com a História da Profissão Docente, e com a História das Disciplinas Escolares ao desvendar a trajetória dos referidos autores, que difundiram o ensino de português e literatura, a partir de coleções, que tiveram circulação nacional.

Cesar Augusto Castro, da Universidade Federal do Maranhão, redigiu o artigo intitulado “A legislação como fonte para a História da Instrução Primária maranhense”, no qual defendeu que a legislação educacional é uma importante ferramenta de investigação do campo da História da Educação por possibilitar uma ampla e fértil compreensão do movimento educativo em determinado tempo e lugar. O autor buscou entender o uso dessa fonte como recurso para a pesquisa sobre a instrução primária maranhense nas últimas décadas do período imperial e no início do período republicano, por meio da discussão dos processos econômicos, políticos, sociais que contribuíram para a criação e expansão das instituições escolares e as várias reformas educativas que objetivaram o desenvolvimento do Maranhão por meio da instrução.

Em seguida, Joaquim Pintassilgo e Carlos Beato, do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, redigiram o artigo que intitularam “Balanço da produção recente no campo da História das Disciplinas Escolares: o exemplo das teses de doutoramento (Portugal, 2005-2015)”, no qual realizaram um balanço da produção portuguesa recente em História da Educação, tomando como exemplo as teses de doutoramento passíveis de inserção no campo específico da História das Disciplinas Escolares, para o que, selecionaram o período delimitado pelos anos de 2005 e 2015. Afirmam que a História das Disciplinas Escolares é um campo consolidado no interior da investigação histórico-educativa que possui uma fundamentação teórica sólida, um conjunto diversificado de fontes e uma certa tradição de pesquisa, no que se refere aos procedimentos metodológicos e aos fundamentos teóricos e conceituais. Em um campo que atingiu uma certa estabilidade, e que podia correr algum risco de estagnação, os autores procuraram identificar os desafios que lhe estão a ser lançados, as abordagens que procuram renovar e as tendências que se abrem à investigação futura, assumindo a especificidade, mas, também, a exemplaridade de que se reveste este campo particular no conjunto da pesquisa em História da Educação.

Em “O Ensino de História da Educação no Brasil: fontes e métodos de pesquisa”, Décio Gatti Júnior, da Universidade Federal de Uberlândia, apresenta os avanços na pesquisa sobre o ensino de História da Educação em Minas Gerais, particularmente, com a apresentação de aspectos de uma trajetória coletiva e pessoal de busca de entendimento do “pré-curso” e dos percursos da disciplina História da Educação no Brasil, particularmente, em Minas Gerais, mas, também, como poderá ser percebido no texto do artigo, em São Paulo. No texto abordam-se os aspectos biográficos da entrada do pesquisador nesta temática da História Disciplinar da História da Educação. Depois, apresenta-se uma breve reflexão teórico-metodológica e, por fim, há uma exposição sucinta dos resultados alcançados em investigações sob os cuidados do autor, diretamente, a partir dos projetos de pesquisa que têm desenvolvido e, indiretamente, especialmente nas orientações de iniciação científica, de mestrado e de doutorado que foram levadas a cabo nos últimos anos.

O dossiê termina com o texto intitulado “O exercicio docente universitario na materia ‘Historia da educación’ ”, escrito por Antón Costa Rico, da Universidade de Santiago de Compostela, com abordagem direta da questão do ensino da disciplina História da Educação. Parte de uma pergunta central: — Com qual História da Educação formar o nosso aluno universitário na atualidade? Para o autor, a resposta envolve a formação de um habitus histórico-educativo e os cenários específicos de formação pedagógica.

Denice Barbara Catani – Doutora em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (Feusp). Professora Titular Aposentada da Feusp. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq (Nível 1B). E-mail: dbcat@usp.br

Décio Gatti Júnior – Doutor em Educação: História e Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com estágio de pós-doutorado concluído na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Professor Titular de História da Educação da Universidade Federal de Uberlândia. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq (Nível 1C). Beneficiário do Programa Pesquisador Mineiro da Fapemig. E-mail: degatti@ufu.br


CATANI, Denice Barbara; GATTI JÚNIOR, Décio. Apresentação. Cadernos de História da Educação. Uberlândia, v. 16, n.1, jan. / abr., 2017. Acessar publicação original [DR]

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História da Educação na América Latina: práticas e culturas escolares | Revista Latino-Americana de História | 2016

La escuela, como construcción sociohistorica, es a estos efectos un sintetizador cultural que nasce del entrecruzamiento de la memoria em que se objetiva su cultura material con los rituales que transmiten, perpetúan y gobiernan los procesos de la educación de la educación formal. Bajoel substrato de estas dos mediaciones – unamás física y otra más intangible o inmaterial o inmaterial – se ha ido configurado toda una cultura que se nos manifiesta como realidad empírica (en las prácticas), como campo intelectual (en los discursos) y como dispositivo de regulación de la vida societaria (en las normas). (ESCOLANO BENITO, Agustín. In. MOGARRO, Maria João (org.) Educação e Patrimônio Cultural: Escolas, Objetos e Práticas. Lisboa: Edições Colibri, 2015, p.45)

A reflexão proposta por Augustín Escolano Benito evidencia as escolas como produtos da sociedade, que foram construídos historicamente. Caracterizam-se como instituições singulares, marcadas por itinerários e culturas que lhes são próprias. Desta forma, essas culturas se traduzem em práticas e discursos, por meio dos quais é possível compreender o funcionamento escolar e suas inserções no tecido social. Leia Mais

Tópicos de História da Educação nos Estados Unidos (entre os séculos XIX e XX) / Cadernos de História da Educação / 2016

Embora a literatura educacional brasileira seja farta em referências à história da educação nos Estados Unidos, nos nossos meios acadêmicos circulam poucos estudos a respeito. Não que a história da educação norte-americana ganhe menos atenção dos estudiosos brasileiros do que a educação em outros países. A bem da verdade, não temos nos meios educacionais tradição de estudos internacionais.

Com algum conhecimento da historiografia da educação brasileira pode-se afirmar que as mais frequentes menções ao estrangeiro se reportam a algum item de filosofia ou pedagogia, de algum método ou currículo, de algum conceito ou obra, subtraídos dos contextos em que foram produzidos ou que funcionaram como base de lançamento para a circulação internacional que os teria trazido até o Brasil.

Com vistas a contribuir para os estudos internacionais, especialmente sobre os lugares ocupados pelos Estados Unidos nos processos de constituição e internacionalização do campo, organizei dois dossiês: o primeiro já publicado pela revista de História da Educação (ASPHE), com o tema geral A educação nos Estados Unidos: do século XIX ao século XX, que reúne artigos sobre dimensões abrangentes da educação norte-americana no período; quatro autoras brasileiras e um autor norte-americano compõem o conjunto.

Neste segundo dossiê, os artigos reunidos abordam temas mais específicos – ainda que de largo impacto – da educação nos Estados Unidos na passagem do século XIX para o século XX. O dossiê é composto de seis artigos, sendo que quatro são de autores norte-americanos e dois de autoras brasileiras. Muitos aspectos os interligam, embora os autores tenham sido convidados a explorar temas que lhe são caros desde as visões que lhe são próprias. Nem poderia ser de outro modo.

Ao esclarecer os leitores que as convergências entre os autores não incluem suas perspectivas teóricas ou de método, aproveito o ensejo para lhes informar que não concordo necessariamente com as análises que desenvolvem sobre um e outro tema. Falarei sobre isso mais adiante.

Os autores foram reunidos aqui em torno de um período da educação norte-americana de intensas reformas; um momento consagrado como era progressista no qual estão ocorrendo as transformações que gestaram os EUA moderno, hegemônico. Foram convidados a falar de tópicos que indicam a profundida e o alcance das mudanças em curso. São artigos sobre a educação norte-americana com ênfase no ambiente de fins do século XIX e começos do século XX; momento de ebulição da cultura norte-americana na qual se incluem reformas de largo alcance impactadas pelas transformações industriais e urbanas, pela imigração em massa, pelo envolvimento na Primeira Guerra Mundial, bem como pela confrontação de movimentos civis, políticos e sindicais de diferentes matizes.

