Estado, sociedade, culturas políticas e economia no longo século XIX brasileiro | Vozes, Pretérito & Devir | 2022

A organização do dossiê Estado, sociedade, culturas políticas e economia no longo século XIX brasileiro é parte do esforço coletivo de um grupo de pesquisadores vinculados ao Grupo de Pesquisa Política, Sociedade e Economia do Brasil no longo século XIX, cadastrado no Diretório de Pesquisa do CNPQ. O referido grupo, que é formado por docentes e pesquisadores de cursos de Graduação e Pós-graduação de diversas regiões do país, escolheu como uma das suas estratégias de ação a criação de espaços institucionais de discussão e divulgação de pesquisa historiográfica, e tem como foco temporal o longo século XIX brasileiro.

Assim, a intenção do presente dossiê na Revista Vozes, Pretérito e Devir é a de acolher artigos que expressem o resultado de pesquisas articuladas dentro e fora do Grupo de Pesquisa e que, partindo de diversas matrizes teóricas e documentais, desenvolvam trabalhos de cunho historiográfico relacionados aos quatro campos de investigação propostos. Igualmente é necessário enfatizar as disposições das relações entre Estado e sociedade, a vida política, as interações sociais entre os indivíduos, as práticas discursivas, os grupos institucionalizados, a economia política, o processo econômico, os projetos de sociedade e a natureza conflituosa dessas relações. Tudo isso no transcorrer do longo século XIX no Brasil, entendido aqui como o período que abarca as últimas décadas do século XVIII até as primeiras décadas do século XX, tempo que compreende a crise colonial, o processo de independência e a construção da nacionalidade brasileira. Leia Mais

História, mídias e culturas políticas | Temporalidades | 2020

Em 20 de janeiro de 2021, vemos o fim de um ciclo da política nacional-populista de direita azeitada pelo, agora, ex-presidente Donald J. Trump. Sem dúvida, um fato a trazer certo alívio aos defensores da democracia, quer estadunidenses quer no mundo. Entre outras mazelas derivadas de sua política interna e externa, o Governo Trump se notabilizou como um dínamo na produção e difusão, via redes sociais virtuais, das chamadas fake news – ou “fatos alternativos”, segundo preferência manifestada por assessora daquele governo em seu início.

Notícias e dados falsos, mentirosos e manipulados difundidos por aquele governo sob a ótica de culturas políticas nutridas em odioso revisionismo e torpe negacionismo, vazados em termos de patriotadas, xenofobia, fundamentalismo cristão, machismo, posições antiecológicas e contrárias ao multilateralismo. Aliás, expediente que já tinha sido empregado por Trump quando da sua campanha eleitoral, cuja consecução contou com estratégias do uso e da manipulação de logaritmos, o que em muito possibilitou a ele ascender à Presidência. Dinâmica comunicacional a ser repetida por políticos em vários países com iguais naipes político-ideológicos ao de Trump, quer em processos eleitorais quer em suas presidências nacionais, como é o caso do atual presidente do Brasil. Assim, a oposição de políticos antidemocratas e reacionários ao fazer da televisão, rádio, jornais e revistas avançava em forma e substância. Como em tempos de guerra, a primeira vítima fora a verdade. Leia Mais

Culturas Políticas / Historiae / 2018

No segundo número de 2018 Historiæ apresenta o dossiê “Culturas Políticas”, como o próprio título indica abarca estudos que trabalham dentro desta perspectiva e / ou refletem sobre este conceito dentro de uma perspectiva histórica.

Da terminologia de uso corrente na Ciência Política, até as discussões e interpretações nos domínios historiográficos, o conceito de cultura política fornece uma matriz interpretativa de grande riqueza para as interfaces entre a História Política e História Cultural, em torno de temas como as representações sociais, os imaginários políticos, entre outros. O dossiê temático aqui organizado reúne trabalhos que se dedicam aos estudos das culturas políticas, com ênfase em pesquisas que busquem estabelecer relações entre a efeméride e os longos processos, em perspectiva que vão desde estudos de caso, até abordagens comparatistas e transnacionais.

