Posts com a Tag ‘Expedições (Epd)’
Abordagens em História da Loucura/ Revista Expedições-Teoria da História e Historiografia /2022
Do ponto de vista do leitor, nada poderia dar-lhe melhores condições de entender, mas também de avaliar por si mesmo, o alcance e o sucesso da realização de um Dossiê de artigos em uma boa revista, como é o caso da Expedições: Teoria e Historiografia, do que ter o acesso à chamada do Dossiê antes da leitura de um ou mais textos reunidos. Leia Mais
100 anos do Partido Comunista Brasileiro (PCB) (1922-2022): Processos históricos, políticos, sociais, teóricos e culturais/ Revista Expedições- Teoria da História e Historiografia/2022
O dossiê “100 anos do Partido Comunista Brasileiro (PCB) (1922-2022): Processos históricos, políticos, sociais, teóricos e culturais” tem por objetivo a publicação de artigos originados em pesquisas referentes ao PCB, na efeméride dos seus cem anos de existência. Em 25 de março de 2022, o PCB completou um século de existência que se integra à classe trabalhadora brasileira e ao Brasil republicano. Como dizia Gildo Marçal Brandão, o PCB se tornou uma das instituições permanentes da sociedade brasileira. Leia Mais
Cinema Brasileiro: Olhares Históricos, Sociopolíticos e Estéticos / Expedições / 2019
O cinema brasileiro definitivamente possui uma história, malgrado as gerações já formadas culturalmente na era das mídias digitais e da internet praticamente desconhecê-la. Em termos acadêmicos, a tradição de se pesquisar nossa cinematografia remonta aos anos de 1960, com o surgimento do curso de cinema da Universidade de Brasília (UnB), da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA / USP) e da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO / UFRJ), lugares privilegiados nos quais os pesquisadores submeteram-se às necessidades de maior rigor metodológico e às demandas teóricas sintonizadas ao estudos de cinema no mundo, sobretudo na Europa. De lá para cá muita coisa mudou, pois atualmente já se pode contar com inúmeros Grupos de Trabalho (GTs), revistas especializadas, Programas de Pós-Graduação, Simpósios, Conferências, Congressos, Encontros Científicos, artigos e obras dedicadas à cinematografia brasileira – seus aspectos econômicos, seus historiadores e críticos especializados, seus filmes e cineastas de destaque – espalhados em diversos locais institucionais pelo país.
Tal envergadura intelectual-acadêmica revela que, ao menos na seara universitária, os estudiosos passaram a reconhecer a importância da matéria fílmica nacional em seus respectivos ofícios, contribuindo amiúde para o desenvolvimento de um campo de pesquisa ainda em plena ascensão. Embora ainda esteja longe de alcançar certa solidez no que atine à constituição de um arcabouço teórico-metodológico mais denso, fato que não desprestigia esta promissora e envolvente área, o cinema brasileiro cada vez mais se consolida enquanto objeto importante e recheado de possibilidades exploratórias aos pesquisadores nacionais. É exatamente nesta trilha que o presente dossiê se insere e também procura dar sua contribuição, privilegiando a diversidade de temas, objetos e sujeitos históricos ligados à nossa Sétima Arte, bem como à luz de preocupações originais de cunho histórico, social, político e estético.
Os três primeiros textos que abrem o dossiê versam sobre películas do movimento cinemanovista e / ou que receberam sua influência direta. A contribuição de Cíntia Christiele Braga Dantas, intitulada “Terra em Transe (1967): A Maldição do Poder na República das Bananas”, problematiza o clássico “Terra em Transe” (1967, Glauber Rocha) no fito de identificar o modo pelo qual Glauber Rocha expressa a atualidade de uma “face amaldiçoada” dos falsos profetas e cruzadistas que referendam a liturgia do poder num processo de sacralização que preserva nosso subdesenvolvimento.
Em seguida, Alcides Freire Ramos, com “Da Literatura ao Cinema – Um Estudo de Caso: do Romance ‘Amar, Verbo Intransitivo’ ao Filme ‘Lição de Amor’”, pautado na noção de sensibilidade, promove uma reflexão acerca da adaptação do romance “Amar, Verbo Intransitivo” (1927, Mário de Andrade) para a película “Lição de Amor” (1975, Eduardo Escorel), demonstrando que a adaptação cinematográfica traz consigo uma perspectiva crítica em relação ao curso dos acontecimentos históricos dos anos de 1970, desnudando o processo por meio do qual foram constituídas as condições para a manutenção do poder ditatorial no Brasil.
Por seu turno, Hélton Santos Gomes, em “Cinema e Estado no Contexto de Produção de Xica da Silva de Carlos Diegues”, tendo o filme “Xica da Silva” (1976, Carlos Diegues) como objeto, aborda a relação existente entre Estado e cinema no fito de explicitar uma espécie de “dirigismo cultural” por parte dos governos militares brasileiros, especialmente com propósito de construção de uma identidade nacional.
O cinema experimental piauisense dos anos de 1970 e o chamado “Cinema da Boca do Lixo” em São Paulo, em 1980, também se constituem em temáticas abordadas no presente dossiê. Frederico Osanam Amorim Lima, em “Ocupar Espaços, Eu Digo, Brechas, é por Elas: David vai Guiar e a Luta Contra as Cadeias da Existência Cotidiana”, dialogando com Michel Foucault e Michel de Certeau na problematização do filme experimental piauiense “David vai Guiar” (1972, Durvalino Couto Filho), reflete sobre símbolos, signos e sinais que representavam a contestação por parte de jovens cineastas de um controle social exercido por instituições estatais e civis. Já Fábio Raddi Uchôa, com “Filmes de Carlos Reichenbach e Ozualdo Candeias no Início dos Anos 1980: Sexualidades Tangenciais”, analisando esteticamente os filmes “Amor, Palavra Prostituta” (1981, Carlos Reichenbach) e “A Freira e Tortura” (1983, Ozualdo Candeias), procura identificar uma sexualidade com dimensões humanas e sociais, em oposição à fragmentação fetichista do pornô, realizadas no bojo do cinema erótico paulista.
A temática do cinema brasileiro e seu diálogo preciso com as cidades e o espectro político é abordada nos dois artigos subsequentes. A contribuição de André Carlos Conrado Inácio da Silva, em “A Obra Cinematográfica O Azarento, Um Homem de Sorte e a Temática da Migração na Década de 1970 na Cidade de Goiânia”, tomando como objeto o filme “O Azarento” (1972, João Bennio), se dá no sentido de demonstrar como o cineasta apropria-se da cultura histórica do Estado de Goiás e da cidade de Goiânia para construir uma narrativa cômica enquanto instrumento de análise do processo migratório para a cidade.
Em seguida, Jaílson Dias Carvalho, no texto intitulado “Os Braços da Política e o Edifício Humano do Cinema: Perspectivas de um Estudo sobre a Fundação do Cine Teatro Coronel Ribeiro (1944) em Montes Claros (MG) e a Trajetória Política do Coronel Philomeno Ribeiro”, com base no conceito de representação problematiza as motivações coronelísticas por trás da fundação do Cine Teatro Coronel Ribeiro (1944) na cidade de Montes Claros (MG), demonstrando a dominação simbólica exercida por grupos sociais e políticos por meio dos melhoramentos urbanos, sobretudo efetuados no propósito neutralizar opositores e de conservar liderança política.
O cinema brasileiro contemporâneo e suas múltiplas facetas também recebem tratamento neste dossiê. André Luis Bertelli Duarte, em “O Audiovisual e as Representações dos ‘500 anos’ do Brasil: Estética, Política e Memória em Hans Staden, A Invenção do Brasil e Brava Gente Brasileira”, tendo como objeto os filmes “Hans Staden” (2000, Luis Alberto Pereira), Brava Gente Brasileira (2001, Lúcia Murat) e a minissérie “A Invenção do Brasil” (2000 Guel Arraes & Jorge Furtado), analisa a representação do passado colonial brasileiro no contexto de celebrações, críticas e debates dos 500 anos da chegada dos portugueses ao Brasil, com vistas a demonstrar o modo pelo qual cinema e televisão contribuem para a construção de uma memória pública a partir dos códigos estéticos que lhes são próprios.
