Existência e Resistências: História, Cultura e Sensibilidades/Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade/2023

A insurreição é da ordem da cólera e da alegria,

não da angústia ou do tédio.

Peter Pál Pelbart Leia Mais

Religião e Sociedade | Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade | 2021

A Revista Eletrônica Cordis está publicando seu Volume 1, número 26, primeiro semestre de 2021. Esta é uma Edição Especial da revista por se tratar de uma temática debatida no “I Simpósio Internacional de Estudos Pós-Graduados em História das Religiões: Estado e Igreja em Debate, realizado no segundo semestre de 2020 de forma virtual, uma iniciativa da pós-graduação lato sensu da Universidade Cruzeiro do Sul e sua Diretoria de Ensino a Distância (DEA), em parceria com o Núcleo de Estudos de História Social da Cidade da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (NEHSC da PUC-SP). Os artigos, pesquisas e resenha deste número está em sintonia com as inquietações que esta temática vem provocando na sociedade, portanto o título para esta edição é Religião e Sociedade.

Os docentes e pesquisadores que enviaram seus artigos atuam em Instituições de Ensino Superior e Núcleos de Pesquisa do Brasil e do Estrangeiro (Argentina, Chile e Polônia), acumulando experiências em pesquisas e debates com participação em eventos nacionais e internacionais em seus países. Os autores tem formação em diferentes cursos de graduação e pós-graduação, no Brasil e no Estrangeiro, sendo especialistas nas áreas de Ciências Humanas e Sociais, atuantes em suas áreas de especialidade: História, Antropologia, Ciências Sociais e Teologia, o que contribuirá bastante para o debate/conhecimento sobre a temática proposta para esta edição da Cordis, pois Religião e Sociedade foram analisadas em suas múltiplas faces, percorrendo caminhos que passam pela religiosidade popular, pela arte, pela política e pelas teorias e metodologias da História das Religiões, ou seja, as abordagens teóricas, os métodos e as fontes são bastante amplas e colaboram para problematizar nossa proposta temática, e que são também pertinentes aos objetos de estudos dos pesquisadores aqui reunidos com suas reflexões consistentes e instigantes. Leia Mais

História e Direito: Reflexões Contemporâneas | Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade | 2020

A vida e a trajetória acadêmica dos pesquisadores repleta de simbolismos e superações, muitas vezes alterando as suas percepções, com o passar dos anos e a descoberta de novos elementos, alternam, complementam ou aperfeiçoam o seu próprio entendimento, conformando-se à realidade dos novos tempos, motivo pelo qual a atual edição da Revista Cordis refere-se ao Dossiê História e Direito: Reflexões Contemporâneas.

É essencial salientar que este periódico não realiza censura prévia do conteúdo dos artigos dada as diretrizes democráticas traçadas pelo editor e pelo programa de pós-graduação, sendo evidente que a responsabilidade pelas explanações, ideias, manifestações, opiniões é exclusiva dos autores dos artigos científicos, o que é exigível em um Estado Democrático de Direito de acordo com o princípio da liberdade de expressão e de livre pensamento, com adequada responsabilidade. Leia Mais

História e Gênero | Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade | 2019

Os artigos que compõem o Dossiê “História e Gênero” da Revista Cordis, n. 22 – publicação do Núcleo de Estudos de História Social da Cidade (NEHSC), da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) – têm como temática a questão de gênero, com artigos concebidos a partir de pressupostos teórico-metodológicos de diversos matizes. Nesta perspectiva, este número propõe a discussão que gênero é um conceito que aborda os múltiplos femininos e masculinos, sem práticas etnocêntricas.

O primeiro artigo, o segundo artigo e o terceiro artigos do Dossiê História e Gênero abordam mulheres em estratégias de luta e preservação da vida. O primeiro artigo, denominado “Descolonizando Currículo: educação antirracista com Carolina Maria de Jesus”, de Veruschka de Sales Azevedo, discute os desafios e o desenvolvimento das principais leis responsáveis pela descolonização no currículo no Brasil; leis que foram se desenvolvendo ao longo dos anos oitenta do século XX e início do século XXI, que se referem aos direitos e desafios presentes no campo educacional, a partir da obrigatoriedade do ensino de História da África e das culturas afro-brasileiras na escola. O texto apresenta um relato de prática descolonizadora com o livro “Quarto de Despejo” de Carolina Maria de Jesus, na escola pública de São Paulo. Leia Mais

História e Direito: perspectivas e representações / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2020

A História e o Direito são ciências muito próximas e interligadas na medida em que estudam as relações humanas sob perspectivas e representações diferentes, porém, convergentes, uma vez que o foco principal é, em ambos os casos, o ser humano.

Essas visões diferenciadas (histórica e jurídica) de uma mesma realidade social proporcionam, quando somadas, um aperfeiçoamento da concepção de sociedade e suas interações com as diversas realidades próprias de cada uma das ciências.

Devido à História e ao Direito conseguimos visualizar o passado e o presente de uma maneira complementar, com a possibilidade de aliar a experiência do passado à forma pela qual a sociedade constrói as normas que passam a regulamentar as condutas entre os diversos segmentos sociais.

Na presente edição almejamos, com a proposta do dossiê: História e Direito: perspectivas e representações, apresentar aos leitores as ponderações de historiadores e juristas sobre fatos e circunstâncias histórico-jurídicas em suas concepções peculiares, propiciando estimular o pensamento multidisciplinar em caráter interativo.

A multiplicidade de abordagens estimula o raciocínio analítico e viabiliza a construção de parâmetros novos para direcionar a pesquisa e a compreensão da sociedade enquanto elemento dinâmico e não meramente estático.

A lembrança é uma das maneiras de recuperar a História, festejando o Direito daqueles que merecem o devido reconhecimento, sendo oportuna a homenagem à Professora Dra. Maria do Rosario Valpuesta Fernández, ilustre Reitora da Universidad Pablo de Olavide, Sevilha, Espanha, catedrática e doutora em Direito, elaborada pela Professora Titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Dra. Arlete Assumpção Monteiro.

Na era contemporânea é essencial a amplitude de conhecimentos e compreensões das perspectivas e representações, por conseguinte, os estudos e ensaios constantes nesse periódico retratam aspectos peculiares com análise percuciente dos temas a seguir dispostos.

O ensaio intitulado “Sindicalismo no Brasil – Breve História – Convenção 87 da OIT” nos apresenta percucientes impressões do professor, ex-Ministro do Trabalho e ex-Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Dr. Almir Pazzianotto Pinto, sobre os aspectos históricos e jurídicos do sindicalismo brasileiro.

O artigo científico designado “Tropeços éticos na rota da Justiça” fruto da experiência investigativa do professor, ex-Secretário de Educação e ex-Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Dr. José Renato Nalini, apresenta a experiência histórica aliada à prática jurídica sob uma perspectiva ética da atividade jurisdicional do Poder Judiciário.

As professoras e pesquisadoras Dra. Sílvia Maria do Espírito Santo e Dra. Cláudia Leonor G. A. Oliveiro tratam, no estudo intitulado “Sísifo e Pítia: a imagem da atuação do agente da preservação no direito ao patrimônio cultural”, das dificuldades e desafios na proteção do patrimônio cultural da sociedade, em que os aspectos históricos se entrelaçam com as normas tutelares de cunho jurídico.

O artigo “Os Direitos Humanos e a Perseguição Cristã Atual” é apresentado pelos pesquisadores Suzi Alves da Silva e Paulo Alves da Silva, que elaboram uma trajetória histórica dos Direitos Humanos e um breve relato histórico da perseguição cristã, desde suas origens. Ressaltam a importância da educação como um caminho para a garantia de direitos e o direito à liberdade religiosa para não se perpetuarem as restrições e violências à comunidade cristã motivadas pela fé.

