Golpe de 1964 e a Ditadura militar: Processos históricos e historiografia | História Revista | 2015

RC Destaque post 2 12 Golpe de 1964 e a Ditadura militar

É com muita satisfação que apresentamos o Dossiê que a História Revista publica neste número. Passados mais de 50 anos do Golpe de Estado de 1964 e da implantação da Ditadura Militar (1964‐1985) o debate sobre seu caráter e significado continua mais vivo do que nunca. Isto porque além da herança deixada por 21 anos de governos ditatoriais seguir muito presente na dinâmica econômico‐social e na estrutura política da sociedade brasileira atual, a disputa ideológica acerca do seu caráter e legado marca fortemente o debate político atual. E foi com o propósito de refletir sobre esses fatores que organizamos este Dossiê.

Os seis artigos que compõem o dossiê expressam, com grande êxito, resultados de pesquisas que jovens historiadores vêm desenvolvendo sobre o assunto, sobre particularidades institucionais de fundamental importância no período do golpe militar e na ditadura militar que se seguiu. Trata‐se, portanto, de modo inquestionável, de uma grande contribuição da História Revista para a reflexão historiográfica brasileira em seu público leitor especializado, assim como para com o público leitor em geral. Leia Mais

Ditadura militar: mecanismos de repressão e construção de consenso / Tempo Amazônico / 2021

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Para o historiador francês Henry Rousso, os grandes conflitos mundiais da primeira metade do século XX levaram ao “enraizamento de uma história do tempo presente no campo científico e no espaço público”.[1]

Referia-se ao fato de que rememorar a tragédia das guerras, do Holocausto, tornou-se uma espécie de imperativo. Entre historiadores, não caberia a pretensão de neutralidade diante do horror das catástrofes, mas, antes, o engajamento em um ofício crítico estreitamente atrelado às questões de seu tempo, tanto entre pares, quanto diante de um público mais amplo.

Em raciocínio análogo, podemos afirmar que a ditadura militar foi uma das catástrofes brasileiras do último século. A violenta experiência de mais de duas décadas de autoritarismo deixou profundas marcas na sociedade brasileira. Para melhor compreendê-las, especialistas têm de enfrentar uma intrincada composição de memórias individuais e coletivas, uma volumosa gama de documentos de variadas origens, além de uma série de indagações que surgem da discussão política cotidiana.

A presente edição de Tempo Amazônico, revista eletrônica semestral da seção amapaense da Associação Nacional de História (ANPUH / AP), traz o dossiê “Ditadura militar: mecanismos de repressão e construção de consenso”, que reúne produções originais sobre o golpe de 1964 e a ditadura. Trata-se de contribuição oportuna para a historiografia especializada no tema,seja pelo especial enfoque nos estudos sobre a região amazônica, seja pela variedade de perspectivas possibilitada pelo conjunto dos textos que seguem.

O primeiro texto traz o estudo de Vanessa Cristina da Silva Sampaio sobre o mundo do trabalho e as greves do Distrito Industrial da Zona Franca de Manaus nos anos de 1985 e 1986, quando a transição para a democracia ainda se consolidava. O segundo é um texto de Tiago Francisco Monteiro que tematiza as relações bilaterais Brasil-África do Sul durante os primeiros dois governos da ditadura militar, com foco particular nas relações raciais em ambos os países.

Na sequência, há a proposta de Gustavo Feital Monteiro de discutir o nazismo a partir do conceito de religião política, apontando limites e possibilidades de tal perspectiva. Depois, Danilo Mateus da Silva Pacheco trata das práticas curriculares do ensino de História da ditadura no estado do Amapá, evidenciando a experiência de professores.

Em seguida, temos o artigo de Caio Vinícius de Carvalho Ferreira que traz a avaliação histórica dos acontecimentos na região do Pontal do Triângulo Mineiro na ocasião do golpe de 1964. Ainda sobre o evento que iniciou a ditadura, há o texto de Francisco Bento da Silva e Jadson da Silva Bernardo intitulado “Ecos do golpe de 1964 no Acre: ditadura, intolerância e perseguições políticas”.

O artigo de Thiago Rocha de Queiroz reúne algumas das impressões do chargista amazonense João Miranda sobre as eleições indiretas de 1974, revelando aspectos da dinâmica política do estado do Amazonas naquela conjuntura. Já no texto de Priscila Oliveira Pereira, aborda-se a participação dos governadores no golpe de 1964 e nos primeiros anos da ditadura, com ênfase nas movimentações de Petrônio Portella, que governava o estado do Piauí.

