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Os investimentos estrangeiros em serviços públicos: América Latina e Espanha (século XIX e XX) / História Unisinos / 2020
O Dossiê que apresentamos para a apreciação dos leitores reuniu um conjunto de textos que contempla, a partir de diferentes perspectivas de análise, a historicidade dos investimentos estrangeiros na América Latina e na Espanha, dentro do marco cronológico dos séculos XIX e XX.
As pesquisas que originaram os artigos, apesar de procedentes de tradições historiográficas distintas – a europeia e a latino-americana – buscam explorar duas questões relevantes para a História Econômica. São elas: (1) Quais as relações existentes entre conjunturas nacionais / regionais e o fluxo de capitais estrangeiros para um determinado país? (2) Como as instituições políticas nacionais / regionais conduziram as tensões geradas entre os adeptos da captação de investimentos estrangeiros e os adeptos da valorização de capitais internos?
As questões supracitadas advertem para a necessidade de refutarmos uma leitura homogênea sobre os fatores que determinam o fluxo de capitais externos na direção da América Latina ou da Espanha. Neste sentido, para além da intencionalidade do lucro sempre presente na transferência de capitais de um país para outro, fatores como cooperação tecnológica, avaliação de riscos, previsão de demanda e os atrativos oferecidos pelo poder público são aspectos importantes para a compreensão da dinâmica dos investimentos externos. Igualmente importante é a percepção de que determinados setores da economia receberam maior afluxo de capitais externos em determinadas conjunturas históricas. E, no caso específico deste Dossiê, os setores contemplados foram o transporte ferroviário; o serviço de abastecimento de água; a indústria de gás e a geração / transmissão de energia elétrica.
No primeiro texto, Miguel Muñoz Rubio e Pedro Pablo Ortúñez revisam a discussão historiográfica sobre o impacto que a importação das primeiras locomotivas provocou na economia espanhola. Concentrando a abordagem no período entre 1848-1855, os autores constataram que a importação de locomotivas possibilitou uma transferência de tecnologias que foi fundamental para impulsionar a organização do sistema de transporte ferroviário da Espanha.
A gradual expansão do sistema de transporte ferroviário, primeiro da Inglaterra para a Europa continental e, posteriormente, da Europa para os outros continentes, pode ser considerada um dos capítulos mais interessantes na História Econômica mundial. Financiado na sua maior parte com capitais europeus, o novo sistema de transporte alcançou a América Latina, onde se tornou símbolo de modernização econômica, e, ao mesmo tempo, provocou tensões entre os investidores externos e as autoridades políticas locais. O artigo de Gunter Axt aborda este tipo de tensão. O autor pesquisou o embate entre o poder público e as empresas estrangeiras que atuavam no transporte ferroviário no Rio Grande do Sul da Primeira República. O desfecho do embate foi a encampação das empresas e a ampliação da intervenção do poder público na economia sul-rio-grandense.
Na mesma época em que as ferrovias facilitavam a circulação de passageiros e mercadorias e participavam da consolidação do chamado “sistema-mundo”, o fenômeno da urbanização se intensificava. Inseridas nas rotas de um comércio internacional que estava em expansão no final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, algumas cidades portuárias atraíram grandes contingentes populacionais e se defrontaram com a urgente necessidade de ampliar a oferta de água potável. Este foi o caso da cidade chilena de Iquique – objeto de estudo do artigo escrito por Inmaculada Simón Ruiz e Luis Castro Castro. Localizada no extremo norte do Chile, numa região de clima árido, no final do século XIX, durante o ciclo de extração / exportação do salitre, a cidade portuária de Iquique se expandiu convivendo com o problema da disparidade entre a demanda por água potável e a escassez de recursos hídricos. A pesquisa de Ruiz e Castro constatou que a redução parcial da disparidade foi financiada com capitais externos que priorizaram o lucro dos investimentos e prolongaram a situação precária do abastecimento de água em Iquique – situação que só foi revertida a partir de intervenção do poder público no serviço.
