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Makers of Democracy. A Transnational History of the Middle Classes in Colombia | Abel R. Lopez Pedreros
Retrato de Abel Ricardo / www.youtube.com
El libro de Abel Ricardo Lopez Pedreros, egresado de la carrera de Historia de la Universidad Nacional de Colombia, sede Bogota, y ahora profesor de la Western Washington University en Estados Unidos, busca reflexionar criticamente sobre la comun asociacion entre clases medias y democracia, pensando en los sectores medios de Bogota en las decadas de 1970 y 1980. Dicha asociacion es algo que hace tanto el pensamiento de derecha como el de izquierda, ambos exigiendole el deber ser de ponerse al servicio de la democracia, bien sea la liberal o la revolucionaria. Por clase media, Lopez Pedreros entiende no necesariamente un hecho social, mas bien, es el cruce entre condiciones existentes, racionalidades de poder —en terminos de clase y genero—, y la formacion subjetiva, a traves de las practicas y discursos. Desde esta propuesta, el autor construye en dos partes y 8 capitulos su reflexion critica. En la primera parte se centra en los discursos que delimitan y crean —hasta cierto punto— a las clases medias bogotanas de mitad del siglo pasado. En la segunda seccion mira las decisiones de actores concretos para conformar la identidad de esas clases.
Asi, el autor va mostrandonos las particularidades de nuestra democracia y por ende de nuestras capas medias, para verlas distintas, cuando no “bastardas”, de las europeas y norteamericanas. Esas capas, supuestamente, son simbolo de la lucha contra las oligarquias criollas y exigen una lectura de la sociedad no en terminos binarios de dos clases opuestas, pues hay una mas en la mitad. Las clases medias alimentan y son alimentadas por las pequenas y medianas industrias que reciben credito del Estado y de las agencias norteamericanas vinculadas a la Alianza para el Progreso, el famoso programa anticomunista lanzado en la presidencia de John F. Kennedy (1961-1963). Finalmente, en esa primera parte, las capas medias tambien estan vinculadas al sector de servicios o terciario, en el que se dan procesos de seleccion, segun estereotipos comunes de clase y genero. Leia Mais
Centering animals in Latin American history – FEW; TORTORICI (VH)
FEW, Martha; TORTORICI, Zeb (ed.). Centering animals in Latin American history. Durham: Duke University Press, 2013, 391 p. BENEVIDES, Fernanda Cornils Monteiro. Varia História. Belo Horizonte, v. 30, no. 52, Jan./ Abr. 2014.
No século XVIII, uma festa de casamento chamou a atenção dos membros do tribunal da inquisição da cidade do México. O matrimônio ocorreu em uma residência onde “muitas pessoas de ambos os sexos e todas as classes sociais participaram da celebração festejando, dançando e bebendo”.1 Segundo uma testemunha, Juan Antonio López, um homem de 38 anos, o casório foi celebrado por um padre legítimo, que seguiu, passo a passo, o protocolo católico. Após questionar os noivos sobre juramentos e obrigações da vida a dois, o pontífice os decretou marido e mulher “em nome do Pai, da Mãe e do Filho”. Após a cerimônia, os noivos foram conduzidos ao leito matrimonial, enquanto a festa se desenrolava com pompa.
Essa seria uma história banal, se não fosse por um detalhe: os noivos eram cachorros. As autoridades eclesiásticas consideraram o casório canino uma heresia. O fato levou o padre Basterrechea a ficar detido por semanas na prisão secreta da inquisição mexicana e, mais tarde, a desculpar-se publicamente por ter cometido uma blasfêmia. Segundo Zeb Tortorici, casamentos, batizados e funerais de animais de estimação não eram raros no México dos anos 1700. Traziam à tona o lugar deles na elite da sociedade mexicana.
