Néstor Perlongher: memórias, poéticas e espacialidades desejantes/ Cadernos Pagu/2022

O dossiê que, para a nossa felicidade, trazemos neste número 66 dos cadernos pagu responde a um tempo que, acreditamos, precisa ser notado. Ocorre que, no dia 26 de novembro deste ano de 2022, completam-se 30 anos do falecimento do antropólogo, poeta e militante argentino Néstor Perlongher. Sua dissertação em Antropologia Social, defendida em 1986 e orientada por Mariza Corrêa, uma das fundadoras do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu (Unicamp), completará, em breve, 35 anos. Notar o tempo de Néstor e de uma obra que marcou profundamente as trajetórias intelectuais e artísticas de tantas pessoas é convertê-los em oportunidade de futuro. Leia Mais

História Ambiental, relações socioculturais e suas espacialidades / Revista Espacialidades / 2014

A Revista Espacialidades, idealizada pelos discentes do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, apresenta com satisfação os resultados de seu sétimo volume, intitulado “História Ambiental, Relações Socioculturais e suas espacialidades”.

Neste dossiê temático, a Espacialidades tem como objetivo propiciar a discussão de trabalhos que abordem as mais diversas categorias espaciais presentes nos estudos da História Ambiental. Aqui publicamos artigos que discutem o processo de caracterização de ambientes naturais e suas transformações, análises históricas das ideias, percepções e valores aplicados ao mundo natural e estudos sobre os processos de exploração econômica e seu impacto sociocultural no ambiente natural; considerando as diversas relações que caracterizam o espaço como uma produção histórica.

Sendo assim, iniciamos nossa revista com o artigo de Cícero Pereira da Silva Júnior e Pere Petit, intitulado “Memórias Alagadas: a Amazônia Oriental e os projetos hidrelétricos, o caso da UHE de Estreito (MA / TO)”. Nele o autor analisa os depoimentos dos moradores do reassentamento “Mirindiba”, da cidade de Araguaína, em Tocantins, para investigar as memórias dessas pessoas que tiveram de deixar suas moradias, na Ilha de São José, por ocasião da inundação da barragem.

Em seguida, tendo por tema a questão da seca, trazemos o artigo de Antonio Alexandre Isidio Cardoso, intitulado “As secas e as migrações entre o Ceará e o território amazônico (1845-1877)”. Inserindo o papel do próprio migrante, o autor busca problematizar a perspectiva que enxerga o fenômeno de 1977-79 através do estudo das políticas públicas / migração percebidas como desdobramentos da estiagem.

Silvano Fidelis de Lira e João Batista Gonçalves Bueno, no texto “Modernizar a agricultura, salvar o ’Nordeste’: considerações acerca da polifonia discursiva sobre a agricultura no Nordeste no início do século XX”, discutem o papel da cultura do agave como elemento para o discurso de modernização do setor agrícola nordestino. Os autores oferecem uma análise da atuação tanto do governo quanto dos agrônomos envolvidos diretamente nesse processo.

Ana Paula da Cruz Pereira de Moraes, no texto “Sertão, sociedade e meio ambiente no Rio Piranhas, Capitania da Paraíba do Norte, 1670-1750”, discute sobre o envolvimento dos agentes sociais com o meio ambiente no contexto da colonização dos sertões da América, sobretudo, do sertão do Rio Piranhas, no interior da Capitania da Paraíba do Norte.

Emy Falcão Maia Neto, no artigo “O abastecimento de água em Fortaleza – CE (1813 –1867)”, reflete sobre o papel dos trabalhadores domésticos e carregadores de água no contexto do abastecimento de água em Fortaleza, entre os anos de 1813 e 1867. Recorrendo a textos de memorialistas e literatos, o autor demarca a importância fundamental dos chamados “carregadores humanos”, tentando extrair daí os sentidos da água para a população naquele momento histórico.

Diego José Fernandes Freire, no artigo “O Passado Verdejante: a defesa das árvores nos artigos jornalísticos de Gilberto Freyre (1921- 1926)”, utiliza-se do “Diário de Pernambuco” como fonte para destacar a dimensão saudosa de Gilberto Freyre frente ao arvoredo recifense, na medida em que os textos do Jornal alertam para a preservação ambiental.

Natascha de Vasconcellos Otoya, em texto intitulado “Conexão Brasil-Namíbia: duas nações em busca de petróleo e progresso”, reflete sobre a ligação entre esses dois países por meio da questão petrolífera. A autora discute sobre a exploração do petróleo vinculado a uma ideia de progresso, demarcando, nesse contexto, a questão da importância da preservação do meio ambiente.

David Durval Jesus Vieira, no artigo “Sensibilidade (In)civilizada: poder público, animais de tração e touradas em Belém (1897-1911)”, reflete sobre o “Código de Polícia Municipal” dessa cidade, preocupando-se com as políticas relativas ao uso de animais durante os anos de 1897 e 1911, período do apogeu da economia gomífera.

Assis Daniel Gomes, no texto “O ‘Rio Civilizador’ e o ‘Vale Do Cariri’: a eletrificação urbana do sul do Ceará (1949-1961), analisa as construções imagético-discursivas do Rio São Francisco no âmbito da criação da Companhia de Eletricidade do Cariri, defendendo ser uma correlação de forças entre passado, presente e futuro que atuou no sentido de reinventar a imagem do Rio.