A relação entre aumento na demanda por água e o desenvolvimento de um serviço de abastecimento controlado pelo capital privado e externo também está presente no texto de Alberte Martínez López, que escreveu sobre os investimentos da empresa britânica Algeciras Water Works Company Limited na cidade de Algeciras, Espanha. O estudo realizado pelo autor abrange o período entre 1912, ano de fundação da empresa, e 1952, ano da sua dissolução. Dentro deste recorte cronológico a atuação da Algeciras Water Works foi afetada pela Primeira Guerra Mundial, pela crise econômica dos anos 30 e por mudanças na política cambial praticada pela Espanha. Diante destas adversidades e de uma crescente demanda por ampliação na oferta de água, a empresa se endividou e não foi capaz de atender de forma satisfatória os compromissos assumidos no contrato de concessão.
O fracasso de empresas estrangeiras é uma parte da história do fluxo de capitais internacionais. Outra parte desta história diz respeito aos padrões de investimentos estrangeiros observados em determinados locais e conjunturas históricas. Identificar estes padrões a partir da realidade da Espanha na segunda metade do século XIX e nos primeiros decênios do século XX é o propósito do artigo de Juan Manuel Matés Barco e Mariano Castro Valdivia. Os autores analisaram os investimentos estrangeiros nos setores de abastecimento de gás e água – ambos organizados a partir de indústrias de rede –, e concederam uma especial atenção para o fenômeno de retração dos investimentos estrangeiros na Espanha a partir de 1914 – um fenômeno ligado ao contexto da Primeira Guerra Mundial e às estratégias adotadas pelo governo para fortalecer a economia espanhola.
No sexto artigo do Dossiê, Alexandre Machione Saes aborda as mudanças ocorridas na política norte-americana de financiamento para o setor de energia elétrica no Brasil no período entre 1945-1954. O estudo de Saes ressalta a importância da pesquisa em fontes documentais diplomáticas no âmbito da História Econômica e oferece elementos para a compreensão das estratégias adotadas pelo Brasil e pelos Estados Unidos no fomento de um setor que ambos consideravam relevante.
Dentro do habitus da escrita acadêmica, a função do texto de Apresentação de um Dossiê é oferecer ao leitor pistas sobre um conjunto de artigos que pode ser lido em partes ou na sua totalidade. Acreditamos que nossa Apresentação, apesar de sucinta, atende esta função. No entanto, na condição de organizadores, consideramos pertinente registrar a constatação de que os seis textos reunidos tratam de investimentos estrangeiros diretos (IED), e, consequentemente, os investimentos estrangeiros em carteira (IEC) não foram contemplados. Apontando a ausência de estudos sobre a história dos investimentos estrangeiros em carteira neste Dossiê, sinalizamos para os leitores uma tendência no âmbito da História Econômica – a tendência de conceder maior atenção para pesquisas que abordam os investimentos estrangeiros diretos.
Diante do que foi exposto, finalizamos a nossa Apresentação agradecendo aos pesquisadores que participaram deste Dossiê como autores ou como avaliadores. E, da mesma forma, estendemos nosso sincero agradecimento para a Equipe Editorial da revista História Unisinos.
Fabiano Quadros Rückert
Guillermo Banzato
Os Organizadores
Corumbá / Buenos Aires, maio de 2020.
RÜCKERT, Fabiano Quadros; BANZATO, Guillermo. Apresentação. História Unisinos, São Leopoldo, v.24, n.2., maio / agosto, 2020. Acessar publicação original [DR]
Homeopathy in Latin America and Spain / História Ciências Saúde — Manguinhos / 2019
A homeopatia é um sistema médico controverso praticado extensamente no mundo hoje. América Latina e Espanha não são exceções. Apesar da condição ambígua da homeopatia dentro dos círculos acadêmicos e instituições de saúde pública na região, muitos profissionais de saúde licenciados, agentes de saúde pública, farmacêuticos e pacientes a endossam, financiam e divulgam. Tal presença generalizada sugere a existência de raízes longas e profundas que merecem análise mais detalhada.