Essa é uma das histórias contadas no livro sob apreço, uma coletânea de textos cujo ponto de partida foi o painel Animals, Colonialism, and the Atlantic Word, realizado durante o Annual meeting of the American Society for Ethnohistory. O encontro ocorreu em 2006, na cidade de Williamsburg, Virginia, Estados Unidos da América. Os editores do volume são Zeb Tortorici, Professor Assistente de Literatura e Línguas Portuguesa e Espanhola, na New York University, e Martha Few, Professora Associada de História Colonial
Latino-Americana na University of Arizona, em Tucson. Os demais autores são historiadores, pesquisadores e professores de universidades latinas e norte americanas. Eles partiram de uma proposta inovadora: contar a história da América Latina a partir do ponto de vista de “animais não humanos”.
Divide-se o volume em três partes que retratam a influência dos animais na história colonial e pós-colonial do México, Guatemala, Peru, Porto Rico, Cuba, Chile, Brasil, República Dominicana e Argentina. A primeira parte, denominada Animals, Culture and Colonialism, composta de três artigos, trata da relação entre humanos e animais nas colônias espanholas. Em The Year the People Turned into Cattle, León Garcìa Garagarza analisa as consequências da introdução de espécies exóticas de animais de pastoreio no México desde os anos 1500 e como as populações indígenas resignificaram a multiplicação dos rebanhos bovinos ao interpretarem o grande número de animais como transmutação de gente em gado. Para se livrar desse destino, os indígenas acreditavam que deveriam retornar à dieta ancestral e não consumir carne bovina.
Na segunda parte da obra, intitulada Animals and Medicine, Science and Public Health, os autores enfocam a relação entre medicina, animais e fronteiras entre espécies. Adam Warren, em From Natural History to Popular Remedy juntamente com Neel Ahuja, em Notes on Medicine, Culture, and the History of Imported Monkeys in Puerto Rico apontam o uso dos animais não só como recursos para produção de medicamentos presentes nos manuais de medicina popular no Peru colonial, como também para experimentos da indústria farmacêutica em Porto Rico. No artigo Pest to Vector: Disease, Public Health, and the Challenges of State-Building in Yucatán, Mexico, 1833-1922, Heather McCrea descreve a mudança de categoria dos mosquitos: eles passaram de praga para vetores a partir do estabelecimento dos programas de saúde pública no México.
A terceira seção do volume, intitulada The Meanings and Politics of Postcolonial Animals, é a mais extensa do livro, composta por quatro artigos. O artigo Animal Labor and Protection in Cuba: Changes in Relationships with Animals in the Nineteenth Century, de Reinaldo Funes Monzote, aborda a mudança da percepção do uso de animais nas plantações de cana-deaçúcar em Cuba. Essa mudança ocorreu de acordo com as alterações na economia, a importação de tecnologia e o aumento/diminuição de trabalho humano. Paralelamente à intensificação do uso dos animais de tração, deuse início, em 1882, a um movimento contra maus tratos aos animais, com a fundação da Sociedad Cubana Protectora de Animales Y Plantas. Isso tinha raízes em uma tradição iniciada na Inglaterra, com a fundação da Society for the Prevention of Cruelty to Animals, em 1824.2
Da exploração à conservação, esse é o fio condutor dos artigos da terceira parte da obra: Birds and Scientists in Brazil: In Search of Protection, de Regina Horta Duarte, e On Edge: Fur Seals and Hunters along the Patagonian Littoral, 1860-1938, de John Soluri. Duarte aborda desde o uso intenso de penas e plumas de pássaros brasileiros em acessórios femininos, durante as primeiras décadas do período republicano brasileiro, as ações e medidas conservacionistas iniciadas por alguns naturalistas atuantes dos museus de ciências brasileiros como também a influência da atuação desses profissionais na elaboração de leis conservacionistas nos anos 1930. Soluri relata a caça predatória das focas na Patagônia e as medidas conservacionistas que tentaram coibi-la. A última parte do volume é encerrada com Trejillo, The Goat: Of Beasts, Men, and Politics in the Dominican Republic, de Lauren Derby, que narra a escolha feita por opositores políticos do odiado ditador da República Dominicana, Rafael Trujillo, de representa-lo na figura de um bode.