Exatamente porque estão reunidos em torno de um momento decisivo da vida e particularmente da educação norte-americana, não poderiam deixar de abordar as mesmas reformas, as mesmas iniciativas e os mesmos nomes. Não há surpresa, portanto, que itens como Relatório do Comitê dos Dez e Associação Nacional da Educação sejam muito referidos; assim como nomes como os de John Dewey e Edward l. Thorndike não poderiam ser elididos em se tratando de dois próceres das reformas educacionais do período, opositores inscritos no mesmo terreno acadêmico.

Barry Flanklin, um dos importantes nomes da geração dos anos oitenta que provocou um turn point na área do currículo, trata das relevantes questões curriculares que emergem no período em tela e coloca os discursos de Dewey e Thorndike, além de Ross L. Finney, face a face na disputa pela concepção de comunidade – portanto, na disputa pela direção a ser estabelecida para o currículo. O campo da disputa é o currículo da escola secundária. Thorndike e Finney são, para o autor, expressão de um discurso de comunidade excludente, homogênea, temerosa do estranho / estrangeiro (o imigrante daquele momento); Dewey seria a melhor expressão do discurso liberal da inclusão, da diversidade, do entendimento das transformações que a indústria e a vida urbana produziram sobre os antigos agrupamentos rurais, assim da necessidade de recriação do coletivo e da unidade social. Franklin dedica um item para tratar dos problemas que contemporaneamente repõem a disputa em torno da comunidade. Com isso, é levado a concluir que a direção que o uso do discurso sobre o currículo irá tomar teria permanecido sem solução; e se pergunta: “irá nos conduzir ao estilo liberal de comunidade, tal como popularizada por Dewey ou nos levará à variação reacionária proposta por Thorndike e Finney? ”.

A polarização Dewey-Thorndike, que de fato foi alimentada para além dos muros do Teachers College de Columbia, não reaparece nos artigos de Monaghan / Saul nem de Santos que, aliás, tem Thorndike no centro das suas análises sobre o ensino da Matemática. Não estou certa que se deva alimentá-la mesmo. Também não estou certa que a perspectiva de Franklin possa ser mantida por quem não é herdeiro (romântico) do liberalismo deweyano. Do lugar que venho examinando a contenda nem Dewey se sustenta no lugar avançado que se colocava e que Franklin reafirma, e nem Thorndike se justifica no lugar do regresso que não postulava para si, mas é onde Franklin, como outros, o inscreve.

Spencer Clark foi chamado a tratar de assunto relevante ao qual tem se dedicado, complementar ao tema abordado por Franklin: a educação cívica nos EUA na Era Progressista. Em um momento de grande ardor cívico-patriótico, a educação para o civismo ganhou lugar proeminente no currículo escolar norte-americano, como resposta às grandes levas de imigrantes que tomaram de assalto os EUA entre fins do séc. XIX e começos do seguinte. Clark examina o assunto reportando-o com clareza ao movimento do americanismo e de americanização da escola norte-americana. Para tanto, repassa as tendências que mais diretamente teriam marcado o currículo – as assimilacionistas e as culturalmente pluralistas –, e centra a atenção em dois educadores representantes de cada visão, Arthur W. Dunn e, especialmente, Laura Donnan. O artigo de Clark oferece uma boa análise do tema, e por isso mesmo, exemplifica bem os limites e, portanto, o alcance, de uma visão crítica liberal sobre a americanização e o americanismo. Embora cruzem os caminhos de Franklin e Clark, os artigos de Monaghan / Saul e Santos conferem um tratamento bastante distinto às questões disciplinares e curriculares abordadas.

O artigo O leitor, o escriba, o pensador: um olhar crítico sobre a história da instrução da leitura e da escrita nos Estados Unidos, de E. J. Monaghan e E. W. Saul, publicado pela primeira vez há quase 30 anos, por sua impressionante atualidade está sendo aqui reproduzido [2] . O problema central é a prevalência por muito tempo da leitura sobre a escrita. Para abordá-lo, as autoras repassam a história do ensino da leitura desde o século XIX, destacando os movimentos que disputaram o controle dessa área, as tendências dos teóricos e dos docentes, bem como do mercado editorial. Para os leitores brasileiros que trabalham com o assunto é de grande importância se aperceber que não há direta correspondência entre os movimentos, as tendências, no ensino da leitura registrados nos EUA com os que aqui se formaram, por exemplo, as nossas querelas em torno do analítico e do sintético; do método da palavra, da sentença e da estória. Por outro lado, aqui não teria ocorrido tanto clamor em torno da leitura silenciosa como o registrado por Monaghan e Saul; assim como, o movimento científico e o progressismo educacional não teriam aqui ocorrido; ainda que se possa estabelecer algum (cauteloso) paralelismo entre o último e o escolanovismo brasileiro, este não se posicionou com a veemência e clareza em torno do ensino da leitura na mesma direção que a verificada pelo progressismo em sua luta contra o livro didático (cartilha, livros de leitura etc.) em favor da estória “escrita” pelo próprio aluno.

Ivanete Batista dos Santos examina os confrontos em torno do ensino da Matemática nas primeiras décadas do século XX. Rastreando os periódicos educacionais que circulavam à época nos EUA e parte dos livros de Thorndike, Santos constata a existência de duas propostas, uma que versava sobre uma organização de conteúdos baseada na teoria da disciplina mental e uma alicerçada em princípios da psicologia conexionista de Thorndike. A perspectiva da disciplina mental se fez presente no Committee of Ten Report e ainda se revelava em torno dos anos de 1910; a proposta de rompimento teria ocorrido a partir da publicação do manual The Thorndike Arithmetics, em 1917, como a evidência de que Edward Lee Thorndike conformou, nas primeiras décadas do século XX, um padrão peculiar para o ensino de Matemática. E que foi reapresentado em The Thorndike Algebra, em 1927. Esse artigo de Ivanete Santos, seguindo os parâmetros da sua tese de doutorado, traz à cena a figura de um Thorndike condizente com a imagem sobre ele produzida por seu maior biógrafo, a historiadora da educação Geraldine M Joncich: a de um “positivista são” (The Sane Positivist é o título principal de sua biografia a respeito de Edward L. Thorndike), cuja produção científica e escolar alterou profundamente os padrões de ensino da escola norteamericana, não só da Matemática, mas do ensino da leitura também, como apontam Monaghan e Saul, para não falar de outras disciplinas não incluídas neste dossiê

Seguem dois artigos mais independentes quanto aos assuntos focalizados. Noah Sobe centra-se na fabricação da atenção da criança em uma sala de demonstração montessoriana montada na Feira Mundial de São Francisco, em 1915. Ele quer “repensar a forma como poder e subjetividade agem na formação de atrações humanas”. Conduzindo suas análises com as categorias foucaultianas tais como a de poder, governamentalidade, analítica do poder, Sobe sugere que a atenção a partir de Montessori nos remete à química envolvida no poder, mais do que à física, uma vez que “em vez de forças e corpos que causam movimentos e distribuições, o poder aqui poderia ser pensado operando anexações e desanexações que montam e desmontam entidades”. Dessa perspectiva, Sobe propõe uma nova perspectiva para os estudos da atenção em “relação à produção de desejo e com uma analítica do poder” e não como um estado que se instaura ou não no corpo da criança.

Por fim, o artigo que escrevi para esse dossiê que desloca a… atenção para o campo acadêmico, mais especificamente para o Teachers College da Columbia University quando da criação do seu International Institute, em 1923, e o lançamento do periódico Educational Yearbook, em 1924. A minha pretensão é trazer para primeiro plano aquele College na função de epicentro da internacionalização do campo educacional. As iniciativas dos responsáveis pelo Instituto no âmbito do ensino e da pesquisa são as evidências que trago para sustentar a tese em torno daquela função central do TC, mas o periódico anual é a fonte original deste artigo, uma vez que ainda não explorado como um compêndio, uma enciclopédia, onde se reúnem as mais atualizadas e completas informações e dados sobre os sistemas educacionais de praticamente todos os países, colônias e protetorados existentes à época da sua circulação (1924-1944).