Durante muitos anos, a história confinou os homeopatas a um grande e diversificado grupo de curandeiros, charlatães e médicos não licenciados dedicados à prática da medicina na região. A consolidação da história da medicina como um campo profissional nas primeiras décadas do século XX permitiu a publicação de obras sobre o desenvolvimento de profissões médicas nacionais. Na América Latina e na Espanha, obras históricas escritas, sobretudo, por médicos reforçaram o discurso triunfalista da medicina profissional, que minimizavam ou excluíam a homeopatia e outros conhecimentos médicos. Em sua obra de síntese da história da medicina e saúde pública na América Latina, Cueto e Palmer (2015) lamentam a falta de atenção histórica conferida à homeopatia. Nos últimos anos, houve uma virada em que os historiadores tornaram mais complexo nosso pensamento sobre a hegemonia de médicos diplomados, e incursões profissionais feitas pela homeopatia serviram para mensurar os limites da profissionalização médica (Carrillo, 2010; González Korzeniewski, 2010; Luz, 2014).
Os artigos deste dossiê são uma resposta a essa virada. Em conjunto, constituem-se em uma coletânea distinta de ensaios destacando as histórias valiosas e as contribuições da homeopatia à saúde pública na Espanha e na América Latina. Sua metodologia combina abordagens historiográficas e de saúde pública tradicionais e inovadoras, com o objetivo de compreender o passado e o presente da homeopatia. O debate público sobre a área, tanto no passado como hoje, tentou reduzir o problema a uma simples questão: se a homeopatia é ou não é eficaz. Os autores incluídos nesta coletânea demonstram que não é possível propor questões simples a um problema complexo. Para todos eles, a questão que perdura é sobre as condições variáveis das sociedades do passado e do presente que promoveram, apoiaram, restringiram ou bloquearam a homeopatia. As respostas apresentam especificidades locais e tendências em comum entre os países analisados.
Essas obras retomam discussões sobre o processo de profissionalização em trabalhos das últimas décadas do século XX. Analisam, portanto, o papel dos introdutores, suas credenciais, sua interação com faculdades e sociedades médicas locais, a prática profissional, as atividades comerciais, a certificação e a aceitação de seu trabalho por parte do público. Fazem-no, porém, com clara ênfase em sua relevância global. Mostram as complexas redes de atores e instituições, bem como os processos gradativos de circulação de conhecimento, tratamentos e produtos médicos, de e para o continente americano, e também na região. As histórias da homeopatia em países da América Latina e na Espanha são dotadas de relevância global porque adaptaram o padrão de profissionalização delineado por sociedades industrializadas à sua própria situação sociopolítica. Nessas histórias, os homeopatas são agentes de modernização na relação e na competição com outras autoridades médicas.
Os contextos locais moldaram o desenvolvimento das instituições de homeopatia em cada país. Isso fica particularmente evidente quando os acadêmicos empregam o método comparativo. No encalço dessa abordagem, o dossiê inclui um estudo que compara a introdução da homeopatia no Brasil e na Suécia. Os outros artigos salientam os avanços locais em Barcelona, Colômbia, Lima, Cidade do México, Recife e Rio Grande do Sul em diferentes momentos históricos, enfatizando diversos atores históricos. As questões referentes a introdução, adaptação e aceitação de médicos e produtos homeopáticos no contexto de estabelecimento de barreiras entre as diferentes profissões ligadas à saúde se apresentam de forma mais notória em trabalhos cuja análise se concentra no final do século XIX e início do XX. A religião e o espiritualismo em particular exerceram um papel fundamental na disseminação da homeopatia no Rio Grande do Sul. A questão da avaliação e incorporação da homeopatia ao ensino nacional da medicina e aos sistemas de saúde pública é mais manifesta em artigos centrados nas últimas décadas do século XX. A produção acadêmica ainda carece de um estudo sobre a homeopatia em meados do século XX.
Não há sequer uma monografia que analise as junções entre as tendências históricas globais e locais na homeopatia na América Latina e na Espanha. O objetivo do dossiê é preencher essa lacuna. Trata-se de uma coletânea de artigos que investigam a relevância da homeopatia nesses países nos âmbitos da história, da historiografia e da saúde pública, ao mesmo tempo fazendo associações com a literatura sobre homeopatia produzida no mundo. Esperamos que esta coletânea incentive os acadêmicos a trabalhar com a história da homeopatia comparativa e global dentro e a partir da região, motive outros acadêmicos a trabalhar com a história e a relevância contemporânea da homeopatia e gere oportunidades de expansão da rede de acadêmicos interessados no tema.
