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As crenças e suas articulações com a política e a sociedade / Revista Brasileira de História das Religiões / 2017
Caro (a) leitor (a)!
“As crenças e suas articulações com a política e a sociedade” é tema da edição inaugural da Revista Brasileira de História das Religiões em 2017. Será possível desconsiderar a articulação entre estes três conceitos, sem que isto se apresente de forma danosa à história escrita e a história vivida?
Os artigos que compõe este número nos apontam alguns caminhos para iniciarmos esta reflexão! Renata A. Siuda-Ambroziak, em “Religião e liderança política no Brasil na virada do século XIX e XX – o caso do Padre Cícero”, nos apresenta um exemplo do político notável e de um santo popular, com o lugar de sua atividade religiosa e política transformado há muito tempo em destino de peregrinações e santuário popular importante.
O segundo artigo, escrito por Nadia Maria Guariza, “Modelos para leigas e religiosas: os livros do padre Júlio Maria De Lombaerde (1878-1944)”, artigo analisa alguns livros do padre Júlio Maria De Lombaerde, missionário belga que veio ao Brasil em 1902 e desenvolveu parte dos seus trabalhos na cidade de Manhumirim (MG), até a sua morte em 1944.
Anaxsuell Fernando Silva, em “Da teologia da Libertação à libertação da teologia: a biografia de um intelectual protestante”, discute o percurso intelectual de Rubem Alves no que tange à sua singularidade – de teólogo da libertação a cronista do cotidiano e escritor de contosinfantis.
“Entre o sacerdócio e a pesquisa histórica: a trajetória de Padre Luiz Sponchiado na Quarta Colônia de imigração italiana-RS” de autoria de Juliana Maria Manfio e Vitor Otávio Fernandes Biasoli, objetiva compreender como Padre Luiz Sponchiado atuou e articulou suas ações nos campos político e cultural em prol da construção de uma “identidade italiana na Quarta Colônia”.
Ana Rosa Cloclet da Silva e Marcelo Leandro de Campos, no artigo “Entre contextos e discursos: a biografia de Samael Aun Weor e o gnosticismo colombiano” examinam alguns episódios da trajetória do esoterista colombiano Samael Aun Weor como estudo de caso, relacionando o caráter apocalíptico e radical de sua doutrina espiritualista com o quadro de violência política e desesperança produzidos pelos anos de guerra civil na Colômbia na metade do século XX e seus impactos no campo espiritualista, a nível de representações e imaginário.
O sexto artigo, “O Caboclo Eduardo e a Festa do 7 de Janeiro em Itaparica, Bahia” de Milton Moura busca reconstituir o perfil histórico do Caboclo Eduardo, fundador do grupo Os Guaranys, que desde 1939 vem participando da Festa de Independência de Itaparica, na Baía de Todos os Santos, aí desempenhando um papel singular.
Em “A estatuária funerária no Brasil: um olhar indagador sobre as imagens de Jesus Cristo nos cemitérios brasileiros”, Maria Elizia Borges e Maristela Carneiro analisam as representações artísticas de Jesus Cristo encontradas em um conjunto de cemitérios de cidades brasileiras de pequeno e médio porte, discutindo seu papel como uma iconografia devocional.
Joana Bahia e Caroline Vieira, por meio do artigo “Performances artísticas e circularidades das simbologias afro religiosas” pensam as performances artísticas ligadas à música e à dança como manifestações culturais capazes de irradiar símbolos dos cultos afro-brasileiros, evidenciando como sua circularidade nos permite compreender esse espaço e tempo de trocas de experiências sobre negritude.
A penúltima contribuição, “Abençoada cura: poéticas da voz e saberes de benzedeira” de Lidiane Alves da Cunha e Luiz Carvalho Assunção adentra no aspecto mágico / religioso dos saberes das benzedeiras e o papel da palavra enquanto elemento de cura, que se faz presente e se performatiza nas palavras das benzedeiras, que não podem ser ensinadas à esmo sob pena de perder sua “força”.
Por fim, “A busca espiritual de viajantes à Índia: filosofia e prática de um estilo de vida” de Cecilia dos Guimarães Bastos ao pesquisar um tipo de peregrino que viaja à Índia, apresenta suas vivências segundo a noção de projeto, uma tentativa consciente de dar sentido à experiência e que é elaborada com base na memória como visão retrospectiva e organizada de uma trajetória e biografia.
Contamos, ainda, com a resenha de duas obras. Santo de cemitério: a devoção ao Menino da Tábua (1978-1994), feita por Carolina Cleópatra da Silva Imediato; e História, ciência e medicina no Brasil e América Latina (séculos XIX e XX), realizada por Mateus Tatsch de Mello.
Desejamos a todos uma boa leitura!
Vanda Serafim
Editora RBHR
SERAFIM, Vanda. Apresentação. Revista Brasileira de História das Religiões. Maringá, v.9, n.27, jan. / abril, 2017. Acessar publicação original [DR]