Este dossiê foi organizado pelos Professores Doutores Leandro Pereira Gonçalves, da Universidade Federal de Juiz de Fora e Odilon Caldeira Neto da Universidade Federal de Santa Maria.

Rodrigo Santos de Oliveira – Professor Doutor. Editor


OLIVEIRA, Rodrigo Santos de. Apresentação. Historiae, Rio Grande- RS, v. 9, n. 2, 2018. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê

 

História e Culturas Políticas / Sæculum / 2011

Nos últimos tempos a produção historiográfica tem passado por uma renovação no campo da história política, após um longo período de certo ostracismo. Essa nova história política vai além do campo institucional na maneira de explicar e interpretar os comportamentos sociais, as sensibilidades, percepções e vivências das sociedades, o que se tornou possível através da aproximação entre a história política e a história cultural. Percebendo que o estudo do político é, necessariamente, multidisciplinar, os novos historiadores da política observam as representações e a multiplicidade de práticas e instituições políticas, a partir de um conjunto de atitudes, crenças, ideias, normas, tradições e comportamentos de seus atores.

Nesse sentido, essa renovação pode ser observada nos sete artigos que compõem o dossiê sobre História e Culturas Políticas. É o caso do estudo das peculiaridades da imigração europeia em Santa Catarina, através de uma análise comparativa entre as regiões do Sul, Vale e Norte do estado, bem como a inserção sócio-econômico-político dos imigrantes e seus descendentes, de João Henrique Zanelatto. Em outra perspectiva Isabel Cristina Leite discute, historiograficamente, o conceito de culturas políticas e analisa duas tradições inseridas no campo das culturas políticas de esquerda no Brasil: a tradição comunista e a nacional-trabalhista e as organizações guerrilheiras.

Os comportamentos e peculiaridades sobre os atores sociais são observados no texto de Wesley Garcia Ribeiro Silva no debate que apresenta sobre as relações entre o espaço urbano e o exercício da política, a partir das práticas, rituais e símbolos do poder na cidade do Natal nos anos de 1960. Ainda sobre questão urbana, Samuel Silva Rodrigues de Oliveira discute a política urbana e o movimento de favelas em Belo Horizonte e as performances de luta pelo direito de moradia entre 1947 e 1964.

Juniele Rabêlo de Almeida investiga o ciclo de movimentos reivindicatórios dos policiais militares brasileiros, ocorrido ao final do primeiro semestre do ano de 1997. Miriam Hermeto se propõe a analisar o contexto mental de produção da tragédia brasileira Gota D’ Água (Chico Buarque e Paulo Pontes, 1975), que se constituiu em diálogo com a cultura política comunista brasileira, durante a ditadura militar. Por fim, a partir do estudo das redes familiares Serioja R. C. Mariano analisa as culturas políticas e as relações de poder na província da Paraíba, entre os anos de 1825 a 1840.

Nos demais artigos, observamos outras temáticas que vão desde análises que procuram entender, a partir do campo da memória e da história das instituições escolares, a constituição da Escola Normal da Parahyba do Norte no Oitocentos, de Rose Mary de Souza Araújo, ou a disciplinarização dos corpos das crianças por meio da introdução das disciplinas de Hygiene e Educação Physica nas escolas da cidade da Parahyba no início do século XX, objeto das pesquisas de Azemar Soares Júnior. A proposta de Ludmila Gomides Freitas é discutir como o conceito de bárbaro pôde ser utilizado em diferentes gêneros discursivos, de jesuítas e colonos, para fundamentar projetos políticos distintos de integração do indígena à ordem colonial, enquanto que Silvia Cristina Martins de Souza analisou como o ilustrador Ângelo Agostini (Cabrião, 1866-1867) utilizou-se do lápis litográfico para construir determinadas representações sobre o teatro e as audiências paulistanos no período em que viveu na São Paulo imperial.