O livro encerra-se com uma conclusão do antropólogo Neil L. Whitehead. O autor comenta o crescimento do debate filosófico sobre a interação entre animais humanos e “não-humanos” a partir do aparecimento das obras de Peter Singer Animals Liberation em 1975 e, em 1976, de Tom Regan, Animals Rights and Human Obligations.3 Whitehead afirma que a percepção da presença dos animais como parte da história teve seu início com o livro Man and the Natural World: Changing Attitudes in England 1500-1800 do historiador britânico Keith Thomas.4 O autor defende ainda que, para escrever uma história do ponto de vista animal, é preciso levar em conta povos entre os quais a divisão entre humanos e animais não é estanque.
Esse desafio metodológico, de contar a história a partir do ponto de vista dos animais, é encarado de diferentes formas pelos autores presentes na coletânea. Alguns trataram dos animais como agentes da história, outros autores consideraram os animais como categorias sociais, juntamente com outras amplamente tratadas na historiografia tradicional, como Estado, Igreja e classe social. Há ainda textos que lidaram com os animais a partir de um viés utilitarista, como em Notes on Medicine, Culture, and the History of Imported Monkeys in Puerto Rico. Neel Ahuja trata da mudança no status dos macacos Rhesus (Macaca mulatta), que passaram de instrumentos de progresso científico, devido ao uso em testes da indústria farmacêutica norte-americana à praga que colocava em risco a vida e a segurança dos humanos devido a encontros crescentes em áreas urbanas entre seres humanos e macacos, como também investidas de grupos de primatas a plantações nas franjas urbanas de Porto Rico. O departamento nacional de agricultura de Porto Rico, devido a esses problemas, propôs regras e legislações que implicaram em proibições gradativas a importação e posse dos animais a partir de 1990.
O livro não alcança o objetivo proposto de contar a história da América Latina mediante a perspectiva dos animais. Talvez isso seja devido à dificuldade implícita nesse tipo de narrativa, já que a história dos animais no livro é contada a partir de relatos de humanos, ou seja, os animais são apropriados como seres sociais. Entretanto, o livro alcança outros objetivos válidos, tais como evidenciar o antropocentrismo da historiografia tradicional. Pela leitura dos artigos, fica claro que as fronteiras entre o ser humano e os animais são borradas e que a definição do que seja um animal é o primeiro passo para redefini-las. Centering Animals in Latin American History vai além de casos excêntricos e curiosos, como o do casamento canino, já que (re) introduz os animais na história colonial e pós-colonial da América Latina. Os textos enfatizam a questão da interdependência entre os seres humanos e outros seres vivos além dos vários significados dos animais ao longo da historia da humanidade. O livro é indicado para acadêmicos e interessados no papel dos animais na história das sociedades humanas bem como aos envolvidos nas iniciativas de cuidado com os animais, selvagens ou domesticados, no período colonial dos Países citados. Depois de ler a coletânea, percebe-se que, sem os animais, a história das sociedades humanas seria muito mais trivial.
1 FEW, Martha; TORTORICI, Zeb (ed.). Centering animals in Latin American History, p.93. [ Links ] 2 MCCORMICK, John. Rumo ao paraíso: a história do movimento ambientalista. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1992. [ Links ] 3 SINGER, Peter. Animal liberation. New York: New York Review of Books, 1990; [ Links ] REGAN, Tom. The case for animal rights. Berkeley: University of California Press, 1983. [ Links ] 4 THOMAS, Keith. Man and the natural world: changing attitudes in England 1500-1800. London: Peguin Books, 1984. [ Links ]
Fernanda Cornils Monteiro Benevides – Centro de Desenvolvimento Sustentável Universidade de Brasília (UnB), Brasília (DF), Brasil, e-mail: cornils.fernanda@hotmail.com.