Kurdish Women’s Stories | Houzan Mahmoud

Embora pouco conhecido no Brasil, o povo curdo é um dos maiores povos sem Estado do mundo. Formado por aproximadamente 40 milhões de indivíduos, essa comunidade étnica encontra-se dividida entre os Estados da Síria, da Turquia, do Irã e do Iraque; além das mais de cinco milhões de pessoas dispersas na diáspora – sobretudo nos Estados Unidos e em países da Europa central, como a França, Alemanha, Bélgica e Holanda.

Apesar dos diversos levantes nacionalistas e da autonomia relativa conquistada nos territórios no Iraque, o Curdistão jamais conseguiu se unificar e se tornar independente. Diante disso, as populações curdas, autóctones dessa região, foram sendo violentamente assimiladas e sistematicamente negadas pelos processos de formação dos Estados-nação que ocupam o seu território. Leia Mais

La reledía se volvió de la derecha | Pablo Stefanoni

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Pablo Stefanoni | Foto: Bernardino Ávila

La reledía se volvió de la derecha, de Pablo Stefanoni traz um subtítulo enciclopédico, entregando a matéria ao leitor sem que se tenha a necessidade de abrir o livro: o combate ao progressismo político e ao politicamente correto é rebelde e atrai multidões de jovens. É necessário, então, ler esses arautos das novas direitas (“extrema direita”, da “direita alternativa” ou “populismo de direita”) caso queiramos compreender as razões do seu sucesso ou, em outra chave, as razões do fracasso das esquerdas. A tarefa anunciada é cumprida com um texto breve, distribuído em cinco capítulos (além de epílogo e glossário) que focam o pensamento das novas direitas em escala global (América do Sul, América do Norte, Europa e Ásia).

La rebeldia se volvio de derechaAntes de La rebeldia, Stefanoni escreveu livros sobre a ação da esquerda na Bolívia e na Rússia e atuou em parcerias com Clarín e o Le Monde Diplomatique. Professor da Universidade Nacional de San Martín e Doutor em História, o autor situa seu novo livro no domínio da História Intelectual. Stefanoni se ocupa de autores comuns – terroristas, ativistas moderados, intelectuais que militam na internet, escritores – atuantes nas duas últimas décadas, mediante redes de divulgação artigos, posts em redes sociais, vídeos, trechos de livros e memes. Ao abordar indivíduos de “subculturas on line”, Stefanoni investiga o significado dessa nova rebeldia, questionando sobre a ideia de “futuro próximo” compartilhada entre seguidos e respectivos seguidores. Leia Mais

A Silver River in a Silver World. Dutch Trade in the Río de la Plata, 1648-1678 | David Freeman

The Return to Amsterdam of the Second Expedition to the East Indies on 19th July 1599 Andries van Eertvelt 1590 1652 Imagem Wikimedia
The Return to Amsterdam of the Second Expedition to the East Indies on 19th July 1599, Andries van Eertvelt (1590-1652) | Imagem: Wikimedia

Si las conexiones económicas desplegadas globalmente durante la temprana modernidad contribuyeron a la consolidación política de los poderes soberanos europeos, los márgenes americanos constituyeron uno de los principales escenarios en los que aquellos enlaces tomaron forma localmente. Atendiendo a la dimensión local como un campo para el abordaje de procesos intercontinentales, A Silver River in a Silver World, de David Freeman, toca entonces una arista central para comprender la estructuración de la economía moderna a través de su temprana globalización, durante un período en el cual la pequeña divergencia parecía comenzar a tomar forma en el seno de la Europa occidental.1

La presencia de mercaderes holandeses en la Buenos Aires del siglo XVII, sus prácticas comerciales en la escala local y regional, así como los tejidos relacionales que habilitaban el despliegue de esas prácticas, permiten comprender al comercio atlántico holandés en el seno del sistema imperial español, desde un enfoque multidimensional sobre las personas, sus contactos y sus contratos. Con su trabajo, David Freeman ratifica que ese eslabón marginal que Buenos Aires representaba en los circuitos mercantiles intercontinentales resultó, sin embargo, central para la consolidación del temprano capitalismo, ocupando un rol crítico en la provisión del metálico necesario para el arbitraje holandés en los flujos europeos que conducían la plata hacia China y retroalimentando, de esa manera, las bases materiales que habilitaron el posicionamiento de los Países Bajos como uno de los núcleos mercantiles y financieros del siglo XVII.2 Leia Mais

Las pacifistas en un mundo de catástrofes (1914-1945) | Ivette Trochon

Ivette Trochon Foto Fernando PenaBrecha
Ivette Trochon | Foto: Fernando Pena/Brecha

Esta obra de Yvette Trochon ofrece la posibilidad de incursionar en un tema escasamente tratado por la historiografía regional y menos aún por la uruguaya: el pacifismo femenino. La autora nos introduce en el mundo de la guerra y la paz, rescatando el rol de las «pacifistas», aquellas mujeres «que hicieron públicas sus inclinaciones por la paz a través de la literatura, el periodismo, el arte o la militancia en organizaciones creadas específicamente para tales fines» (16). El hilo conductor de la obra es el análisis de las reflexiones femeninas sobre la paz y las prácticas concretas que llevaron a cabo para alcanzarla o defenderla. Sin dejar de lado, a las voces masculinas que también abogaron por la paz, desde diversas perspectivas: filosóficas, jurídicas, historiográficas, socialistas. Si bien el pacifismo no surge en este período, fue en estas décadas que adquirió un carácter masivo, por la emergencia de asociaciones con marcados discursos antimilitaristas, opuestas al servicio militar obligatorio y promotoras de la objeción de consciencia. Leia Mais