Maria da Conceição Silva investigou as propostas curriculares da disciplina História, considerando as concepções conceituais e metodológicas que constituíram o seu estatuto para o ensino de História em Goiás. Em seguida, Iraci Del Nero da Costa propõe uma definição para o conceito de Demografia Histórica estabelecendo as relações entre demografia e história. E por fim, mas não menos importante, a entrevista com o Professor do Departamento de História da UFMG, Rodrigo Patto Sá Motta, na qual se discute, entre outros temas, o papel dos atores e a dinâmica das instituições políticas na história.

Os Editores


Equipe Editorial. Editorial. Sæculum, João Pessoa, n.24, 2011. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê

 

Culturas Políticas e Movimentos Sociais / Revista Eletrônica de História do Brasil / 2005

Dando continuidade a nossa série temática, trazemos neste volume trabalhos que dão ênfase ao tema: Culturas Políticas e Movimentos Sociais. Trata-se de artigos que, com enfoques, períodos e métodos variados, abordam aspectos da cultura política no Brasil e as formas de ação social em nossa história. Essa temática sempre esteve presente em nossos números anteriores e agora abrimos maior espaço para a publicação de artigos que debatem a política e os movimentos sociais em uma dimensão mais ampla.

Neste sentido, pretende-se abordar os movimentos sociais como formas variadas de ação política, isto é, como ação contínua capaz de redefinir práticas sociais, políticas e econômicas, pois entendemos que esse é um campo de atuação e redefinição cultural. Assim como já nos assinalou Raymond Williams sobre a cultura ser um sistema significante pelo qual uma ordem social é transmitida, experimentada e transformada (Cultura, Paz e Terra, 2000), queremos entender culturas políticas como um campo de experiências historicamente construídas e continuamente redefinidas.

Assim, as questões relativas à construção da representação popular sobre a monarquia durante a abolição da escravidão; às formas de resistência e negociação política de trabalhadores camponeses no período pós-abolição; aos conflitos de interesse em torno dos poderes locais; à construção da cidadania; à música popular brasileira frente à censura militar e a transição política ao Estado democrático, apresentadas neste número trazem a perspectiva da redefinição ou re-significação das práticas e saberes políticos e sociais de nossa história recente.

Além dessas análises dos embates sociais, trazemos outras duas formas de abordagem cultural: a narrativa sobre a conversão dos índios através da apropriação dos festejos nativos e a identificação da medicina tropical com as práticas culturais típicas dos climas quentes. Através de uma maior aproximação com conceitos da antropologia, estas duas abordagens apresentam aspectos ideológicos importantes de construção identitária para a compreensão dos aspectos constitutivos de nossa cultura política.

Finalmente, mantivemos neste número nossa proposta de publicar textos de jovens pesquisadores de diversas e importantes instituições de pesquisa no país

Carla Maria Carvalho de Almeida

Cláudia Maria das Graças Chaves

ALMEIDA, Carla Maria Carvalho de; CHAVES, Cláudia Maria das Graças. Apresentação. Revista Eletrônica de História do Brasil. Juiz de Fora, v.7, n.1, jan./jun., 2005. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê

História e culturas políticas / Varia História / 2002

Dando seqüência a um formato editorial iniciado a partir do número 25, quando Varia Historia passou a ser organizada pelas linhas de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em História da UFMG, apresentamos a presente edição, cuja coordenação coube à linha “História e Culturas Políticas”.

Abre este número de Varia Historia um dossiê que reúne parte dos trabalhos apresentados no “Colóquio História e Culturas Políticas”, realizado pela linha em novembro de 2001. O evento reuniu pesquisadores da casa e convidados de outras instituições, com o objetivo de empreender esforço conjunto de discussão em torno desse campo de pesquisa que se configura instigante e inovador. De fato, nota-se vivo contraste entre a riqueza de possibilidades abertas pelo estudo das culturas políticas, que descortinam universo amplo de indagações a serem colocadas aos fenômenos políticos, e a relativa escassez de reflexões sobre o alcance- e eventuais limitações- do trabalho com essa categoria.