Maria Candelária V. Moraes e Sandra Regina Colucci contribuem com a presente publicação com o artigo “Heleieth Saffiotti e a Violência Doméstica como Questão de Polícia e da Sociedade”. O artigo faz referência à Profa Dra. Heleieth Iara Bongiovani Saffioti, reconhecida internacionalmente pela sua produção intelectual. As autoras apontam que Saffioti nos ensinou a importância de se entender o desrespeito aos direitos humanos das mulheres para se compreender o fenômeno da violência em geral e a violência doméstica em particular. Destacam que a professora Saffiotti foi indicada ao prêmio Nobel da Paz, em 2006, pelo conjunto de suas ações e projetos, traduzidos em livros, artigos, palestras e seminários no Brasil e exterior.

No intuito de internacionalizar a revista com o acréscimo de observações de outras culturas e sociedades, o ensaio elaborado pelo Professor Catedrático de História do Direito da Universidade de Valladolid, Dr. Emiliano González Díez, intitulado “Reflexiones sobre Monarquía y Constitución en la España del siglo XXI”, nos traz noções sobre a monarquia espanhola e sua projeção ao longo dos anos segundo as necessidades do povo em contínua evolução e interação social ensejando, portanto, elucubrações a serem melhor compreendidas e compartilhadas pelos investigadores em geral.

Como elementos de documentação histórica, a crônica e a poesia também são instrumentos relevantes para a adequada compreensão da sociedade de determinada época e, por esse motivo, exigem a presença em uma edição como essa em que se pretende mesclar História e Direito, o que foi muito bem delineado por Maria da Glória Caxito Mameluque, na crônica “Minha história com o Direito”, e por Dione Navarro, na poesia “Direito Conquistado”.

Com todos esses elementos histórico-jurídicos, espera-se que os leitores possam aproveitar para tirar suas próprias conclusões sobre os temas ora dispostos e tão bem apreciados pelos ilustres autores e autoras que disponibilizaram seus conhecimentos graciosamente para nosso deleite, suscitando ponderações crítico-analíticas no intuito de aperfeiçoar constantemente o debate em todos os seus aspectos, uma vez que não existem verdades absolutas, mas sim pontos de vista de observadores que interagem mutuamente e nos possibilitam estimular indagações, propiciando a evolução conjuntural do pensamento lógicocientífico em um ambiente plenamente democrático.

Após essas explanações, vamos à leitura!

Arlete Assumpção Monteiro – Doutora em História Econômica, Universidade de São Paulo, Pós Doutora, Universidad de Salamanca (2017) e na Universidad Pablo de Olavide, Sevilha, Espanha (2005). Profa. Titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Membro da Diretoria do CERU-Centro de Estudos Rurais e Urbanos-Universidade de São Paulo. Pesquisadora do Núcleo de Estudos de História Social das Cidades – PUCSP. Comitê Editorial da Revista digital CORDIS-PUCSP. Acessar ao CV: http: / / lattes.cnpq.br / 4850619417446841 ; https: / / orcid.org / 0000-0001-7322-1304 E-mail: arlete.as@gmail.com

Luiz Henrique Sormani Barbugiani – Mestre em Direito pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Antropologia pela Universidade de Salamanca. Doutor em Direito pela Universidade de São Paulo. Doutor em Administración, Hacienda y Justicia en el Estado Social pela Universidade de Salamanca. Prêmio Extraordinário de Tese de Doutorado em Direito da Universidade de Salamanca. Prêmio Extraordinário do Mestrado em Antropologia pela Universidade de Salamanca. Membro do Instituto Ibero-americano de Direito Processual. Membro da Sociedade Ibero-americana de Antropologia Aplicada. Membro Correspondente da Academia Bauruense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Acesso ao Lattes: http: / / lattes.cnpq.br / 5622648623853828 E-mail: henrluizsb@gmail.com


MONTEIRO, Arlete Assumpção; BARBUGIANI, Luiz Henrique Sormani. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n.24, 2020. Acessar publicação original [DR]

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História e Linguagens / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2019

Às interlocutoras e aos interlocutores desta edição,

Os artigos de História e Linguagens da Revista Cordis, n. 23 do Núcleo de Estudos de História Social da Cidade (NEHSC), da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), alinhavam uma seleção de trabalhos tomados pelo viés interdisciplinar no campo das ciências humanas, de modo a exercer possíveis convergências – e por que também não, divergências? – entre debates correntes nas produções contemporâneas, cujas próprias fronteiras epistemológicas são borradas. Assim que a modernidade, seus conflitos e tensões, são um tema caro a esta edição, seja na literatura, no cinema, nos padrões estéticos ou, no limite, nos próprios padrões de civilidade que assinam a virada do século XIX para o século XX em páginas de almanaques, crônicas e padrões de beleza.

O elemento urbano, imagem clássica evocada pela gestação da grande cidade, pelo anonimato e a impessoalidade das multidões, ganham lume frente à iluminação pública do Oitocentos e às novas perspectivas histórico-sociais que engendradas por esse processo. Afinal, em que sentido os aspectos diacrônicos desse “moderno” produzem novos contextos sociais? Essa pergunta ampla é que estrutura a nova edição da Revista Cordis.

No primeiro artigo, “Cidade e história nas lentes do cinema”, Marcelo Florio trabalha o filme “A montanha dos sete abutres” (1951) de Billy Wilder, em que debate a “construção da ruína” tanto pela indústria jornalística quanto pelo indivíduo, e aqui nosso primeiro ponto de tensão com a modernidade, ou seja, a relação entre o sujeito individualizado – e individualista, frente aos interesses coletivos que diriam respeito à sociedade, mas, que sucumbem frente aos interesses privatistas da indústria midiática, específicos de um “campo relativamente autônomo” da vida social, com agentes em disputa nos termos e no sentido de Bourdieu, que Florio recoloca a partir do cinema e da imagem.

No segundo artigo, trabalho “Uma leitura iconográfica dos aspectos socioculturais da Rua do Triumpho por meio da linguagem cinematográfica” de Edinei Pereira da Silva, nos trás uma leitura iconográfica da cidade de São Paulo, com recorte específico do Bairro da Luz, a partir do documentário “Uma Rua chamada Triumpho (1969-70)” de Ozualdo Candeias. O pesquisador toma metodologicamente o cinema como documento a partir das representações sociais.

No terceiro artigo, “A literatura pulp fiction de Patrícia Galvão” – a dita literatura pulp fiction, considerada como gênero menor, forma de entretenimento popular no século XX nos EUA, é retomada por Francisco Carlos Ribeiro e Olga Brites que abordam a penetração desta linguagem na literatura policial brasileira tomando as especificidades da antropofagia cultural na obra de Patrícia Galvão (Pagu), em seus contos publicados na revista Detective, sob o pseudônimo de King Shelter nos anos 40. A crônica surge aqui como expressão estética na linguagem literária dentro da dinâmica e particularidade da estética modernista.

No quarto artigo: “A crônica e a cidade moderna: temporalidades do efêmero”, Leonardo da Silva Claudiano retoma por “uma conversa casual” – para usarmos os termos do próprio autor – as vozes da multidão que ecoam pela cidade mais rápida, mais fugaz e que emerge justamente no século XIX, contada por seus cronistas. O artigo aborda a construção de um cotidiano produzido por novos elementos da modernidade citadina, que entrecruza, por essa perspectiva os eixos: literatura, história e cidade, da crônica como experiência urbana.

No quinto artigo, saímos da crônica para as páginas do almanaque em “Almanaques de Rio Claro: cidade letrada, cidade do progresso (1873, 1895 e 1906)”. Neste trabalho, Arrovani Luiz Fonseca aborda justamente essa experiência do moderno pela perspectiva de mobilidade social – contraposta à sociedade tradicional, e que toma o “Almanaque” como projeto de poder civilizatório, simbolizando a prosperidade da pujante cafeicultura – e aqui ainda na virada do século XX, pela “concepção de cidade letrada” de Angel Rama – e aqui as profissões liberais, a ascensão do intelectual público nascem como projeto civilização a partir do ideário de progresso da “palavra escrita” em contrapartida às ambivalências da cidade Rio Claro.