Referências
CARRILLO, Ana María. ¿Indivisibilidad o bifurcación de la ciencia? La institucionalización de la homeopatía en México. In: Sánchez, Gerardo; Dosil, Francisco. Continuidades y rupturas: una historia tensa de la ciencia en México. Morelia: Instituto de Investigaciones Históricas / Universidad Michoacana de San Nicolás de Hidalgo; Unam. 2010. [ Links ]
CUETO, Marcos; PALMER, Steven Paul. Medicine and public health in Latin America: a history. New York: Cambridge University Press. 2015. [ Links ]
GONZÁLEZ KORZENIEWSKI, Manuel A. El mito fundacional de la homeopatía en Argentina: la Revista Homeopatía, Buenos Aires (1933-1940). Asclepio: Revista de Historia de la Medicina y de la Ciencia, v.62, n.1, p.35-60. 2010. [ Links ]
LUZ, Madel Therezinha. A arte de curar versus a ciência das doenças: história social da homeopatia no Brasil. Porto Alegre: Rede Unida. 2014. [ Links ]
Jethro Hernández Berrones – Professor, Departamento de História / Southwestern University. Georgetown – EUA. E-mail: hernandj@southwestern.edu
Patricia Palma – Pesquisadora, Departamento de Ciencias Históricas y Geográficas / Universidad de Tarapacá. Arica – Región de Arica y Parinacota – Chile. E-mail: ppalma@uta.cl
BERRONES, Jethro Hernández; PALMA, Patricia. Homeopatia na América Latina e na Espanha: avanços locais e redes internacionais. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.26, n.4, out. / Dez, 2019. Acessar publicação original [DR]
Humanitarism, War and Technological Innovation in Spain / História Ciências Saúde — Manguinhos / 2016
Las actividades y debates en que se vio envuelto el movimiento internacional de Cruz Roja, desde su bienio fundacional (1863-1864), ofrecen un valioso observatorio para explorar los procesos de producción y circulación de innovaciones tecnológicas destinadas a paliar el sufrimiento de las víctimas en guerras y otras situaciones catastróficas. Valga precisar que por “innovación tecnológica” de carácter humanitario, en el ámbito de la medicina de guerra, entendemos no solo los nuevos instrumentos y equipamientos médicos, sino también las medidas innovadoras en la logística médico-militar y en los procedimientos de movilización de la solidaridad hacia las víctimas de la guerra entre la ciudadanía; todo ello en consonancia con un esquema taxonómico desarrollado por Habermas (1987-1988, 1989) y Foucault (1990), que obviamente confiere al término “tecnología” una acepción muy amplia.
Inicialmente el “Comité de Ginebra” (luego conocido como Comité Internacional de Cruz Roja, CICR) tan solo contemplaba la asistencia bajo el amparo de la Convención de Ginebra (1864) de soldados enfermos y heridos en guerras internacionales. Este marco jurídico se vio pronto desbordado por nuevas demandas de actuación humanitaria a que las sociedades nacionales de Cruz Roja se veían compelidas por la proliferación, tanto de conflictos violentos de otro orden (guerras civiles y coloniales, movimientos insurreccionales) como de otros desastres (epidemias, inundaciones, terremotos, sequías, hambrunas y accidentes mineros o de transporte) o circunstancias carenciales relativas a la asistencia sanitaria y salud pública que afectaban al conjunto de la sociedad civil.
La historia de Cruz Roja Española (CRE) brinda un expresivo ejemplo de en qué medida nuevas demandas humanitarias movieron a distintas sociedades nacionales de la “Asociación Internacional de Socorro a los Soldados Heridos en Campaña” a extender sus intervenciones conforme a los valores consagrados por la primera Convención de Ginebra más allá de los límites jurídicos de esta. En efecto, los debates y actividades en que se vio envuelta la CRE desde sus inicios, en 1863, hasta el final del conflicto rifeño (1927) brindan un magnífico observatorio para explorar los procesos de producción y circulación de innovaciones tecnológicas destinadas a paliar el sufrimiento de las víctimas en conflictos civiles y coloniales, así como su uso extensivo en problemas de salud de la población civil.
