Posts com a Tag ‘Estudos linguisticos’
Teatro e universidade: Cena. Pedagogia. [Dialogismo] – GONÇALVES (B-RED)
GONÇALVES, Jean Carlos. Teatro e universidade: Cena. Pedagogia. [Dialogismo]. São Paulo: Hucitec, 2019, 172p. Resenha de: FOMIN, Carolina Fernandes Rodrigues. Bakhtiniana – Revista de Estudos do Discurso, v.14 n.3 São Paulo July/Sept. 2019.01
O livro Teatro e universidade: Cena. Pedagogia. [Dialogismo] compõe a coleção Teatro, Série Pedagogia do Teatro, da Hucitec Editora, e traz um olhar investigativo que interliga diferentes campos do conhecimento: educação, teatro e estudos da linguagem. A obra valoriza o encontro e o diálogo dessas esferas, à medida que articula os conceitos advindos das formulações teórico-filosóficas do Círculo de Bakhtin sobre a linguagem com as vozes do teatro que ecoam na educação e as vozes da educação que ecoam no teatro.
O autor, Jean Carlos Gonçalves, é teatrólogo, diretor de teatro e professor de Práticas Teatrais na Universidade Federal do Paraná (UFPR), e vem traçando uma importante trajetória de reflexões acerca da linguagem, com base em pressupostos bakhtinianos. O livro, conforme o autor nos conta, foi concebido a partir de pesquisas anteriores: a tese de doutorado defendida no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPR e revisões realizadas nos dois estágios de pós-doutoramento no Programa de Estudos Pós-Graduados da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (LAEL/PUC-SP). Teatro e universidade: Cena. Pedagogia. [Dialogismo] corrobora a trajetória de reflexão de Gonçalves, que tem como pressuposto o dialogismo e não pretende categorizar ou engessar nenhum dos conceitos apresentados; ao contrário, o pesquisador busca aproximações e novas frentes de discussão.
A apresentação escrita por Beth Brait, supervisora dos Pós-Doutoramentos de Jean Carlos Gonçalves no PEPG em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem da LAEL/PUC-SP, destaca o livro como uma forte contribuição à Análise Dialógica do Discurso (ADD) e como “uma encenação possível do texto referência, constituindo-se como única e irrepetível” (BRAIT, 2019, p.12). A expressão texto referência refere-se a “um universo vivo, movente, que não cessa de se expandir, exigindo dos que dele se aproximam (ou dos que são por ele atraídos…) muito estudo, muita dedicação, técnica, método, disciplina e, acima de tudo, uma excepcional capacidade de interpretação criativa” (BRAIT, 2019, p.11). Ao apresentar sua pesquisa, Gonçalves é protagonista dessa interpretação criativa, que se abre à vertente interdisciplinar do conhecimento ao mobilizar dialogicamente as vozes da cena e da pedagogia.
Sobre o referencial teórico da obra, Gonçalves convoca ao diálogo autores dos três campos disciplinares que se propõe a investigar em interconexão: linguagem, educação e teatro. As vozes são múltiplas e, especialmente no que se refere aos estudos da linguagem, o autor extrapola o âmbito dos textos de Bakhtin e do Círculo, evocando outros comentadores e pesquisadores dessa perspectiva teórica. O diálogo acontece também com outros autores da coleção Teatro, Série Pedagogia do Teatro, como Beatriz Cabral (2002), Flavio Desgranges (2006) e Gilberto Icle (2009).
Os enunciados objeto das análises – denominados memoriais – situam-se na esfera educacional e são produzidos por alunos-atores a partir dos processos de montagem de espetáculo, vivenciados durante sua formação como Bacharéis em Teatro-Interpretação da Universidade Regional de Blumenau (FURB). Tendo como fundamento a ADD, que Brait (2019) indica no livro ser “uma perspectiva teórica que se apresenta, principalmente no Brasil, como uma possibilidade de interpretação dos estudos filosóficos-artísticos-discursivos desenvolvidos por Mikhail Bakhtin e o Círculo” (p.12), Gonçalves analisa como os alunos-atores se enunciam, a quem enunciam e quais vozes ecoam nesses enunciados. Ele lê as entrelinhas dos enunciados, as vozes discursivas, os embates valorativos, as posições dos sujeitos que apontam para um horizonte social mais próximo (o da sala de aula e o das relações aluno/professor) ou mais distante (educação e teatro), e suas análises remetem a imaginários sociais que circulam nesses espaços. Contudo, não é objetivo do livro classificar o aluno, o professor ou o diretor de teatro em modelos teatrais ou acadêmicos. O autor busca compreender as vozes que constituem os enunciados dos memoriais que analisa.
