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Deporte/masculinidades y cultura de masas. Historia de las revistas deportivas chilenas/1899-1958 | Pedro Acuña Rojas
El libro de Pedro Acuña forma parte del cada vez más rico campo de los estudios históricos sobre el deporte, que ha crecido progresivamente desde el cambio de siglo. Una serie de trabajos seminales analizaron la forma en que los medios de prensa deportiva escrita de la primera mitad del siglo XX lograron instalarse dentro de la opinión pública y consolidar un debate respecto a la posición del deporte y la educación física dentro del Estado. En sus páginas se proyectaba la actividad física como una política de salud, pero también como una estrategia civilizatoria: el deporte podría convertirse en una escuela de formación del carácter para niños, jóvenes y adultos, así como en el mejor antídoto frente a las denominadas “enfermedades sociales” que proliferaban en la intensa vida urbana. Todo ello sería posible si era organizado de una forma científica y moderna, es decir, racionalmente ejecutado y orientado a una práctica física lo suficientemente sistemática como para transformarse en un hábito. Para ello, en las revistas eran imaginadas formas institucionales, infraestructuras y equipamientos desde donde llevar a cabo esa misión. Al mismo tiempo, participaban de la reelaboración de algunas narrativas nacionales, especialmente aquellas relacionadas con el patriotismo, los esencialismos del ser nacional y, en ocasiones, las supuestas ventajas raciales de la propia población, en contraste a la de los países vecinos. Asimismo, desde allí se impulsaba la construcción de arquetipos masculinos y femeninos, basados en modelos de conducta, mérito y virtud pública y privada de algunos deportistas, supuestos ejemplos para el resto de la sociedad, que podría encontrar en ellos un horizonte para guiar sus propias vidas. Leia Mais
Hombres en Movimiento. Deporte, cultura física y masculinidades en Argentina 1880-1970 | Pablo Scharagrodsky
En 1861, Massimo D’Azeglio dejó una sentencia para la historia: «hemos formado Italia, ahora hay que hacer a los italianos». Su frase se transformó en una hoja de ruta para los movimientos nacionalistas de las postrimerías del siglo XIX y condensaba los pasos a seguir en la formación de los hombres y las mujeres de esas naciones que se estaban gestando. En este proceso comenzó a primar una marcada voluntad de las personas de identificarse emocionalmente con su nación. Pablo Scharagrodsky ha analizado en diversos trabajos como contribuyó la cultura física en este involucramiento emocional y como influyeron el Estado, las elites y las organizaciones creadas a tales efectos.
Estas cuestiones el autor las trabajó tanto en lo concerniente a lo ocurrido con las mujeres como con los hombres. En el primer caso, esto fue plasmado en Mujeres en Movimiento. Deporte, cultura física y feminidades. Argentina 1870-1980. En esta oportunidad, el autor viene a cubrir un sugerente vacío historiográfico como lo fue la carencia de estudios que ausculten como se fueron conformando las masculinidades en el país sudamericano. Lo hace en Hombres en Movimiento. Deporte, cultura física y masculinidades. Argentina 1880-1970, trabajo que será reseñado en las líneas que siguen. En efecto, el presente libro es un esfuerzo colectivo que condensa miradas de un tema de estudio que viene ganando espacio en los últimos años, como lo es la educación corporal de los ciudadanos. Leia Mais
República, desporto e imprensa – PINHEIRO; COELHO (EH)
PINHEIRO, Francisco; COELHO, Nuno. República, desporto e imprensa: o desporto na I República em 100 primeiras páginas (1910-1926). Lisboa: Edições Afrontamentos, 2012. 231 p. Resenha de: GOELLNER, Silvana Violdre. A história do esporte e do jornalismo esportivo durante a Primeira República portuguesa. Estudos Históricos, v.25 n.50 Rio de Janeiro July/Dec. 2012.
O reconhecimento do esporte como um elemento integrante da identidade nacional pode ser identificado em discursos e práticas de diferentes regimes políticos do passado e do presente. Representado como um espaço no qual se expressam valores edificantes tais como coragem, determinação e abnegação, o esporte teve na construção dessa narrativa um elemento fundamental para sua popularização e afirmação em Portugal e em seus espaços insulares e coloniais.
Tal afirmação se faz notória nas 231 páginas que integram República, desporto e imprensa: o desporto na I República em 100 primeiras páginas (1910-1926). Sua publicação resulta de um extenso trabalho de pesquisa desenvolvido em arquivos e bibliotecas onde os autores mapearam todos os jornais esportivos publicados no período, que somam mais de uma centena. Cumprida essa etapa, os autores escolheram cem primeiras páginas para reproduzir no livro, entendendo-as como “a base para conhecermos a forma como a imprensa desportiva evoluiu e deu conta da evolução do desporto ao longo dos 15 anos e 8 meses que durou a I República” (p. 11).
Seu projeto gráfico é primoroso ao exibir essas páginas como foram publicadas, permitindo assim que cada pessoa faça uma leitura particular e, ao mesmo tempo, ligeiramente influenciada pela narrativa que os autores constroem sobre o esporte e a imprensa esportiva no período analisado. Para além das imagens, a obra é composta de pequenos comentários explicativos sobre cada primeira página publicada, destacando as razões pelas quais foi escolhida entre tantas outras possíveis de ali serem expostas. Apresenta, também, quatro textos introdutórios cujas análises são demarcadas a partir de recortes temporais.
