2000 anos de Cristianismo / História – Questões & Debates / 2000

No ano 2000 comemora-se um dos acontecimentos mais importantes para a História do mundo ocidental: o nascimento de Jesus Cristo, pedra angular da religião cristã. Sua vida, confirmada por diversas fontes clássicas greco-romanas e hebraicas, transcorreu paralelamente a um dos momentos mais relevantes da História Antiga, sendo contemporâneo de Augusto nos primórdios do Império Romano. Diversas fontes tardo-antigas e medievais realçaram essa coincidência, recordando que com Cristo e Augusto inaugurava-se a “Sexta idade” da humanidade, pautando-se fundamentalmente nos escritos do Antigo e Novo Testamentos para estabelecerem uma cronologia que associava Cristo ao Império Romano e a uma época de paz e prosperidade.

A consolidação do Cristianismo até ser considerado como religião oficial do Império Romano não foi, entretanto, tão meteórica como muitos pensam. Foram 392 anos de dificuldades dogmáticas internas, disputas filosóficas, construção paulatina de uma hierarquia funcional e algumas perseguições pontuais e localizadas, culminadas com o famoso édito de Teodósio de 392 que pôs fim, ao menos nominalmente, ao paganismo panteísta greco-romano como religião imperial, sendo substituído pelo Cristianismo. Sua vinculação ao poder político e aos grupos socioculturais que o detinham demonstra a versatilidade da “nova” religião, que se manteve por toda a Antigüidade Tardia e Idade Média como principal eixo ideológico a sustentar monarquias e construções imperiais.

E que mantém-se, até os dias de hoje, com renovadas forças, a impregnar o imaginário social. Com o intuito de analisar alguns elementos configuradores do Cristianismo, a revista História: Questões & Debates reuniu em um dossiê, intitulado “2000 anos de Cristianismo”, artigos de especialistas que dedicam sua atividade de pesquisa a este tema tão rico e apaixonante.

O primeiro artigo do dossiê foi preparado por Antonio Pinero, catedrático de Filologia Greco-Latina da Universidad Complutense de Madrid, apresentando uma discussão sobre a recente descoberta do Papiro Magdalen de Oxford, que sugere uma nova cronologia para os Evangelhos e, conseqüentemente, para a vida de Cristo. O segundo artigo é da autoria de Arminda Lozano, catedrática de História Antiga da Universidad Complutense de Madrid e professora visitante do programa de Pós-Graduação em História da UFPR. O estudo oferece uma análise sobre a religiosidade grega na época helenística, que influenciou diretamente na construção filosófico-religiosa e ideológica do Cristianismo. O terceiro artigo do dossiê, redigido por Pablo de la Cruz Diaz Martinez, da Universidad de Salamanca – também professor visitante do Programa de Pós-Graduação em História da UPPR -, analisa de uma forma interessante a figura do peregrino cristão e dos lugares de peregrinação por meio do estudo das fontes hispanas tardo-antigas. O quarto artigo, de Andréia Cristina Lopes Frazão da Silva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenadora do Programa de Estudos Medievais em sua universidade, realiza uma abordagem sobre as manifestações religiosas na Península Ibérica, com especial acento sobre o reino de Castela, no século XIII. O quinto artigo foi redigido por Euclides Marchi, professor-sênior do Programa de Pós-Graduação em História da UFPR, que faz uma análise interessante sobre a idéia de evangelização contida na carta de Pero Vaz de Caminha. E o sexto artigo, que encerra o dossiê, é de autoria de Etiane Caloy B.de Souza, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História da UFPR, que desenvolve um tema vinculado ao Cristianismo contemporâneo, notoriamente, a idéia da demonização do cotidiano pela Igreja Universal do Reino de Deus.

