A Guerra da Tríplice Aliança, 150 anos depois  | Diálogos | 2020

Ao se completarem os 150 anos do fim da Guerra da Tríplice Aliança (Guerra Guasu, Guerra contra a Tríplice Aliança ou Guerra do Paraguai, entre as várias denominações que o conflito recebeu), as academias dos países envolvidos abriram suas portas para novas reflexões e debates em torno deste acontecimento que marcou a vida política, social, econômica, cultural e histórica da região do Prata.

Diferentes fatores têm contribuído para a renovação e a produção de novas leituras sobre a contenda. Sem dúvida, a disponibilidade de outras ferramentas teórico-metodológicas, surgidas nas últimas décadas, tem enriquecido com novos olhares as análises sobre o passado. Assim, foram deixados para trás os relatos engessados das histórias política e militar de outrora, em que o tom era colocado na ação dos “grandes homens” e na somatória de batalhas, sem dar margem às microhistórias, à história social ou à história cultural. Agora, estas se fazem presentes de maneira definitiva e em um diálogo interdisciplinar com as outras áreas das ciências humanas, transcendendo as fronteiras nacionais para construir uma história regional. Por sua vez, as histórias política e militar foram as grandes beneficiadas de estas mudanças que, longe de perderem espaço nas narrativas sobre o passado, ganharam um fôlego inusitado. Leia Mais

Guerra do Paraguai / História – Debates e Tendências / 2015

A 150 anos do Grande Conflito do Prata: diversas questões, diversos olhares

Em 30 de agosto de 1864, o governo paraguaio declarou solenemente que a intervenção militar do Império do Brasil na República do Uruguai constituiria razão de guerra, ao agredir o “equilíbrio dos estados do Prata” e seus interesses nacionais. Em 12 de outubro, um destacamento do exército imperial penetrava na República Oriental del Uruguay e assaltava a vila de Mello, sede administrativa do departamento de Cerro Largo. Em 20 de outubro, com o acordo secreto de Santa Lucia, promovido pelo almirante Tamandaré, Venâncio Flores aceita as exigências do Império do Brasil, que, em poucos meses, liquidou o governo constitucional blanco uruguaio, entronizando o ditador colorado.

O governo paraguaio encontrava-se já com os pratos praticamente rotos com os unitários portenhos que dominavam o país desde a batalha de Pavón, em 17 de setembro de 1861. O controle imperial do porto de Montevidéu punha sob sursis o comércio internacional da República do Paraguai, com graves pendências fronteiriças com o Império do Brasil. A interrupção do comércio internacional assentaria golpe, talvez mortal, à ordem lopizta, apoiada na extroversão mercantil do país, no contexto de sua independência e autonomia. Leia Mais

Guerra do Paraguai / Historiae / 2014

Herdeira da Revista do Departamento de Biblioteconomia e História, fundada em 1978, a Historiæ chega a seu primeiro lustro com a nova denominação e traz ao público o dossiê “Guerra do Paraguai”. O ano de 2014 demarca a passagem de cento e cinquenta anos da deflagração deste conflito bélico que sacudiu a América do Sul do século XIX, constituindo mais um momento oportuno para o debate acadêmico sobre o tema.

A Guerra da Tríplice Aliança teve suas raízes vinculadas a fatores profundos tais como os interesses do capital internacional, a busca da hegemonia no contexto sul-americano, as disputas territoriais, a questão da navegação fluvial e refletiu a política intervencionista adotada pelo império brasileiro em relação a seus vizinhos platinos. A circunstancial aliança entre Brasil, Argentina e Uruguai para empreender um enfrentamento bélico contra o Paraguai trazia em si também a contraposição de modelos de organização dos Estados nacionais latino-americanos. Tal guerra e todas as suas sequelas constituíram elementos constitutivos que vêm gerando uma profunda discussão historiográfica ao longo do tempo que se seguiu ao embate pelas armas.

Os artigos inclusos nessa edição visam promover uma colaboração em relação a tal debate, abordando temas variados e enfoques múltiplos acerca do assunto. Diversificada documentação foi comentada, envolvendo fontes como a imprensa, a caricatura, os diários, a legislação e a bibliografia, entre outras, bem como foram abordadas questões de amplitude, envolvendo do cotidiano ao estrutural em torno da Guerra do Paraguai. Ainda que os trabalhos referentes ao dossiê sejam os predominantes, este número da Revista não deixou de abrir espaço para um escrito de temática livre.

Assim, a Historiæ – Revista de História da Universidade Federal do Rio Grande mantém seu papel de divulgação da produção acadêmico-científica, trazendo colaborações de autores de variadas regiões do país e mesmo do exterior, destinando-se, primordialmente, nesta edição, a discutir variadas abordagens em torno da Guerra do Paraguai por ocasião da passagem do sesquicentenário do seu início.