Em seguida, Ademir Luiz da Silva, com o texto intitulado “Legião Urbana no Cinema: Cinebiografias em Somos Tão Jovens (2013) e Faroeste Caboclo (2013)”, problematiza a transposição das narrativas acerca da banda de rock Legião Urbana para o cinema nos filmes “Somos Tão Jovens” (2013, Antonio Carlos da Fontoura) e “Faroeste Caboclo” (2013, René Sampaio), desnudando que, no primeiro, o cenário sócio-político brasiliense no anos finais da ditadura civil-militar é suavizado com vistas a estabelecer empatia com o público jovem pela exaltação da personalidade de Renato Russo, e, no segundo, ocorre o estabelecimento das origens negroides para o protagonista, um moralismo na apresentação da personagem feminina e pouca preocupação com a fidelidade aos conceitos-chave da música homônima do filme.
Ítalo Nelli Borges, em “O Paralelismo do Absurdo: 1964 – O Brasil entre Armas e Livros e seus Desserviços Históricos e Sociais”, analisa o recente e polêmico filme documentário “1964 – O Brasil entre Armas e Livros” (2019, Filipe Valerim & Lucas Ferrugem), demonstrando por meio do diálogo com uma bibliografia especializada que, na atualidade, existe um espectro antiacadêmico que deságua na confecção de uma História pública digital, em contraponto a uma invisibilidade da História acadêmica.
Finalizando o presente dossiê, assinamos dois textos que versam, respectivamente, acerca da crítica cinematográfica e da produção historiográfica. No primeiro, intitulado “Paulo Emílio, Crítico de Cinema: Clima, Suplemento Literário e Projeto Cultural”, atribuímos tratamento hermenêutico às críticas redigidas pelo crítico e historiador de cinema brasileiro Paulo Emílio Salles Gomes (1916-1977), defendendo a hipótese de que a atuação do intelectual na revista Clima e no Suplemento literário do jornal O Estado de São Paulo, nos anos de 1940 e 1960, respectivamente, esteve imersa num projeto cultural mais amplo, seguindo os ditames de aspirações de modernização cultural nacional encaminhado pela via paulista.
No segundo artigo, em parceria com Angra Rocha da Silva, nominado Cinema Brasileiro: Propostas para uma História” (1979), de Jean-Claude Bernardet – Reflexões acerca de sua Importância Historiográfica”, problematizamos a obra supracitada de Jean-Claude Bernardet, procurando compreender o modo pelo qual o crítico cinematográfico propôs um realinhamento dos critérios teóricos, metodológicos e temáticos para a escrita da história da cinematografia nacional.
Com efeito, os temas, os objetos e os caminhos investigativos traçados no presente dossiê visam, sobretudo, alimentar o debate acadêmico atinente ao cinema brasileiro, cuja contribuição para o entendimento de nós mesmos é tão rica, porém, ainda demasiadamente desconhecida. Sob este prisma, cada pesquisador que contribuiu neste dossiê, informado pela sua formação específica e à luz dos problemas que lhe são caros, buscou primar pelo rigor analítico e pela urdidura de enredo mais compreensível possível. Destarte, esperamos que o leitor tenha uma excelente experiência de leitura, tal como o processo de pesquisa e escrita dos textos que seguem foi para todos os colaboradores.
Julierme Morais – Doutor em História pela Universidade Federal de Uberlândia (PPGH / UFU). Professor do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Goiás. Professor do Programa de Pós-Graduação em Estudos Culturais, Memória e Patrimônio da Universidade Estadual de Goiás (PPGEC / UEG). Pesquisador do Núcleo de Estudos em História Social da Arte e da Cultura (NEHAC / UFU). E-mail: juliermemorais27@gmail.com
MORAIS, Julierme. Cinema brasileiro: Olhares históricos, sociopolíticos e estéticos. Expedições, Morrinhos, v.10, n.2, mail./ago., 2019. Acessar publicação original. [DR].
História da Educação na América Latina e no Brasil: 500 anos de imposições, experiências / Expedições / 2018
História da Educação na América Latina e no Brasil: 500 anos de imposições, experiências. Revista Expedições, Morrinhos, v.2, n.2, 2018. Apresentação do dossiê indisponível na publicação original.
[DR]Tópicos em História e Historiografia Goiana / Expedições / 2018
Tópicos em História e Historiografia Goiana. Revista Expedições, Morrinhos, v.9, n.4, 2018. Apresentação do dossiê indisponível na publicação original.
História – Historiografia Goiana / Expedições / 2018
[DR]La Historiografia de Latino America en la Primera Mitad del Siglo XX / Expedições / 2017
Durante la primera mitad del siglo XX se configuraron en América Latina los campos historiográficos nacionales [2]. Los criterios decimonónicos de la “literatura histórica” fueron sustituidos por paradigmas teórico-metodológicos que normalizaron la indagatoria del pretérito y consolidaron la autonomía disciplinaria. Este proceso ha sido escasamente estudiado. Intentaré glosar brevemente, y sin pretensiones de inventario, algunas de las contribuciones más significativas con el propósito de calibrar el estado de los conocimientos sobre el tema [3].
Uno de los aportes más recientes los realizó Felipe Soza. En el capítulo X del libro Comprender el pasado. Una historia de la escritura y el pensamiento histórico (AURELL; BALMACEDA; BURKE; SOZA, 2013), el investigador chileno brinda un panorama sobre “La historiografía latinoamericana”, desde los tiempos precolombinos hasta nuestros días. Es un interesante estudio de carácter descriptivo, acorde a la naturaleza didáctica de la obra en la que está inserto.
En el opúsculo Las grandes corrientes de la historiografía latinoamericana, Sergio Guerra Vilaboy (GUERRA VILABOY, 2003) revisa con solvencia – en un estilo panorámico similar al del Soza – la evolución del conocimiento histórico en el subcontinente. Lo hace siguiendo el itinerario de autores, temas y tendencias hegemónicas.
El tomo IX de la Historia general de América Latina, dedicado a la Teoría y metodología de la Historia de América Latina (REZENDE MARTINS; PÉREZ BRIGNOLI, 2006), incluye ensayos sobre la epistemología de la disciplina y sus vinculaciones con otras ciencias sociales. No contiene aportes sustanciales sobre las condiciones de producción, corrientes, tendencias, articulación y transformación diacrónica de los relatos.
Además de los estudios panorámicos reseñados, existe una abundante producción sobre historiografías nacionales o regionales. La consideración de la misma trasciende los objetivos de esta presentación. Destaco, como aportes más significativos, los artículos del volumen IV de The Oxford History of Historical Writing (MACINTYRE; MAIGUASHCA; PÓK, 2011), en especial los de D. A. Brading (“Historical Writing in Mexico: Three Cycles”), Ciro Flamarion Cardoso (“Brazilian Historical Writing and the Building of a Nation”) y Juan Maiguashca (“Spanish South American Historians: Centre and Periphery, 1840s-1940s”).
Las funciones de los historiadores latinoamericanos cambiaron a comienzos del siglo XX. Debieron responder, en su calidad de miembros de las oligarquías dirigentes y de funcionarios de Estados en transformación, a nuevos requerimientos sociales y gubernamentales. A su rol primigenio de productores de “ficciones orientadoras” de cuño nacionalista, adicionaron la tarea de creación de relatos pretéritos legitimadores de nuevas realidades políticas, como la República (1889) y el Estado Novo (1937) en Brasil; o de movimientos con pretensiones de implementar trasformaciones estructurales, al estilo de la Revolución Mexicana (1910).