Além dos artigos que integram o dossiê “2000 anos de Cristianismo”, contamos ainda, neste número, com um estudo de grande interesse, de Pierre Ansart, professor emérito da cátedra de Sociologia da Université de Paris VII, uma conferência apresentada em junho de 2000 aos discentes e docentes do Programa de Pós-Graduação em História da UFPR sob o título “Em defesa de uma ciência social das paixões políticas”.

Pode-se constatar que, neste número, para além do tema proposto, agregam-se estudos de especialistas nacionais e estrangeiros de grande relevância para o debate acadêmico-científico em nosso país. Uma prática constatada também nos números anteriores de História: Questões & debates, o que reflete a sua importante contribuição historiográfica.

Renan Frighetto – Coordenador do Programa de Pós-Graduação em História – UFPR.


FRIGHETTO, Renan. Apresentação. História – Questões & Debates. Curitiba, v.33, n.2, jul./dez., 2000. Acessar publicação original [DR]

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Dimensões do sagrado / História – Questões & Debates / 1998

Entre os dias 23 de novembro e 4 de dezembro de 1998, a Associação Paranaense de História (APAH) promoveu o curso de extensão “Religião e poder”, que contou com a participação de professores e alunos dos cursos de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná. O interesse pelo tema, bem como a colaboração de professores do Departamento de Antropologia de nossa Universidade na execução do curso de extensão, culminou com a elaboração do dossiê “Dimensões do sagrado”, tema central da revista História: Questões & Debates em seu número 28.

Os artigos aqui apresentados prezam por sua unidade temática, ao mesmo tempo que referem-se a especificidades espaço-temporais e metodológicas. O estudo de Selma Baptista é exemplo de uma abordagem metodológica distinta, que parte de uma análise antropológica para analisar a constituição do discurso dos pentecostais. Já os artigos apresentados por Euclides Marchi e Sandra Jacqueline Stoll referem-se a questões afetas aos problemas da religiosidade no Brasil no final do século XIX e durante o século XX.

Os outros dois trabalhos que encerram o dossiê “Dimensões do sagrado” tratam de temas vinculados à Europa quinhentista e seiscentista. Wilson Maske apresenta a trajetória histórica dos menonitas, desde os seus primórdios como grupo associado ao movimento reformador do século XVI e suas posteriores ramificações, seu estabelecimento na Prússia, Rússia e, a partir do século XIX, sua imigração para o Canadá e para o Brasil. Já Leandro Henrique Magalhães desenvolve sua análise sobre o messianismo português na obra de um dos mais ilustres pensadores lusitanos do século XVII, o padre Antônio Vieira, em um momento de grande importância para o reino de Portugal, o da Restauração Portuguesa, iniciada pelo monarca D. João IV, pertencente à dinastia de Bragança.

Além dos artigos que integram o dossiê “Dimensões do sagrado”, contamos neste número com a colaboração de dois estudos para a seção “Historiografia e documentos”. Marcos Napolitano nos oferece uma interessante visão sobre a música popular brasileira durante a década de 60, período importantíssimo para a história contemporânea brasileira. O segundo trabalho é de autoria de Johnni Langer e apresenta um levantamento sobre algumas das 20 mil obras raras existentes nas bibliotecas setoriais da Universidade Federal do Paraná e que devem ser objeto de análise por parte dos historiadores.

O presente número da revista História: Questões & Debates apresenta ainda resenhas de Fátima Regina Fernandes e Johnni Langer.

Podemos observar que existe uma grande contribuição de professores e alunos do Curso de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná na elaboração de artigos e resenhas para o número 28 de nossa revista. O que significa que contamos, cada vez mais, com a colaboração de profissionais que possuem uma sólida formação e que certamente contribuirão para a manutenção da qualidade da revista História: Questões & Debates.

Renan Frighetto – Departamento de História da Universidade Federal do Paraná.


FRIGHETTO, Renan. Apresentação. História – Questões & Debates. Curitiba, v.28, n.1, jan / jul, 1998. Acessar publicação original [DR]

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