O lugar do saber / Márcia W. Kambeba

A obra em análise é um livro de sessenta e quatro páginas e editado pela Casa Leiria, de São Leopoldo/RS. O livro teve apoio do Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida – OLMA, ligado à Província dos Jesuítas do Brasil. Tal livro coloca-se como o volume 1 da Série Saberes Tradicionais desta editora e traz poemas da escritora indígena Márcia Wayna Kambeba.

Vale falar um pouco da autora para melhor compreender esta obra poética. Márcia Kambeba é uma indígena amazonense da etnia Omágua/Kambeba. Ela nasceu na aldeia Tikuna chamada Belém do Solimões, no Alto Solimões/AM. Kambeba vive em Belém e trabalha a partir desta cidade urbana. Sendo muito requisitada atualmente, ela visitou vários cantos do Brasil e do mundo, participando de eventos, programas de rádio e televisão, executando suas performances e dando entrevistas. Leia Mais

Ubuntu: Educação, Alteridade e Relações Étnicos-Raciais / Ariosvalber S. Oliveira

Com a aprovação da Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, e a Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008, que tornou obrigatório nas escolas de todo o Brasil o ensino de História da África e cultura afro-brasileira como, a inclusão dos conteúdos de História e Cultura dos Povos Indígenas, além de atender a uma antiga e justa reivindicação; trouxe uma série de consequências para o Ensino de História em sua totalidade. As mudanças ocasionadas pelas respectivas leis ainda estão em processo e não influenciarão apenas educadores. Crianças, adolescentes, jovens, adultos entrarão e estão entrando em contato com o tema. O alcance das transformações pode ser grande – e muito positivo, devendo ser aceleradas ou adquirirem um ritmo mais lento, conforme a capacidade dos setores interessados em intervir no processo (LIMA, 2009, p. 149).

Contudo, vale salientar que o trabalho com História da África e Indígena como conteúdos curriculares dos cursos de graduação, pós-graduação lato sensu e stricto sensu e mesmo na educação básica não nasce no Brasil como resultado da imposição das leis mencionadas anteriormente, havendo histórias de mais longa duração que se relacionam diretamente com o cenário que hoje vislumbramos 1. Leia Mais

Afrocentricidade / Molefe K. Assante

Livro composto de 193 páginas, incluindo o glossário, está dividido em quatro capítulos, sendo que o primeiro: Bases essenciais, o autor inicia com um prólogo ao livro original onde recapitula o contexto de criação do conceito da afrocentricidade relacionando-o a conjuntura atual e destacando a contribuição de novos elementos, a exemplo do hip-hop para uma nova releitura.

Após o prólogo, no subitem definição o autor define e fala da afrocentricidade como uma metodologia que tem por fim o deslocamento dos sujeitos africanos para o centro, contextualizando-os e colocando-os, a partir de questionamentos, em seus respectivos lugares. Na página sete, no subtópico, as questões religiosas, o autor demonstra a “eficiência” e as possibilidades interpretativas da metodologia afrocêntrica questionado o lugar que a religião islâmica para os povos africanos relacionando-a com os costumes e tradições do continente. O autor evidência as bases que contribuíram para que o islamismo se tornasse uma religião universal. Nestes questionamentos Asante demonstra como o pensador afrocêntrico deve se posicionar para descortinar os “equívocos” que a história convencional tratou de convencionar em relação às culturas da África. Leia Mais

Relatos do Medo: A ameaça comunista em Pernambuco (Garanhuns – 1958-1964) | Erinaldo Vicente Cavalcante

O ano de 2014 marca o cinquentenário do golpe civil-militar que instaurou um regime ditatorial no Brasil que se estendeu por vinte e um anos. A ditadura militar instalada no Brasil, bem como seus efeitos, ainda hoje é motivo de debates e discussões que estão longe do esgotamento. A título de exemplo do vigor desses debates podemos citar a promulgação de Comissões da Verdade que, em âmbito municipal, estadual ou federal, têm se dedicado a investigação dos abusos cometidos pelos militares durante o período em que comandaram a política no Brasil.