Francisco das Neves Alves – Presidente do Corpo Editorial


ALVES, Francisco das Neves. Apresentação. Historiae, Rio Grande- RS, v. 5, n. 1, 2014. Acessar publicação original [DR]

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Guerra com o Paraguai / Albuquerque: Revista de História / 2011

O ano de 2011 teve um significado especial para os estudos históricos pela comemoração do centenário de nascimento de Nelson Werneck Sodré, historiador, professor e ideólogo que influenciou gerações de estudantes e professores de história, pesquisadores e historiadores. A festiva programação foi intensa, com discussões, simpósios, reedições e publicações de seus livros que enriqueceram a historiografia brasileira. A Revista Albuquerque não poderia ficar alheia a estes eventos. Assim, honrosamente, traz aos seus leitores um interessante artigo de Olga Sodré, sua filha. Este texto enfoca a participação do historiador Nelson Werneck Sodré no polêmico Instituto Superior de Estudos Brasileiros – ISEB, e conta a sua luta pelo desenvolvimento de uma cultura nacional, popular e democrática.

As questões relativas á historiografia regional , um dos objetivos de divulgação da Albuquerque, encontram-se representadas nos artigos de Marcos Hanemann, Valmir Batista Corrêa, Lúcia Salsa Corrêa e Alvaro Neder. O primeiro enfoca a criação do Tribunal de Relação em Mato Grosso e a fragilidade da aplicação da justiça, motivada pela falta de pessoas formadas que quisessem servir na região. O segundo traça um perfil da historiografia mato-grossense, a partir da segunda metade do século XIX, e a marcante influência de Augusto Leverger na formação dos historiadores regionais. O terceiro enfatiza a importância dos documentos históricos para o estudo das epidemias recorrentes em Corumbá, no período de 1856 e 1922. O quarto texto produz uma instigante reflexão sobre a canção popular urbana, tendo como cenário a cidade de Campo Grande – MS.

Na seção “Dossiê”, a Revista Albuquerque abriu espaço ao III Encontro Internacional de História sobre as Operações Bélicas da Guerra da Tríplice Aliança, promovido pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, em parceria com o Comando Militar do Oeste. Foi uma rara e instigante oportunidade de reunir pesquisadores e interessados sobre este conflito bélico, nacionais e estrangeiros. Neste dossiê são apresentados três trabalhos: no primeiro, Bruno Mendes Tulux discute a gênese da formação do espaço fronteiriço e os entendimentos que mantiveram as partes litigiosas, representando os interesses coloniais de Portugal e de Espanha, em diversos momentos, até a eclosão do conflito com os paraguaios em 1864; no segundo, Edgley Pereira de Paula, estuda o uso de caricaturas publicadas na imprensa da época como estratégia de guerra, tanto da parte brasileira como da paraguaia; o texto de Maria Teresa Garritano Dourado propõe-se a analisar as questões relativas a fome, as doenças e as penalidades durante a guerra, vistas sobre o olhar de um soldado comum. Sem dúvida, são trabalhos que contribuem para a compreensão da história da guerra com o Paraguai, abrindo um painel para a releitura crítica do episódio, de suas fontes e de seus desdobramentos.

O encerramento do sexto número dá-se, como nos números anteriores, com o Caderno Especial. Nesta oportunidade, esta seção traz dois textos, também apresentados no III Encontro Internacional de História sobre as Operações Bélicas da Guerra da Tríplice Aliança. O texto de abertura desta seção, de Hildebrando Campestrini, é a apresentação do evento, revelando uma visão peculiar da Guerra da Tríplice Aliança, acrescido de um Referencial Teórico apresentado como indicador aos participantes do evento. O propósito, neste caso, é resguardar o espaço do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul na historiografia regional, proporcionado um saudável diálogo entre historiadores acadêmicos e diletantes.

Para fechar a sua seção especial, a Revista Albuquerque edita, prazeirosamente, uma entrevista com o ex-governador e político Wilson Barbosa Martins.

A Revista Albuquerque em seu sexto número e terceiro ano, em última instância, simboliza o esforço, misto de teimosia e de quixotismo de seus coordenadores e colaboradores, tendo por princípio divulgar e estimular a produção historiográfica em nossa região, mediante os critérios de relevância e de qualidade. Modestamente, acredita-se que estes princípios seguem contemplados nesta edição.


Editores. Apresentação. Albuquerque: revista de história, Mato Grosso do Sul, v.3, n.6, 2011. Acessar publicação original [DR]

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