Para encerrar esta apresentação, uma palavra de agradecimento aos autores que se dispuseram a escrever ou ceder trabalhos para este dossiê e aos tradutores dos artigos, e uma palavra de lamento. Enquanto organizava esta coletânea Profa. Jennifer Monaghan faleceu e Prof. Barry Franklin adoeceu. Lamentei profundamente não ter podido conhecer a Profa. Monaghan; tenho lido seus trabalhos e usufruído do elegante, minucioso e fundamentado conhecimento que ela deixou sobre a história da leitura e da escrita nos Estados Unidos. Prof. Flanklin eu conheço pessoalmente; pessoa meiga e atenciosa e, ao mesmo tempo, um acadêmico sério e cuidadoso; desejo que as amizades e as leituras estejam lhe preenchendo os dias de afeto e distração.

Nota

2. Por razões de espaço, mas também de foco, a última parte do texto de Monaghan e Saul não foi mantido nesta versão em Português. Na parte suprimida, as autoras examinam o período Lyndon B. Johnson e o processo de valorização crescente da escrita. Os dados da primeira versão em Inglês desse texto são: MONAGHAN, E. J.; SAUL, W. The reader, the scribe, the thinker: a critical look at reading and writing instruction. POPKEWITZ, T.S. (ed). The Formation of the School Subjects. New York, London: The Falmer, Press, 1987, p. 85-122.

Mirian Jorge Warde – Doutora em Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professora Titular da PUC-SP. Professora Visitante Sênior do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São Paulo, no campus Guarulhos. Pesquisador Sênior do CNPq. E-mail: mjwarde@uol.com.br


WARDE, Mirian Jorge. Apresentação. Cadernos de História da Educação. Uberlândia, v. 15, n.1, jan. / abr., 2016. Acessar publicação original [DR]

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Ensino de história e história da educação: caminhos de pesquisa (Parte II) / História e Diversidade / 2014

O dossiê temático “Ensino de história e história da educação: caminhos de pesquisa” (Parte II) apresenta textos que compõem uma diversidade de investigações relativas ao ensino de história e da história da educação. Essas pesquisas são marcadas pela multiplicidade de perspectivas que estruturam a historicidade dos processos educativos no Brasil. Assim como o dossiê “Ensino de história e história da educação: caminhos de pesquisa” (1), o presente é uma continuação organizada por artigos de investigadores de diferentes regiões do país, em momentos distintos da formação acadêmica: são professores doutores, pós-graduandos, professores da educação básica e estudantes de graduação.

Em “Inventariando caminhos de pesquisa: a imprensa periódica como fonte para a escrita da historia da educação de / em Mato Grosso”, Adriana Aparecida Pinto investigou periódicos em circulação em Mato Grosso, (São Luiz de Cáceres, Corumbá e Cuiabá), entre os anos de 1880 a 1910, cujo levantamento, mapeamento, catalogação e análise orientaram-se a partir da abordagem teórico metodológica da História Cultural.

O artigo “A Guerra do Paraguai nas edições do livro didático História do Brasil, de Nelson Piletti”, de autoria de André Mendes Salles, buscou compreender como este autor de manuais didáticos incorporou ou não novas interpretações historiográficas quando abordava as causas desse conflito.

Por seu turno, André Wagner Rodrigues, no ensaio intitulado “O ensino de história em busca de novas referências: considerações sobre o pensamento de Edgar Morin” reflete sobre os resultados de uma pesquisa bibliográfica que objetiva investigar possíveis contribuições do pensamento transdisciplinar de Edgar Morin para as ciências históricas a partir de análises de problemas sociais, políticos, econômicos, culturais, ecológicos, éticos e estéticos que irrompem na vida prática contemporânea.

André Luis Ramos Soares, Andrielli Matos da Rosa, Carolina Bevilacqua Vedoin e Thaise Vanise Corrêa, no artigo “Dinamicidade no ensino formal: resgate histórico através de maquetes”, buscam trabalhar a história através de maquetes como Navio Negreiro, Casa Grande & Senzala e O Cortiço, cada uma representando conceitos referentes ao processo histórico que constituiu a cultura afro-brasileira.

Analisar comparativamente as versões sobre a Guerra do Paraguai presentes nos livros didáticos produzidos durante duas ditaduras é o horizonte do texto “Usos políticos da memória: a história da Guerra do Paraguai nos manuais didáticos durante o regime militar no Brasil e Stroessner no Paraguai”, de Bruna Reis Afonso.

Em “O ensino de história em Mato Grosso: Uma análise das Orientações Curriculares”, Carlos Edinei de Oliveira propõe uma reflexão teórica sobre a interface entre o currículo formal e o currículo real que acontece nas escolas públicas de Mato Grosso.

Já o artigo “Grupos escolares e escolas reunidas: similaridades e diferenças em Mato Grosso (1910-1940)”, de autoria de Elton Castro Rodrigues dos Santos, aborda por meio de fontes documentais como relatórios de presidentes do estado, inspetores de ensino e diretores da instrução pública, disponíveis nos principais acervos de Mato Grosso, expressam as diferenças e semelhanças entre os grupos escolares e escolas reunidas, como modalidades educacionais destinadas na instrução primária neste estado.

“Escola, ensino e historia local: Lei Municipal 283 / 09 na cidade de João Câmara– RN” é o título do ensaio de Iranilson Pereira de Melo, que investiga a perspectiva memorialista presente na disciplina Cultura do Rio Grande do Norte.

Em “Aportes teórico-metodológicos para a seleção de edificações urbanas como fontes históricas primárias: uma proposta pedagógica para a pesquisa em história”, Ivan Ducatti discute como o patrimônio histórico urbano pode ser abordado não apenas pelo seu caráter estético e cultural, mas como resultados de obras humanas, trabalhos concretos, em um conjunto de relações sociais passíveis de serem analisadas pelo historiador.

Por sua vez, José Antonio Gabriel Neto apresenta um balanço da produção acadêmica a partir principais temáticas tratadas sobre o ensino de história nos encontros da Associação Nacional de História (ANPUH) no estado do Ceará, em “Pesquisando sobre ensino de história: a produção historiográfica no Ceará (2006-2012)”.

A autora Josiane Alves da Silveira, em “História da formação de professoras que atuaram no ensino superior da cidade do Rio Grande / RS a partir da década de 1960”, indica importância da História Oral, como apoio teórico-metodológico, e de temas como a memória nas atuais pesquisas em História da Educação.

“Anúncios e educação no jornal A União da Paraíba (1900 – 1930)” é o título do artigo de Kalyne Barbosa Arruda. A autora propõe uma análise investigativa sobre os anúncios que tratam de questões relativas à educação, tendo sido um recurso de divulgação e consolidação das identidades escolares, em que os professores eram apresentados como um elemento de qualidade, constatando, muitas vezes, o sucesso de instituições educacionais e profissionais.

Já Mairon Escorsi Valério, Marciano Bonatti, Vinicius Fruscalso Maciel de Oliveira e Waleska Walesca Beatriz Miola Freitas, no texto intitulado “Projetos Interdisciplinares: espetáculo, resignação e aparência”, questionam o papel dos projetos interdisciplinares nas escolas públicas ao perceberem que necessitam de um repensar dos temas que são repetidamente trabalhados de forma conservadora como uma política de reparo de danos educacionais.

Por sua vez, Marineide de Oliveira da Silva, em “A expansão das escolas isoladas no Estado de Mato Grosso (1910 – 1930)”, analisa a criação e expansão das escolas isoladas mato-grossenses, considerando a legislação educacional oficial da época, as peculiaridades do Estado, bem como a relevância dessa instituição para o cenário educacional mato-grossense.

Em “A disciplina Prática Pedagógica no curso de Pedagogia da UFPR: perspectiva histórica (1980-2010)”, Sandra Guimarães Sagatio, Leilah Santiago Bufrem e Maria Auxiliadora Moreira dos Santos Schmidt propõem, por meio da análise documental das resoluções relativas à estrutura curricular do referido curso, entender como as disciplinas escolares representam determinações históricas e sociais.

Por fim, o artigo “A educação da infância paraense a partir dos discursos de propagandas de colégios do início do século XX”, de Welington da Costa Pinheiro e Laura Maria da Silva Araújo Alves, procura desenvolver algumas reflexões sobre os discursos materializados em propagandas de colégios procurando evidenciar a história da educação da infância no Estado do Pará, deste recorte temporal.

Esse segundo volume do dossiê “Ensino de história e história da educação: caminhos de pesquisa” é resultado da alta quantidade e qualidade de artigos encaminhados pelos colaboradores de diferentes partes do país, respondendo a chama da de artigos iniciada em meados de 2013. Agradecemos a generosidade e o empenho dos autores no envio dos textos para o dossiê. É uma satisfação tê-los conosco nessa empreitada.

