Gênero e Negritude / Revista Mosaico / 2017

Nesse dossiê estão presente análises que refletem as experiências históricas provenientes dos processos de escravização dos africanos e as formas cotidianas como se desenrolaram seus modos de sociabilidades que se constituíram por meio dos modos de ser e fazer de diferentes grupos sociais, cruzados e mediados pelos gênero, negritudes e / ou processos de racialização.

Desse modo, o texto assinado por Poliene Soares dos Santos Bicalho, Maria Cristina Campos Ribeiro A História e a identidade dos africanos e seus descendentes na Terra Brasilis: da escravidão ao movimento negro, rediscute o processo histórico de construção da identidade do negro no Brasil desde a sua chegada como escravo até a atualidade, perpassando diferentes momentos e perspectivas; bem como observa e analisa as bases do racismo e como a academia / educação abordou tais questões.

Perseguindo a compreensão do caminho construído pelos descendentes dos africanos aqui no Brasil, o artigo “Filhos do cativeiro – crianças ingênuas em Villa Bella de Morrinhos (Goiás, 1872-1888)”, de Pedro Luiz do Nascimento, demonstra a permanência da família escrava na região sul de Goiás bem como a participação de mulheres cativas no desenvolvimento econômico regional.

A participação das mulheres negras no processo formativo econômico das cidades brasileiras é marca de exemplaridade do papel exercido por elas e é demonstrado na escrita do artigo de Martha Maria Brito Nogueira, intitulado “Empoderamento das mulheres negras: cultura, tradição e protagonismo de Dona Dió do acarajé na ‘lavagem do beco’”, o artigo inspirado na perspectiva da história cultural contribui para desconstruir as ideologias racistas e sexistas que invisibilizam a presença das mulheres negras nos diversos espaços da sociedade, em especial no campo cultural, procurando mostrar a suas ações para promover e estabelecer novos posicionamentos. Para tanto, analisa a trajetória de Dona Dió do Acarajé, mulher negra, de descendência quilombola que sobressaiu em várias manifestações populares na cidade de Vitória da Conquista nas últimas décadas do século XX, tornando-se símbolo da cultura negra.

As reflexões trazidas no artigo acima colocam em evidência a discussão presente no texto “Educação em Direitos Humanos: história, gênero e etnia”, de Maria Cláudia Machado Barros, propõe estabelecer uma consciência histórica para a abordagem de promoção dos valores e relações que promovam o reconhecimento do outro, na promoção da igualdade de direitos, associados ao reconhecimento da diversidade.

Os artigos aqui apresentados são contribuições que levantam questões epistemológicas e políticas; elaboram maneiras e perspectiva de ampliação dos estudos da história social e cultural das redes em que os sujeitos estão envolvidos.


MOREIRA, Núbia Regina. Apresentação. Revista Mosaico. Goiânia, v.10, n.2, jul. / dez., 2017. Acessar publicação original [DR]

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