Este dossier se inserta en el marco del proyecto de investigación “Sanidad militar, medicina de guerra y humanitarismo en la España del siglo XIX” (HAR2011-24134), financiado por la Dirección General de Investigación (Gobierno de España). Tres de los cuatro artículos integrantes del dossier abordan sendos estudios de caso relativos a distintas cuestiones y periodos de la historia de CRE; el cuarto reproduce, debidamente presentado, un documento inédito asociado al primer estudio de caso. Este se centra en los primeros años del movimiento internacional de Cruz Roja y presta atención al modo cómo este movimiento propició la confluencia en una red científica internacional, de un amplio grupo de médicos preocupados por la ayuda humanitaria en la guerra. Esta red experta potenció el conocimiento e intercambio de innovaciones tecnológicas destinadas a humanizar la guerra y su introducción en distintos países a la vez que contribuyó a la consolidación del papel de Cruz Roja en la esfera internacional. Si el número y variedad de innovaciones tecnológicas que CRE incorporó durante la última guerra carlista (1872-1876) permiten estimar la rapidez con que se coprodujo este cuerpo de conocimientos y prácticas, el informe de Nicasio Landa, proponiendo un nuevo sistema de suspensión elástica de camillas para el traslado de heridos, ilustra de modo bien expresivo la materialización de este proceso de coproducción a escala local.
Los otros dos estudios de caso abordan la acción de CRE en conflictos derivados del colonialismo español. El primero de ellos examina su atención en territorio metropolitano a los soldados heridos y enfermos repatriados de las últimas guerras coloniales de ultramar (Cuba, 1895-1898 y Filipinas, 1896-1898) y de la Guerra del Rif (1921-1927). Tal como se muestra, tras organizar las labores de acogida en hospitales provisionales permanentes destinados a los militares enfermos, heridos y mutilados, llegados de ultramar en los últimos años del siglo XIX, durante las primeras décadas del siglo XX, CRE no solo prosiguió su tradicional atención a nuevas demandas surgidas en el ámbito militar, como las derivadas de la Guerra del Rif, sino que, de modo similar a otras sociedades nacionales de Cruz Roja, extendió su acción al ámbito civil, respondiendo a carencias asistenciales y de salud pública con acciones de divulgación sanitaria, de lucha contra enfermedades epidémicas (sobre todo contra la gripe de 1918-1919 y la poliomielitis a partir de 1929), y de atención sanitaria a personas carentes de recursos.
El estudio de caso que cierra el dossier defiende, a partir del análisis de la actuación de CRE en Marruecos durante las dos últimas décadas del siglo XIX y tres primeras del XX, la función central que los Estados-nación continuaron desempeñando en la organización y actividades del movimiento de Cruz Roja tras la Primera Guerra Mundial. En efecto, la secular inestabilidad de España como Estado – agravada por el desastre colonial de 1898 que terminó primero con el proyecto regeneracionista de crear una Cruz Roja marroquí a finales del siglo XIX – se tradujo, tras la división colonial de Marruecos en 1912, en el progresivo arrinconamiento de CRE por la competencia de la Cruz Roja francesa, la internacionalización de Tánger y un rechazo local que culminaría en la llamada Guerra del Rif de 1921-1927, cruento conflicto a medio camino entre revuelta anticolonial y guerra internacional.
Referencias
FOUCAULT, Michel. Tecnologías del yo y otros textos afines. Barcelona: Paidós; ICE-UAB. 1990. [ Links ]
HABERMAS, Jürgen. El discurso filosófico de la modernidad. Madrid: Taurus. 1989. [ Links ]
HABERMAS, Jürgen. Teoría de la acción comunicativa. Madrid: Taurus. 2v. 1987-1988. [ Links ]
Jon Arrizabalaga – Institución Milà i Fontanals / Consejo Superior de Investigaciones Científicas
ARRIZABALAGA, Jon. Humanitarismo, guerra e innovación tecnológica: el caso de Cruz Roja Española. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.23, n.3, jul. / set., 2016. Acessar publicação original [DR]
Persuasion and Domination: Medicine and the Public in Spain (19th and 20th Centuries) / História, Ciências, Saúde – Manguinhos / 2006
Neste número de História, Ciências, Saúde — Manguinhos, temos dois acontecimentos importantes para celebrar com nossos leitores e colaboradores. O primeiro é que a revista, agora, é indexada no PubMed-Medline, complexo de bases de dados mais utilizado em todo o mundo por profissionais das áreas de saúde e medicina.