Bom proveito!

Alexandra Lima da Silva– Professora doutora (UFMT.)

Marcelo Fronza – Professor doutor (UFMT).

Renilson Rosa Ribeiro – Professor doutor (UFMT).

Os organizadores


SILVA, Alexandra Lima da; FRONZA, Marcelo; RIBEIRO, Renilson Rosa. Apresentação. História e Diversidade. Cáceres, v.5, n.2, 2014. Acessar publicação original [DR]

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História da educação em Sergipe / Revista do IHGSE / 2014

O IHGSE é uma das principais instituições culturais e científicas do estado de Sergipe. Possuidor de um acervo de valor inestimável, o sodalício consolidou-se como um espaço privilegiado na promoção da pesquisa acerca da sociedade sergipana. Prova disso é o elevado quantitativo de pesquisadores que diariamente visitam a Casa de Sergipe em busca de vestígios para a composição de suas investigações.

Instituição plural e complexa, o IHGSE atende a um público diverso. Entre seus principais pesquisadores estão leitores das camadas populares, estudantes da rede básica de ensino, graduandos e pós-graduandos. A riqueza do acervo possibilita a circulação de diferentes públicos e promove diariamente a redescoberta do passado sergipano.

Todavia, além de possuir um valioso acervo, a Casa de Sergipe também destaca-se pela notoriedade de possuir o mais antigo e importante periódico das ciências humanas em circulação no estado. A Revista do IHGSE tornou-se ao longo de sua primeira centúria um espaço privilegiado na difusão de novos olhares acerca da sociedade sergipana sob as lupas interpretativas da História, Geografia, Antropologia, Sociologia e Política.

Com isso, do mesmo modo que o IHGSE tornou-se “abrigo dos homens de letras” [1] da menor unidade da federação e promoveu o processo de emancipação cultural do povo sergipano,[2] como bem enfatizou o presidente do sodalício; a Revista do IHGSE ao longo dos últimos cem anos foi um veículo de grande relevância na difusão dos saberes acerca do passado local. A trajetória do periódico confunde-se com a própria historiografia local, pois revela a emergência de novas temáticas e enfoques de investigação.

Talvez essa seja uma das principais causas da vitalidade da Revista do IHGSE, que além de proporcionar a possibilidade de publicação de textos de novos pesquisadores, também possibilita a aglutinação de diferentes perspectivas teórico-metodológicas. Com isso, o periódico possibilita a difusão do conhecimento acerca do estado em vertentes plurais e polissêmicas, ao congregar intelectuais renomados, novos pesquisadores vinculados aos programas de pós-graduação e pesquisadores outsiders. Além disso, essa reunião de perspectivas analíticas diversas ocorre sem menosprezar o aspecto qualitativo das contribuições. Pelo contrário, dinamiza o campo investigativo com diferentes olhares acerca do passado local.

Uma temática que emergiu na historiografia sergipana através das páginas da Revista do IHGSE foi a história da educação.[3] Apesar da clássica “História da Educação em Sergipe” de Maria Thetis Nunes ser a obra de maior fôlego na historiografia educacional sergipana,[4] foi José Calasans o responsável pelas primeiras análises acerca do universo educacional em Sergipe.[5] Como asseverou Jorge Carvalho do Nascimento, os primeiros estudos acerca do universo educacional em Sergipe foram publicados na Revista do IHGSE, com o artigo inaugural de José Calasans, ainda em meados do século XX.[6]

Contudo, após um longo período de produção esparsa e fragmentada, na década de 90 do século XX a escrita da história da educação em Sergipe apresentou uma significativo avanço quantitativo e qualitativo. Se tomarmos como parâmetro a Revista do IHGSE, podemos perceber um processo gradativo de aumento das contribuições que versam sobre a esfera educacional, especialmente com estudos acerca das instituições escolares e das trajetórias biográficas.

Esse aumento sistemático do número de pesquisas no âmbito educacional pode ser entendido como reflexo da consolidação do ensino de pós-graduação stricto sensu em Sergipe, que atualmente possui dois programas com doutorados. Além disso, o aumento sistemático da porcentagem das contribuições expressam a consolidação da história da educação como um dos principais campos investigativos da historiografia sergipana, assim como a permanência da Revista do IHGSE como espaço privilegiado na difusão dos estudos de vanguarda em Sergipe.

Diante desse cenário, essa nova edição da Revista do IHGSE apresenta o dossiê com “História da Educação em Sergipe”. O título homônimo ao livro da consagrada historiadora Maria Thetis Nunes consiste em uma forma de reconhecer as suas contribuições para a historiografia local, pois muitas das pesquisas da renovada historiografia educacional sergipana tiveram início com as provocações interpretativas e vestígios documentais elencados pela mestra.

O primeiro artigo que compõe o dossiê discute um período pouco estudado da historiografia educacional sergipana. Leyla Santana, Solyane Lima e Simone Amorim analisam as continuidades e descontinuidades no âmbito da instrução primária na Província de Sergipe no período de 1827 a 1838. No segundo artigo, Suely Cristina Souza investiga as classificações e competências dos docentes do Atheneu Sergipense, a fim de confirmar a existência e pertinência dos ditames da Reforma Francisco Campos.

O terceiro texto, de autoria de Néviton Silva, busca traçar um paralelo da Associação Atlética de Sergipe como um clube voltado para a prática esportiva, por vezes confundida como um prolongamento da vida social dos seus frequentadores. No quarto texto, Maria de Lourdes dos Anjos investiga os embates no processo de implantação do Colégio Americano Batista em Aracaju, revelando frestas da educação batista em Sergipe desenvolvida por missionárias norte-americanas. Já Rita Barroso e José Adailton Silva buscam compreender o processo de construção de uma política de inserção e gestão das TIC a partir da formação continuada de professores dos Núcleos de Tecnologias Educacionais (NTE) de Aracaju e Lagarto.

Na seção de artigos livres, Vanessa Oliveira identifica as associações católicas de pretos na província de Sergipe e, de modo particular, evidencia a devoção a Nossa Senhora do Rosário como um aspecto relevante da experiência religiosa dos africanos e seus descendentes. Seguindo a mesma perspectiva do universo afrosergipano, Joceneide Cunha identifica as nações africanas nos registros de óbitos da Freguesia de Santo Amaro e aponta os locais que esses africanos foram sepultados, constituindo uma geografia da morte em Sergipe oitocentista.

Respaldada nos processos inquisitoriais de 1591, Andreza Mattos analisa as redes de sociabilidades entre os integrantes mamelucos das expedições no sertão. Claudefranklin Monteiro discute as divergências intelectuais entre os sergipanos Sílvio Romero e Manoel Bonfim.

Notas

1. RIBEIRO, J. Freire. Palavras do Acadêmico. Revista do IHGSE. Nº 26ª, Vol. 22. Aracaju, 1965, p. 30.

2. ALBUQUERQUE, Samuel Barros de Medeiros. Emancipação Cultural de Sergipe. Jornal da Cidade. Caderno B. Aracaju, 8 de julho de 2012, p. 7.

3. NASCIMENTO, Jorge. C. do; FREITAS, Itamar. A Revista em Sergipe. Revista de Aracaju, Aracaju, v. 9, 2002, p. 169-187.

4. NUNES, Maria Thetis. História da Educação em Sergipe. 2ª ed. São Cristóvão: EDUFS, 2008 [1984].

5. SILVA, José Calazans Brandão da. O ensino público em Aracaju (1830-1871). Revista do IHGSE, Aracaju, v. 15, n. 20, 1949-1951.

6. NASCIMENTO, Jorge Carvalho do. Historiografia Educacional Sergipana: uma crítica aos estudos de História da Educação. Aracaju: FAP; São Cristóvão: UFS, 2003.

Aracaju, julho de 2014

Magno Francisco de Jesus Santos – Editor da Revista do IHGSE.