Red Light City. Montreal/Amsterdã: The Architecture Observer | Tsaiher Cheng

Neste livro a arquiteta e urbanista taiwanesa Tsaiher Cheng (1) apresenta como discussão central a relação entre a prostituição – trabalho sexual – e o espaço urbano. Parte-se do entendimento que isto é uma via de mão dupla, ou seja, não apenas a indústria do sexo é afetada pelas políticas urbanas como também desempenha um papel importante para a forma urbana, a organização espacial e dinâmica das cidades. Dividido em oito capítulos, o livro dedica cinco deles à análise de cidades específicas: Hong Kong, Taipei, Montreal, Antuérpia e Amsterdã e cada uma delas é analisada por um estudioso local. Assim, apesar de Tsaiher Cheng ser a principal autora do livro, a publicação conta ainda com os textos de Jung-Che Chang, Magdalena Sabat, Maarten Loopmans e Manuel Aalbers e Hans Ibelings, autor do prefácio. Ainda, Cheng também apresenta uma análise da tipologia dos bordéis do red light district de Amsterdã e sintetiza os modelos de organização da indústria do sexo nas cidades.

No primeiro capítulo, “An intense struggle in urban renew processes”, Cheng explica que os red light districts são áreas voltadas ao sexo, cujas atividades costumam ser conhecidas para além de seus limites. Contudo, cada zona é diferente, pois sua organização depende de vários aspectos, entre eles a morfologia urbana, a localização e o enquadramento legal do trabalho sexual. Com relação a este último aspecto, a autora esclarece que há quatro tipos de sistemas de regulação do trabalho sexual: a) quando o trabalho sexual é legal e regulado; b) quando o trabalho sexual é legal, mas estabelecimentos como bordéis são ilegais; c) quando o trabalho sexual é ilegal, mas o/a trabalhador/a sexual não é considerado criminoso/a; d) quando o trabalho sexual é ilegal. Leia Mais

De Olinda a Holanda: o gabinete de curiosidades de Nassau

Registros concretos da interseção dos homens no mundo, a cultura material reivindica para além da sua aparência física um sem fim de conexões com os tempos, os espaços e os grupos nos quais se insere. Matéria híbrida e maleável, é passível de ser deslocada redefinindo nesta própria transição novos significados. Atenta às qualidades históricas da cultura material, Mariana de Campos Françozo faz dela sua base para explorar o capital simbólico dos objetos em seu livro De Olinda a Holanda: o gabinete de curiosidades de Nassau.

Fruto da sua tese de doutorado, as reflexões pontuadas neste livro dão sequência às pesquisas realizadas por Françozo em sua dissertação de mestrado na qual já pontua o papel dos objetos no êxito das relações entre os indígenas e os colonizadores europeus no contexto do Brasil colonial. Destacando o processo e as mudanças decorrentes deste convívio ao longo da dissertação que tem como mote a influência da literatura etnológica alemã na obra de Sérgio Buarque, Françozo balanceia o tema da mobilidade a partir dos contatos, mas também das distâncias imanentes a ele. Assim, aponta em dado momento uma fala do autor sobre sua ida à Berlim onde afirma que afastar-se de seu país era a medida da lente para enxergá-lo por completo. Aproximando a assertiva da fórmula antropológica, infere a autora que a chave estava em “tornar estranho o que é familiar, e familiar o que é estranho.”2. Leia Mais

A corporação que mudou o mundo: como a Companhia das Índias Orientais moldou a multinacional moderna | Nick Robins

Nick Robins seguiu uma opção de carreira pouco comum entre historiadores: entrou para o meio empresarial, envolvendo-se com questões relacionadas à responsabilidade social das corporações e atualmente está dirigindo o Centro de Mudanças Climáticas do HSBC. Esse currículo inusitado deixou- -o especialmente preparado, talvez, para a temática deste livro: a história da primeira grande multinacional que foi, ao mesmo tempo, um capítulo importante na construção do imperialismo britânico.

Sem declará-lo explicitamente, a obra parece estar afiliada à corrente historiográfica da “nova história imperial” inglesa, voltada para a influência recíproca entre metrópole e colônias e destas umas com as outras. Segundo Tony Ballantyne, um dos expoentes dessa linha de pesquisas, o império assemelha-se a uma complexa teia por onde circulam capital, pessoas e ideias e na qual um lugar pode ocupar várias posições – o centro administrativo de uma colônia exercia a função de “centro subimperial”, subordinado à metrópole, mas dominante em relação ao restante da colônia e, por vezes, também em relação a outras colônias2. Robins mostra a Companhia das Índias Orientais como um fio crucial na teia imperial, capaz de exercer um impacto dramático na Inglaterra, Índia, Estados Unidos e China. Leia Mais