No sexto artigo, os padrões estéticos de elemento modernos são trabalhados no texto: “Entre fotografias, anúncios e cartões postais: os discursos médicos produzindo imagens de beleza e saúde na Belle Époque paulistana”, de Marcia Barros Valdivia que problematiza os discursos médicos e as práticas eugênicas e higiênicas na construção de determinados padrões estéticos que, gestados ainda no século XIX, remanescem entre os séculos XX e XXI, bem como a circulação de um determinado padrão de beleza acompanhando mudanças éticas e estéticas que são difundidas acompanhando transformações econômicas no contexto da Europa central e das novidades tecnológicas trazidas pelo discurso hegemônico da modernidade, aliás, ponto de crítica da autora.

No sétimo artigo “O eterno retorno: as comissões de frente das escolas de samba do Rio e Janeiro no descompasso da modernidade (2000-2018)”, Elizeu de Miranda Corrêa perscruta os efeitos da modernidade no cotidiano em termos de “segregação institucional” a partir de fontes historiográficas, com as quais o pesquisador apresenta as mudanças decorrentes da introdução de novas tecnologias e, no limite, novos padrões estéticos às comissões de frente das escolas de samba do Rio de Janeiro sob uma influencia direta dos padrões de gosto determinados pelo mercado e consumo na perspectiva de Anthony Giddens. O autor articula o eixo ético-estético no contexto mais recente e tensiona a modernidade de modo crítico aos limites do poder econômico.

Naturalmente que o consumo é tema estrutural da modernidade. Se a expansão econômica acelerou processos e o tempo da vida nas metrópoles, ele criou mercados, especializou setores e profissionais e autonomizou o campo econômico em relação ao próprio Estado. A escolha dos dois últimos trabalhos são os aqui chamados “trabalhos divergentes”. Tratam-se de produções que focam aspectos mais resultantes dessas transformações de caráter morfológico das dinâmicas sociais.

No oitavo artigo: “Patrimônio Cultural Imaterial. A importância social do patrimônio Imaterial conforme sua trajetória” de Maria Luíza Belo Camargo e Veruschka de Sales Azevedo, vemos a relação entre mercado de consumo e padronização, aqui colocados pelo turismo, e a partir das tensões presentes no que tange o patrimônio cultural imaterial e sua regulamentação. Oposição clara entre passado e presente que permeiam uma construção de moderno que funciona como se esquecesse seu passado, ao menos em relação às políticas de patrimônio.

Finalmente, o nono artigo é mais específico de um contexto propriamente mediado pelo consumo, o trabalho “Comunicação para a transformação: empreendedorismo e inovação social no projeto pedagógico no curso de publicidade e propaganda” de Marina Jugue Chinem aborda questões ligadas à comunicação em termos de mercado e circulação monetária, isto é, de um ponto de vista técnico, a partir da publicidade e da comunicação participativa, e nos revela o processo de criação do gosto pelo mercado de consumo

Boa leitura!

Bruno Cuer – Sociólogo, doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Paulo – Unifesp. Colaborador da Revista Cordis e professor pela Universidade Guarulhos – UnG. E-mail: brunomarko@gmail.com


CUER, Bruno. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n.23, 2019. Acessar publicação original [DR]

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Deslocamentos Humanos. Decisões e Conflitos / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2018

A Revista Eletrônica “Cordis” é uma publicação do Núcleo de Estudos de História Social das Cidades (NEHSC), vinculado ao Departamento de História e ao Programa de Estudos Pós-Graduados em História, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. O NEHSC completou 27 anos de existência dedicados ao conhecimento das cidades, suas histórias e memórias, suas tramas e necessidades, com base em pesquisas documentais realizadas em acervos públicos e privados, em depoimentos orais e fotografias, além de estudos da bibliografia existente sobre as cidades e suas formações, conflitos e perspectivas.

A presente publicação é um Dossiê temático intitulado Deslocamentos Humanos. Decisões e Conflitos, dedicado aos processos migratórios em suas diversas dimensões: internos, transoceânicos ou transfronteiriços. Objetiva apresentar reflexões sobre os motivos que levam as pessoas a partirem de seus locais de origem e as situações vivenciadas na nova sociedade.

Para compôr a publicação em referência, foram convidados docentes e pesquisadores, de variadas instituições acadêmicas nacionais e internacionais, na maioria doutores, que se debruçam nos estudos e pesquisas sobre os deslocamentos humanos, em seus diversificados motivos, como também nas contribuições que os migrantes e ou imigrantes podem trazer à a sociedade que os recebem.

O Dossiê foi organizado em quatro partes. A Parte 1 é composta pelos artigos que tratam das decisões em deixar o “locus” de origem e os motivos da partida dos indivíduos para um novo lugar, muitas vezes desconhecido. A Parte 2 relaciona os deslocamentos humanos e a gastronomia, ou seja, trata da cultura gastronômica. A Parte 3 prioriza os conflitos, apresentando uma análise dos fatores que levaram as pessoas a partirem para o desconhecido. A Parte 4 focaliza a educação dos e / imigrantes no contexto da formação dos indivíduos na nova sociedade, ou seja, na sociedade de acolhida. Para completar a presente publicação foi incluído o item Homenagem, dedicado ao professor Dr. José Renato de Campos Araújo (in memoria), professor de USP – Leste, que dedicou sua vida aos estudos migratórios. Finaliza o Dossiê com a Resenha do livro Rimbaud: um poeta perdido na Europa e que se encontrou na África (1880-1891).

Organizar uma publicação não é uma tarefa fácil, é um desafio. Neste momento, gostaria de agradecer o convite feito pela Profa. Dra. Yvone Dias Avelino, fundadora do NESCH e Diretora da CORDIS, em organizar o volume 20 da revista, acreditando no meu trabalho. Não poderia deixar de agradecer aos autores dos artigos que compõem o presente volume, que se dedicam aos estudos relacionados aos processos migratórios e atenderam, prontamente, ao convite recebido de submeterem seus artigos à CORDIS. É importante destacar o trabalho realizado pelo Comitê Avaliador que realizou uma leitura minuciosa dos artigos e, algumas vezes, apontando sugestões que foram encaminhadas aos autores, de modo que a composição desta publicação fosse sendo aprimorada.

Esperando que os artigos aqui apresentados possam dar origem a novas reflexões e suscitar novas pesquisas, gostaria de externar meus sinceros agradecimentos a todos que participaram do trabalho para que o volume 20 da Revista CORDIS pudesse vir a público.

Arlete Assumpção Monteiro – Professora Doutora

Organizadora do presente volume da Revista Cordis Professora Titular PUC-SP


MONTEIRO, Arlete Assumpção. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n. 20, jan. / jun., 2018. Acessar publicação original [DR]

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Dimensões do Regime Vargas (II) / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2017

Fazer a apresentação de um trabalho acadêmico, seja ele escrito ou oral, sempre representa riscos e é sempre difícil. Mais ainda, quando se parte da premissa de que esta apresentação deva dar conta da dimensão que o trabalho em questão ocupa no universo acadêmico. Contudo, a tarefa do “apresentador” pode ser facilitada tanto quanto há trabalhos de qualidade a ser apresentado, tal como os que versam neste volume.

Como se observará, todavia, não se pretende aqui fazer uma análise ou apresentar artigo por artigo, os quais compõem o todo deste segundo volume do Dossiê temático intitulado Dimensões do Regime Vargas, mas, sim, ressaltar, mais uma vez sobre as suas possibilidades e potencialidades que, ao nosso ver, não são poucas.

Os diversos artigos que compõem este 19º volume da Revista Cordis, publicação do Núcleo de Estudos de História Social da Cidade (NEHSC), da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), ventilam algumas das tendências sobre as quais pesquisadores das mais variadas instituições nacionais têm se debruçado no sentido de deslindar as Dimensões de um regime que deixou marcas profundas na sociedade brasileira.

Destarte, procuramos proporcionar aos pesquisadores de diversas áreas um espaço para publicações de suas pesquisas acerca de um período de grande relevância para a história do Brasil. Tal período foi marcado, internamente, não apenas por disputas pelo poder e pelo confronto entre variados projetos políticos que se buscou consolidar no país. Externamente, impõe-se, como pano de fundo, uma situação de crise do capitalismo, uma guerra mundial e a subsequente bipolaridade do mundo na chamada Guerra Fria.