O livro está inserido em uma cadeia discursiva que dialoga com elos precedentes e posteriores das esferas que investiga, a cujos enunciados responde ativamente. Alguns desses enunciados estão explícitos e referenciados; outros, implícitos nas diferentes vozes e imaginários sociais presentes na sociedade em geral e nos memoriais analisados no livro. Lembrando Volóchinov (2017, p.219; itálicos no original) “um livro, ou seja, um discurso verbal impresso também é um elemento da comunicação discursiva” e está imerso em uma “discussão ideológica em grande escala: responde, refuta, ou confirma algo, antecipa as críticas possíveis, busca apoio e assim por diante”. E, para o pensador russo, a partir de uma determinada situação de um problema científico, “esse discurso verbal é inevitavelmente orientado para discursos anteriores tanto do próprio autor quanto de outros”.
Como um enunciado, elemento de uma comunicação discursiva, chama-nos a atenção a forma como Gonçalves apresenta e intitula cada uma das partes dessa obra. Primeiramente, destacamos o fato de que a introdução e a conclusão são nomeadas Ensaiando uma introdução e Ensaio aberto, respectivamente. Ao fazer analogia com os ensaios no teatro, Gonçalves aponta para o não acabamento e a não necessidade de se encerrar discussões. Tal qual um ensaio, a obra se coloca como diálogo aberto e aberta a diálogos.
Em Ensaiando uma introdução, Gonçalves nos aproxima do primeiro ensaio de uma apresentação cênica, em que vivências, objetivos e aproximações teóricas são postos em jogo, inaugurando caminhos. Nesse preâmbulo, o autor objetiva compreender o processo de criação teatral na universidade, assume que as relações entre teatro e universidade serão pensadas a partir da ADD e manifesta o diálogo com seu objeto, com o leitor, com os autores que leu e consigo mesmo.
A primeira parte do livro, em que Gonçalves situa as análises e faz acordos teóricos com o leitor, contém dois capítulos, intitulados Pesquisar o teatro feito na universidade e Pesquisar em perspectiva bakhtiniana, respectivamente. No primeiro, antes de trazer as vozes de outros autores, Gonçalves declara o seu lugar teórico e prático e se coloca como “um sujeito intérprete, que analisa seus dados a partir de sua visão única, de seu lugar no mundo, unindo os resultados da sua análise ao seu próprio gesto interpretativo” (p.29). Lembrando Bakhtin (2017, p.36), “não se pode separar interpretação e avaliação: elas são simultâneas e constituem um ato único integral. O intérprete enfoca a obra com sua visão de mundo já formada, de seu ponto de vista”. Consciente disso, além de apresentar um contexto maior, o da criação teatral na esfera acadêmica, Gonçalves conta seu percurso na universidade e assume que suas análises serão permeadas por posições valorativas, um pressuposto de análises em perspectiva bakhtiniana. O autor salienta a impossibilidade de categorizações ou caracterizações estritas para análises que têm como objeto o teatro ou o fazer teatral, pois, nas palavras de Gonçalves, “narrar, descrever o processo de criação teatral, é debruçar-se sobre ele de forma que se possa refletir sobre vivências” (p.31). Com isso, o próprio processo de análise se transforma em um enunciado.
Para o capítulo seguinte, Pesquisar em perspectiva bakhtiniana, Gonçalves faz um levantamento de autores que se dedicaram a essa aproximação entre as artes da cena e as formulações de Bakhtin, Volóchinov e Medviédev e afirma que a pesquisa dessa relação “parece ainda não ter tido seu momento de acontecimento. No Brasil, pouquíssimos pesquisadores têm-se dedicado com afinco a estudar as aproximações possíveis entre o pensamento bakhtiniano e as artes da cena” (p.45), motivo pelo qual essa obra se mostra tão importante. Dentre os principais conceitos apresentados nesse capítulo, estão: alteridade, interação, campo/esfera, vozes discursivas, multivocalidade, posições axiológicas e autoria. Esses conceitos são premissas e dão sustentação às análises que atravessam todo o livro.
A segunda parte da obra também se divide em dois capítulos: Vozes da educação no teatro e Vozes do teatro na educação. Neles, Gonçalves instiga o leitor a refletir sobre o jogo de vozes e a multivocalidade presentes nas esferas que se propõe a analisar a partir da perspectiva dialógica: educação e teatro.