Encerramos o dossiê temático com o texto de Raimundo Nonato Ribeiro Santana que, no artigo “História e Natureza: mudanças ambientais no norte de Goiás em relatos de cronistas e viajantes naturalistas no século XIX”, qualifica o Brasil desse período como recebedor de inúmeros viajantes naturalistas. Detendo-se ao estudo da então Província de Goiás, o autor analisa as transformações regionais perceptíveis a partir da documentação produzida por tais viajantes. Dessa forma, oferece um estudo sobre a transformação paisagística e a navegação do Rio Araguaia.

Dando prosseguimento, com o intuito de ser um mecanismo de ampla divulgação de produção científica, a Revista Espacialidades conta ainda com a Seção Livre. Nela contamos com publicações de temáticas variadas, não contempladas pelo dossiê temático, dentro da área História e Espaço.

Nesse sentido, apresentamos a contribuição de Helder Alexandre Medeiros de Macedo, em artigo intitulado “Reflexões sobra a questão indígena no Seridó: entre a História e o patrimônio cultural”. Em seu texto, o autor destaca a importância da presença pretérita de comunidades indígenas para a cultura do Seridó norte-rio-grandense, fazendo parte do patrimônio cultural da região.

Em seguida, contamos com a contribuição de Gil Eduardo de Albuquerque Macedo, que em seu artigo intitulado “Theatrum Mundi: Antônio Vieira e a comédia de Deus”, discorre sobre a “História do Futuro”, polêmica obra do jesuíta Antônio Vieira. O “Quinto Império”, cuja emergência está descrita na obra do jesuíta, tinha como intuito situar Portugal como responsável pela expansão do cristianismo pelo mundo. Através da análise da metáfora “Teatro do Mundo”, o artigo investiga a postura do homem diante do mundo através da obra do padre jesuíta.

Recebemos ainda a contribuição de Felipe Alves Paulo Cavalcanti, através do artigo intitulado “À procura das infâncias perdidas: espaço, poesia e sensibilidades saudosistas em ‘Evocação do Recife’, de Manuel Bandeira (1925-1936)”. Fazendo uso da categoria espacial em sua dimensão poética, o autor discute sobre as formas de pensar e de sentir a saudade presentes no poema “Evocação do Recife”, do escritor Manuel Bandeira. Interessante destacar que esse poema foi escrito a pedido do intelectual pernambucano Gilberto Freyre, por ocasião da publicação do “Livro do Nordeste”.

A revista encerra seu sétimo volume com o artigo escrito por João Gilberto Neves Saraiva, intitulado “Relatos de viagens, mapas e noticiário de Guerra: representações do Nordeste brasileiro no The New York Times antes das instalações militares norte-americanas (1940-1941)”. O autor faz uso dos conceitos de “representação” e de “espaço” para refletir sobre as representações do Nordeste brasileiro, a partir do que fora produzido pelo jornal The New York Times, no recorte temporal imediatamente anterior ao ingresso oficial dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, nos últimos dias de 1941.

Nós da “Espacialidades” agradecemos aos articulistas por considerarem a nossa revista como o meio de divulgação para as suas produções científicas, bem como aos professores pareceristas do Conselho Consultivo, e aos colaboradores convidados por terem se dedicado e contribuído imensamente no âmbito da revisão dos artigos deste volume. Por fim, convidamos os leitores a apreciarem os textos de nossa revista.

Boa leitura e até o próximo volume!

Cordialmente,

Equipe Editorial da Revista Espacialidades.

Marcia Severina Vasques – Doutora (editora responsável), Flávia Emanuelly Lima Ribeiro Marinho, Francisca Kalidiany de Abrantes Lima, Keidy Narelly Costa Matias, Priscilla Freitas de Farias, Renan Vinícius Alves Ramalho, e Tyego Franklim da Silva.


VASQUES, Marcia Severina et al. Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.7, n. 01, 2014. Acessar publicação original [DR]

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Espacialidades / Revista Espacialidades / 2008

Em 2008, um grupo de discentes do recém-criado mestrado acadêmico em História da UFRN, resolveu criar uma revista acadêmica para difundir o conhecimento da área de concentração de seu programa de pós-graduação: História e Espaços. Estes foram os primeiros passos da Revista Espacialidades, criada com a missão de publicar artigos científicos de pesquisas originais da área de História e demais Ciências Humanas, que fizessem um diálogo entre a História e a produção dos Espaços.

Dialogar História e Espaços não é uma tarefa das mais simples. Refletir sobre como o homem produz e pratica os espaços – bem como as formas de se pensá-lo e representá-lo – são caminhos que permitem o historiador a enveredar-se pela árdua tarefa de desnaturalizar os espaços.

Em seu primeiro volume, a Espacialidade publicou o dossiê “Espacialidades”, com cinco artigos e uma resenha. “Fronteira”, “Região”, “Sertão”, “Território”… são algumas das primeiras categorias espaciais discutidas pela revista.

Edianne dos Santos Nobre – Mestre em História – UFRN.


NOBRE, Edianne dos Santos. Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.1, n. 00, 2008. Acessar publicação original [DR]

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