No primeiro texto, intitulado 1910-1913: tempo de esperança e heróis, os autores enfatizam o papel que o jornalismo esportivo teve na divulgação do esporte na I República. Ressaltam o quanto essa prática cultural foi importante para a construção de um novo homem, robusto, enérgico e trabalhador, representação personificada na figura do sportsman, cuja valorização buscava afastar os indivíduos da preguiça, da taberna e dos vícios. Sob o discurso da melhoria da raça, o Estado instituído criava estratégias para a diversificação da prática esportiva, visto que até então dominavam os exercícios de caráter militar e algumas competições restritas à nobreza, tais como as provas de armas (esgrima e tiro), a equitação e a vela. Simpático aos ideais republicanos, o periodismo esportivo promoveu a divulgação de várias modalidades esportivas, entre elas o futebol, um esporte ainda em ascensão no período inaugural da República. Os autores também destacam o registro dos jornais esportivos sobre a digressão de uma equipe portuguesa ao Rio de Janeiro em 1913, fato que marcou o início das disputas futebolísticas entre os dois países.
O segundo recorte temporal é delimitado pelo cenário da Primeira Guerra Mundial, cujas repercussões no contexto esportivo foram evidentes. Com a iminência de Portugal aderir ao conflito, os autores destacam a contribuição dos jornais na divulgação de duas campanhas de caráter nacional: uma delas promovida pela Federação Portuguesa dos Sports e associações esportivas, que, em apoio ao Ministério da Guerra, manifestavam disponibilidade para atuar na preparação física de jovens portugueses, e outra direcionada para o envio de materiais esportivos aos portugueses aprisionados nos campos alemães, para que pudessem “manter de pé as qualidades físicas e se distraírem depois de horas de trabalho” (p. 92).
Já em 1919-1923: reajustamentos e mudanças, a centralidade das análises empreendidas recai no pós-guerra, quando a discursividade dos jornais focalizou a valorização dos soldados, a glorificação dos heróis esportivos e sobretudo o futebol, que, a partir de então, dominou sua pauta. Destacam-se, ainda, o surgimento dos dois primeiros jornais esportivos no espaço colonial português, ambos lançados em 1922: o Sporting, publicado em Angola com o objetivo de nortear o esporte, mesmo que em Luanda não se pudesse “contar mais de meia dúzia de adeptos” (p. 143), e a Semana Desportiva, de Moçambique, representado como “o paladino da cultura física, preenchendo uma lacuna que a progressiva actividade desportiva de Lourenço Marques vinha tornado cada vez mais visível” (p.152). O jornalismo esportivo português alastra-se à África do mesmo modo que já registrara iniciativas nas ilhas da Madeira (1918) e dos Açores (1917).
O quarto foco analítico proposto recai nos últimos anos da República (1924-1926), identificados pelos autores como os Anos Dourados, nos quais o esporte (sobretudo o futebol) e o jornalismo esportivo viveram um período ímpar de expansão e consolidação. Exemplar dessa afirmação é o aparecimento de 122 novos periódicos esportivos em apenas dois anos, o que por si só evidencia o quanto a adesão ao esporte tornou-se recorrente em todo o país. Esse cenário é alterado no dia 28 de maio de 1926, quando se dá o Golpe Militar que modificaria a história e os caminhos percorridos pelo ambiente republicano, demarcando, inclusive, um novo tom para o jornalismo esportivo nacional. Nas palavras dos autores, “ao contrário do que sucedeu em 1910, em que o novo regime, o republicano, foi acarinhado, agora o momento era de expectativa e hesitação, mostrando um meio desportivo português receoso face à possibilidade de um maior intervencionismo da política no desporto, seguindo o exemplo de outros regimes totalitários europeus” (p. 180).
A relação entre imprensa e esporte é o tema central de República, desporto e imprensa e indica o lugar do qual falam seus autores, cujas publicações anteriores analisam a história tanto da imprensa esportiva quanto do futebol em Portugal. Não é sem razão, portanto, que as análises empreendidas recaem mais sobre o surgimento e desaparecimento dos jornais, e os temas e marcos que estes privilegiaram ao longo da I República, do que propriamente sobre o esporte, suas diferentes conotações, funções e significados no contexto português.
Esta observação não desmerece o trabalho realizado, inclusive porque a obra não se propõe uma análise histórica e sociológica. No entanto, é impossível desconsiderar essa ausência quando temos diante de nós a riqueza das fontes primárias compiladas, no caso específico, as cem primeiras páginas dos jornais esportivos. Nelas se pode ler o que está escrito e o que foi silenciado: as perspectivas doutrinárias a orientar os usos do esporte; os preceitos científicos sustentados pela eugenia e pela higiene; o liberalismo a indicar a popularização das práticas corporais e esportivas e, na contramão dessa afirmação, a não garantia de que todos pudessem delas participar; as diferenciações entre o esporte praticado por homens e por mulheres; as disputas de poder no âmbito das instituições esportivas e jornalísticas; as rivalidades clubísticas; a fabricação dos ídolos; a valorização de determinados grupos étnicos; a relação entre Portugal e as colônias africanas; o ufanismo e o nacionalismo, entre tantos outros temas.
Se, por um lado, o livro reafirma uma representação positivada do esporte ao valorizá-lo como fundamental na modernização de Portugal e de seu espaço insular e colonial, por outro, permite desestabilizar tal compreensão na medida em que fornece ao leitor suas fontes de pesquisa permitindo-lhe que faça suas próprias interpretações. Essa possibilidade confere à obra um caráter inovador e plural. Afinal, o que cada pessoa vai ler e ver neste livro está marcado também por aquilo que sua biografia pessoal e o contexto social no qual vive lhe permitem pensar e ver.
Silvia Maria Favero Arend – Doutora em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e professora do Departamento de História da Universidade do Estado de Santa Catarina (smfarend@gmail.com).