Em Vozes da educação no teatro, o primeiro tópico está relacionado aos imaginários sociais referentes ao professor enquanto condutor de práticas teatrais na universidade. “Seria ele um professor-diretor?” é a pergunta que instiga a discussão. O próximo tópico vai ao encontro de questões relacionadas à autoridade docente. Por meio da pergunta “quem decide?”, o autor discute a heteroglossia, o encontro sociocultural de vozes sociais e os jogos dialógicos de dizeres que se cruzam. A questão da avaliação em teatro é provocada pela pergunta “Vai ter nota?” e o capítulo se encerra com a problematização do espaço físico da sala de aula como espaço de ensaios. Novamente, chama a atenção a forma de apresentação dos enunciados, pois cada um desses subitens, ao invés de nomear conceitos ou categorias de análises, são, na verdade, perguntas pelas quais o autor busca provocar o leitor e mobilizar discussões. Ou seja, perguntas que convocam o leitor ao diálogo.
Em Vozes do teatro na educação, segundo capítulo da Parte II, os subitens seguem apresentados em forma de perguntas. Primeiro, Gonçalves questiona se os processos de criação cênica a partir do modelo de processos colaborativos seriam uma utopia, distinguindo conceitos como coletividade e processos colaborativos. Na sequência, aborda a autoria nos memoriais analisados e a “multivocalidade constituinte dos sujeitos e seus enunciados” (p.127). Já no segundo tópico, debate o modelo de encenação teatral (ou se haveria um modelo) e as acepções da figura do diretor teatral. Nesse ponto, o autor ressalta as principais diferenças entre ensaiador, encenador e diretor teatral, bem como a figura do professor. Os memoriais analisados apontam para os imaginários sociais, uma vez que “as vozes estão imbricadas, sobrepostas, gerando outros sentidos, outras possibilidades de significação na própria situação comunicativo-discursiva” (p.143). No último subitem, a partir da noção de teatro de grupo correlata à formação em teatro na universidade, Gonçalves destaca o conceito de forças enunciativas centrípetas (que tendem a centralizar o poder) e centrífugas (que resistem a um poder imposto). Antes de finalizar o capítulo, entretanto, ainda discorre sobre o conceito de alteridade.
Percebemos que a distinção entre vozes do teatro na educação e vozes da educação no teatro tem caráter didático e necessário, mas uma voz não poderia ser analisada sem a outra, pois, como indica o autor, há uma “amálgama de vozes” (p.125) e os enunciados (os memoriais analisados) apontam para vozes “conversando entre si, se reconhecendo num mesmo espaço dialógico” (p.125).
A conclusão do livro é intitulada Ensaio aberto, referindo-se a prática de grupos de teatro de convidar pessoas para assistir a um ensaio, antes da estreia, e, nesse ensaio, o público é convidado à interlocução. Ao escolher esse título para as considerações finais do livro, o autor explicita que seu olhar é um dentre outros possíveis e convida o leitor a novas proposições para a criação teatral a partir da perspectiva dialógica de Bakhtin e do Círculo. Em perspectiva dialógica, “um texto, assim como uma voz, é algo que sempre chama outros, que sempre faz com que outras vozes cheguem, seja por intenção, seja por efeito. […] as vozes são múltiplas e múltiplos são os momentos e os modos em que elas se fazem ouvir” (AMORIM, 2004, p.155). O autor, à vista disso, dialogicamente convida o leitor a ouvir e se fazer ouvir do primeiro ao último ensaio do livro, da introdução às considerações finais.
Teatro e universidade: Cena. Pedagogia. [Dialogismo] é uma importante contribuição aos pesquisadores interessados tanto nas Artes Cênicas (e Artes do Corpo), como em Educação e Linguagem. Essa obra, enquanto enunciado, modifica as pesquisas nessas esferas e incita novas reflexões a respeito dos campos disciplinares que propõe investigar por meio do objeto de análise: os memoriais dos alunos em formação em teatro. Ao apresentar um estudo que articula e inter-relaciona esses campos de estudo, Gonçalves nos instiga a perceber que as fronteiras entre teatro, educação e linguagem não são absolutas, mas, ao contrário, estão em diálogo – e as vozes de um campo atravessam as do outro, refletindo e refratando outras vozes discursivas.