No dossiê, publicamos sete dos textos apresentados no Colóquio, amostra pequena mas significativa das discussões empreendidas. No texto inicial, a Prof. Eliana Regina de Freitas Dutra faz um balanço das definições e da história do conceito de cultura política, e ao mesmo passo, realiza inventário das principais tendências historiográficas que, a partir do diálogo com outras ciências sociais, têm se dedicado a esse campo de análise e pesquisa. A Prof. Carla Maria Junho Anastasia oferece algumas reflexões sobre a violência política e os motins na América portuguesa do século XVIII , além de analisar como, sob o impacto da edição da Lei da Boa Razão, que implicou o cerceamento de direitos costumeiros internalizados pelos vassalos da coroa, foram engendradas novas formas de ação coletiva.

O artigo da Prof. Kátia Gerab Baggio enfoca fenômeno político importante para compreender a América Latina contemporânea, a cultura política nacionalista. Ela privilegia os casos de México, Cuba e Porto Rico e procura apontar as representações nacionais construídas nesses países, respeitadas as nuanças e particularidades de cada situação. No seu texto, a Prof. Angela de Castro Gomes retoma o debate envolvendo as categorias populismo e trabalhismo, e apresenta interessante roteiro de análise. A proposta é pensar o populismo como um mito político, integrante do imaginário social brasileiro, e encarar o trabalhismo como uma tradição política pertencente ao campo do pensamento social / político. Compreender o “queremismo”, ou seja, o movimento que levou contingente expressivo de populares às ruas, em 1945, demandando a permanência de Vargas no poder, é o eixo do trabalho do Prof. Jorge Ferreira. Partindo da análise das crenças e valores daqueles trabalhadores, o autor procura explicar as razões da persistente popularidade do ditador que, paradoxalmente, via o regime que havia construído se esboroar.

O tema do Prof. João Trajano Sento-Sé é o brizolismo, força política preponderante no Rio de Janeiro dos anos 1980 e 1990. O argumento central do artigo é explicar a popularidade do líder gaúcho no Rio de Janeiro, que teria a ver com a capacidade do brizolismo de mobilizar certos aspectos da cultura política carioca. O Prof. José Antonio Dabdab Trabulsi, cujo texto encerra o dossiê, procura analisar as visões construídas pela historiografia européia do século XIX acerca da cidade grega antiga, mostrando como essas leituras eram informadas pela influência de culturas políticas contemporâneas como o republicanismo, o conservadorismo e o socialismo.

A revista traz ainda outros quatro artigos. O trabalho do Prof. Marcelo Cândido da Silva está centrado na análise da obra de um autor medieval, Gregório de Tours, historiador do reino Franco. A hipótese sustentada é que o texto, para além do conteúdo moralizante e religioso, pode ser usado como fonte para compreensão da história política merovíngia. Já o texto da Prof. Berenice Cavalcante tem como tema a obra política e intelectual de Afonso Arinos. Submetidos à análise da autora, os escritos do ex-Senador revelam um intelectual refinado, capaz de aliar uma notável faceta moderna à sólida formação clássica. Um confronto entre memórias de militares e militantes políticos de esquerda, atuantes nos embates dos anos 1960 e 1970, é o que nos apresenta o Prof. João Roberto Martins Filho. Do contraste entre essas falas, constata o autor a permanência do tema da tortura como pomo de discórdia entre as esquerdas e os militares. Fechando a edição, temos o artigo de Eduardo Flores Clair e Alba López Mijares, que revela faceta pouco conhecida das sociedades mineiras da Nova Espanha no século XVIII, qual seja, o cotidiano familiar e doméstico daqueles grupos sociais, em que afloram sentimentos e segredos íntimos e, também, a violência.

Rodrigo Patto Sá Motta

Heloisa Starling

(Organizadores)


MOTTA, Rodrigo Patto Sá; STARLING, Heloisa. Apresentação. Varia História, Belo Horizonte, v.18, n.28, dez., 2002. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê