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Biodiversidade e renovação da vida: em questão – BARROS (Ge)
BARROS, Henrique Lins de. Biodiversidade e renovação da vida: em questão. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2011. 94p. Resenha de: NEVES, Ana Carolina de Oliveira; MACHADO, Carla Jorge. Sempre haverá renovação? Geografias, Belo Horizonte, v.8, n.1, p.103-106, jan./jun., 2012.
Lançado em 2011, o livro ‘Biodiversidade e renovação da vida: em questão’, editado pela Claro Enigma em parceria com a Editora Fiocruz, é o primeiro volume da nova coleção de ciências da Fiocruz. O autor da obra, Henrique Lins de Barros, possui doutorado em Física e se dedica aos estudos na área de biofísica, história da ciência e museologia.
Na Introdução, o autor tece um panorama geral do que é a ideia de biodiversidade e de como ela surgiu. Da ideia de biodiversidade, passa às noções de diversidade cultural e argumenta que os europeus, colonizadores do Novo Mundo, não souberam se aproximar de outras culturas, pois não haviam aprendido outra relação com o mundo natural que não fosse de exploração para consecução de seus próprios anseios. Nesse eixo temático, dando conta das dificuldades que o colonizador europeu tinha em relação às culturas diversas da sua, o autor desenvolve cada um dos oito capítulos do livro.
O primeiro capítulo “Biodiversidade e Diversidade Cultural: eis a questão”, trata das diferenças que são extremamente necessárias não apenas da perspectiva biológica, mas também no tocantes às relações entre as pessoas. Sem a aceitação de um pelo outro, ou sem a tolerância, não é possível conviver com o diferente. À essa luz, do autor explica que o sentimento do colonizador europeu era de permanente estranhamento em relação à cultura do colonizado. Assim, a devastação ambiental foi simplesmente uma transposição das relações socioespaciais vigentes na Europa de então: se cultura e hábitos dos colonizados não eram compreendidos e, portanto, não eram aceitos, a exploração do ambiente consistiu em desdobramento natural dessa concepção pouco tolerante; concepção essa que fundamentou o extermínio do que não se adequava às pretensões dos europeus.
No segundo capítulo “Espanto, Fascínio e Horror”, o autor discorre sobre a estranheza de portugueses e espanhóis diante das várias culturas – a dos indígenas brasileiros, a incaica, a asteca e a maia. Ao passo que os europeus se pensavam como indivíduos, os colonizados das Américas se pensavam como grupo, acentua ainda o autor nesse capítulo.
“Conhecer para Dominar” é o título do terceiro capítulo que lida com duas questões: a classificação taxonômica das espécies e a compreensão progressiva de que a Terra era mais velha do que supunham os católicos.
Esse capítulo é o mais difícil porque nele há muitas informações distintas, embora unidas por um elo histórico temporal que trata dos avanços dos séculos XVIII e XIX: avanços conducentes ao entendimento de que o que havia na Terra poderia ter desaparecido. Assim, Henrique Lins de Barros inicia o capítulo mencionando que a diversidade encontrada de formas de vida levou o europeu à necessidade de organizar, num sistema de classificação e nomenclatura universal, os seres vivos, de tal forma que fosse possível comparar diferentes observações feitas por diferentes pessoas. O autor descreve, então, o trabalho de Carlos Lineu – o Sistema de Nomenclatura Binomial, que é uma das bases da taxonomia moderna e da biologia – retomando a questão central do livro: a diversidade das espécies em ameaça pelo próprio homem. Os trabalhos do paleontologista Cuvier, que utilizou o sistema de Lineu, mostraram a existência de extinções.
Erasmus Darwin, Lamarck, Smith e Hutton são outros naturalistas que indicaram em seus estudos “que o tempo de existência do planeta é maior do que algumas dezenas de séculos”.
Explicitando a importância crucial dos trabalhos de Darwin e Wallace quanto aos rumos da biologia, o capítulo quarto, “A Evolução por Seleção Natural”, pode ser considerado o eixo central do livro. Wallace e Darwin elaboraram os mecanismos da evolução decorrente da seleção natural em dois pontos cruciais. O número de espécies tende a aumentar e nenhum organismo sobrevive sem interagir com o meio externo são assertivas que substanciam o primeiro ponto. O segundo se refere à noção do tempo, considerada muito longa para que uma nova espécie pudesse surgir na Terra, se comparada à idéia de Deus criava novas espécies num ‘piscar de olhos’. Esses aspectos são importantíssimos, pois trazem a noção de ‘alerta’, que em nossa releitura assumiria a seguinte forma: as espécies precisam do ambiente e, se não puderem ‘contar’ com esse ambiente, podem desaparecer e, com isso, outras espécies podem levar muito tempo (da ordem de milhares a milhões de anos em algumas situações) para surgir.
No capítulo cinco, “A Idade da Terra”, as teorias sobre a idade da Terra são discutidas, e os fundamentos do surgimento da vida na Terra, descritos. A deriva continental e o surgimento de entidades capazes de se replicarem deram origem às informações necessárias para que houvesse vida: os ácidos nucléicos. A discussão do autor leva ao entendimento do ‘que é a vida’: “ela se perpetua, mas não se repete”.
Ainda nesse capítulo, Henrique Lins de Barros pontua o aparecimento de uma nova classe de organismos capazes de realizar fotossíntese, que possibilitou, por sua vez, o surgimento de outros seres.
A história da Terra em seus períodos geológicos, do Pré-Cambriano ao Cretáceo, foi submetida à análise no capítulo seis: “A Vida na Terra”. Os acontecimentos desse período são descritos com ênfase nas grandes extinções dos animais, plantas e fitoplâncton. Segundo o autor, poder-se-ia dizer que “se houvesse inferno, ele estaria se realizando ali“, há 65 milhões de anos, ou seja, no próprio planeta Terra.