Em meados dos anos 1960, serviços bibliográficos, técnicos e científicos começaram a ser informatizados. Com a popularização da Internet, nos anos 1990, as informações passaram a ser disponibilizadas em redes eletrônicas de abrangência internacional. Um dos mais antigos serviços dessa natureza são os Zoological Record, cuja existência remonta a 1864. Sob a responsabilidade do British Museum of Natural History e da Zoological Society of London, hoje estão acessíveis em http://www.ovid.com/site/catalog/DataBase/200.jsp.
O PubMed-Medline, serviço oferecido pela U.S. National Library of Medicine (http://www.nlm.nih.gov/), reúne cerca de quarenta bases de dados e contabiliza mais de um milhão de acessos diários. Segundo página produzida por uma universidade de Indiana, a Purdue University, aliás excelente guia para quem quiser navegar no Pubmed (visite http://www.idi.ntnu.no/emner/tdt46/docsIntroduction%20to%20PubMed2.pdf e consulte também Guide for Finding History of Medicine or Older Medical Articles in PubMed http://info.med.yale.edu/library/historical/Pub Medguide.html), sua existência remonta aos esforços feitos pelo soldado John Shaw Billings, veterano da Guerra de Secessão nos Estados Unidos, para organizar a biblioteca do Surgeon General, a autoridade suprema dos serviços médicos do exército daquele país. As fichas de papel produzidas por Billings logo se transformaram em listas que começaram a ser publicadas, surgindo, então, em 1879, o Index Medicus.
Em meados da década de 1960, com o advento dos computadores, transformou-se no Medical Literature and Retrieval System ou, simplesmente, Medlars, o qual passou se chamar Medlars Online ou Medline ao ser disponibilizado na Internet (www.ncbi.nlm.nih.gov).
Em 1997, o acesso ao Medline tornou-se gratuito. São cerca de nove milhões de referências bibliográficas retiradas de quatro mil e quinhentos periódicos, a partir de 1966. A despeito de abranger publicações de mais de setenta países, 80% dos artigos são escritos em inglês, ou seja, ficam fora milhares de revistas escritas em outros idiomas, de países com menor tradição em pesquisa.
Justamente para modificar esta correlação de forças surgiu, em 1997, a Scielo (Scientific Electronic Library Online), bem-sucedido projeto bancado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O portal de periódicos científicos dispõe de uma coleção de títulos do Brasil, de vários países da América Latina, além de periódicos da Espanha e da Organização Pan-Americana de Saúde. (http://www.scielo.org).
O ingresso de História, Ciências, Saúde – Manguinhos na Scielo, em 2000, representou um divisor de águas em sua história. Entre os muitos benefícios proporcionados pela inserção na Scielo destacamos, agora, a indexação de nosso periódico no PubMed-Medline, que remete seus usuários diretamente aos textos disponibilizados na biblio-teca eletrônica latino-americana. Se quiserem conferir, anotem e sigam este endereço enorme: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?db=PubMed&term=”Hist+ Cienc+Saude+Manguinhos”[Journal:__jrid23004.
A admissão de Manguinhos no PubMed-Medline deveu-se, também, ao apoio de Elizabeth Fee, autora de estudos fundamentais em história da saúde, responsável por esta área na U.S. National Library of Medicine. Em abril, Fee proferiu a aula inaugural de 2006 do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, abordando o tema “A Organização Mundial de Saúde e a AIDS: o que podemos aprender com a história?”. Na ocasião, concedeu-nos interessante entrevista que será publicada em nosso próximo número.
