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Brasil: do ensaio ao golpe (1954-1964) | Revista Brasileira de História | 2004
Disse o poeta que o historiador “veio para ressuscitar o tempo e escalpelar os mortos”. Fiel ao vaticínio, este número da Revista Brasileira de História escarafuncha a memória de um lugar e de um tempo crítico para a nacionalidade: o Brasil, do ensaio ao golpe: 1954-1964. Nem lamentação, nem regozijo encontraremos nas páginas seguintes. Nos depararemos com história, ou melhor, historiografia. Mas não há nesse encontro descabida pretensão de prioridade ou de originalidade. Pelo contrário.
Há dez anos, isto é, três décadas após o golpe de Estado de 1964, a própria RBH publicava um dossiê com as mesmas características do presente número. Naquele momento, o título da revista er a Brasil 1954-1964, e trazia matérias representativas de uma radiografia de então sobre o conhecimento historiográfico do período. Estavam ali presentes temas como a atuação das esquerdas, a análise da historiografia sobre o golpe, a ação política dos camponeses e de trabalhadores urbanos, o comunismo, o nacionalismo nas relações externas, a vinculação entre política e cultura etc. Os recursos metodológicos adotados eram os mais variados, denotando a influência expressiva de novos métodos e abordagens da história cultural já então consolidados. A preocupação com o conceitual relativo à história do tempo presente era evidente. Na composição dos artigos, os historiadores valiam-se de instrumental tradicional como a pesquisa em periódicos, em papéis partidários ou em documentos de Estado, mas recorriam também à produção artística, às evidências fotográficas, às memórias e às histórias de vida. Leia Mais
50 anos do Golpe Militar de 1964 / Revista Brasileira de História da Mídia / 2014
Em um país dado a esquecimentos, meio século é muito tempo. A presente edição da RBHM se dedica, por meio de dossiê, à passagem de 50 anos do Golpe Militar de 31 de março de 1964. São 11 artigos que trazem luzes distintas a um assunto tão caro (no bom sentido) a muitos, tão irrelevante para outros (aí incluindo adolescentes e novos adultos de agora). Tomemos como exemplo André Bonsanto Dias, que escreve acerca do horizonte de expectativa e as políticas de memória da grande Imprensa brasileira acerca desta efeméride. Já Rodolfo Rorato Londero tomou para si a tarefa de discorrer sobre o que chama de ‘surto censório’ do governo Geisel (1974-1979) contra os livros pornográficos. É, portanto, mais uma edição rica em análises da RBHM. Sim, caros leitores, estamos diante de um auto-elogio mas com razão de ser.
Vejamos outro material disponível na presente Revista Brasileira de História da Mídia: Patrícia Machado e Thaís Blank entrevistaram o cineasta Eduardo Escorel, o qual lembra um caso emblemático do período ditatorial verde-amarelo: o cortejo fúnebre e o enterro do estudante Edson Luís, assassinado pela polícia em 1968. Naquele ano, Escorel produzira as imagens, que acabaram desaparecidas por quase quatro décadas. Recuperadas em 2008, as cenas agora são objeto central da conversa entre as pesquisadoras e Escorel, em uma situação que podemos classificar como ‘leia a entrevista, veja as cenas’. Leia Mais