Tão importante quanto investigar seus efeitos é entender como foi sendo urdido um momento propício para a tomada do poder pelos militares. Questionar, por exemplo, que fatores concorreram para que o golpe civil-militar fosse bem sucedido? Como se criou uma atmosfera própria para o seu sucesso? É na perspectiva de investigar como foram surgindo fatores que contribuíram para a derrubada de um governo constitucional e, ao mesmo tempo, forneceram a sustentação para que fosse estabelecido um regime ditatorial militar que podemos inserir o livro Relatos do Medo: A ameaça comunista em Pernambuco [Garanhuns – 1958-1964], do historiador Erinaldo Cavalcanti. Leia Mais

Guerra aérea e literatura | Winfried Georg Maximilian Sebald

O escritor judeu alemão Winfried Georg Maximilian Sebald, mais conhecido no Brasil como W.G. Sebald, aborda neste livro duas questões extremamente polêmicas, que se entrelaçam: a ausência do tema dos bombardeios das cidades alemãs na literatura alemã do pós-guerra e a brutalidade e o horror desses ataques (cuja consequência foi a dificuldade dos escritores em lidar com a história recente de seu próprio país).

O livro é composto por dois textos, antecedidos de uma breve introdução. Primeiro, temos as conferências que “não estão publicadas exatamente na forma em que foram proferidas na Universidade de Zurique no final do outono de 1997” (2011, p. 7). Na sequência, temos a um artigo sobre o escritor Alfred Andersch, por meio do qual ele pretende demonstrar como a literatura alemã foi influenciada de forma perniciosa pela atitude dos escritores que optaram por continuar no país. Eles teriam considerado como mais importante “a redefinição da ideia que tinham de si próprios depois de 1945” (Ibid., p. 8) e não “a apresentação das relações reais que os envolviam” (Idem), o que os levou a ignorar a História e, consequentemente, a tragédia que viveram. Leia Mais

Como Shakespeare se tornou Shakespeare | Stephen Greenblatt

Stephen Greenblatt em Como Shakespeare se tornou Shakespeare realiza uma biografia bem particular. Ele não segue, como nas biografias tradicionais, a simples evolução da vida de seu personagem. Greenblatt, que comprova ser um bom conhecedor da Inglaterra de fins do século XVI, vai até as obras do dramaturgo inglês em busca de provas daquilo que mostrou ao leitor através da pesquisa histórica. Esse é um método interessante e que, a princípio, mostra como Shakespeare utilizou, na criação de suas peças, os elementos primordiais da vida social ao seu redor. Mas como em todo gênio do drama, Shakespeare não reproduz de forma direta os acontecimentos (históricos) que lhe tocaram de forma mais intensa.

Aqui, percebe-se o trabalho de Greenblatt: ele preenche esse hiato entre história concreta e criação cultural. Neste ponto, a obra Como Shakespeare se tornou Shakespeare é de grande valor. Isto porque prova que em Shakespeare não há só o gênio da criação cultural, mas também o atento observador do universo social de uma Inglaterra pré-revolução burguesa. Neste caso, vamos dar dois exemplos. Greenblatt explica dessa forma a criação de Hamlet: Leia Mais

Fiel é a Palavra: Leituras Históricas dos Evangélicos Protestantes no Brasil | Elizete da Silva

A obra organizada pelos historiadores Elizete da Silva, Lyndon de Araújo Santos e Vasni de Almeida traz à luz uma importante discussão histórica acerca da presença das, por assim dizer, igrejas protestantes reformadas no Brasil, mais nomeadamente anglicanas, luteranas, presbiterianas, batistas, metodistas e congregacionais.