Gostaríamos de externar nossos mais sinceros agradecimentos ao Prof. Dr. Nataniél Dal Moro, editor científico da Revista Cordis, por sua fundamental contribuição na organização dos volumes que versam sobre as Dimensões do Regime Vargas e à Profa. Dra. Yvone Dias Avelino, uma das fundadoras do NEHSC, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e incansável encorajadora de novas pesquisas e estudos históricos. Evidentemente, gostaríamos de deixar bem claro para o leitor que toda e qualquer imperfeição que este volume possa ter são de nossa exclusiva responsabilidade. Assim, gostaríamos de eximir esses professores de quaisquer culpa e responsabilidade pela publicação das Dimensões.

Também, não menos importante, gostaríamos de agradecer a todas e a todos os pesquisadores que, após meses de árduas pesquisas, como é possível constatar pelos resultados dos artigos aqui publicados, submeteram seus trabalhos à Cordis, a vocês, nosso muito obrigado! Mais do que esperar, almejamos que, juntos, estes artigos possam suscitar novas provocações, novas indagações e novas pesquisas no que tange aos estudos históricos.

São Paulo (SP), dezembro de 2017

Pedro Paulo Lima Barbosa – Professor Doutor

Organizador deste número da Revista Cordis


BARBOSA, Pedro Paulo Lima. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, 19, jul. / dez., 2017. Acessar publicação original [DR]

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Dimensões do Regime Vargas (I) / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2017

A Revista Cordis, publicação do Núcleo de Estudos de História Social da Cidade (NEHSC) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o qual é vinculado ao Departamento de História e ao Programa de Estudos de Pós-Graduação em História da mesma instituição, traz à baila o volume Dimensões do Regime Vargas. Nele, autores de diversas instituições de reconhecido prestígio debruçam-se sobre as mais variadas problemáticas, abordagens e metodologias de pesquisas.

Se, por um lado, as publicações aqui reunidas demonstram, de certa maneira, a relevância do Momento Vargas para compreendermos o Brasil moderno, por outro lado, apontam, também, as inúmeras possibilidades de pesquisas bem como as mais atuais tendências historiográficas que têm sido desenvolvidas nas universidades brasileiras.

Dado ao grande número de artigos submetidos à Revista Cordis, decidimos dividir a publicação em dois volumes. Assim, temos a grata satisfação de trazer a seu público leitor os diversos olhares de pesquisadores direcionados à dimensão histórica do vivido em seus mais variados campos.

Mais do que esperar, almejamos que o presente volume inspire seus leitores a novos trabalhos, contribuindo para a historiografia do Momento Vargas, período este fundamental para a compreensão do Brasil. A todos e todas, excelentes leituras!

São Paulo, Junho de 2017.

Pedro Paulo Lima Barbosa – Professor Doutor

Organizador deste número da Revista Cordis


BARBOSA, Pedro Paulo Lima. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n. 18, p. 1-2, jan. / jun., 2017. Acessar publicação original [DR]

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A cidade e a arquitetura sacra / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2016

A Revista Eletrônica “Cordis” do Núcleo de Estudos de História Social da Cidade da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo pública este mês seu número 17. Esta é uma “Edição Especial” da revista Cordis por ser tratar de uma temática debatida no “I SIMPÓSIO NEHSC – Cidade e Arquitetura em Diálogo: A Arquitetura Sacra”, por docentes-pesquisadores atuantes em Instituições de Ensino Superior e Núcleos de Pesquisa do país, com experiência em pesquisa e participação em eventos no Brasil e no Exterior.

Nossos autores são formados em diferentes cursos de graduação e pós-graduação, no país e no exterior, especialistas nas áreas de Ciências Humanas e / ou Sociais, atuantes em suas áreas de especialidade: Arquitetura, Artes, História, Instituição, Política e Teologia, irão colaborar bastante para o debate / conhecimento sobre a temática desta edição que é “A Cidade e a Arquitetura Sacra” em suas múltiplas faces, percorrendo caminhos que passam pela religiosidade popular, pela arte, pela política e pelas teorias e metodologias da arquitetura.

As abordagens teóricas, os métodos e as fontes são bastante amplas e colaboram para problematizar nossa proposta temática, e que são também pertinentes aos objetos de estudos dos pesquisadores aqui reunidos com suas reflexões consistentes e instigantes. Este número especial da Revista Eletrônica Cordis possui 8 (oito) artigos temáticos abordando “A Cidade e a Arquitetura Sacra”.

Aproveito a oportunidade para agradecer a participação de nossos colegas autores e autoras que se empenharam para que tivéssemos um evento digno do NEHSC da PUC-SP, núcleo de pesquisa que completará em 2017 longevos 25 (vinte e cinco) anos de atuação nas áreas de pesquisa e formação, produzindo novos pesquisadores para a área de História Social, com destaque para o estudo das Cidades, e por terem escrito seus textos para esta publicação que dedicarei a nossa querida amiga e mestra incansável, idealizadora e uma das fundadoras do NEHSC da PUC-SP, a Profa. Dra. Yvone Dias Avelino.

São Paulo, Dezembro de 2016.

Edgar da Silva Gomes – Professor Doutor. Membro do NEHSC PUC-SP

Organizador deste número da Revista Cordis


GOMES, Edgar da Silva. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n. 17, jul. / dez., 2016. Acessar publicação original [DR]

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História, Cinema e Política / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2016

O número 16 da Cordis: Revista Eletrônica de História Social da Cidade aborda a temática História, Cinema e Política. Valendo-se de abordagens teóricas, métodos e fontes bastante amplas à problematização dos seus objetos de estudo, os autores aqui reunidos nos mostram reflexões consistentes e muito oportunas.

Atuantes em Instituições de Ensino Superior e Centros de Pesquisa no Brasil e no exterior, os autores aqui reunidos são formados em diferentes cursos de graduação e especialistas em distintas áreas. Estes docentes, alunos e pesquisadores demonstram, à luz do conjunto da obra, um debate dos mais enriquecedores, em particular aos campos das Ciências Sociais, Cinema, Desenvolvimento Local, Filosofia, História, Jornalismo e Política.

O presente número da Cordis possui 12 (doze) artigos e 2 (duas) entrevistas. Desejamos aos apreciadores destes textos uma agradável leitura. A todos os pareceristas externamos o nosso sincero muito obrigado. Também registramos a avaliação alcançada pela Cordis junto ao site Plataforma Sucupira – Periódicos Qualis. Em setembro de 2015, esta revista obteve na área de avaliação Artes / Música a classificação B2.

Gostaríamos de fazer uma menção à memória de um querido amigo. Lamentamos profundamente o súbito falecimento, ocorrido em setembro de 2015, de Carlos Danilo Oliveira Lopes, integrante do Núcleo de Estudos de História Social da Cidade (NEHSC) e um dos idealizadores e fundadores da Cordis. Carlos Danilo Oliveira Lopes, figura indelével em nosso meio, formou-se em Comunicação Social – Habilitação em Multimeios pela PUC-SP, em 2003. Pesquisador e colaborador em vários projetos, dentre outras atividades, exerceu a função de editor assistente na revista Cordis e secretariou as atividades do NEHSC e do Curso de Especialização em História, Sociedade e Cultura da PUC-SP. Neste breve registro em lembrança a Danilo, agradecemos a todos os incontáveis serviços por ele prestados à PUC-SP, e mais especificamente ao NEHSC e ao periódico Cordis.

São Paulo (SP), junho de 2016

Nataniél Dal Moro – Professor Doutor

Editor científico e organizador deste número da Cordis.


Dal MORO, Nataniél. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n. 16, p. 1-2, jan. / jun., 2016. Acessar publicação original [DR]

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História e Cinema / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2015

Em seu número 15, a Revista Cordis: Revista Eletrônica de História Social da Cidade, apresenta a temática História e Cinema, que conta com 10 artigos de pesquisas interdisciplinares, tanto de instituições universitárias brasileiras, como de renomados campos acadêmicos internacionais.