SANTOS, Magno Francisco de Jesus. Apresentação. Revista do IHGSE. Aracaju, n.44, v.2, 2014. Acessar publicação original [DR]

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Ensino de história e história da educação: caminhos de pesquisa (Parte I) / História e Diversidade / 2014

O objetivo do dossiê temático “Ensino de história e história da educação: caminhos de pesquisa” (1) é compor um painel de diferentes experiências de investigação em torno das preocupações do ensino de história e da história da educação. A diversidade nos estudos evidencia intensa produção, indicando múltiplos caminhos, tendo como foco a educação, numa perspectiva histórica e o ensino de história. O presente dossiê apresenta textos de pesquisadores de diferentes regiões do país, em momentos distintos da formação acadêmica: são professores doutores, pós-graduandos, professores da educação básica e estudantes de graduação.

O artigo “Diretrizes para o ensino de história e a prática voltada à diversidade: um olhar multicultural”, de autoria de Aldieris Braz Amorim Caprini, propõe explorar como as “Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais e para o Ensino da História Afro-Brasileira e Africana” podem ser pensadas no ensino de História, no sentido de promover a diversidade.

Em “Da resistência docente e discente para com projetos como o PIBID: um estudo do caso através de atividade com maquetes”, os autores André Haiske, André Luís Ramos Soares, Letícia Genron Schio e Luciano Nunes Viçosa de Souza, partem de um ano de experiência do PIBID Historia 2011 UFSM, e a resistência de alguns professores em trabalhar certos temas e questões em sala de aula.

Por seu turno, Astrogildo Fernandes da Silva Júnior e José Josberto Montenegro Sousa, no artigo intitulado “Didática da História: mediadora entre teoria e ensino de História”, refletem sobre a teoria, o ensino e a didática da história enquanto subsídios teórico-metodológicos de um projeto de pesquisa desenvolvido em colaboração com professores e jovens estudantes do ensino médio de uma escola pública estadual localizada na cidade de Ituiutaba, MG, Brasil.

Apresentar algumas reflexões realizadas na pesquisa de mestrado Currículo e Exame Nacional do Ensino Médio: rupturas e permanências na conformação dos saberes históricos escolares, é o horizonte do artigo “Saberes históricos escolares entre o currículo e o Exame Nacional do Ensino Médio (1998-2011)”, de Fabíola Matte Bergamin.

Igor Antonio Marques de Paiva, no artigo intitulado “Sobre provas objetivas e a interpretação da História”, discute o paradoxo posto pela critica epistemológica que afirma a legitimidade da pluralidade de leituras e interpretações nos processos históricos, e o fato das Ciências Humanas lidarem – por opção ou força do mercado educacional – com provas de questões de tipo objetiva em concursos e vestibulares.

Já o artigo “Ensino de História e currículo nos anos iniciais: reflexões sobre as concepções do ensino de História no curso de Pedagogia”, de autoria de Jaqueline Zarbato, aborda as discussões realizadas no curso de pedagogia do Centro Universitário Municipal de São José-USJ, sobre o ensino de História e sua representação, repercussão e importância no percurso do currículo de pedagogia.

Em “Histórias conectadas: apontamentos sobre teorias e metodologias de estudos comparados em educação”, Juliana Pirola da Conceição propõe uma reflexão sobre as opções teóricas e metodológicas que se colocam à investigação comparada de temas educacionais na América Latina, visando esclarecer as distinções entre Educação Comparada, História Comparada e História Comparada da Educação.

Por sua vez, Kênia Hilda Moreira,Eglem de Oliveira Passone e Samara Grativol Neves, apresentam um balanço da produção acadêmica em história da educação no Centro-Oeste, a partir dos trabalhos que utilizaram o livro didático como fonte de pesquisa, em “O livro didático como fonte de pesquisas em História da Educação no Centro-Oeste: entre temas, períodos e métodos”.

“Joaquim Manuel de Macedo e suas Lições de História Geral para o Brasil Império” é o título do artigo de Luís César Castrillon Mendes, que analisa as Lições de História do Brasil de Macedo, manual escrito a partir de anotações de sala de aula e serviram para formar inúmeras gerações de jovens da “boa sociedade”.

Em “A colônia indígena Teresa Cristina e suas fronteiras: uma possibilidade de aplicabilidade da Lei 11.645 / 08”, Marli Auxiliadora de Almeida apresenta fontes de pesquisa sobre a História Indígena de Mato Grosso aos profissionais de História e de áreas afins, que atuam na educação básica, para utilizarem como ferramenta de trabalho, e colocar em prática a Lei 11.645 / 08, de 10 / 03 / 2008.

Já Osvaldo Rodrigues Junior apresenta o estado da arte das pesquisas em manuais de Didática da História destinados a professores no Brasil, em seu artigo intitulado “O estado da arte das pesquisas em manuais de didática da História destinados aos professores no Brasil”.

“Pancrácio no Rio das Cobras: um uso da Literatura no ensino de História” é o título do artigo de Ronyere Ferreira, Francisco Oliveira e Vilmar Aires dos Santos. Os autores realizam uma análise reflexiva sobre o uso da literatura no ensino de História da Educação Básica, a partir de experiências propiciadas pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID / UFPI com estudantes da rede pública de ensino, na realização de projeto de intervenção pedagógica com texto literário (crônicas) em sala de aula.

As autoras Stefânia Rosa Santos e Ronaldo Cardoso Alves, em “História oral, memória e representações sociais: diálogos com a educação de pessoas adultas”, indicam os possíveis diálogos sobre educação e diversidade, por meio da articulação entre memória, história oral e representações sociais e os desdobramentos no processo de alfabetização e letramento de pessoas adultas.

Por fim, o artigo “Protonarrativas e possibilidades de intervenção: práxis e educação histórica em um estudo no IFPR (Campus Curitiba)”, de Thiago Augusto Divardim de Oliveira Maria Auxiliadora Moreira dos Santos Schmidt, procura desenvolver algumas reflexões sobre uma forma específica de se pensar a relação ensino e aprendizagem na didática da História, a educação histórica na perspectiva da práxis. Proponho a partir desse estudo algumas considerações referentes ao campo da epistemologia da práxis do ensinar e aprender História.

Boa Leitura!

Alexandra Lima da Silva– Professora doutora (UFMT.)

Marcelo Fronza – Professor doutor (UFMT).

Renilson Rosa Ribeiro – Professor doutor (UFMT).

Os organizadores

SILVA, Alexandra Lima da; FRONZA, Marcelo; RIBEIRO, Renilson Rosa. Apresentação. História e Diversidade. Cáceres, v.4, n.1, 2014. Acessar publicação original [DR]

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História e História da Educação / Sæculum / 2010

As pesquisas em História da Educação vêm ganhando espaço cada vez maior entre os chamados “historiadores de ofício”. Os estudos acerca das práticas educativas; dos processos educacionais; da história das instituições escolares; do papel das políticas de Estado voltadas para a Educação; da história das disciplinas escolares, dentre uma infinidade de temas, têm sido alvo de pesquisas por parte dos historiadores em diversas temporalidades.

Compartilhando das perspectivas teóricas e metodológicas do campo da História, como as filiações com a História Cultural; a História Social inglesa; a Micro História italiana e as linhagens da perspectiva marxista têm dado uma nova face para as pesquisas da História da Educação que passaram, nos últimos vinte anos, a ter maior visibilidade para além dos limites dos cursos de pedagogia e dos estudos relacionados às ideias do pensamento educacional. Nessa perspectiva, as novas abordagens e objetos vêm se constituindo como um espaço de reflexão importante para fortalecermos os ofícios de Clio, que desta feita passa a se interessar mais de perto pelos problemas relacionados com a educação na sua historicidade.

Paralelamente ao seu crescimento e fortalecimento como um domínio específico de pesquisa, a História da Educação também vem sofrendo críticas no que concerne ao fato de fazer uso de conceitos e categorias de interpretação e análise já consagradas pela História. Preocupados com essa questão, os historiadores da educação abriram um fértil campo de produção do conhecimento histórico que, certamente, tem contribuído para seu desenvolvimento no âmbito da teoria da história. Para tanto, os pesquisadores lançaram mão do conceito de cultura escolar, engendrada a partir de estudos sobre o cotidiano das escolas, dos trabalhos de história comparada e os cuidados com os acervos que passaram a guardar as memórias da escolarização pública e privada no Brasil e em outros países.