Las mutaciones socioeconómicas, políticas y culturales plantearon problemas e interrogantes sobre la esencia de las identidades locales, regionales y nacionales. Surgieron sendos movimientos intelectuales en procura de respuestas, uno de los más representativos fue el de los “intérpretes de Brasil”, en la década de 1930. Fue necesario incluir en los relatos a actores sociales que hasta entonces habían sido relativizados, demonizados o invisibilizados (campesinos, indígenas, afrodescendientes, mestizos).
A las élites dirigentes se les planteó el desafío de reconfigurar los imaginarios nacionalistas con el propósito de cohesionar a las masas de inmigrantes con las poblaciones criollas. Para “disciplinar” comportamientos y prácticas potencialmente dispersivas se debió operar sobre los sistemas educativos. La enseñanza de la historia se transformó en un instrumento privilegiado para “nacionalizar” a naturales y extranjeros. Planes, programas y manuales de “historia patria” se utilizaron en las escuelas para convertir conductas atávicas en hábitos “civilizados”. Historiadores y maestros fueron, respectivamente, los encargados de elaborar y transmitir los “valores” de laboriosidad, honradez e higiene. Apelaron para ello, entre otros recursos, a la “ejemplaridad” de los grandes hombres, los “héroes”.
El labor de los investigadores comenzó a especializarse. Surgieron condiciones favorables para una relativa autonomización epistemológica. Mojones fundamentales de ese itinerario fueron: la fundación o consolidación de corporaciones intelectuales de perfil asociativo consagradas al cultivo de la Historia, como los Institutos Históricos y Geográficos y las Academias Nacionales; la creación de centros superiores de estudio dedicados a la formación de investigadores profesionales; la renovación técnica motivada por la divulgación de manuales metodológicos elaborados en Europa. Estos factores contribuyeron a transformar las estructuras de funcionamiento de las antiguas redes intelectuales y dinamizaron el proceso de configuración de los campos historiográficos nacionales.
Durante el siglo XIX surgieron, en distintas partes de América, corporaciones letradas organizadas por los estudiosos del pasado. Tenían el propósito de generar condiciones favorables para la investigación y divulgación de conocimientos. Una de las más prestigiosas fue el Instituto Histórico y Geográfico Brasileño (en adelante IHGB), fundado en 1838.
El IHGB perduró en el siglo XX y sirvió de modelo para el establecimiento de centros regionales en Pernambuco, Ceará y Bahía. Lo mismo sucedió con la Academia Nacional de la Historia de Venezuela (1888) y con la Junta de Historia y Numismática Americana (Buenos Aires, 1893), base de la Academia Nacional de la Historia de la República Argentina (1938). Además, se crearon nuevas asociaciones como la Academia Colombiana de la Historia (1902), la Academia de Historia de México (1919) y el Instituto Paraguayo de Investigaciones Históricas (1937) (que se transformaría en 1965 en Academia Paraguaya de la Historia).
Eran instituciones privadas o semioficiales que estaban al servicio de los respectivos Estados y desempeñaban la función de reguladoras de la administración del pasado. Asesoraban a los gobiernos en cuestiones relacionadas con nomenclatura, efemérides y enseñanza de la Historia. Detentaron el monopolio de la gestión del pretérito hasta que surgieron otras instituciones que disputaron esa hegemonía.
A partir de la década de 1890 nacieron en distintos países [4], centros universitarios destinados a la formación de los aprendices de Clío. Ofrecían cursos panorámicos, seminarios sobre temas concretos e instrucción teórico-metodológica. Algunos de los más importantes fueron la Facultad de Filosofía y Letras de la Universidad de Buenos Aires (1896) y la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación de la Universidad Nacional de La Plata (1920), en Argentina; la Facultad de Filosofía y Letras de la Universidad Nacional Autónoma de México (1924); la Facultad de Filosofía, Letras y Ciencias Humanas de la Universidad de San Pablo (1934), en Brasil; la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad de la República (1945) en Uruguay; la Facultad de Humanidades de la Universidad de San Carlos (1945) en Guatemala; la Facultad de Filosofía de la Universidad Nacional de Asunción (1948) en Paraguay. La institucionalidad universitaria, generalmente munida de un estatuto autónomo que facilitaba el libre tránsito de ideas y de corrientes intelectuales, contribuyó a superar los enfoques estrechamente nacionalistas imperantes hasta entonces.
Los nuevos centros se nutrieron del aporte de intelectuales extranjeros (europeos o de países vecinos) que por razones diversas recalaban en ellos. Impartieron un fecundo magisterio que aggiornó las prácticas y las tendencias historiográficas.
Hubo varios humanistas europeos refugiados en América por motivos políticos, que realizaron contribuciones significativas. Los ejemplos más notorios fueron los de los españoles Rafael Altamira, Pedro Bosch-Gimpera y José Gaos emigrados a México en la década de 1930, y el de su compatriota Claudio Sánchez-Albornoz que lo hizo a Argentina en la década de 1940 (SOZA, 2013, pp. 418-419). También existió la concurrencia de investigadores contratados por universidades americanas, las experiencias más importantes fueron las de Rafael Altamira (que entre 1909 y 1910 realizó un periplo por diversos centros de estudios en Uruguay, Chile, Perú, México, Cuba y fundamentalmente Argentina [5] ) y la de Fernand Braudel (en la Universidad de San Pablo, Brasil, entre 1935 y 1937).
Asimismo, debe consignarse el tránsito de historiadores americanos contratados con similares propósitos. Algunas experiencias interesantes en este sentido fueron las del brasileño Guy de Hollanda (desde 1948) en la Facultad de Filosofía de la Universidad Nacional de Asunción y la de los argentinos Emilio Ravignani (1947 a 1954) y José Luis Romero (a partir de 1949) en la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Universidad de la República en Montevideo.
El aporte de los centros universitarios fue decisivo para transformar las prácticas. Se impuso la reflexión crítica y autocrítica, tanto sobre las técnicas del oficio como sobre sus fundamentos epistemológicos. Se superó la mera narración de acontecimientos en pro de relatos sujetos a normas metodológicas rigurosas. La titulación se convirtió en requisito sine qua non de legitimación profesional y sustituyó la tradición decimonónica basada en la inclusión en asociaciones letradas por el mero – y en ocasiones caprichoso- reconocimiento de los pares (“conciudadanos” de una etérea “república de las letras”).
El período de transición entre la práctica amateur y el ejercicio profesional de la labor historiográfica no puede fecharse de manera unívoca. Varió de acuerdo a los ritmos de cada país. El proceso estuvo mediado por un elemento esencial que tendría, a su vez, un influjo decisivo en la formación de los historiadores profesionales: la circulación y rápida recepción, a comienzos del siglo XX, de una serie de manuales metodológicos, elaborados por investigadores europeos, que reglaron y normalizaron la práctica investigativa. Me refiero a las obras de Ernst Bernheim (Introducción al estudio de la Historia, 1889), Rafael Altamira (La enseñanza de la Historia, 1891), Charles Victor Langlois – Charles Seignobos (Introduction aux études historiques, 18 98) y Alexandru Xenopol (Los principios fundamentales de la historia, 1899, y La teoría de la historia, 1908). Estos tratados se utilizaron en los cursos superiores de formación. Contribuyeron a establecer cánones técnicos y de rigurosidad heurística como requisitos para acceder a la titulación universitaria.
Los cambios referidos ut supra influyeron en el funcionamiento de las redes intelectuales latinoamericanas. Estas mantuvieron las pautas de comunicación interpersonal privada, pero adicionaron otras de tipo oficial, público e interinstitucional. Se reconfiguraron los circuitos de circulación bibliográfica y documental, así como las estrategias de difusión e internacionalización de las producciones de sus miembros. Surgieron tramas vinculares convalidadas no sólo por el “prestigio” de los intelectuales involucrados, sino por la pertenencia a instituciones referenciales, universitarias o de otro tenor.