A primeira contribuição das discussões colocadas pelos autores é a importância das leituras por eles levantadas sobre parcela importante da população brasileira – os evangélicos reformados – no campo historiográfico nacional. A renovação historiográfica que alcançou a academia a partir do século passado tem nessa referida obra seu fecundo sinal ao enfocar novos objetos: a religião e a religiosidade dos “crentes”; novos enfoques: a institucionalização das igrejas; e novas preocupações: as questões de gênero, a mídia, a educação. Leia Mais

Rebeldes y confabulados: narraciones de la política argentina | Dardo Scavino

Filósofo, crítico literário e ensaísta, o argentino Dardo Scavino (1964 -) é atualmente professor de História Cultural Latino-americana na Université de Versailles, cargo que assumiu após ter exercido docência na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidad de Buenos Aires até 1993. Sua formação acadêmica também se deu nessa instituição portenha, o que explica o grande envolvimento do autor com os assuntos políticos de sua terra natal até os dias atuais. Em seus últimos trabalhos, tem se dedicado a pensar os relatos políticos produzidos ao longo da história republicana na Argentina, analisando a gramática que os compuseram e, ainda, compõem.

A motivação do autor para tal abordagem teria surgido das imediações do Bicentenário de independência do país, momento em que Scavino percebe haver uma mudança de época por conta dos interrogantes que surgiram sobre alguns valores políticos e morais sustentados pelo Kirchnerismo. O autor começou a construir sua análise com a publicação de Narraciones de la independência: arqueología de un fervor contradictorio (2010), livro em que recupera discursos sobre a identidade política argentina por meio dos mais diversos tipos de fontes entre o século XVI e XX. Esta obra acabou conhecendo sua continuidade no lançamento de Rebeldes y confabulados: narraciones de la política argentina (2012), uma obra mais conceitual cujo propósito é percorrer os mais diversos relatos políticos perfilados no contexto do século XX a fim de sublinhar as formas narrativas que definem os atuais enunciados da política Argentina. As abordagens perpassam desde o radicalismo de Hipólito Yrigoyen (1852- 1933) até o desenvolvimentismo de Carlos Menem (1930 -). Leia Mais

Eleições no Brasil: do Império aos dias atuais | Jairo Nicolau

A trajetória dos direitos no Brasil, desde a independência até a atualidade, tem sido abordada de diferentes maneiras por historiadores e cientistas políticos e sociais. No entanto, a maioria desses estudos dedica-se a analisar determinadas épocas históricas ou temas específicos, que se relacionam às mais variadas etapas concernentes ao desenvolvimento da cidadania na sociedade brasileira. De modo geral, no tocante ao Império, tem-se estudado a relação entre direito e escravidão, a atuação da imprensa, como espaço de crítica e manifestação da opinião pública, o acesso à justiça por parte dos imigrantes, as diferenças entre cidadania ativa e passiva, o antilusitanismo, os conflitos entre o Estado, grandes proprietários e indígenas, entre outros assuntos que tocam direta ou indiretamente na questão dos direitos individuais e coletivos. Já sobre a República, encontramos trabalhos que tratam do coronelismo, da abstenção e das fraudes eleitorais, da conquista dos direitos sociais, do trabalhismo, da cidadania regulada pelo Estado, da inserção da mulher no mercado de trabalho, da luta pela reforma agrária, da cidadania limitada dos governos militares, e mais recentemente, do movimento das chamadas minorias e dos excluídos da história. Após 1980, com a redemocratização, a luta pelos direitos dos cidadãos passou a ser um dos temas mais visitados pelos intelectuais brasileiros. São os homens do presente, cobrando contas dos homens do passado, visando construir um novo futuro. Leia Mais

Aprendizagens e Jogos Digitais | Eucidio Pimenta Arruda

Eucidio Pimenta Arruda, doutor em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais, apresenta a obra Aprendizagens e Jogos Digitais como resultado de sua tese de doutorado. E, portanto inovadora em seu tema: o uso de jogos digitais na aprendizagem de História.

O autor em sua longa caminhada de pesquisa demonstra suas dificuldades em se embrenhar em um campo nem sempre convidativo de jogadores on-line. Para seu estudo de caso Arruda utilizou o jogo Age of Empires III, que se trata de um game de computador que se ambienta em cenários históricos, é um jogo de estratégias, que no caso na sua versão III, foi criada em 2005 pela empresa estadunidense Ensemble Studios. Como uma continuação das versões I e II, o Age of Empires III não se passa mais nas primeiras civilizações históricas, já se ambienta entre os séculos XVI e XIX. Leia Mais

Por uma outra globalização: do pensamento único a consciência universal | Milton Santos

A obra por uma outra globalização tem como objetivo principal discutir o atual processo de globalização, abordando questões que trata da constituição da globalização; quais indivíduos de fato esta atual globalização beneficia? E se é possível dar novos rumos a atual história social no período da globalização?

O livro é organizado em seis partes, todas subdivididas em capítulos. A primeira parte é a introdução. Nesta compreende-se que o autor procurou introduzir os três eixos temáticos do livro, sendo a possibilidade de considerarmos pelo menos três mundos em um só: a Globalização como fábula; a Globalização como perversidade e a Globalização tal como pode ser, sendo esta pautada na solidariedade humana. Leia Mais

Lampiões acesos: O cangaço na memória coletiva | Marcos E. Clemente

Estamos na década de 1960 e mais especificamente às vésperas do golpe militar de 1964. Na tela do cinema, um público entusiasta assiste ao lançamento de Deus e o Diabo na terra do sol, de Glauber Rocha. Num dos episódios da saga glauberiana, Corisco é o rebelde cangaceiro:

O filme pretende demonstrar a inutilidade das tentativas anarcóides como a fuga “in alto”, isto é, para misticismo e/ou a violência pura, como forma de resolver um estado de crise perene. A tomada de consciência seria a única solução positiva (VALENTINETTI, 2002:59). Leia Mais

A história na política, a política na história | Cecília H. S. Oliveira, Maria Lígia C. Prado, Maria de Lourdes M. Janotti

A renovação dos estudos sobre política em História, ou simplesmente da História Política, tem sido gradativamente traduzida em artigos e obras inovadoras, iluminados a partir de conceitos, métodos e abordagens diferenciados em relação à História factual e elitista criticada pelo Annales no início do século XX. Por meio de novas pesquisas, a “nova” historiografia política vem mostrando ao historiador o quão vasto e interdisciplinar é seu métier, integrando o tempo – com diferentes ritmos – e fontes das mais diversas origens à cultura, à economia e às sociedades. A coletânea de artigos1 reunida pelo Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade de São Paulo e organizada por três importantes historiadoras é claramente uma manifestação desse quadro de ampliação dos estudos de história política, contendo quatorze artigos em cerca de 290 páginas. O conjunto propõe-se “interrogar os sentidos assumidos pela política na investigação histórica e na historiografia atual” (OLIVEIRA; PRADO; JANOTTI, p.10), dividindo a obra em seis partes, analisadas a seguir. Leia Mais

Escritas | UFT | 2008

ESCRITAS UFT Escritas

A Escritas (Araguaína, 2008-) é uma publicação on-line vinculada ao Curso de História da Universidade Federal do Tocantins (UFT), campus de Araguaína. Criada em 2008, a Escritas teve os seus dois primeiros números anuais publicados em versão impressa. Desde 2013, a Escritas passou a ser semestral. A meta  da Revista é a divulgação da produção de historiadores, e demais profissionais das áreas afins, que investigam temas relacionados às ações e representações humanas no tempo e no espaço. Recebemos submissões de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, que abordem temas relativos aos campos teórico, educacional, histórico e historiográfico.

A Escritas é um periódico semestral, de publicação on-line,  cuja missão é veicular a produção, a inovação e a transformação do conhecimento, especifico e pedagógico, na área de História e áreas afins,  e promover pesquisas que utilizam metodologias, teorias, fontes, práticas, objetos, temas e problemas que tratam, prioritariamente, da inserção do homem nos espaços-temporais globais, regionais e locais. A Escritas publica artigos, resenhas, conferências, traduções e ensaios, desde que expressem relevância e profundidade de análise e interpretação históricas.

Periodicidade semestral

Acesso livre [Coletar 2008-2014]

ISSN 2238-7188

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