Traduções da cultura: perspectivas críticas feministas (1970-2010) | Izabel Brandão

O livro que será apresentado nas páginas seguintes é, antes de tudo, um abraço. Falo nesses termos porque, enquanto mulher e pesquisadora feminista, vejo reverberar, nesse monumental trabalho, um rompimento de fronteiras que me impedem de olhar unicamente através da lente acadêmica, pois ele também toca no ponto de minha própria experiência. É nesse sentido que o pessoal e o político convergem para se tornarem faces de um mesmo evento, permitindo-me dizer às mulheres que se fazem críticas das desigualdades sociais, assim como eu, que é sempre e cada vez mais necessário que leiamos sobre nós mesmas, que sejamos todas ouvidos e olhos e bocas em coletividade.

É por isso que brindo ao lançamento da antologia Traduções da cultura: perspectivas críticas feministas (1970-2010) (2017). Nesse abraço de mais de 800 páginas, reflete-se o trabalho coletivo de sete anos de grandes mulheres pesquisadoras dos vários cantos do Brasil. A partir do extenso e colaborativo processo de seleção, em que foram traduzidos para o português 21 ensaios – originalmente publicados em inglês, francês e espanhol, a maioria em traduções inéditas para o português –, evidencia-se o cuidado e a abrangência desse projeto que, além do trabalho de tradução, comporta um lado crítico em forma de comentário com as vozes de muitas pesquisadoras nacionais e internacionais. Tudo isso se faz presente desde a capa. A tradução gráfica da tela No jardim elétrico da artista plástica alagoana Marta Emília, que compõe sua exposição Acrilírika (2015), ilustra coerentemente a relação simbiótica entre natureza e artifício, tema bastante teorizado no contexto do pensamento feminista. Aliás, a proposta interdisciplinar que comunica arte e cultura não é pura casualidade, se considerarmos o fato de que suas organizadoras estão imersas nos terrenos dos Estudos literários e linguísticos, tecendo conexões teórico-críticas com as mais variadas esferas do conhecimento, dentre as quais, os muitos feminismos, os Estudos de gênero, os Estudos pós- e de- coloniais, os Estudos queer, entre outras variações. Leia Mais

Um Só Corpo, Uma Só Carne: Casamento, Cotidiano e Mestiçagem no Recife Colonial (1790-1800). | Gian Carlo de Melo Silva

“Um só corpo, uma só carne: Casamento, cotidiano e mestiçagem no Recife colonial (1790-1800)”, escrito pelo historiador Gian Carlo de Melo Silva, formado pela Universidade Federal Rural do Pernambuco (UFRPE), é professor adjunto dos cursos de História da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) onde desenvolve pesquisas na área de História Social e Cultural com ênfase em História do Brasil Colônia, atuando principalmente nos temas de: Escravidão, Família, Mestiçagem, Cotidiano, Batismo, Casamento, Igreja Católica, População, Sociedade e Cultura. Estudou os vários casos de casamento na região do Recife colonial, escrevendo essas análises na obra citada acima. Assim, esse tema foi amplamente trabalho em sua dissertação de mestrado defendida em 2008, cujo resultado foi recentemente publicado.

Dessa forma, ao pesquisar os tramites que envolviam na ação de casar, ele propõe compreender a função social do matrimônio na sociedade colonial do Recife e como a população conseguiu se apropriar desse sacramento para alcançar seus desejos e suprir necessidades. O autor dividiu o livro em três capítulos, com o intuito de construir uma ordem que possibilite o entendimento sobre as regras matrimoniais e seus sentidos durante o período do século XVIII. Leia Mais

Desenvolvimento Local em Regiões Periféricas: A política dos arranjos produtivos em Alagoas | Maria Cecília Junqueira Lustosa

Os estudos sobre desenvolvimento observaram certa diversificação nos últimos anos. À pauta clássica, tem-se acrescentado os temas da sustentabilidade ambiental, da governança e da incorporação de novas interpretações acerca de conceitos outrora consolidados na área, como desigualdade ou bem-estar, por exemplo.

Exauridos ou desacreditados em outras áreas das ciências sociais aplicadas, ainda alguns outros temas tentam apear-se na temática do desenvolvimento, como a “inovação”, ou certo enfoque herdado da quase centenária teoria do lugar central weberiana, este requentado sob a forma conceitual dos arranjos produtivos locais, ou como seus autores gostam de apelidar, APLs. Leia Mais

Desenvolvimento Econômico: controvérsias em torno de um consenso | Márcio Jorge Porangaba Costa

Leitura fácil, fluente, informativa, didática e interessante por toda a sua extensão. O autor perpassa o histórico do conceito de desenvolvimento econômico desde suas origens, ligadas aos primórdios da Economia Política e às concepções de modernidade, passando pela relação com o subdesenvolvimento e a contribuição da Comissão Econômica Para a América Latina (CEPAL) ao debate, até as teorias ligadas ao neoliberalismo, bem como as que apresentam um contraponto entre desenvolvimento social e desenvolvimento humano e as que simplesmente concebem a idéia de desenvolvimento como um mito. Tal passagem é feita com vários cuidados que constituem, em nosso ver, as virtudes maiores da obra. Leia Mais