Las nuevas promociones de historiadores profesionales latinoamericanos estaban integradas, en su mayoría, por egresados universitarios. Tenían una sólida preparación metodológica y eran proclives a implementar enfoques interdisciplinarios. Necesariamente entraron en competencia con los cultores amateurs de la disciplina. Las disputas fueron por reconocimiento funcional, acceso a cargos docentes, financiamiento de proyectos, obtención de espacios editoriales.
Los “agentes profesionales” establecieron nuevas “reglas de juego”, acordes al habitus compartido. Regularon la “competencia” por hegemonía epistemológica, en función del “capital” y del “peso funcional” detentado. Impusieron una dinámica que transformó las estructuras de producción de conocimiento histórico y que coadyuvó a la definición de los campos historiográficos nacionales. La consolidación de los mismos evolucionó a diversos ritmos en función de los recursos y posibilidades de cada país.
La dinámica general del proceso estuvo animada, entre otros factores, por la interacción de diversas tendencias o escuelas historiográficas en las que estaban adscriptos los historiadores.
En el tránsito del siglo XIX al XX, surgió una vertiente “positivista” que continuó la obra de los autores “romántico-nacionalistas” [6] del siglo XIX. Sus principales exponentes fueron Joao Capistrano de Abreu en Brasil, Alfonso Toro en México, Gustavo Arboleda en Colombia, Domingo Amunátegui en Chile, Paul Groussac en Argentina, Clemente L. Fregeiro (Uruguay) (GUERRA VILABOY, 2003, p. 156-159).
A partir de la década de 1920, se perfila una nueva generación de historiadores de orientación “neopositivisa”, que rechazaban la idea de “seguir haciendo la historia como una simple recolección de datos y [estaban] decididos a entenderla como un proceso de carácter objetivo, regido por ciertas leyes generales y no por la casualidad”. Pusieron énfasis en “la importancia de los hechos económicos o sociales en el desarrollo histórico, superando el estrecho prisma de muchos de sus contemporáneos, dedicados exclusivamente a la historia institucional y política” (GUERRA VILABOY, 2003, p. 165-166). Su ubican en este grupo: Ramiro Guerra (Cuba), Jesús Silva Herzog y Luis González y González (México), Juan Friede (Colombia), Jorge Basadre (Perú), Eduardo Acevedo (Uruguay), Sérgio Buarque Holanda y Nelson Werneck Sodré (Brasil) (GUERRA VILABOY, 2003, p. 165).
Paralelamente, surgió el “revisionismo histórico”, movimiento historiográfico de matices ideológicos diversos, que cuestionaba las historias oficiales, proponía interpretaciones alternativas, reivindicaba personajes y acontecimientos tabuizados. Tuvo un importante desarrollo en Argentina (Ernesto Quesada, Adolfo Saldías, Carlos Ibarguren, Ernesto Palacio, Julio Irazusta, Juan Alvarez) y se proyectó a otros países como Uruguay (Luis Alberto de Herrera, Alberto Methol Ferré), Colombia (Indalecio Liévano Aguirre), Chile (Luis Vitale) y México (Adolfo Gilly) (GUERRA VILABOY, 2003, p. 168-174).
Los aportes de la historiografía marxista fueron muy importantes para relativizar la “historia del gran personaje” e imponer nuevas categorías interpretativas (modos de producción, lucha de clases…). Fueron pioneros de esta tendencia: Caio Prado Júnior (Evolución política del Brasil, 1933) y Rafael Ramos Pedrueza (La lucha de clases a través de la Historia de México, 1934). Entre sus cultores más importantes se ubican los mexicanos Luis Chávez Orozco, Agustín Cué Cánovas; el cubano Sergio Aguirre, los argentinos Rodolfo Puiggrós y Sergio Bagú; los venezolanos Salvador de la Plaza, Miguel Acosta Saignés y Federico Brito Figueroa; el chileno Julio César Jobet y el uruguayo Francisco Pintos (GUERRA VILABOY, 2003, p. 175-177).
A mediados del siglo XX se manifestó una “Nueva Historia”, tributaria de los aportes del revisionismo, el marxismo, la Escuela de los Annales y de la New Economic History (GUERRA VILABOY, 2003, pp. 177). Tuvo como principales agentes a los investigadores profesionales. Emergió como resultado de cinco décadas de acumulación de masa crítica, renovación de las prácticas y transformación de paradigmas.
El dossier que presentamos intenta dar cuenta del proceso de transformaciones que hemos reseñado de forma sucinta. Los trabajos que lo integran abordan aspectos particulares, en algunos casos de escala nacional y en otros de alcance regional, del proceso historiográfico latinoamericano.
La serie se inicia con un estudio de Alexander Betancourt Mendieta sobre La escritura de la Historia en el cambio de siglo: de la revista letrada a la revista especializada. El autor explora los pormenores del proceso de transformación de la escritura de la historia en América Latina, en el tránsito del siglo XIX al XX, a partir de algunas publicaciones seriadas, en las que se reflejan los cambios generados por los nuevos contextos de producción. Son particularmente interesantes sus comprobaciones sobre el rol desempeñado por las instituciones universitarias en la creación y divulgación de nuevos saberes. Demuestra que “la creación de instituciones ha estado ligada al surgimiento de las publicaciones especializadas, independiente de los alcances de la circulación o del reconocimiento social que tales esfuerzos tuvieron”. Se trata, fundamentalmente, de revistas académicas que contribuyeron a difundir los resultados de investigaciones realizadas de acuerdo a los nuevos paradigmas.
A continuación, Inés Quintero analiza los Propósitos, límites y contenidos del conocimiento histórico: La Academia Nacional de la Historia (Venezuela 1888-1958). Es un estudio sobre el rol desempeñado por la Academia como gestora oficial del conocimiento histórico en Venezuela, entre su fundación en 1888 y la creación de las primeras escuelas universitarias en 1958. La autora elabora un relato sugerente, de carácter dialéctico, en el que desmenuza tanto la función patriótica de la corporación en cuanto custodia y transmisora del culto a Simón Bolívar, como su dimensión de ámbito privilegiado para generar investigaciones y debates. Este contrapunto entre la conservación y la innovación le permite identificar las dinámicas (teórico-metodológicas) y los condicionamientos (políticoideológicos) que coadyuvarían a la configuración del campo historiográfico venezolano.
María Silvia Leoni y María Gabriela Quiñonez examinan las Articulaciones y tensiones en torno a la conformación del campo historiográfico argentino en la primera mitad del siglo XX. Exploran la labor de Emilio Ravignani y de Ricardo Levene en favor de un modelo de historia erudita que “buscó integrar, con distintas perspectivas y resultados, las historias provinciales”. Repasan las estrategias institucionales y las redes entretejidas por ambos autores para concretar sus objetivos. Hacen un estudio particular de la Provincia de Corrientes con el propósito de identificar los factores que inciden y explica los ritmos y características de los procesos de profesionalización y de institucionalización del conocimiento histórico en los espacios provinciales.
María Gabriela Micheletti profundiza en el problema de Las tensiones nación / provincias en la configuración de la historiografía argentina. La escritura de la historia en Santa Fe (1850-1950). La autora plantea una interesante revisión de la evolución de la historiografía santafesina. Lo hace desde una perspectiva de larga duración en la que explicita los elementos estructurales – ubicación geográfica, factores económicos, caudillismo, autonomismo político y coyunturales – generaciones intelectuales, historiadores referenciales, ciclos del mercado editorial que pautaron la consolidación del espacio historiográfico provincial y su paulatina inserción en el nacional.