“Destruição e Renovação” é o título do sétimo capítulo. Se o capítulo anterior descreve com detalhes a destruição de animais, plantas e fitoplâncton, o capítulo sete surge como um ‘alento’, indicando a crescente diversidade biológica que surgia há 150 milhões de anos desde o aparecimento dos dinossauros até sua extinção. Conforme sugestão do autor, sem a presença dos dinossauros, outros seres conseguiram sobreviver, surgiram os primeiros primatas, com destaque para o Homo sapiens cuja capacidade de adaptação é imensa. Por meio do exemplo elucidativo da ilha de Cracatoa, o autor conclui: “a chave para tamanha capacidade de renovação está na enorme diversidade de formas vivas”.
Henrique Lins de Barros afirma, no capítulo oito, “O Homem na Natureza”, que o aumento da temperatura do planeta, tema comum ao homem moderno, fará com que várias espécies desapareçam; extinção essa produzida pelo próprio homem. O pensar nas gerações futuras impõe ao autor a necessidade de repensar o conceito de indivíduo; assim, a noção de grupo é explicitamente retomada. Se as mudanças são lentas, tudo o que o homem consumista e imediatista teria de fazer hoje seria mudar sua relação com a natureza. Mas não há promessas de curto prazo: os benefícios só seriam sentidos em “uma extensão temporal bem mais larga”. Nesse sentido, o autor termina o livro de forma instigante, fecha um ciclo, ao fazer o leitor retornar ao segundo capítulo e pensar a origem da relação deturpada que temos com a natureza. Enfim, o autor nos traz uma história real, cujo desfecho não será satisfatório, se a forma de compreender o ambiente não for alterada.
Ana Carolina de Oliveira Neves – Doutora em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre – ICB/UFMG. E-mail: ananeves@biotropicos.org.br.
Carla Jorge Machado – Professora Adjunta do Departamento de Medicina Preventiva e Social da UFMG. E-mail: carlajm@ufmg.br.
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The Mass Media and Canadian Diversity – NANCOO; NANCOO (CSS)
NANCOO, Stephen E.; NANCOO, Robert S. Eds. The Mass Media and Canadian Diversity. Mississauga: Canadian Educator’s Press, 1996. 288p. SCHUDSON, Michael. The Power of News. Cambridge: Harvard University Press, 1995. 288p. Resenha de: SENGER, Elizabeth. Canadian Social Studies, v.35, n.4, 2001.
The Mass Media and Canadian Diversity offers an insightful and thought provoking look at the role the mass media have played in both forming and perpetuating ideas about Canadian identity. It is a collection of essays and research reports by nineteen writers who look at the issue from varying perspectives. A great deal of attention is given to issues of identity for Native peoples, with a lesser emphasis on the portrayal of women and visible minorities in our society.
The organization of the book follows a logical historical progression to the role of the mass media in the formation of a Canadian identity. This is followed by reports on a number of studies which examine the direct impact of media decisions and actions. Finally, the editors suggest a course of action for the roles the media should play in dealing with identity issues in the future.
The Mass Media and Canadian Diversity concludes that the richness of cultural diversity in Canada has not traditionally been portrayed in an accurate or favorable light, and contends that there is a need, in fact, an obligation, for the media to remedy this situation in the future. More research needs to be done into the impact of media portrayals and a more concerted effort to make positive portrayals is required in order to encourage people to embrace the value of a culturally diverse Canada, to help us build a healthier, more successful society in the future.
The editors have done a fairly good job of choosing material for the book. Various perspectives are presented which provide a valuable cross section of the diverse cultures in Canada and representations of them in the mass media. This book will, unfortunately, have a limited use in the classroom. The reading level would be somewhat difficult for most high school students and the only visuals are charts of research findings. The reports on research were, in places, too reliant upon statistical findings and lacked interesting and useful analyses. Because of this, students would likely lose interest in reading this book. However, The Mass Media and Canadian Diversity would be a useful resource for a higher level course on media relations and the role of media in the formation of Canadian identity.
In The Power of News, Michael Schudson attempts to clarify exactly what the role of the media is and has been in American history. He is clearly an avid historian of the news media and the book is well referenced and footnoted. However, I found myself struggling to determine whether this book was about the power of news or the history of news.
The entire first half of the book is devoted to an interesting account of the role of the news media in American history. While this section is fascinating, I kept asking myself what this had to do with the power of news. The second half of the book is more clear in explaining how the news media has struggled to define the role it can and should play – that of keeping a presumably literate, intelligent, and politically active public informed or that of watch dog over those in power, charged with the responsibility of ensuring authority is used responsibly. Schudson concludes that the media must have a kind of schizophrenic role because they must assume the occurrence of both these situations. Sometimes people are informed and politically active and, at other times, they are less than vigilant. When this happens, the media must be prepared to take up the role of political activists and assure that the abuse of power does not occur.
The Power of News has limited applications for a high school social studies class. Schudson’s writing style make the reading heavy going in places. Also, the material assumes extensive knowledge of American historical contexts. As with The Mass Media and Canadian Diversity, this book is more appropriate for use with a higher level course on media relations.
While both of these books were about the media, and contend that news and the media have power over society and politics, they take different approaches. Nancoo and Nancoo focus on relations between diverse cultures within a society, while Schudson is more concerned about the relationship between the producers of news (the media) and the consumers of it (the general public). Both may have some use as instructor resources, at the high school level, but would not be suitable for use by high school students.
Elizabeth Senger – Calgary, Alberta.
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