Os artigos do presente número abordam suas pesquisas na vertente de que o cinema é uma representação da realidade social. Nessa perspectiva, o cinema é uma linguagem constitutiva da tessitura social e apresenta, por meio de interpretações realizadas por pesquisadores, experiências do cotidiano vivido das cidades, capturando por meio de textos verbais e não-verbais, as tensões, conflitos e embates presentes nas sociedades contemporâneas.

O cinema deixa fluir em seus planos e ângulos de filmagem imaginação, medo, desejo, angústia, prazer, paixão e possibilita, assim, retratar as vozes de diferentes sujeitos sociais, ora rompendo e antagonizando-se com regras sociais, ora engendrando outras e, por vezes, criticando-as. Assim, a linguagem cinematográfica é o meio de autores de produções fílmicas traduzirem a realidade social ao seu modo, de acordo com suas intencionalidades e concepções políticas. Entretanto, toma-se como pressuposto que nenhuma linguagem é concebida como espelho da realidade, mas como expressões da cultura humana.

Os artigos do presente número estão conectados aos diversos aportes teórico-metodológicos com vistas a captar pistas, vestígios e sinais das culturas plasmadas nos filmes. Nesse sentido, os artigos transitam por diferentes matrizes analíticas, por campos epistemológicos de tradições diferenciadas, de modo a possibilitar que ocorra de fato a construção da interdisciplinaridade na abordagem da temática História e Cinema.

Os artigos de Ailton Costa e José D´Assunção Barros retratam, respectivamente, os “Brasis” de Graciliano Ramos e Nelson Pereira dos Santos e as concepções citadinas presentes nos filmes ficcionais no decorrer das primeiras sete décadas do século XX. É importante observar que ambas as análises colaboram com interpretações significativas sobre o cotidiano nas representações fílmicas sobre os modos de viver na cidade.

Há também artigos, como os de Lara Rodrigues Pereira e Yvone Dias Avelino, em co-autoria com Marcelo Flório, que refletem sobre o cinema como fonte histórica em suas análises das realidades sociais apresentadas pelos filmes, produzindo interpretações sobre as possibilidades e trajetórias do fazer cinematográfico em épocas diferenciadas.

Já o artigo de Alex Moreira Carvalho e Robson Jesus Rusche aborda a relação intrínseca entre cinema, vida cotidiana e mídia, de modo a produzir reflexões pertinentes sobre a temática, enquanto o artigo de Felipe Eugênio de Leão Esteves contribui ao enveredar pelos estudos da mestiçagem e o de Luiz Alberto Gottwald analisa, de modo contundente, as relações dialógicas entre cinema e natureza. Os três artigos em questão enfocam áreas importantes do saber: a mestiçagem, a mídia e a natureza nas representações cinematográficas.

O artigo de Valdeci da Silva Cunha e Matheus Machado Vaz analisa o cinema de Orson Welles sob o viés do cinema de autoria, produzindo uma interpretação fulcral sobre um modo de fazer fílmico que influenciou diversas escolas cinematográficas no ocidente.

Por fim, as contribuições internacionais de Federico Pablo Angelomé e Gilda Bevilacqua trazem significativas interpretações, realizadas na Universidad de Buenos Aires, de modo a contribuir com a interdisciplinaridade no campo da História e Cinema, efetivando o diálogo Brasil / Argentina.

Convido a todos a enveredarem por essa jornada de 10 artigos, que tanto enriquecem a trajetória interpretativa sobre o cinema como objeto de estudo, trazendo contribuições epistemológicas relevantes para o referido eixo temático.

Marcelo Flório


FLÓRIO, Marcelo. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n. 15, jul. / dez., 2015. Acessar publicação original [DR]

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Mulheres na História (II) / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2014

Neste número 13, a Revista Cordis: Revista Eletrônica de História Social da Cidade, nos convida a continuar problematizando a história das mulheres com a temática intitulada: “Mulheres na História – Vol. 2”.

Partindo dessa abordagem, os artigos com seus recortes específicos, percorrem diversos espaços dentro e fora do Brasil, bem como, distintas temporalidades e metodologias de pesquisa. Iniciativas como estas são fundamentais para compreendermos e ampliarmos ainda mais, os estudos sobre a história das mulheres numa perspectiva de gênero, uma área de pesquisa que vêm se consolidando na historiografia desde a década de 60, e alcançando desde então, novas abordagens e desdobramentos conceituais. Uma temática atual frente a tantos desafios das mulheres na política, na educação, na conjugalidade, nas representações sociais e na violência de gênero, para citarmos algumas das questões tratadas pelos autores / as neste novo número. É a experiência de mulheres que vivem em capitais e em áreas quilombolas, no tempo atual e num tempo passado que o leitor vai encontrar neste número.

Os artigos iniciam com o trabalho de Everton Vieira Barbosa “A estrutura física e pessoal de um periódico escrito por / para mulheres em meados do século XIX no Brasil”, que analisa sob diversos aspectos, o Jornal das Senhoras, que circulou no Rio de Janeiro, entre os anos de 1852 e 1855, e era escrito “por e para mulheres”. Na sequência, seguindo para Manaus, Paulo Marreiro dos Santos Júnior, discute no artigo “Glamour e agonia na prostituição da Manaus da borracha”, a história de mulheres prostitutas pobres cuja experiência contrastava com o glamour das cocotes e dos barões da sociedade da borracha.

Ipojucan Dias Campos, em seu trabalho “Solteirismo e tempo matrimonial, Belém (1916-1925)” perscruta o consórcio na cidade de Belém, entre os anos de 1916 a 1925, compreendendo os significados dados ao solteirismo e ao tempo pensado como próprio aos matrimônios de homens e mulheres.

Saindo do Brasil e caminhando para a Argentina, o artigo “La madre dos descamisados. Eva Perón: vida e trajetória política”, de Yvone Dias Avelino, analisa a vida de Eva Perón, primeira-dama da Argentina, na segunda metade do século XIX, evidenciando “as relações entre mito e história, e memória e história”.

De volta ao Brasil, já em Campo Grande, Fernanda Reis com seu trabalho “A representação feminina na pintura de Lídia Baís: limites entre o sagrado e o profano”, também nos permite conhecer a vida de uma mulher, desta vez, trata-se da artista plástica, Lídia Baís. A partir da análise de sua obra, a autora discute as representações femininas e o lugar da mulher, em um diálogo entre arte e história. Cordis: Revista Eletrônica de História Social da Cidade.

Teresinha de Jesus Araújo Magalhães Nogueira e Maria do Amparo Borges Ferro, investigam as histórias de vida de professoras em escolas confessionais, seus desafios na vivência da profissão. Utilizam para tanto, fontes orais e escritas, no artigo que intitularam “O ser / estar professora nos anos de 1940-1960: desafios de mulheres na história da educação”.

A discussão da violência de gênero, com seus desafios e representações sociais pautadas em valores tradicionais e dicotômicos, é o tema do artigo de Vera Lúcia Puga, “Violências diárias, violências de gênero: amar ou odiar? qual é o verbo?”. Nele, a autora examina o emblemático assassinato de Angela Diniz, a Pantera de Minas, por Doca Street, nos idos dos anos 1970, em Minas Gerais.

A diversidade espacial e de vivências continua neste número com o trabalho de Carmélia Aparecida Silva Miranda, sobre “As mulheres quilombolas de Tijuaçu-BA: vivências cotidianas, trabalho e enfrentamentos”. Neste artigo a autora discute os papéis sociais atualizados pelas mulheres daquela comunidade, seu desafios e conquistas, utilizando, principalmente, a metodologia da história oral.

No artigo que encerra a revista, os autores João Alberto Mendonça Silva, Dolores Pereira Ribeiro Coutinho e Amanda Ramires Guedes, percorrem a memória dos moradores do parcelamento Parque dos Laranjais em Campo Grande (MS), sobre o Caso Motel e, ainda, o que eles chamaram “a relação ontológica entre as Boates Enigma e Mariza’s”, examinada através de entrevistas e observação empírica.