É nesse contexto que os editores da revista Sæculum preocupados e antenados com todas essas mudanças relacionais de produção de conhecimento acerca da história e da história da educação resolveram destinar este número com um dossiê História e História da Educação. Assim sendo, a revista Sæculum nº 22 apresenta sete ensaios que procuram trazer pesquisas desenvolvidas em várias universidades brasileiras e que vão desde as discussões sobre as fontes e arquivos, educação indígena e cultura material escolar nos oitocentos; a posição de católicos e protestantes sobre educação no Nordeste brasileiro contemporaneamente; as interfaces da literatura com a crítica educacional brasileira na obra de Lima Barreto; o papel do Estado no processo de escolarização de trabalhadores em Minas Gerais e os interesses internacionais sobre a história ensinada. Procuramos estabelecer uma espécie de panorama parcial das temáticas e abordagens em História da Educação para permitir ao leitor uma travessia agradável.

Mais cinco artigos compõem a sessão seguinte, que denominamos de fluxo contínuo, com discussões que vão da política fabril e manufatureira no século XVII; sobre o século XIX apresentamos dois artigos, o primeiro deles sobre a representação acerca da guerra anti-holandesa na imprensa carioca e o segundo sobre o saber médico e a construção de uma cultura de saúde pública no Brasil. Finalizando o conjunto de artigos dois textos discutem ensino de história, um deles sobre as interfaces com a cultura histórica e o outro sobre o papel das imagens no ensino de História. Convidamos os leitores a acompanhar a resenha sobre alguns exemplos de peças poéticas produzidas ao longo dos anos de 1978-2008, em que os autores de Cadernos Negros “pensaram uma história do Brasil vista pela ótica da matriz cultural africana”.

Por último os editores da Sæculum publicam entrevista inédita – “A Leitura da Historiografia Clássica para a História da Educação” – concedida em Lisboa pelo historiador Justino Pereira de Magalhães, cujo percurso de vida acadêmica diz muito sobre as trajetórias dos pesquisadores em História da Educação brasileiros.

Os Editores


Equipe Editorial. Editorial. Sæculum, João Pessoa, n.22, 2010. Acessar publicação original [DR]

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História e História da Educação | SÆCULUM – Revista de História | 2010

Prezados Leitores:

As pesquisas em História da Educação vêm ganhando espaço cada vez maior entre os chamados “historiadores de ofício”. Os estudos acerca das práticas educativas; dos processos educacionais; da história das instituições escolares; do papel das políticas de Estado voltadas para a Educação; da história das disciplinas escolares, dentre uma infinidade de temas, têm sido alvo de pesquisas por parte dos historiadores em diversas temporalidades.

Compartilhando das perspectivas teóricas e metodológicas do campo da História, como as filiações com a História Cultural; a História Social inglesa; a Micro História italiana e as linhagens da perspectiva marxista têm dado uma nova face para as pesquisas da História da Educação que passaram, nos últimos vinte anos, a ter maior visibilidade para além dos limites dos cursos de pedagogia e dos estudos relacionados às ideias do pensamento educacional. Nessa perspectiva, as novas abordagens e objetos vêm se constituindo como um espaço de reflexão importante para fortalecermos os ofícios de Clio, que desta feita passa a se interessar mais de perto pelos problemas relacionados com a educação na sua historicidade. Leia Mais

A História da Educação em Minas Gerais: investigações recentes / Cadernos de História da Educação / 2008

Este sétimo volume dos Cadernos de História da Educação é dedicado a Profa. Dra. Ana Maria Casasanta Peixoto, falecida recentemente. Uma das mais importantes historiadoras da educação do Brasil que, com sua costumeira generosidade, tenacidade e amizade, incentivou a criação desse periódico e integrou seu Conselho Consultivo desde seu primeiro número em 2002. Colega da área que deixa saudade e um exemplo de dedicação acadêmica que deve inspirar a todos que se dedicam a pesquisa, ao ensino e a divulgação científica na área de História da Educação.

Coincidentemente, neste novo volume encontram-se publicados oito artigos que formam o Dossiê –A História da Educação em Minas Gerais: investigações recentes, com autores provenientes de diferentes grupos de pesquisa em História da Educação instalados em diferentes Instituições de Educação Superior do Estado de Minas Gerais, sendo que a influência da Profa. Dra. Ana Maria Casasanta Peixoto está presente em todos estes grupos.

O texto “Uma nova instituição de ensino na cidade de Juiz de Fora e a visão da imprensa (1907-1908)”, de Dalva Carolina (Lola) de MenezesYazbeck e Marília Neto Kappel da Silva, provem da Universidade Federal de Juiz de Fora. Denilson Santos de Azevedo, Regilane Gava Lovato e Gilzânea Zanetti, da Universidade Federal de Viçosa, redigiram o texto “A voz dos estudantes de Agronomia impressa nas páginas do jornal “O Bonde” (1945-1963)”. Da Universidade Federal de São João del-Rei, recebemos a colaboração intitulada “Na periferia da cidade, à margem dos processos educativos: memórias de experiências escolares de moradores do bairro de São Geraldo em São João del-Rei”, de Laerthe de Moraes Abreu Junior, Michele Longatti Fernandes e Ellen Pereira Neves. Maria do Carmo Xavier, da Pontifícia Universidade Católica, redigiu o texto “Indagando a tradição: a pesquisa educacional e o projeto político do desenvolvimento mineiro (1956 / 1966)”. Em seguida, o texto “A psicologia educacional e o ensino da paixão, do prazer e da dor (Minas Gerais – 1920-1960)” de Maria Madalena Silva de Assunção que também é vinculada a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e também a Universidade Vale do Rio Verde de Três Corações. Da Universidade Federal de Ouro Preto, Rosana Areal de Carvalho, Lívia Carolina Vieira e Leandro Silva de Paula, colaboraram com o texto “O cotidiano e a política no espaço escolar: o relatório de 1911 do Grupo Escolar de Mariana”. Em o “ ‘Templo do bem’: o Grupo Escolar de Uberaba na escolarização republicana (1908 – 1918)”, Rosângela Maria Castro Guimarães e Décio Gatti Júnior apresentam texto no campo da História das Instituicoes Educacionais. Por fim, da Universidade Estadual de Montes Claros, Sarah Jane Alves Durães e Fátima Rita Santana Aguiar colaboram com o texto “Os grupos escolares mineiros como lugar de disciplina e higienização dos corpos”.

Sem dúvida, este conjunto de textos selecionados dos trabalhos apresentados no IV Congresso de Pesquisa e Ensino em História da Educação em Minas Gerais, realizado em maio de 2007, em Juiz de Fora / MG e que foram adensados e complementados por seus autores, revela a pujança que a pesquisa e a produção científica encontra em Minas Gerais, bem como o espalhamento dessas práticas desde a capital, Belo Horizonte, até cidades importantes de diversas regiões de Minas Gerais.

O presente volume também é integrado por onze artigos científicos inéditos, com dois artigos internacionais, seis com autores de diferentes e importantes instituições de educação superior brasileiras e, ainda, três artigos com autores da UFU. Assim, este volume alcança um percentual de 79% de artigos com autores de fora da universidade e 21% de artigos escritos por pesquisadores da própria UFU, o que demonstra a plena aceitação da comunidade de pesquisadores em História da Educação do Brasil e do exterior em relação ao periódico.

Por fim, há três resenhas publicadas nesse volume de obras escritas entre 2004 e 2007 e que ganham relevância internacional, nacional e regional pelas temáticas tratadas, em uma articulação que contempla preocupações recentes de pesquisadores brasileiros.

Novamente, agradecemos à confiança depositada nos integrantes da Comissão e no Conselho Editorial dos Cadernos de História da Educação seja pelo envio de colaborações para avaliação seja no sucesso que o periódico tem encontrado nos leitores da área de História da Educação. Sem dúvida, a disponibilização do periódico no Open Journal System (SEER, no Brasil) ampliará ainda mais a penetração do periódico no Brasil e no exterior.

Décio Gatti Júnior – Editor


GATTI JÚNIOR, Décio. Editorial. Cadernos de História da Educação. Uberlândia, v. 7, jan. / dez., 2008. Acessar publicação original [DR]

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História da Educação / História & Perspectivas / 2008

Educação, pesquisa e ensino são temáticas que continuam fundamentais no debate contemporâneo, neste momento de incertezas e de necessidade de repensar as possibilidades de uma sociedade menos excludente e mais participativa. Embora a educação continue sendo apresentada (abstratamente) como remédio para os males brasileiros, ela é, ao mesmo tempo, questionada nos seus resultados negativos, buscados nos índices de eficiência da escola fundamental e média e nos de produtividade do ensino superior.