Fernanda Fernandes da Silva analisou a trajetória do diretório estadual amazonense do Partido Comunista do Brasil (PCB), dando conta dos desafios enfrentados por seus militantes quando colocados na clandestinidade. Por último, há uma resenha de autoria de Dimas Brasileiro Veras e Rebeca Santos de Amorim Guedes sobre o filme “Amores de chumbo”, dirigido por Tuca Silveira, que nos convida a pensar sobre o direito à memória e sobre as consequências que sofremos, até os dias de hoje, do modelo de transição para a democracia que prevaleceu em nosso país.

Em tempos de negacionismo, fake news e proliferação de usos políticos do passado, o papel da reflexão profissional do historiador tem seu significado renovado.

Esperamos que este dossiê sirva aos intuitos reflexivos de seus leitores e os leve a novos questionamentos.

Notas

1. ROUSSO, Henry. A última catástrofe: a história, o presente e o contemporâneo. Tradução de Fernando
Coelho e Fabrício Coelho. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2016, p. 219.

Diego Knack – Doutor (SME-RJ)

César Augusto Queirós – Doutor (PPGH-UFAM)


KNACK, Diego; QUEIRÓS, César Augusto. Apresentação. Tempo Amazônico, Macapá, v.8, n.2, 2021. Acessar publicação original [DR]

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Ditadura militar / Historiae / 2014

Mantendo sua caminhada iniciada ao final da década de setenta, com a Revista do Departamento de Biblioteconomia e História, a Historiæ vem a público editando um dossiê acerca dos “Ditadura Militar”, levando em conta que, neste ano, ocorreu a passagem de cinquenta anos da deflagração do golpe que estabeleceu o regime que, perdurando mais de dois decênios, marcou de forma indelével a formação histórica brasileira.

Por ocasião da passagem destas cinco décadas, a Universidade Federal do Rio Grande organizou o Congresso Internacional “1964-2014 – o cinquentenário do golpe que ceifou o processo democrático: história & memórias”, atividade desenvolvida entre 16 e 19 de setembro de 2014, com o objetivo de promover o debate acadêmico e testemunhal sobre esse processo histórico, sob os mais variados vieses e enfoques e levando em conta um prisma multidisciplinar.

Em tal evento estiveram reunidos especialistas no assunto oriundos de várias regiões do Brasil e ainda palestrantes de instituições estrangeiras que analisaram múltiplas abordagens acerca dos Governos Militares, desde a sua instauração, passando pela consolidação e pela crise, até a chegada ao processo de redemocratização. Dos trabalhos apresentados no Congresso resultaram vários textos que foram publicados nesta edição da Historiæ. Apesar da ampla abrangência do dossiê, a Revista não deixou de abrir espaço para um escrito voltado à temática livre.

A passagem das chamadas “datas redondas” tem servido para que as universidades promovam, por ocasião de tais efemérides, profundos estudos reflexivos sobre determinados temas, levando não só à comunidade acadêmica, mas também a em geral, um repensar histórico-historiográfico acerca de tais questões. O registro dessas discussões em uma publicação imprensa e eletrônica serve para uma ampliação da divulgação de tais análises, além de perpetuá-las muito além da realização de um evento.

Nesse sentido, a Historiæ – Revista de História da Universidade Federal do Rio Grande se propôs a difusão dos enriquecedores debates ocorridos durante o Congresso Internacional que abordou o cinquentenário da instauração de um dos mais duros regimes ditatoriais pelos quais passou o Brasil.

Francisco das Neves Alves – Presidente do Corpo Editorial


ALVES, Francisco das Neves. Apresentação. Historiae, Rio Grande- RS, v. 5, n. 2, 2014. Acessar publicação original [DR]

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Ditadura Militar no Brasil / Revista Historiar / 2013

Eis mais uma edição da Revista Historiar do Curso de História da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA. Ao abrir-se para este exemplar a ideia não é somente divulgar alguns textos e debates a respeito da tortura, violências no período da ditadura brasileira.

Trata-se de uma tentativa de ampliação do debate teórico com diferentes estudiosos sobre esta temática. São elaborações de professores que vem desenvolvendo pesquisas, estudos que se complementam a partir de uma prática social vivenciada nos últimos tempos. Sim, é o registro de formulações de jovens pesquisadores que se debruçam sobre a história e memória de um momento absolutamente arbitrário de nossa caminhada rumo a conquista da democracia. Assim, estes artigos são explicitados por autores que afirmam suas concepções, divulgam suas abordagens e compromisso social. Leia Mais