Referências
AMORIM, M. O pesquisador e seu outro: Bakhtin nas ciências humanas. São Paulo: Musa Editora, 2004. [ Links ]
BAKHTIN, M. Fragmentos dos anos 1970-1971. In: BAKHTIN, M. Notas sobre literatura, cultura e ciências humanas. Organização, tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2017, p.21-56. [ Links ]
BRAIT, B. Entre a cena e a pedagogia, o dialogismo. In: GONÇALVES, J. Teatro e universidade: Cena. Pedagogia. [Dialogismo]. São Paulo: Hucitec, 2019, p.11-15. [ Links ]
CABRAL, B. Avaliação em teatro: implicações, problemas e possibilidades. Revista Sala Preta, n.2, p.213-220, 2002. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/salapreta/article/view/57093/60081. Acesso em: 28/02/2019. [ Links ]
DESGRANGES, F. Pedagogia do teatro: provocação e dialogismo. São Paulo: Hucitec, 2006. [ Links ]
ICLE, G. Pedagogia teatral como cuidado de si. São Paulo: Hucitec, 2009. [ Links ]
VOLÓCHINOV, V. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução, notas e glossário de Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo; ensaio introdutório deSheila Grillo. São Paulo: Editora 34, 2017. [ Links ]
Carolina Fernandes Rodrigues Fomin – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC SP), Programa de Estudos Pós-Graduados em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem, SP, Brasil; CAPES PROSUC, Proc. 88887.314270/2019-00; https://orcid.org/0000-0001-5120-049X; carolfomin@gmail.com.
Fonologia – Fonologias: uma introdução – HORA et. al. (A-RL)
HORA, Dermeval da; MATZENAUER, Carmen (Org). Fonologia, fonologias: uma introdução [ Phonology, Phonologies: An Introduction] São Paulo: Contexto, 2017. Resenha de: CANGEMI, Ana Carolina. Um passo a passo para estudos linguísticos em teorias fonológicas. Alfa – Revista de Linguística, São José Rio Preto, v.63, n.1, São Paulo, Jan./Mar. 2019.
Fonologia, fonologias: uma introdução (2017) [ Phonology, Phonologies: An Introduction , edited by Dermeval da Hora and Carmen Lúcia Matzenauer, comprises studies on Phonological Theories. The work is dedicated to Gisela Collischonn (in memoriam), admirable phonologist, who so prematurely left us. In the Introduction the editors promise to take the reader to the “world of sounds”, understood both as the substance of human languages as well as a unit of their respective grammar. The eleven chapters that make up the book are structured around six questions 1:
- What is _ _ _ _ _ _ _ _ Phonology 2 ?
- What does _ _ _ _ _ _ _ _ Phonology study?
- How to analyze linguistic phenomena using _ _ _ _ _ _ _ _ Phonology?
- Could you give me an example?
- What are the main research lines?
- What should I read to know more?
In the first chapter, Fonologia Estruturalista [ Structuralist Phonology ], by Juliene Pedrosa and Rubens Lucena, the Saussurean concept of langue is seen as a foundation for later formalizations of phonological theories. Specifically, regarding Structuralist Phonology, the authors introduce the founding theorists and the fundamental aspects of the study of a language. When analyzing phenomena of the language, the authorsrefer especially to Brazilian linguist Joaquim Mattoso Camara Jr. and, consequently, bring as examples phenomena involving consonant and vowel sounds of Portuguese.
The second chapter, Fonologia Gerativa [ Generative Phonology ], by Seung Hwa Lee, starts with a presentation of the main theoretical assumptions of Generative Phonology (a branch of Generative Grammar). In it, the author discusses topics such as 1) the major theorists in the field of Generative Phonology, 2) the definition of what it is and 3) the scope of its study. The author emphasizes the main objective of the theory (to make explicit the linguistic knowledge/faculty of the speaker-listener of each language) as well as its product (the construction of a phonological grammar of a language that could describe the phonological knowledge of the speaker-listener of that language in terms of the system of rules). In order to exemplify a linguistic phenomenon in the light of the theory, Lee discusses the idea and the rules involving a conspiracy process, by using the sound alternations of Portuguese archiphoneme / S /. Finally, there is a systematic elaboration on Generative Phonology. Therefore, the chapter is a valuable contribution towards the description and explanation of the phonological knowledge of the speaker/listener.