Os dossiês que compõem esse número 38 de História & Perspectivas – Produzindo Histórias: pesquisa e ensino e História da Educação – buscam a nossa inserção nesse debate, deslocando os focos de análise e trazendo outras temáticas para a reflexão.

No primeiro estão em debate os livros didáticos, suas interpretações sobre a história e os caminhos de abordagem percorridos. Entre as temáticas, a linguagem imagética e as imagens sobre os negros nos livros de História. Nesse dossiê, uma outra problemática que se coloca para discussão é a das políticas públicas para a educação, englobando as relações entre educação e trabalho, pensando a inserção dos profissionais da área no mercado. Centralização, posturas autoritárias, relações clientelistas, preparo didático-pedagógico estão no foco dos diversos artigos dessa seção.

Duas resenhas contemplam o dossiê Produzindo Histórias: pesquisa e ensino. Elas trazem indicações de leitura sobre o ensino de história e os desafios da área para o século XXI. Ensinar história é uma prática social onde se manifestam diferentes interpretações sobre o mundo e de onde emergem valores que pautam nossas ações enquanto historiadores. Ao contrário das visões superficiais que associam a diversidade ao “tudo é história”, o ensinar exige pesquisa e reflexão teórica para produção de um conhecimento que sempre se renova.

No dossiê História da Educação contamos com análises de situações vividas em outros países, no caso Chile e Portugal, em estudos variados: a educação em asilos femininos; a escola Conde de Ferreira em Mafra; a Escola Nova nos Prêmios Nacionais em Educação no Chile. São preocupações dos autores pensar a educação em múltiplas abordagens, ou seja, como projeto de regeneração moral, como política de salvação da nação pela via da instrução ou pelas influências do pensamento pedagógico de Jonh Dewey. Contemplam esse dossiê artigos de pesquisadoras brasileiras, enfocando as atividades educativas desenvolvidas por oficiais do Exército que contribuíram para a construção da identidade da corporação e o papel educativo da imprensa na formação do cidadão republicano, ao disseminar princípios, como disciplina, e hábitos de trabalho. A cultura escolar da Europa é o foco de uma resenha que aponta para a leitura de uma produção historiográfica sobre a história da educação européia, em uma perspectiva histórico-cultural, abordando temas como currículos, manuais, fontes para pesquisa e tendências de interpretação no campo da História da Educação.

Por último, a reformulação curricular dos cursos de graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia é apresentada neste número de História & Perspectivas como uma experiência de ensino recente, inserida na exigência de mudanças, feitas pelas diretrizes curriculares nacionais. Essa exigência resultou, no caso da UFU, na implantação de um novo projeto pedagógico, ainda em andamento. O nosso objetivo aqui é compartilhar essa experiência com todos aqueles que estão trilhando esse caminho, considerando que as situações vividas pelos diversos cursos superiores possibilitaram escolhas diferenciadas no enfrentamento das exigências da política nacional para a educação.

Conselho Editorial


História da educação. História & Perspectivas, Uberlândia, v.1, n.38, 2008. Acessar publicação original [DR].

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A cultura material na história da educação: possibilidades de pesquisa / Revista Brasileira de História da Educação / 2007

Vestígios da cultura material escolar

Como afirmou de forma muito pertinente Margarida Felgueiras (2005, p. 97), “falar de cultura material da escola é mudar o foco de atenção […]”. De fato, implica desviar o olhar para dimensões do universo educacional – edifícios, mobiliário, utensílios, materiais pedagógicos, manuais didáticos etc. – quase sempre tomados como um dado natural, evidentes por si mesmos, sem maior relevância, ainda que sejam suportes de práticas, instrumentos mediadores da ação educativa e elementos estruturais para o funcionamento dos estabelecimentos de ensino. Mas o pesquisador interessado em efetuar esse deslocamento enfrentará, necessariamente, os desafios diuturnos daqueles que se aventuram a seguir caminhos pouco trilhados, tendo que se haver com as dificuldades teórico-metodológicas de tomar os artefatos como objeto e fonte de pesquisa.

Os textos reunidos neste dossiê foram apresentados no IV Congresso Brasileiro de História da Educação, realizado em Goiânia, em 2006. Eles constituem bons exemplos da fertilidade do estudo da cultura material para a ampliação do conhecimento histórico em educação. Confrontando prescrições e práticas, a partir de diferentes fontes e abordagens de pesquisa, os estudos revelam como em torno dos materiais escolares foram instituídas práticas discursivas, modos de organização pedagógica da escola, consolidação de métodos de ensino, constituição de sujeitos e práticas, aspirações de modernização educacional e significados simbólicos. Além da análise dos materiais, os trabalhos revelam os percursos traçados na constituição de acervos e a metodologia empregada para o exame dos objetos. Ressaltam-se ainda a riqueza das interpretações empreendidas pelas pesquisadoras e a diversidade dos artefatos que emergem nas análises.

Valdeniza Maria Lopes da Barra flagra um episódio ordinário das relações entre os órgãos da administração da instrução pública e professores de primeiras letras na província de São Paulo, no século XIX. Acompanhando os desdobramentos da trama que se desenrola em torno das prescrições da Inspetoria acerca dos materiais necessários às escolas públicas primárias e as solicitações de uma professora do mobiliário e utensílios requeridos para ministrar o ensino, a autora mostra como espaço, mobiliário e utensílios entram em jogo na produção da escola. Dessa maneira, a análise faz emergir as concepções dos atores educacionais e, com muita clareza, põe em destaque a ação que subjaz nos objetos quando em relação com os sujeitos e a cultura. Num tempo em que a escola funcionava freqüentemente na casa do professor e que a relação de materiais se restringia a mesas, bancos, mochos, papel almaço, penas de aves, lápis, tinta, canivetes, traslados, catecismos, entre outros poucos artefatos, ainda assim em quantidade sempre insuficiente para as necessidades dos professores e alunos, é o modo de organizar a escola pela transmissão simultânea do ensino e um modo de ser professor que a materialidade inscreve, e que a autora habilmente demonstra.

O texto de Gizele de Souza, em contrapartida, põe em questão as exigências materiais ampliadas requeridas para o funcionamento dos primeiros grupos escolares implantados no estado do Paraná, no início do século XX. O foco do texto são as representações em torno da composição material desse novo modelo de escola primária que se consagrou durante a Primeira República, como símbolo da renovação e modernização educacional no Brasil. Emerge na análise o significado simbólico dos prédios escolares, do mobiliário escolar condizente com as normas de higiene e a profusão de materiais didáticos tendo em vista a ampliação dos programas de ensino e a adoção do método intuitivo. Nesse sentido, como bem demonstra a autora, a materialidade da escola expressa suas finalidades sociais, políticas e culturais, o sentido da renovação e sua importância no projeto republicano. É tanto perceptível as representações sobre os objetos quanto o significado simbólico que eles instauram pela sua visibilidade. Outro aspecto que sobressai no texto são as contradições entre as práticas discursivas e a provisão efetiva das escolas, ou seja, as mazelas do ensino público marcado pela precariedade e insuficiência de toda sorte. Como no texto de Valdeniza Barra e nos demais textos deste dossiê, a autora, pela nomeação e descrição minuciosa dos objetos, descortina um cenário vívido da escola. Esse quadro mais preciso do que tem sido a escola em diferentes épocas é uma contribuição inegável de uma abordagem sobre a cultura material.

O exame minucioso de fontes como relatórios de professores, diretores de escolas, inspetores e delegados de ensino, legislação e instruções emanadas dos órgãos da administração educacional, ofícios e correspondências, relações de materiais e inventários tem fomentado o encontro dos historiadores da educação com a materialidade da escola. Na análise da ausência e presença dos materiais escolares, os pesquisadores têm posto em relevo os condicionantes das práticas, como a frontalização do ensino pelo uso sistemático do quadro-negro, as posturas corporais impostas pelas carteiras, os livros de leitura mais utilizados nas escolas como suportes de transmissão de saberes, os cadernos especiais para o ensino de determinadas disciplinas escolares (por exemplo, cadernos de trabalhos manuais, de caligrafia, de aritmética, entre outros), materiais que indicam a introdução de inovações pedagógicas (como os contadores mecânicos, as cartas de Parker, os modelos de Prang, entre outros, utilizados nas lições de coisas, os aparelhos para o cinema educativo ou os meios audiovisuais).

