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História, Arte e Imagem / Esboços / 2008
À época de sua criação, em 1994, a Revista Esboços trazia na capa um estudo do Arqueiro, de Tintoretto, para ilustrar o objetivo da revista: publicação das pesquisas, dos alunos de pós-gradução do Programa, em fase de redação da dissertação. Mas não só. O esboço do Arqueiro queria também enunciar uma perspectiva historiográfica. Os esboços, cada vez mais, nas exposições, museus e galerias de arte, ganham status de obra como parte da produção do artista, momento em que a obra foi sonhada, instante em que se revela a inspiração de seu criador. A obra do historiador, numa ambigüidade salutar, contempla seu momento inicial de inspiração, e nunca se dá por acabada, clamando por seu caráter de obra aberta da qual nos fala Walter Benjamin.
Hoje, a Esboços, depois de longa trajetória e de suas várias mudanças, tanto no perfil acadêmico, com a colaboração de pesquisadores qualificados do circuito nacional e também do internacional, quanto no seu projeto editorial, alçou o status de obra realizada, muito bem avaliada no ranking dos periódicos brasileiros. Além de estar contida nesse objeto impresso, encontra-se também em versão on line no Portal de Periódicos da Universidade Federal de Santa Catarina: http://www.periódicos.ufsc.br/index.php/esbocos. Sua página na internet vale-se da plataforma SEER – Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas, a versão nacional do sistema canadense Open Journal Systems (OJS). Este é um programa aberto, inteiramente desenhado para servir de suporte virtual para revistas acadêmicas na rede internacional de computadores e permite ampla indexação de seus conteúdos e ampla divulgação e circulação entre o púbico leitor.
A área de concentração em História Cultural, implantada no Programa já em 1998, ao conceber a cultura como espaço político, referenciado em delimitação ampla para compreender os contextos nos quais sujeitos operam identidades, movimentos sociais, imaginários, processos de urbanização, de modernização, mobilidades e ocupações territoriais, trouxe em seu bojo o amadurecimento e a configuração de grupos de pesquisa, com liderança na área. Os dossiês, organizados a cada vez pela Esboços, representam a inserção desses grupos que têm reunido seus pares afins em torno de questões historiográficas, tais como estudos de gênero, meio-ambiente, religiosidade, história e saúde, história do trabalho e da escravidão, história indígena e imigração, história e arte.
O dossiê que ora se apresenta, História, Arte e Imagem, parte da iniciativa da Linha de Pesquisa “Políticas da Escrita, da Memória e da Imagem”, que abriga projetos que lidam com fatos artísticos: a vida de uma personagem do mundo das artes, um movimento ou uma obra-de-arte, contextos produzidos em meio à linguagens estéticas e imagéticas que levam a efeito a partilha do mundo sensível com suas identidades/identificações, as disputas que cortam e recortam o social, distribuindo espaços e territorialidades, as visualidades que se configuram num regime ou numa cultura visual a contemplar imagens, representações, monumentalizações, lugares de memória. Se nosso mundo contemporâneo encontra-se cada vez mais dominado pela dinâmica da cultura visual, o estudo da imagem na sua relação entre discurso e visualidade vem despertando grande interesse entre os historiadores.
Na universidade de Chicago, Thomas Mitchell enuncia uma Virada Pictórica, A Pictorial Turn e vê na imagem emergir um paradigma dentro das ciências humanas, da mesma maneira que aconteceu nos anos sessenta com a linguagem e com a chamada Virada Lingüística, ou seja, não só como um tópico central de estudo, mas como característica cultural percebida, por exemplo, nas teorias de Guy Debord sobre A sociedade do espetáculo e de Foucault sobre a sociedade da vigilância. [1]
Os pesquisadores convidados a colaborar nesse dossiê História, Arte e Imagem têm todos largo trato na abordagem das artes plásticas, conciliando o acontecimento histórico no seu modo de relação espaço-temporal próprio da prática historiográfica com a compreensão do registro imagético que compõe a visualidade dos contextos circunscritos. Visualidade que requer, para a sua apreensão, a leitura de imagens.
Nota
1 SCHOLLHAMMER, Karl Erik. Regimes representativos da modernidade. ALCEU. PUC-RIO – V.I – n p.28-41 – jan/jun 2001.
Maria B. R. Flores
Ana Brancher
Organizadoras
[DR]