El historiador Herib Caballero Campos examina la trayectoria bio-bibliográfica de uno de los miembros menos estudiados del novecentismo paraguayo. En el artículo Escritor idealista y patriota, los aportes historiográficos de Silvano Mosqueira, contextualiza la acción del letrado en el seno de una generación de intelectuales de posguerra que contribuyeron de manera significativa al despegue de la cultura nacional. Caballero desmenuza la producción de Mosqueira, reconstruye la red epistolar que estableció con intelectuales paraguayos y de la región y brinda pistas para conocer la proyección y recepción de su obra en el país y en el exterior.
José Cal Montoya realiza un aporte muy interesante sobre los derroteros del conocimiento histórico en Centroamérica en el artículo La indagatoria del pasado de Virgilio Rodríguez Beteta (1885-1967): un acercamiento a su contribución en la historiografía guatemalteca de inicios del siglo XX. Se trata de un análisis erudito de la producción de un historiador referencial. Brinda abundante información para comprender la evolución de la indagatoria del pretérito en Guatemala y para relacionarla con el ecosistema historiográfico regional.
Sabrina Alvarez y Francis Santana realizan un estudio de historiografía comparada en el opúsculo Enseñanza de la Historia a principios del siglo XX en Uruguay y Argentina. La visión de dos autoridades educativas. Abel J. Pérez y Joaquín B. González. Plantean una revisión de las políticas de la historia y de la administración de la memoria, implementadas en los sistemas educativos de Uruguay y Argentina, a comienzos del siglo XX. Examinan la acción y pensamiento Abel J. Pérez y Joaquín V. González, destacados funcionarios e intelectuales que fungieron como operadores de las oligarquías locales en la delicada tarea de organizar planes, programas y textos de historia. A partir de la producción de estos agentes reflexionan y especulan en torno a los recursos pedagógicos, los sustentos epistemológicos y los fundamentos ideológicos que viabilizaron la trasposición didáctica de la historia investigada en historia enseñada.
La cuestión de la enseñanza de la historia también es considerara por Fábio Franzini y Elaine Lourenço en el artículo Quando historiadores foram a escola: a “História do Brasil” de Octavio Taquínio de Sousa e Sérgio Buarque de Holanda (1944) e os ecos da nova historiografía brasileira. Los autores estudian la História do Brasil (1944) en sus aspectos intrínsecos (temas, estructura) y como expresión del proceso de renovación historiográfica iniciada en la década de 1930. Examinan el texto y su contexto a efectos de identificar enfoques disruptivos con la tradición manualística nacional. La estructura narrativa del trabajo articula de manera cadenciosa – a modo de breves pinceladas – los perfiles bio-bibliográficos de los autores, con el examen de una obra consistente pero que tuvo una tímida recepción en el medio escolar.
Félix Raúl Martínez Cleves propone, de manera original y sugestiva, una Aproximación a los vínculos entre las historias de ciudades en Colombia y la visión agustiniana. Se trata de un interesante análisis que pone en diálogo la Filosofía de la Historia con la Historia de la Historiografía. Bucea en los sustentos epistemológicos de las “biografías de ciudad” producidas en Colombia en las primeras décadas del siglo XX, con el propósito de demostrar la relación existente entre esos relatos con las ideas agustinianas de historia, tiempo y ciudad. Contextualiza esos textos en la actividad motorizada por la Academia Colombiana de Historia, tendiente a fomentar la “civilización del país”. Tal operación implicaba la puesta en relato del origen y evolución de los conglomerados urbanos con la intención de atribuir identidad y sentido a cada uno en el marco nacional.
El dossier se cierra con otro artículo dedicado al estudio de una publicación seriada. En Notas para uma análise da Revista de História e a historiografia veiculada em suas páginas na década de 1950, Patrícia Helena Gomes da Silva realiza un examen morfológico y analítico de esa prestigiosa publicación de la Universidad de San Pablo, dirigida por Eurípedes Simões de Paula. La autora propone una discusión sobre las condiciones de producción, circulación y recepción de la historiografía brasileña, en una década clave de su evolución, a partir de la revisión del corpus textual de la revista citada. Caracteriza la formación y estrategias editoriales de su director, explora la generación y consolidación de redes académicas. Cuantifica temáticamente los trabajos publicados y clarifica las tendencias de investigación predominantes. Se trata de una contribución relevante que permite entender el “movimento de estruturação da disciplina História no campo das universidades no Brasil, criadas nos anos 1930 e em processo de consolidação na segunda metade do século XX”.
Notas
2. La categoría “campo historiográfico” lo utilizo tomando por base los conceptos de Pierre Bourdieu relacionados con el funcionamiento de los campos científicos. El interior del “campo historiográfico” se estructura en base a relaciones de competencia y complementariedad entre sus agentes (los historiadores). Estos actúan en función del “capital” que poseen (económico, social, cultural y / o simbólico) para conquistar, legitimar o conservar posiciones hegemónicas. Bourdieu utiliza la metáfora del juego para explicar las competencias. El acceso, acción, permanencia y exclusión del campo están normalizados según reglas definidas por los propios agentes, de acuerdo a su posición (dominadores o dominados) y “peso funcional” (autoridad, poder) (BOURDIEU, 2002).
3. Advertimos que no se trata de un estado del arte sobre obras del estilo de Historiografía latinoamericana contemporánea, coordinado por Ignacio Sosa y Brian Connaughton (SOSA; CONNAUGHTON, 1999), referidas a temas, problemas, espacios geográficos o períodos específicos. Pretendo comentar los opúsculos que brinden visiones generales relacionadas con la evolución de la producción y el conocimiento histórico de la historiografía latinoamericana.
4. Con excepción de Chile, donde en 1842 se había fundado, en el seno de la Universidad de Chile, una Facultad de Filosofía y Humanidades en la que se promovieron los estudios históricos.
5. Arribó a Argentina en 3 julio de 1909 y permaneció hasta el 27 octubre, fue la primera escala de un largo viaje que culminaría en marzo de 1910 y le permitió visitar los países citados. Desarrolló una intensa actividad académica que tuvo como epicentro la Sección de Filosofía, Historia y Letras de la UNLP. También dictó conferencias y cursos sobre temas diversos en las facultades de Filosofía y Letras y de Derecho de la Universidad de Buenos Aires y en centros académicos de Santa Fe, Córdoba y Rosario. Realizó, además, una fugaz visita a Montevideo entre el 4 y el 12 de octubre. La acción de Altamira tuvo, según Gustavo Prado, importantes repercusiones en la opinión pública y en las élites letradas y dirigentes. Resultó además, muy oportuna en el marco de una sociedad en transformación que se aprestaba a celebrar el centenario de los hechos de mayo de 1810 (PRADO, 2013, p. 140-142). Uno de sus aportes más fecundos en la universidad platense los realizó en un curso dedicado específicamente a la Metodología de la Historia.
6. Lorenzo de Zavala y Lucas Alamán en México, José Gabriel García en Santo Domingo Thomas Madiou y Beaubrun Ardouin en Haití, Alejandro Marure en Centroamérica, Rafael María Baralt en Venezuela, José Manuel Restrepo en Nueva Granada, Pedro Fermín Ceballos en Ecuador, Mariano Felipe Paz-Soldán en Perú, Miguel Luis Amunátegui en Chile, Francisco Bauzá en Uruguay, Bartolomé Mitre y Vicente Fidel López en Argentina y Francisco Adolfo Varhagen en Brasil (GUERRA VILABOY, 2003, p. 156-159).
Referências
AURELL, Jaume; BALMACEDA, Catalina; BURKE, Peter; SOZA, Felipe. Comprender el pasado. Una historia de la escritura y el pensamiento histórico. Madrid: Akal, 2013.
BETANCOURT MENDIETA, Alexander. Espacios de la memoria: dos Academias de Historia Regionales. In: BETANCOURT MENDIETA, Alexander y RAMÍREZ BACCA, Renzo (Coordinadores). Miradas de contraste. Estudios comparados sobre Colombia y México. México: Universidad Autónoma de San Luis Potosí, Universidad Nacional de Colombia, 2009, p. 9-53.