Se a escrita administrativa produzida pelos profissionais da educação no cumprimento das exigências dos órgãos da administração do ensino (relatórios, relações de materiais, inventários etc.) tem-se constituído em fonte relevante para o estudo da cultura material escolar, o que dizer sobre a imensa quantidade de artefatos que se encontram deliberadamente ou não guardados nas instituições educativas e com os quais se defronta o historiador da educação? E aqueles salvaguardados do descarte e que fazem parte dos arquivos pessoais preservados como lembranças eivadas de afetos? E as coleções armazenadas em museus, centros de referências e de memória da educação?

O texto de Regina Maria Schimmelpfeng de Souza articula as práticas discursivas sobre a materialidade da escola com a exploração de alguns objetos como fonte de pesquisa. Para a reconstituição da história da escola alemã de Curitiba, no período entre 1884 e 1917 (Deutsche Schule), a autora valeu-se de inúmeros vestígios da cultura material. De um lado, nas fontes escritas, pôde verificar o moderno aparelhamento dessa escola, especialmente, a numerosa coleção de objetos para as “lições de coisas”, estratégia utilizada pelos mantenedores para projetar a instituição na sociedade auferindo-lhe prestígio e reconhecimento social cuja identidade passou a ser associada à boa organização escolar e à qualidade do ensino. Além disso, no exame de materiais de uso escolar encontrados nos guardados de antigos alunos – cadernos, lousa, caneta e mata-borrão – a autora pode entrever a relação intrínseca existente entre os objetos e os sujeitos, isto é, o quanto os objetos estão implicados nos processos de subjetivação. Nessa direção, ela aponta os constrangimentos corporais inscritos no uso da lousa pelos alunos, as habilidades motoras requeridas para o manuseio da pena, as múltiplas destrezas físicas e cognitivas associadas ao uso cotidiano do caderno. Assim, o texto permite apreender os objetos tanto como linguagem como materialidade que produz ações.

O texto de Rosilene Batista de Oliveira Fiscarelli e Rosa Fátima de Souza põe em discussão as possibilidades e os limites do uso de uma coleção de troféus escolares como fontes para a história da educação. Baseando-se na organização de um acervo digital de artefatos encontrados numa escola pública de ensino básico do estado de São Paulo, as reflexões das autoras buscam evidenciar os diversos tipos de informação que essa coleção propicia, assim como a abrangência das investigações que suscita. Os troféus são testemunhos das participações bem-sucedidas da escola em diferentes tipos de certames e competições de natureza esportiva, sociocultural e cívico-patriótica. Eles revelam modalidades, características dos certames, a cronologia das participações, o nível de ensino dos alunos envolvidos, as entidades promotoras e os significados sociais compartilhados. Tomados como símbolos da excelência da escola pública, eles dão visibilidade a um passado recente memorável e mantêm uma íntima relação com a memória institucional. O questionamento das autoras volta-se para a validade dos artefatos como documentos e os desafios metodológicos no enfretamento da questão.

A organização deste dossiê objetiva contribuir com os pesquisadores da área da história da educação fomentando o debate e socializando uma amostra significativa das possibilidades de investigação da cultura material escolar, domínio de pesquisa relativamente novo e muito promissor, como demonstrado nos textos aqui reunidos.

Referência

FELGUEIRAS, M. L. Materialidade da cultura escolar. A importância da museologia na conservação / comunicação da herança educativa. Pro-prosições, v. 16, p. 87- 102, jan. / abr. 2005.

Rosa Fátima de Souza – Professora adjunta do Departamento de Ciências da Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara / Universidade Estadual Paulista (UNESP).


SOUZA, Rosa Fátima de Souza. Apresentação. Revista Brasileira de História da Educação. Maringá, v.7, n.2, maio / ago, 2007. Acessar publicação original [DR]

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Arquivos Escolares: desafios à prática e à pesquisa em história da educação / Revista Brasileira de História da Educação / 2005

Os arquivos escolares têm emergido nos últimos dez anos como temática recorrente no campo da história da educação. Relatos de experiências de organização de acervos institucionais, narrativas sobre as potencialidades da documentação escolar para a percepção da cultura escolar pretérita (e presente), publicação de inventários e guias de arquivo, elaboração de manuais e reprodução de documentos (digitados ou digitalizados) vêm mobilizando investigadores da área, renovando as práticas da pesquisa e suscitando o uso de um novo arsenal teórico-metodológico.

O interesse pela singularidade no tratamento das diversas fontes para a produção historiográfica, manifesto em décadas precedentes, já tinha forjado um deslizamento em direção à história, à teoria da linguagem e à antropologia, dentre outras disciplinas, impelindo à busca de documentação sobre o passado educacional em arquivos públicos, institucionais e particulares, e mesmo à elaboração de documentos pelo recurso à história oral. O esforço de sistematização das informações e sua disponibilização, então iniciado, pela própria magnitude do projeto, demandaram a constituição de grupos de pesquisa, cujo funcionamento regular propiciou a extensão do mapeamento das fontes documentais.

A esse movimento tem-se entretecido, mais recentemente, a preocupação com a preservação de acervos e a atenção aos primados da arquivística e da museologia, enredando os historiadores da educação na discussão sobre a cultura material, o exercício do arquivamento e do descarte e as técnicas específicas de conservação de cada suporte ou objeto. Tais interlocuções têm ampliado ainda mais o horizonte do trabalho em história da educação, ao mesmo tempo provocando fissuras no que se considera a seara do historiador e questionando fronteiras disciplinares.

Ao lidar com os arquivos mortos de escolas, os investigadores têm sido instados a mobilizar a comunidade escolar e atentar para seus anseios. A literatura vem demonstrando a importância em associar alunos, professores e funcionários à organização e manutenção dos acervos escolares, na certeza de que a perenidade dessas iniciativas repousa no seu acolhimento pelo efetivo da escola. Despontam, assim, argumentos em defesa da necessidade de integrar o funcionamento da secretaria à prática do arquivo permanente, gerando instrumentos de trabalho próprios ao universo documental da escola; e sobre a relevância em tornar o arquivo vivo, seja pela participação de alunos e professores na atividade de organização e guarda do acervo, seja pelo uso de alguns documentos escolares em sala de aula.

Em contrapartida, a percepção de que os objetos e móveis localizados nas instalações escolares estão intrinsecamente ligados à constituição das práticas escolares atuais e antigas, tecendo com os documentos textuais e fotográficos múltiplas histórias da escola e da educação, tem levado pesquisadores a problematizar as balizas que tradicionalmente distinguem documentos arquivísticos e museológicos e a advogar o não desmembramento dos acervos escolares.

Os artigos aqui reunidos exploram a interdisciplinaridade dessas iniciativas, trazendo matizes das discussões recentes, nas quais o entrelaçamento das atividades de campo à reflexão teórico-metodológica confere densidade à análise. São várias as abordagens. Ora, a ênfase recai sobre a tarefa metódica e minuciosa da organização do acervo, detalhando as ações realizadas e os obstáculos superados. Ora, o interesse volta-se para problematizar as relações entre arquivos, história e história da educação. Os autores são, todos, pesquisadores em história da educação, embora tenham distintas formações (história, pedagogia e matemática) e diversas inserções institucionais (professores e arquivistas). E participaram do I Encontro de Arquivos Escolares e Museus Escolares, realizado pelo Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em História da Educação (NIEPHE), na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP), entre 26 e 28 de julho de 2005.

Com o objetivo de contribuir para a consolidação dos trabalhos sobre a temática, sistematizando e socializando o debate, o encontro congregou pesquisadores portugueses e brasileiros das várias regiões, na expectativa de propiciar intercâmbios e estimular ações conjuntas. A proposição do presente dossiê reitera esse convite, reconhecendo que os desafios à prática e à pesquisa em história da educação que o convívio com os arquivos escolares suscita vêm sendo enfrentados de maneiras variadas pelos investigadores da área.

Diana Gonçalves Vidal


VIDAL, Diana Gonçalves. Apresentação. Revista Brasileira de História da Educação. Maringá, v.5, n.2, jul. / dez., 2005. Acessar publicação original [DR]

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