The third chapter, Teoria dos Traços [ Distinctive Features Theory ], was produced in partnership between Carmen Lúcia Matzenauer and Ana Ruth Moresco Miranda. The authors initially provide a historical overview of theory and subsequently (in a very objective and clear way) familiarize the reader with the minimum units forming the internal structure of segments as well as the two approaches to features: i) attributes of segments, and ii) autosegments. It should be emphasized that such perspectives are originally linked to different theoretical models, the first referring to the Classical Generative Model, the second to the Autosegmental Model. By fulfilling data produced by Brazilian children, the authors offer examples that illustrate the dynamics of the phonological grammar of Brazilian Portuguese. It is finally stressed that distinctive features have an important descriptive and explanatory power. Hence the importance of theoretical knowledge for the advancement of studies of the phonological component of linguistic systems. Carefully written and reader-friendly, this chapter harmonizes the transition from linear to nonlinear models, 3 which will be fully approached in the five chapters following it.
The fourth chapter, by Dermeval da Hora and Ana Vogeley, introduces Fonologia Autossegmental [ Autosegmental Phonology ]. This nonlinear approach provides the basics for a multidimensional understanding of phonological processes. The way the reader can benefit from the descriptions, with multi-layered arrangements of phonological representations with respect to the suprasegmental aspects, for example, is remarkable. Thus, the authors devote a part of the chapter to prosodic phenomena. Although Autosegmental Phonology is considered a theory and not just a descriptive model, it is important to understand its mode of representation (tree diagrams), the conditions under which phonological rules and processes are established, and the principles of its functioning. The authors, then, assign another part of the chapter also to these topics. Finally, the coordination of the components of the articulatory apparatus during the production of sounds in speech is dealt with using data extracted from Portuguese.
The fifth chapter, Teoria Lexical [ Lexical Theory ], written by Leda Bisol, addresses phonological theory concerning words as regards to two types of components, i) the lexical component and ii) the postlexical component. This theory, which is grounded on generative models of analysis, integrates phonology and morphology in the lexical component. Therefore, prosodic entities, the syllable, enunciation, the processes of word formation and the elements of a word are examined in a singular way. The author also highlights the key aspects of lexical theory, the ordering of rules and their effect on the serial model. Finally, there is a cyclical analysis of a Portuguese word composed by a root and a thematic vowel.
The sixth chapter, Fonologia Métrica [ Metrical Phonology ], by José Magalhães and Elisa Battisti, is aimed at the organization and formalization of relations of prominence (ranging from the smallest, such as the syllable, to larger ones, such as clauses) in the phonological domain). Although Metrical Phonology studies the system of relative prominence of a language as a whole or in terms of its accentual pattern, some theoretical assumptions, objects and processes of investigation are given special attention. For example, the formation of a structure with binary components by means of relative prominence hierarchically organized is one of the issues of application of the theory. In order to exemplify the models of analysis described in the chapter, the authors work with Latin, Portuguese and other natural languages.
The seventh chapter, Fonologia Prosódica [ Prosodic Phonology ], by Luciani Tenani, highlights the interface between Phonology and other components of grammar. The author points out that Prosodic Phonology stands as a formal theory about prosodic structures, which can be defined by the identification of information on the syntactic or morphological qualities which are relevant to characterize the domains of application of phonological rules. After showing that there can be no necessary isomorphism among the constituents, the author calls attention to the plurality of proposals for prosodic hierarchies. Regardless of the various proposals, it is possible to adopt a set of procedures for analysis in the light of Prosodic Phonology. By using data drawn from Portuguese, the author exemplifies such procedures and reflects especially on accentual shock in the language.
The eighth chapter, written by Ubiratã Kickhöfel Alves, deals with Teoria da Sílaba [ The Syllable Theory ]. The chapter begins with a discussion of the challenge of characterizing the syllable. The author extends the difficulty to the representational level, to the formal mechanisms of analysis of the syllabication process in a language as well as to universal constraints on syllabication. Specifically, in relation to the representational structure in Syllable Theory, three sets of proposals are presented for its characterization: i) the autosegmental structure, ii) the tree-diagram structure and iii) the moraic structure. Linguistic phenomena can be analysed by adopting more than one approach. Some analyses may be carried out, for example, taking a rule-based approach, or a syllabic-model approach or a constraint-based approach. It should be emphasized that, in addition to the different approaches, it is necessary to consider the distribution segments into the syllable, following universal principles of syllabification. A set of principles is presented in the chapter. Finally, the author points out that studies that look into the syllabic structure of the system are still an inexhaustible source of investigation. This chapter also marks the end of the section on non-linear theories in the book, which now turn to the model created in the 1990s: Teoria da Otim(al)idade. [ Optim(al)ity Theory ].