O PubMed (http://www.pubmedcentral.nih.gov/) inclui cerca de 16 milhões de citações do MEDLINE e de periódicos relacionados às ciências da vida, compiladas desde os anos 1950. A princípio, era quase um espelho das informações encontradas no Medline, mas depois que acolheu as bases de dados construídas pelo National Institutes of Health’s Human Genome Project, tornou-se o integrador dos hipertextos e registros construídos a seu redor, na coleção de bases de dados bio-informáticas que cresce exponencialmente.
De 1951 aos dias de hoje, o PubMed inclui todos os artigos históricos indexados no MEDLINE, a base de dados na literatura médica corrente, assim como artigos publicados em periódicos de história não cobertos por este indexador mais antigo. Os dados relativos ao período 1951-1965 foram incluídos recentemente, e como os registros são dessemelhantes daqueles relativos ao período posterior a 1966, convém variar as estratégias de pesquisa. Além de conhecer o PubMed não deixe de visitar os sites da History of Science, Technology and Medicine (http://echo.gmu.edu/index.php) ou da Base HISA (Base Bibliográfica em História da Saúde Pública na América Latina e Caribe) que também incluem livros, capítulos de livros ou dissertações (http://www.coc.fiocruz.br/areas/dad/hisa/).
Como mostrou Ruth B. Martins em dissertação de mestrado Do papel ao digital: a trajetória de duas revistas científicas brasileiras [Curso de Pós-Graduação em Ciência da Informação do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ), Rio de Janeiro, 2003], cuja leitura recomendo a quem queira conhecer este complexo universo de bibliotecas e indexadores virtuais, a entrada no Medline foi um marco muito importante para os periódicos nele admitidos, como nosso irmão mais velho, os Cadernos de Saúde Pública. Novos colaboradores e leitores passaram a ver a revista com outros olhos desde que ela apareceu na base que mais valorizavam; foi estimulada a se abrir para novos temas, o que, por sua vez, redundou na aquisição de universo mais amplo de leitores e colaboradores. Oxalá isso venha a acontecer conosco.
O segundo acontecimento importante que desejamos celebrar com você, leitor, tem relação com este limiar que História, Ciências, Saúde — Manguinhos acaba de transpor. Como comunicamos na edição passada, seus editores escolheram, dentre os artigos publicados nos dois últimos volumes, aqueles que serão vertidos para o inglês com recursos fornecidos pelo CNPq para fortalecer periódicos científicos brasileiros divulgados por meio eletrônico, em modo de acesso aberto.
Foram escolhidos “A reforma médica no Brasil e nos Estados Unidos”, de Flavio Coelho Edler e Amy Kemp (v. 11, n. 3, set. dez. 2004); “Transformações no exercício das artes de curar no Rio de Janeiro durante a primeira metade do Oitocentos”, de Tânia Salgado Pimenta (v 11, sup. 1, 2004); “Revisitando a Espanhola: a gripe pandêmica de 1918 no Rio de Janeiro”, de Adriana da Costa Goulart (v. 12 , n. 1, jan.-abril 2005); “Brincos de ouro, saias de chita: mulher e civilização na Amazônia segundo Elizabeth Agassiz em Viagem ao Brasil (1865-1866)”, de Fabiane Vinente dos Santos (v 12, n 1, jan.-abril 2005); “Antropologia, raça e os dilemas das identidades na era da genômica”, de Ricardo Ventura e Marcos Chor Maio (v. 12, n. 2, maio-ago. 2005), e, finalmente, “Globalização e ambientalismo: etnicidades polifônicas na Amazônia”, de Luiza Garnelo e Sully Sampaio (v. 12, n. 3, set- dez. 2005). Em breve as novas versões desses artigos estarão na SciELO.
Termino reiterando o convite a todo autor cujo trabalho tenha sido aprovado para publicação nesta revista: submeta, também, versão em inglês pois, através da Scielo e com a ajuda desta poderosa alavanca, o PubMed-Medline, ele certamente correrá mundo.
Jaime Larry Benchimol – Editor.
BENCHIMOL, Jaime Larry. História, Ciências, Saúde – Manguinhos. Rio de Janeiro, v.13, n.2, abr./jun.2006. Acessar publicação original desta apresentação [DR].