BOURDIEU, Pierre. Campo de poder, campo intelectual. Itinerario de un concepto. Buenos Aires: Montressor, 2002.
GUERRA VILABOY, Sergio. Las grandes corrientes de la historiografía latinoamericana. In: Clío, 166, 2003, p. 145-182.
MACINTYRE, Stuart; MAIGUASHCA, Juan; PÓK, Attila. The Oxford History of Historical Writing. Volume 4: 1800-1945. New York & Oxford: Oxford University Press, 2011.
PRADO, Gustavo. Rafael Altamira en el Río de la Plata: claves ideológicas e historiográficas de su éxito en la Argentina del Centenario. In: ALTAMIRA, Pilar (Coord.). La Huella de Rafael Altamira. Madrid: Universidad Complutense, 2013, p. 137-153.
REZENDE MARTINS, Estevão de (Director); PÉREZ BRIGNOLI, Héctor (Codirector). Historia general de América Latina. Teoría y metodología de la Historia de América Latina. Vol. IX. Madrid: UNESCO, 2006.
SOSA Ignacio; CONNAUGHTON Brian (Coordinadores). Historiografía latinoamericana contemporánea. México: Universidad Nacional Autónoma de México, 1999.
Tomás Sansón Corbo1 – Doctor en Historia por la Universidad Nacional de La Plata (Argentina). Profesor e investigador de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación de la Universidad de la República (FHCE-UDELAR, Uruguay). Integrante del Sistema nacional de Investigadores de la Agencia Nacional de Investigación e Innovación (SNIANII, Uruguay).
CORBO, Tomàs David Sansón. La Historiografia de Latino America en la Primera Mitad del Siglo XX. Revista Expedições, Morrinhos, v.8, n.1, 2017. Acessar publicação original. [DR]
História e Utopia / Expedições / 2016
Há quinhentos anos aparecia um certo livrinho de ouro que discorria sobre a melhor forma de governo. Ainda que o tema não fosse lá uma novidade e a obra tivesse um tom de galhofa, a Utopia, de Thomas Morus, teve grande fortuna nos anos seguintes, sendo reeditada e traduzida para muitas línguas. Tantos foram os que a imitaram que surgiu um novo gênero literário de grande fortuna ao longo dos séculos. Ademais, projetos políticos e sociais os mais variados se inspiraram em Morus e em outros utopistas, tentando promover transformações no mundo para fazer dele um lugar melhor. Enfim, trata-se de um clássico, e como tal, ainda é lido, relido, debatido e gera controvérsias.
Muitos usam a palavra cunhada por Morus, geralmente com o sentido de um sonho bom, mas impossível. Trata-se de um senso comum, distante da acepção original, carregada de ambiguidades típicas das brincadeiras eruditas dos humanistas. Afinal, a Utopia significava não-lugar ou bom-lugar? Era apenas uma ficção crítica ou um projeto político-social? Estava carregada de otimismo ou de pessimismo? Essas são algumas das questões que animam os estudiosos que se dedicam a compreender o fenômeno da utopia, desde aqueles interessados em compreender as origens da modernidade até os que se preocupam com o destino do mundo atual.
Como celebração pelo quinto centenário da publicação da Utopia, pareceu oportuno organizar um dossiê com artigos sobre o tema. Os textos aqui reunidos foram apresentados em dois eventos internacionais realizados no ano de 2015: o Congreso Internacional Imaginarios utópicos: pasado, presente y futuro, ocorrido na Univesidad Autónoma de Madrid, Espanha, reuniu especialistas de diversas partes do mundo e ensejou a inauguração da Red trasatlántica de estudios de las utopías; o Seminário Internacional de Estudos Utópicos, promovido pelo grupo U-topos e pela rede recémcriada, teve lugar no Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas e proporcionou debates variados e profundos, com destaque para a divulgação de diversas pesquisas ali realizadas.
Os artigos desse dossiê abrangem um amplo espaço de tempo, do Renascimento à literatura pós-colonial, tendo como eixo o tema da utopia. Ana Cláudia Romano Ribeiro aborda questões relativas à tradução do livro II da Utopia para o português brasileiro por ela realizada e que em breve virá a lume. Será a primeira tradução direta do latim lançada no Brasil e o artigo serve como aperitivo para os que esperam a publicação. Helvio Moraes trata de outra utopia clássica, a Nova Atlândida, de Francis Bacon, destacando o tema da religião e suas relações com a ciência. Júlia Ciasca Brandão nos apresenta Bacchusia, a terra do carnaval, uma utopia redigida em alemão por Andreas Hörl von Wattersdorf em que todos os prazeres e vícios são levados ao extremo, tendo como resultado o caos – justamente o contrário da obra de Morus. Já Renata Altenfelder Garcia Gallo discute o tema da utopia no pensamento de Georg Lukács, refletindo sobre a categoria de utopia e a dimensão do plano utópico na arte. Por fim, Fernanda Vilar analisa obras de Mia Couto, J. M. Coetzee e Sony Labou Tansi, mostrando a utopia como um espaço de resistência aos sofrimentos e a distopia como um recurso de exacerbação da crítica social.
A diversidade dos temas desse dossiê atesta a ampla fortuna da utopia e a sua importância no pensamento ocidental. A literatura utópica ressoa em muitas partes e permite refletir sobre a condição humana, ou seja, sobre a história. É uma intersecção bastante relevante, pois se a vida concreta inspira a construção de obras literárias, essas mesmas obras, quando lidas, permitem um retorno para a história, seja através da crítica social, seja através de sonhos e projetos de renovação do mundo em que se vive. O sonho pode ser tratado como uma categoria universal e o desejo de viver bem é uma característica humana. Ora, sem reivindicar universalidade, as utopias são uma forma de manifestar esse desejo, sempre ligadas à história, a um tempo e um lugar específicos, com problemas que precisam ser resolvidos. Não é panaceia, mas permite caminhar rumo a um mundo mais equânime. Desejamos uma ótima leitura a todos!
Geraldo Witeze JR – Organizador do Dossiê “História e Utopia”
PASSOS, Aruanã Antonio dos; WITEZE JR. História e Utopia. Revista Expedições, Morrinhos, v.7, n.1, 2016. Acessar publicação original. [DR].
[DR]História Ambiental / Expedições / 2016
Por muito tempo a História foi vista como uma disciplina que enfocava os grande eventos e as correlações sociais, políticas e econômicas, sobrepujando outras categorias de análise. No entanto, desde a segunda metade do século XX e inicio do século XIX, tal premissa vem sendo ampliada e outras relações passaram a ser vistas como fundamentais para a compreensão da própria disciplina da História, intensificando a análise das relações dos seres humanos com meio ambiente.
Historicamente as alterações no meio natural são recorrentes em diferentes partes do mundo e os pesquisadores acreditam que tais mudanças resultam da atividade de um catalisador: os seres humanos. Desta forma, a História Ambiental vem analisando essas ocorrências, pois tais questões são latentes e afetam diretamente o meio ambiente, assim como os demais seres que fazem parte dos ecossistemas nele existentes.
O presente Dossiê: História Ambiental, da Revista Eletrônica Expedições: Teoria da História e Historiografia, traz sete textos que analisam a temática ambiental dentro da história, numa perspectiva inter / transdisciplinar.