In the ninth chapter, entitled Teoria da Otimidade [ Optimality Theory ], by Luiz Carlos Schwindt and Gisela Collischonn, the theory that had a major impact especially on phonological studies is introduced. According to the authors, this theory can be considered a development of the Generative Theory, in terms of formal descriptions and the search for universals. However, a methodological differentiation can be noticed when it is compared to the generative models that preceded it. From the beginning of the chapter, the authors fulfil examples to initially elucidate the theory. The first example is within the scope of the syllabic structure of Portuguese. As the analysis of the syllabic structure is prioritized in this chapter, the essential properties of the phonological model are highlighted. It is important to emphasize that the task of the Optimality Theory is to promote the mapping of linguistic forms which have been effectively realized together with their underlying forms. Undoubtedly, the theory brings advances to phonological analysis, but there are problems, too. At the end of the chapter, the authors reflect on some of these problems.
The tenth chapter, Teoria de Exemplares [ Exemplar Theory ], written by Thaïs Cristófaro Silva and Christina Abreu Gomes, introduces a representational model formulated, a priori , for the study of visual perception and categorization in the realm of Psychology. According to the authors, three aspects are within the scope of Exemplar Theory: i) phonetic detail, ii) the effects of frequency on mental representations, and iii) emergence and grammatical management of abstract representations. Experimental methodologies are grounded on the expectation of presenting empirical evidence so as to corroborate tendencies of generalization in abstract grammatical representations. In the context of the phenomenological analysis there is the examination of the effects of frequency and lexical similarity by means of research into the corpora of the language under study.
The eleventh and last chapter, Fonologia de Laboratório [ Laboratory Phonology ], by Eleonora Cavalcante Albano, addresses a methodological position which can be applicable to any phonological theory. It is considered that the association between Phonetics and Phonology should be sufficiently clear to support experimental hypotheses. The method, which was developed at LabPhon Association4 , is intended for the scientific study of the elements of a spoken or signed language as well as of its organization, grammatical function and role in communication. According to the author, in this respect, the method shares the same objects of traditional Phonology (in terms of its system and phonic processes), but in a more particular way. Thus, phonetic detail plays an essential part in shedding new light on the the nature of phonic contrasts, for example.
Fonologia, Fonologias: uma Introdução (2017) fulfills its promise to offer the theoretical tools for the reflection on the phonological components of languages (especially Portuguese), as it describes the main phonological theories. Moreover, the book stands as a broad and dense study that allows for the understanding of phonological theories and methods, fostering debates and further developments. With the contribution of renowned Brazilian scholars and researchers, the book is reader-friendly from beginning to end, objectively offering more than the answers to the six questions around which its chapters are organised. Theoretical frameworks, issues and results are gathered together in this useful work, which certainly leads the reader to the “world of sounds.”
References
CHOMSKY, N. The sound pattern of English. New York : Holt, Rinehart and Winston, 1968. [ Links ]
GOLDSMITH, J. (ed.) Phonological theory: the essential readings. Malden: Blackwell Publishers, 1999. [ Links ]
HORA, D.; MATZENAUER, C. Fonologia, fonologias: uma introdução. São Paulo: Contexto, 2017. [ Links ]
NESPOR, M.; VOGEL, I. Prosodic Phonology. Dordrecht: Foris Publications, 2007. Obra original de 1986. [ Links ]
SELKIRK, E. Phonology and syntax. Cambridge, Mass.: MIT Press, 1984. [ Links ]
1Also including notes and references pertaining to each chapter.
2The underscored blank spaces preceding “Phonology” indicate the type of Phonology dealt with in the chapters, for example, Generative Phonology, Lexical Phonology, Prosodic Phonology, and so forth.
3The theoretical models of linguistic phonology are commonly divided into two groups: i) linear models ( CHOMSKY, 1968 ) and ii) nonlinear models ( SELKIRK, 1984 ; NESPOR;VOGEL, 2007 ; GOLDSMITH, 1999 ). Linear models regard speech as a linear combination of segments or distinctive features, that is, there is a one-to-one relationship between the segments and the matrices of feature values. Nonlinear models understand the phonology of a language as an organization in layers (tiers). In this model, the one-to-one relationship is reviewed. Features can extrapolate (or not) a segment and they can also be linked to more than one unit, function alone or in association with them.
4From https://www.labphon.org/ . Access on: 27 Feb. 2018