O artigo de abertura é A busca de outros sertões, do pesquisador André Heráclio do Rêgo, mostra a expansão portuguesa dos séculos XV e XVI, e a busca por sertões, que foram mapeados por cronistas e exploradores. O autor aponta que uma geografia imaginária estava presente nos mapas contemporâneos a época estudada, possibilitou o encurtamento das distâncias entre o Brasil e o Peru (o que reforçaria os indícios da presença de metais preciosos em território brasileiro), ou entre a costa e a contra costa da África (o que tornaria mais fácil cumprir um dos principais anelos dos portugueses naquele continente: a travessia entre as costas atlântica e índica). Essa geografia imaginária, em que se destacavam alguns tópicos como a busca do preste João e do Paraíso terreal, a existência de riquezas imensas escondidas no sertão, tanto do continente africano quanto do americano, estendeu-se até bem entrado o século XVIII. Segundo Rêgo, foi neste período que a mesma começou a ser substituída por uma geografia iluminista, mais próxima da realidade e baseada em pressupostos mais científicos.
Já a pesquisadora argentina, Marina Miraglia, aborda as definições ao longo da história, dos conceitos de paisagem, espaço, lugar (entendido como um lugar ou cenário em que essas relações se materializam, colocando a ênfase no substrato físico-biológico em que ocorrem). No artigo El Territorio como Unidad de Análise em la Historia Ambiental y la Geografía Histórica a autora mostra que nas últimas décadas o conceito de território como unidade de análise processual é entendido como um sistema complexo, resultado da continuidade histórica e geográfica, onde a sociedade e o ambiente interagem uns com os outros ações cotidianas.
O artigo Devastação e Conservação no Bioma Cerrado: Duas Dinâmicas de Fronteira, de José Luiz de Andrade Franco, Roseli Senna Ganem e Cristiane Barreto aponta as dinâmicas opostas de devastação e conservação da natureza no bioma Cerrado. Descrevendo o processo de ocupação do território e os impactos crescentes da atividade antrópica. Os autores chamam a atenção para a urgência de políticas púbicas específicas e integradas capazes de conter a degradação dos ecossistemas nativos do Cerrado e visando promover a conservação efetiva de parcelas representativas de toda a sua biodiversidade.
O quarto artigo é A Região do Lagamar: fronteiras abertas para o re / ordenamento territorial, escrito por Alexandre Dullius e Maclovia Correia da Silva onde os autores discutem o “re / ordenamento territorial chamada Adaptação às Mudanças Climáticas baseadas em Ecossistemas (Abe)” observando detalhadamente a Região do Lagamar, parte da Mata Atlântica brasileira. No artigo seguinte, Miguel Mundstock Xavier de Caravalho, Bruno Griebler Provin e Renan Paganini Valentini escreveram Uma Leitura da Modernização da Suinocultura: história, agropecuária e bem-estar animal – Paraná, Brasil (1960-1980), os autores analisam as transformações da suinocultura no estado do Paraná, Brasil, nas décadas fundamentais do processo de modernização agropecuária (décadas de 1960 e 1970).
No artigo, são abordados os antecedentes, motivos, implantação e as características da modernização da suinocultura através do uso de literatura interdisciplinar e de fontes primárias como artigos de jornais, revistas de divulgação do setor, publicações técnicas, uma entrevista e censos agropecuários. Como conclusão os autores afirmam que as transformações ligadas à modernização da suinocultura estão relacionadas ao sofrimento e às alterações na qualidade de vida desses animais, questões usualmente negligenciadas nas análises históricas.
Na sequência, Jó Klanovicz apresenta a trajetória do viveirista francês Georges Delbard, que trabalhou diretamente na construção do estado de Santa Catarina, como espaço privilegiado para a implantação de projetos de fruticultura de clima temperado a partir dos anos 1960. Ao fornecer conhecimento técnico e mudas de frutíferas para a região, Delbard também influenciou profissionais envolvidos no projeto com sua concepção de natureza e de modernização da agricultura, dando legitimidade ao processo de transformação ambiental que a fruticultura de clima temperado ocasionou. Como fonte o autor utilizou de documentos técnicos que representam aspectos da fruticultura na região, bem como analisou a autobiografia de Delbard como texto ambiental.
Por fim, Ricardo Gomes Luiz e Maclovia Corrêa da Silva lançam mão da teoria da fronteira de Frederick Turner e território de diferença de Arturo Escobar para desenvolverem o artigo Remanescentes de Floresta com Araucária na Região Centro-Sul do Estado do Paraná e os Sentido de Fronteira, onde os autores analisam a convivência entre a expansão territorial, política e a conservação da Floresta com Araucária com ênfase especial para a erva-mate. Desta forma enceramos o dossiê e esperamos que os leitores possam fazer proveito todos os textos aqui apresentados.
Samira Peruchi Moretto – Doutora em História pela Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC. Professora do Curso de História da Universidade Federal da Fronteira do Sul –UFFS. E-mail: samirapm@gmail.com
Eduardo Henrique Barbosa de Vasconcelos – Doutorando em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS. Professor do Curso de História da Universidade Estadual de Goiás. E-mail: eduardo.vasconcelos@ueg.br
MORETTO, Samira Peruchi; VASCONCELOS, Eduardo Henrique Barbosa de. História Ambiental. Revista Expedições, Morrinhos, v.7, n.1, 2016. Acessar publicação original. [DR].
[DR]História, Narrativa e usos do passado / Expedições / 2015
A História seja considerada como ciência ou arte, ou algo entre uma e outra, não pode deixar de ser posta em si no tempo de sua tessitura. Malgrado diga-se que ela possua por objeto um tempo passado, cabe considera-la em todas as suas perspectivas, afinal trata-se de um sujeito que analisa no presente indícios de um passado à sua e outras temporalidades que, por sua vez, será em narrativa lida, apropriada e criticada por sujeitos em um tempo que não se fecha em si. Neste ínterim, expõe-se a complexa constituição da matriz disciplinar enunciada pelo teórico alemão Jörn Rüsen em sua Razão Histórica2. É neste caminho que se constrói este Dossiê sobre “História, narrativa e usos do passado”. Por compreender a história como problematizadora de uma série de questões, em diferentes tempos e espaços; por entender a necessidade de refletir sobre sua escrita e os sujeitos envolvidos; por compreender com Rüsen, na obra citada, que o cotidiano do historiador é a base para reflexão do seu exercício; por compreender a estreita relação entre a História e a vida prática das pessoas; por compreender, enfim, as diversas possibilidades de escrita e de usos que podem ser feitos do passado.
Por todas estas questões, são propostas as reflexões que seguem nos artigos, cabendo, no entanto, uma salvaguarda: a de que, acerca das reflexões sobre a História, narrativa e usos do passado não se limitam ao aqui elencado, mas sim esta é uma fração pequena de áreas tão profícuas à reflexão, por parte de filósofos e historiadores e que estão ganhando espaço entre pesquisadores brasileiros e de diversos países. Feitas essas breves contextualizações, cabe iniciar pelas contribuições dos intelectuais que construíram esta miríade temática, congregando profissionais da UFMS, UniCEUMA, UNIVERSO, UDF, UnB, UFRJ, UFMA e UFPI. A iniciar por uma história que é explicada em desenvolvimento e com uma finalidade, em detrimento da realização do Espírito, portanto plena de intencionalidades em seu devir. Assim podemos perceber as formas da razão associadas à historicidade em Hegel propostas por Delmo Mattos e que denotam, no século de Hegel, uma perspectiva bastante apropriável para o Estado de Direito, logo a serviço da ordem política e de uma elite que usufrui de fato do devir da História no contexto.
Neste sentido, mas em outra linguagem, Diogo Pereira da Silva nos traz à tona a música de Mozart que, na perspectiva apresentada mostra um passado apropriado em uma ópera desejante de representar “uma alegoria velada do monarca reinante, cuja Corte havia comissionado a composição da Ópera para um determinado festejo – como Coroações, Onomásticos, Jubileus, Bodas” conforme diz o autor. Para além do exemplo em questão, o material serve de instrumento para reflexões de outras produções musicais do século XVIII dentro do mesmo gênero que se apropriaram de um passado greco-romano. No âmbito filosófico e literário, Renato Nunes Bittencourt evoca Nietzsche e Eça de Queiroz para pensar o conhecimento histórico e a consciência histórica, no sentido de suas utilidades, benefícios ou malefícios ou, como o próprio autor diz, “benefícios e malefícios decorrentes do uso do conhecimento histórico na condução da vida individual e da consciência social”. De fato, cabe pensar sobre a presença do conhecimento histórico na vida prática das pessoas e nos níveis de consciência a serem percebidos acerca do mesmo. Em uma perspectiva prática, em relação à Educação e movimentos populares, Wellington Lima Amorim e ainda Maria Aparecida Alves da Costa que mostra a própria ação de sujeitos no ato de empoderamento ao buscar definir seus papéis sociais em prol de uma Educação de qualidade. Neste sentido, a apropriação de ideias, o embate e engajamento caracterizam, no plano social, o plasmar de ações humanas no tempo e espaço que anseiam por construir sua própria história e mudar a ordem do estabelecido, criando expectativas em um horizonte de histórias não privilegiam classes subalternas.
E, nos contextos mais variados, não apenas a literatura, a música, a filosofia, a educação ou mesmo as ações humanas denotam apropriações, releituras e usos do passado. A figura do historiador não aparece imune a formas de leitura e as opções teóricas, metodológicas, perspectivas acerca das fontes históricas e construções narrativas são permeadas de concepções de verdade (entre ciência e arte), subjetividades e projeções / construções de identidades e alteridades. Neste caminho os autores Fábio Libóreo, Daniela Scheinkman Chatelard, Rita de Cássia Oliveira e Roberto Nunes Bittencourt problematizam diversas possibilidades e contribuem para uma profícua reflexão das relações entre passado e presente em diversas temporalidades com as quais trabalham os pesquisadores. Espaço aberto e palavras escritas, ficam as contribuições para problematização das áreas que dão nome a este dossiê, com o saboroso gosto de dever cumprido, concomitante à sensação de que a tarefa está incompleta. Gosto este e sensação esta que advém da consciência de que o dizer do poeta Antonio Machado, no tocante à Teoria e Metodologia da História, é uma sentença válida: “Caminante, no hay camino, se hace camino al andar.”3 Portanto, sempre haverá reflexões, caminhos, opções e temas a se tornarem objeto de interesse dos historiadores, basta que estes os construam como tais.
Notas
1. Razão histórica: teoria da história: fundamentos da ciência histórica. Brasília: EdUNB, 2001.
2. MACHADO, Antonio. Poesias Completas. Madrid: Publicaciones de la Residencia de Estudiantes, 1917.
Leandro Hecko – Doutor em História pela Universidade Federal do Paraná e Professor Adjunto do Curso de História da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Três Lagoas – MS. E-mail: leandro.hecko@gmail.com
HECKO, Leandro. História, narrativa e usos do passado. Revista Expedições, Morrinhos, n6, n.2, 2015. Acessar publicação original. [DR].
[DR]A História e sua filosofia / Expedições / 2013
Ao longo de mais de dois mil anos a historiografia transitou entre uma escrita e uma técnica, narrativa e autorreflexão. Esse longo percurso guardou em si projetos epistemológicos e políticos, onde tanto filosofias da história quanto “a História” foram constituídas de forma a se complementarem e até mesmo confundirem.
Nesta edição apresentamos ao público o dossiê “A História e sua Filosofia”. Organizado pelos professores Aruanã Antonio dos Passos e Wellington Lima Amorim o dossiê se propôs a construir um mosaico sobre as relações entre o saber histórico e as múltiplas possibilidades de diálogo com a filosofia. Abrindo o dossiê temos o trabalho de Delmo Mattos sobre o pensamento de Thomas Hobbes. Na sequência dois trabalhos se voltam ao pensamento de Richard Rorty. O primeiro é de Aldir Carvalho Filho onde sua análise leva e conta a dimensão da utopia em Rorty. O segundo é de Wellington Lima Amorim e Mateus Ramos Cardoso que se volta para a relação do pensamento de Rorty com o de outro grande referencial do pensamento filosófico e para a filosofia da história: G.W.F. Hegel.
A compreensão da realidade brasileira é contemplada no dossiê com dois trabalhos. O artigo de Renato Nunes Bittencourt retoma a discussão da identidade em nossa formação sociocultural, enquanto Marco Antônio de Souza e Jacqueline Oliveira Leão se concentra na relação entre violência simbólica e as relações autoritárias e sua intereferência em nossa democracia. Fechando o dossiê temos o trabalho de Leandro Hecko sobre a Hisória Antiga e os usos do passado.
Na primeira semana de novembro de 2013 realizamos na Unidade Universitária de Jussara o II Encontro de Teoria da História e Historiografia. Além do lançamento de livros, defesas de monografias e debates, tivemos a honra de receber duas conferências de alto nível em nosso evento. A primeira foi proferida pelo professor Eduardo Sugizaki e versou sobre um aspecto fundamental da obra de Michel Foccault: as possibilidades de uma contra história. A segunda conferência foi proferida pelo Prof. João Paulo Simões Vilas Bôas e abordou de forma original a relação entre fundamentalismo e terrorismo no mundo contemporâneo numa chave interpretativa nietzscheana. Aos dois pesquisadores nosso agradecimento por disponibilizarem suas conferências para serem registradas nesta edição de Expedições.
Fechando a seção de autores convidados temos a satisfação de publicar o instigante trabalho de Christian Hausser, pesquisador que vêm se dedicando aos estudos de historiografia brasileira, e, que no trabalho que publicamos, provoca de forma bastante crítica às análises correntes sobre a nossa historiografia oitocentista.
Na seção de artigos apresentados trabalhos tão heerogêneos quanto à proposta editorial de nossa revista. Prova disso são os trabalhos de Augusto Henrique Assis Resende sobre o uso político da Conjuração Mineira, de André Carlos Furtado e Cristina Ferreira sobre Sérgio Buarque de Hollanda e o modernismo, Wesley Dartagnan Salles sobre a crise açucareira da Bahia no séc. XVII, de Eduardo Gusmão Quadros que explora as possibilidades de se pensar a História da Igreja com e a partir de Michel Foucualt. E por fim, o trabalho de Michelle dos Santos versando sobre a obra televisa de Luiz Fernando Carvalho.
Fechando essa edição temos na seção Notas de Leitura o trabalho da jovem pesquisadora Juliana Vieira Marques sobre o animador da chamada Escola de Recife: Tobias Barreto e o lugar da cultura germânica em seu pensamento.
Agradecemos aos colaboradores e autores, aos leitores, estudantes, pesquisadores, divulgadores, corpo editorial, pareceristas e revisores que devotaram seu trabalho e seu tempo ao nosso periódico. A cada edição buscamos consolidar uma publicação em Teoria da História e Historiografia que seja singular em sua proposta e plural em qualidade, mesmo diante das imensas dificuldades que os periódicos acadêmicos encontram no presente.
A todos nossos sinceros agradecimentos!
Os editores
PASSOS, Aruanã Antonio dos. A História e a sua Filosofia. Revista Expedições, Morrinhos, v.4, n.2, 2013. Acessar publicação original. [DR].
[DR]
Expedições | UFG | 2010
A Revista Expedições – Teoria da História e Historiografia (Morrinhos, 2010-) recebe artigos originais (inéditos) de Teoria da História, Historiografia, História da Educação, História das Relações e Interações Econômicas, Políticas, Sociais, Culturais e Ambientais da Sociedade Capitalista em fluxo contínuo com periodicidade anual.
A Revista Expedições vincula-se ao Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade (PPGAS) e sua editoração é realizada no Campus Morrinhos da Universidade Estadual de Goiás. Sua classificação no Qualis Capes (2013-2016) é a seguinte: Ciências da Religião e Teologia B1; Educação B2; História B3; Direito B3; Filosofia B4; Psicologia B4. Qualis/Capes Unificado = A4 (2019).
[Acesso livre]ISSN 2179-6386
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