Com este breve painel, o leitor pode ter ideia da diversidade temática, espacial e temporal dos artigos que irá encontrar neste volume, os quais, para além da diversidade, dispõem de um eixo de análise comum, o desafio de pensar as Mulheres na História em sua diversidade e a história em sua relação com várias linguagens, metodologias e disciplinas. Ao mesmo tempo, os artigos somam-se aos trabalhos que vêm consolidando esta área de estudo na historiografia, abraçando uma temática cuja visibilidade nos ajuda a problematizar e desnaturalizar as relações assimétricas de gênero.

Cristina Donza Cancela – Doutora. Professora da Faculdade de História da UFPA, do Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia.


CANCELA, Cristina Donza. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n. 13, jul. / dez., 2014. Acessar publicação original [DR]

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Mulheres na história (I) / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2014

A presente edição da Cordis: Revista Eletrônica de História Social da Cidade reúne investigações dos percursos e experiências das mulheres, quer do ponto de vista individual, quer coletivo. Apoiados em fontes já incorporadas ao cotidiano do historiador, tais como a pintura, música, literatura, imprensa, processos e documentos pessoais, refletem sobre a participação política, cultural, religiosidade e imaginário, a partir da perspectiva feminista, de gênero e da história social.

Mulheres na história congrega representações de mulheres em diferentes temporalidades e renova o eterno questionamento: afinal, quem é a mulher na história?

Apesar de não se restringirem a uma única temática, a vertente política perpassa as investigações de Maria Izilda Santos de Matos, Maria Verónica Perez Fallabrino, Sônia Brandão e Luciara Silveira de Aragão e Frota, cujas análises revisitam a história e requalificam a importância do papel desempenhado pela mulher no Brasil, Paraguai e Florença em diferentes temporalidades. Eugenia Désirée Frota, Carlos Diego Moreno e Lourdes Jimenez Moreno conferem visibilidade às mulheres na Suécia e no México, ao passo que Ana Helena da Silva Delfino Duarte analisa o conteúdo das pinturas de Frida Kahlo.

Nesse número de Cordis figuram os relatos de pesquisa de Letícia Ferreira da Silva sobre a cultura e o cotidiano vivenciado Cordis: Revista Eletrônica de História Social da Cidade pelas mulheres no período colonial, de Vitor da Matta Vívolo acerca da influência dos tratados e discussões do meio científico na literatura e de Monica Silva Dias sobre a violência contra a mulher em área de manancial.

Em Maria Prestes Maia, “a primeira operária” de São Paulo a análise de Maria Izilda Santos de Matos se fundamenta em variada documentação, tais como os dossiês do DEOPS / SP, entrevistas e imprensa, para rastrear a trajetória de vida de Maria de Lourdes Prestes Maia: sua atividade política, atuação na Federação das Mulheres do Brasil, experiências como atriz e professora de teatro, bem como as ações no setor cultural e na assistência social.

No artigo É preciso estar atento e forte: desafios na curta trajetória de Iara Iavelberg Sônia Brandão discorre sobre a condição feminina e os limites do pensamento conservador da esquerda revolucionária, a partir da trajetória da psicóloga e militante estudantil Iara Iavelberg, uma das figuras femininas de destaque no movimento de luta armada contra a ditadura civil-militar brasileira.

Fundamentada na corrente revisionista histórica, Elisa Alicia Lynch: a dama de aço do Paraguai, de Luciara Silveira de Aragão e Frota, propõe uma nova análise do papel de Elisa Alicia Lynch na vida de Solano López e do Paraguai.

Contextualizado na Florença do século XV, Lucrezia Tornabuoni: poesia e poder na família Medici, de Maria Verónica Perez Fallabrino, analisa a produção cultural e os papéis social e político da influente Lucrezia Tornabuoni.

Os meandros da Revolução Francesa, o período napoleônico e a instalação da dinastia dos Bernadotte na Suécia constituem o pano de fundo do artigo Uma francesa no trono sueco, de Eugenia Désirée Frota, cuja abordagem centra-se na análise da cidadã francesa Bernadine Eugénie Désirée Clary, filha de um comerciante de sedas de Marselha, casada com o general Charles Jean-Baptiste Bernadotte.

Fundamentado em Sóror Juana Inés de la Cruz: as armadilhas da fé, de Octávio Paz, o artigo Sóror Juana: a fênix mexicana, de Carlos Diego Moreno e Lourdes Jimenez Moreno, centraliza-se na vida de uma monja mexicana do século XVII que, pela sua persistência e luta, abriu caminho para outras mulheres ocuparem lugar no mundo do conhecimento.

Ambientada nos “anos dourados”, A felicidade infeliz de Maysa Matarazzo em tempos do American way of life, de Marcia Barros Valdívia, destaca a influência do modo americano de vida no Brasil, a necessidade do bem-estar expresso no consumismo de bens materiais, bem como pelo clima de angústia, desilusão e insegurança do pós-guerra. Em meio aos símbolos de maximização da felicidade, mascarava-se a tristeza de muitos indivíduos, entre eles, a da cantora Maysa Matarazzo e de outros cantores boêmios que, com suas experiências e canções, expressaram um modo particular de ser infeliz, carregado de requinte, glamour e beleza, elementos próprios à década de 1950.

A iconografia ex-votiva presente na obra da pintora mexicana Frida Kahlo, é a temática de Ana Helena da Silva Delfino Duarte, no artigo O imaginário ex-votivo na pintura de Frida Kahlo. Trata-se de uma análise comparativa de algumas pinturas de Frida Kahlo com pinturas ex-votivas mexicanas para salientar pontos de convergências e divergências no que diz respeito à motivação, à composição, aos elementos compositivos, à paleta cromática e ao tratamento pictórico.

O envolvimento das mulheres na emigração clandestina portuguesa e na sua organização é a temática central do artigo de Marta Silva. As mulheres na arte da emigração: motivações, estratégias e representações no êxodo clandestino português (1957-1974) desvenda o lugar da mulher no meio rural português e as imagens construídas em torno das engajadoras, passadoras e emigrantes.

A pesquisa Brasil colonial: as mulheres e o imaginário social de Letícia Ferreira da Silva, orientado por Maria Augusta de Castilho, analisa a cultura, o cotidiano e as relações de gênero vivenciado pelas mulheres no período colonial brasileiro.

Intitulado Maternidade e monstruosidade literária: Mary Shelley e o nascimento de Frankenstein, o recorte da pesquisa de Vitor da Matta Vívolo, orientado por Carla Reis Longhi, investiga a influência dos discursos científicos do século XIX e o surgimento do gênero literário de “ficção científica” na obra da escritora Mary Shelley.

A pesquisa de Monica Silva Dias, orientado por Lívia Cristina Aguiar Cotrim, Violência contra a mulher, ninguém mete a colher? Um estudo em área de manancial, trata da violência contra as mulheres e se inscreve em um projeto maior que objetiva promover o acesso à informação em saúde, relações de gênero, meio ambiente, cultura e noções de cidadania para o desenvolvimento social das comunidades.

São Paulo (SP), junho de 2014

Sênia Bastos

Editora Científica


BASTOS, Sênia. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n. 12, jan. / jun., 2014. Acessar publicação original [DR]

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Revoluções, cultura e política na América Latina / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2013

A Cordis: Revista Eletrônica de História Social da Cidade contempla em seu número 11 uma temática já bastante consolidada nos estudos acadêmicos no Brasil. Contudo, tal consolidação, fruto do trabalho de inúmeros pesquisadores no decorrer de décadas, não a torna menos atual e nem livre de debates acalorados, revisões e análises bastante inovadoras à sociedade. Referimo-nos aqui à temática Revoluções, cultura e política na América Latina.

Este número 11 da Cordis é composto por 12 trabalhos, sendo 9 artigos e 3 pesquisas. Dora Eloisa Bordegaray, no artigo intitulado Padre “Pichi” Meisegeier y la Villa 31. Una “opción por la fe y la justicia” entre dos dictaduras, problematiza “la acción de la Iglesia Católica con los pobres de la sociedad”, focalizando “la opción de sacerdotes y laicos en la década de las dictaduras militares de Onganía y Videla.” Camila Bueno Grejo, no texto Nuestra América: pensamento racial e construção da identidade nacional argentina, desenvolve “uma análise da obra Nuestra América. Ensayo de psicologia social, escrita em 1903 por Carlos Octavio Bunge”.

Genilder Gonçalves da Silva e Marcelo de Mello, em A Revolução de 1930 e o discurso da ruptura: Goiânia e a Marcha para o Oeste, concentram suas atenções para externar “a relação travada entre Goiânia e a Marcha para o Oeste”, ao passo que apresentam “elementos registrados no tempo e no espaço que possibilitam distingui-las, como produtos de processos históricos que se aproximam e se distanciam”. Marcos Antonio da Silva, no artigo denominado Revolução e política externa: os fundamentos e tensões da política externa de Cuba, analisa “a política externa cubana após a Revolução (1959) que conduziu ao poder os revolucionários liderados por Fidel Castro.”

Wanderlene Cardozo Ferreira Reis, no trabalho intitulado Duras memórias: resiliência e resistência feminina à repressão civil-militar no Brasil, que teve como base os “depoimentos de algumas mulheres que sobreviveram à repressão política Civil-Militar, no período de 1970 a 1974”, centra a sua análise em discutir “o papel da resiliência como um fenômeno psicológico”. Eduardo Scheidt, em “Revolução Bolivariana” nos discursos de Hugo Chávez, “analisa as representações de “Revolução Bolivariana” nos discursos do recentemente falecido presidente da Venezuela Hugo Chávez.”

Carlos Alexandre Barros Trubiliano e Márcia Pereira da Silva, no artigo Os Códigos de Posturas de Campo Grande (1905): questões de ordenamento e o controle do espaço social, externam como os Códigos de Posturas procuraram “disciplinar e racionalizar a ocupação do território” da cidade de Campo Grande, “buscando orientar as relações sociais entre os moradores e as relações deles com o espaço em que habitavam”.

Jussaramar da Silva, no trabalho denominado A ação das Assessorias Especiais de Segurança e Informações da Usina Binacional de Itaipu no contexto das atividades de cooperação extrajudiciais no Cone Sul, apresenta e analisa “a função que as Assessorias Especiais de Segurança e Informações (AESI’s), sediadas na Usina de Itaipu, cumpriram no imbricado sistema de troca de informações no Cone Sul num expediente que, a partir de 1975, foi denominado de Operação Condor.” Carmélia Aparecida Silva Miranda, em Comunidades quilombolas do Brasil: desafios e perspectivas, discute “a trajetória das lutas empreendidas pelos remanescentes das comunidades quilombolas do Brasil, considerando a incorporação do artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), da Constituição Federal de 1988, o Decreto 4887 / 2003, a convenção 169 / OIT e o Estatuto da Desigualdade Racial.”

O item Pesquisas, composto por trabalhos tão oportunos à reflexão do nosso presente quanto os artigos, é iniciado pelo escrito de Pedro Henrique Soares Santos e do seu orientador Thiago Tremonte de Lemos. Em Reflexões sobre uma epochal war: o Brasil e seus vizinhos platinos (1825-1870), os autores afirmam que “as relações entre Brasil e seus vizinhos da região platina não é algo novo: desde os tempos do Império o tema é revisto, discutido, reinterpretado. É a partir deste entendimento tentaremos explicar as guerras entre o Brasil e seus vizinhos.”

Assis Daniel Gomes e Jane Derarovele Semeão e Silva, que orientou a pesquisa intitulada A “Cidade do Progresso”: do transporte público aos dilemas com o abastecimento de água e luz em Juazeiro do Norte (1950-1980), analisam “os problemas urbanos que assolaram Juazeiro do Norte entre 1950 e 1980 e que foram denunciados por alguns jornais e discutidos nas Atas da Câmara Municipal de Juazeiro do Norte (ACMJN)”.

Por fim, Ana Cristina Feitoza e o seu orientador Marcelo Flório, em A educação como código de exclusão na cidade de Embu das Artes: as representações do educando na fase final do ensino fundamental, realizaram uma pesquisa com o intuito de “entender como funciona a mente do jovem contemporâneo, sua visão sobre a escola e seus educadores, o sistema de ensino e quais as propostas que o mesmo traz para adequar a educação às suas necessidades de forma a reinseri-lo de fato socialmente, colocando-o em condições justas e com oportunidades reais para uma vida digna e igualitária.”

Oferecemos agora aos leitores deste número da Cordis reflexões intensas e gratificantes tanto quanto é para nós a satisfação de disponibilizarmos este volume, dando visibilidade para os textos e não menos ao empenho dos autores em analisar questões e problematizar realidades das mais diversas. Todas versam sobre um ponto que é central: a América Latina, suas sociedades e culturas.

São Paulo (SP), dezembro de 2013

Yvone Dias Avelino

Nataniél Dal Moro

Editores Científicos


AVELINO, Yvone Dias; MORO, Nataniél Dal. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n. 11, jul. / dez., 2013. Acessar publicação original [DR]

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História e Literatura / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2013

A Cordis: Revista Eletrônica de História Social da Cidade apresenta em seu número 10, a temática História e Literatura, que conta com 10 artigos de pesquisadores de instituições universitárias brasileiras e internacionais. Estas produções científicas trazem à tona a literatura como objeto de estudo para o historiador, partindo de concepções da área História Cultural, de que as obras literárias são consideradas como produtos culturais e representações a serem decodificadas e descontruídas para os resgates de suas singularidades, propriedades determinadas, especificidades e intencionalidades subjacentes.

O historiador, por meio da literatura como documento histórico, a partir de questões vivenciadas em seu presente, retorna ao passado e lhe faz perguntas que lhe pareçam apropriadas no diálogo com esta fonte documental. As indagações do historiador denotam a própria subjetividade do pesquisador, que está emaranhado no tecido das tramas de seu objeto de estudo. O pesquisador ao “fazer história”, tece sua narrativa histórica, imbuído do olhar de suas práticas sociais, de suas experiências vividas e, a partir de uma relação dialógica com seus pressupostos teórico-metodológicos, deve estar sempre aberto para que estas concepções sejam modificadas no contato com a pesquisa empírica.

Os artigos do número 10 da Revista Cordis demonstram que, para que a literatura se constitua como fonte de estudo e interpretação histórica, é importante o entendimento de que, em cada discurso literário, há autores / autoras que apresentam determinados projetos e visões de mundo, e que traduzem a realidade a seu modo, deixando aflorar intermitentemente imaginação, medos, desejos, angústias, aspirações, paixões, emoções, possibilitando atribuir “vozes” a diferentes sujeitos sociais, inclusive os marginalizados e oprimidos da vida cotidiana.

Os textos literários contribuem para o desvendamento de representações da realidade e, como linguagens constitutivas do tecido social, apresentam homens e mulheres de diferentes tempos e lugares, bem como suas experiências, e podem transmitir os testemunhos históricos de tensões sociais da realidade vivida. Ao mesmo tempo, difundem, por meio de códigos culturais da narrativa literária, perfis sociais e sexuais e influenciam nas maneiras de pensar, na construção de valores, sentimentos e padrões de comportamentos de uma sociedade.

Nesta perspectiva, os documentos literários não são concebidos pelos artigos como instrumentos refletores de verdades acabadas ou que espelhem uma realidade objetiva. O trabalho dos historiadores com as tramas literárias, neste eixo temático da Revista Cordis, temática História e Literatura, permite resgatar como uma determinada sociedade se constrói historicamente no cotidiano e como colabora na edificação de práticas e projetos, bem como de valores culturais. De acordo com o estudioso Nicolau Sevcenko, em sua importante obra Literatura como missão, o corpus documental literário pode veicular, também, projetos vencidos e, nesse sentido, veiculam as histórias que não ocorreram, as possibilidades que não vingaram e os planos que não se concretizam historicamente.[1]

Os artigos desta temática demonstram também, por meio do diálogo com diversas fontes documentais literárias, que estas devem ser interrogadas pelo historiador, de modo a considerar os “ditos” e “não ditos” em suas práticas discursivas. Para que os discursos dos “não ditos” venham à tona, é importante interpretar o que está implícito nas entrelinhas do documento histórico. Desse modo, o objetivo é fazer aflorar o conteúdo latente dos silêncios presentes nos textos literários.

É importante ressaltar que os “ditos” e “não ditos” dos discursos literários não são neutros ou imparciais, à medida que, devidamente descontruídos pela explicação histórica, podem ser desfiados e desvelados pelo historiador – tal qual faz um detetive – que vai à busca de indícios, pistas e sinais de registros das expressões humanas e de seus significados culturais.

Os artigos dos historiadores Yvone Dias Avelino, denominado A construção de uma realidade: cidade, história e literatura, e de Ana Cristina Meneses de Sousa Brandim e Shara Jane Holanda Costa Adad, que tem como título Literatura e História: Manuel de Barros e Mia Couto como instrumentos poéticos para pensar o ofício do historiador, desenvolvem significativas reflexões sobre a literatura como fonte documental na oficina do historiador. Avelino desenvolve uma reflexão sobre as relações entre História e Literatura, ao enfatizar que a obra literária não deve ser concebida apenas como veículo de conteúdo, mas principalmente nos modos como a realidade é abordada, questionada e recriada. Já Brandim e Adad refletem sobre a literatura como instrumento para o ofício do historiador e como, por meio do estudo dos poetas Manoel de Barros e Mia Couto, a literatura possibilita uma reflexão sobre conceitos pertinentes ao universo do discurso histórico: real, imaginação, sentimento, arte e produção metafórica da linguagem.

Os textos acadêmicos – de Paulo Armando Cristelli Teixeira, intitulado Tolkien: uma voz dissonante em meio à modernidade inglesa; de Gabriela Fernandes de Siqueira, denominado O homem que pintava a cidade por meio das palavras: cenas urbanas natalenses construídas a partir das crônicas de Henrique Castriciano e de Fernanda Reis, que tem como título Expressões do moderno na cidade de Campo Grande no antigo Estado de Mato Grosso: a arte de Lídia Baís como fonte de pesquisa histórica – refletem sobre as representações urbanas veiculadas em obras literárias e demonstram como o estudo da literatura faz emergir os sentimentos e valores de sujeitos sociais que sentem a cidade, por meio de seus textos, de modo a registrar imagens sensoriais sobre o viver urbano.

Há também artigos que refletem sobre os poderes visíveis e invisíveis na vida cotidiana e na literatura, sobre as relações entre discursos literários, revolução, sexualidade e política, como também fazem análises interpretativas sobre as recepções de obras literárias. Estas são as preocupações problematizadas pelas pesquisadoras Graça Videira Lopes, no artigo Poderes visíveis e invisíveis na Sátira Medieval, Veronica Giordano na produção acadêmica Revolución, sexo y política en Brasil em los años setenta. Un análisis desde las notas sobre comida em la Revista Homem (Playboy) e pelo historiador Valdeci Rezende Borges, no artigo História e Literatura nas cartas de Franklin Távora a José Feliciano de Castilho sobre Iracema.

As abordagens, que entrecruzam o documento literário com a oralidade e com as imagens cinematográficas, apresentam instigantes reflexões de como a interpretação de obras literárias podem ser articuladas com outros suportes documentais. Os textos de Josi de Sousa Oliveira, Juliana Lopes Aragão, Laura Ribeiro da Silveira e Thiago Coelho Silveira, intitulado A arte do demônio? O cinema e os literatos em Teresina (PI) no início do século XX, e de José Edimar de Souza e Luciane Sgarbi Santos Grazziotin, denominado Um modo de ser professora primária: notas de trajetória docente de Telga Bohrer, demonstram que o entrecruzamento entre diversas tipologias documentais trilham o caminho da interdisciplinaridade, à medida que não têm como objetivo preencher lacunas do conhecimento histórico e, sim, resgatar o objeto de estudo para além das trincheiras e limites colocados pelas disciplinas acadêmicas.

Convidamos a todos a trilharem esta viagem pelos meandros poéticos e históricos das narrativas dos artigos do número 10 da Revista Cordis, que é o mesmo que traçar cartograficamente os registros dos mergulhos de pesquisadores e historiadores que, ao adentrarem a galáxia da literatura, se abrem para o estudo de caleidoscópios de interpretações e apontam para novas abordagens e desafios em torno das produções e narrativas históricas.

Nota

1. SEVCENKO, Nicolau. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na Primeira República. 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 1995.

São Paulo (SP), junho de 2013

Marcelo Flório

Nataniél Dal Moro

Editores Científicos


FLÓRIO, Marcelo; MORO, Nataniél Dal. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n. 10, jan. / jun., 2013. Acessar publicação original [DR]

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Cronistas, Escritores e Literatos / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2012

A Cordis: Revista Eletrônica de História Social da Cidade, que é uma publicação do Núcleo de Estudos de História Social da Cidade (NEHSC) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), sendo este vinculado ao Departamento de História e ao Programa de Estudos Pós-Graduados em História da Instituição, traz, no seu número 9, referente ao período de julho a dezembro de 2012, textos que abordam uma temática muito pertinente para o campo de estudo das Ciências Humanas e Sociais, em específico para a História e a historiografia escritas no Brasil, em particular as reflexões externadas a partir da década de 1980, tanto por historiadores de formação como por pesquisadores de outras áreas do saber. Qual seja o título deste número: Cronistas, Escritores e Literatos, que é composto por um conjunto de 11 produções. Integram também este número algumas merecidas homenagens à pessoa da saudosa Professora Maria Angélica Victoria Miguela Careaga Soler, cujas contribuições foram extremamente significativas à PUC-SP durante várias décadas de sua atuação humana e profissional nesta Instituição.

Na primeira parte, que homenageia a nossa querida Maria Angélica, temos 4 depoimentos, cada qual versando sobre alguns aspectos da vida e do modo de agir desta historiadora que marcou tão altivamente os caminhos de muitos de nós. No outro grupo, que aborda especificamente a temática Cronistas, Escritores e Literatos, há um conjunto de 11 produções científicas, sendo que este campo possui 9 artigos e 2 pesquisas que buscam, de formas muito particulares, problematizar determinadas atuações de alguns sujeitos, em diversas temporalidades e espaços, primando pelo trabalho com inúmeras fontes.

Iniciando o item Artigos, Elaine Pereira Rocha, por meio do escrito intitulado Estórias de indesejada sexualidade e de amor inimaginável: comparando romances no Brasil e África do Sul, realizou “um estudo sobre a construção das representações de raça e gênero em romances publicados no Brasil e na África do Sul na primeira metade do século XX”, discutindo “como questões relacionadas às políticas raciais e às práticas cotidianas de discriminação racial foram incorporadas e retratadas em romances, e como a sexualidade aparece racializada” em alguns escritos. Diego José Fernandes Freire, através do texto denominado Imagens da escrita, escrita das imagens: visualizações do engenho em Minha Formação (1900), ocupou-se da imagem que Joaquim Nabuco teceu, a partir de sua escrita do engenho Massangana, objetivando “analisar a representação visual da espacialidade banguê que se faz presente no livro Minha Formação.”

Eloísa Pereira Barroso, no escrito A alma encantadora das ruas do Rio de Janeiro, problematizou “as ideias que se constituem como matéria de linguagem da crônica de João do Rio”, sendo que o seu objetivo maior foi o de “extrair temas que aproximam o texto deste literato das grandes discussões da história cultural, na medida em que a vida urbana, além de tessitura literária, é tema de análise para as diversas questões que se colocam aos historiadores na modernidade.” Rafael Lima Alves de Souza, no artigo chamado Um e outro, nem um nem outro: Rio de Janeiro, tradição e modernismo na literatura de Marques Rebelo, problematizou e explorou “os limites da correlação entre tradição e modernidade na literatura de Marques Rebelo”, autor que, segundo ele, hoje é “pouco conhecido, mas que, por sua estreita relação com a cidade do Rio de Janeiro, foi considerado na década de 1930 por grande parcela dos críticos como legítimo representante de uma linha que remonta a Manoel Antonio de Almeida, passando por Machado de Assis e Lima Barreto.”

Fernanda Rodrigues Galve, em A dança no mar histórico das palavras poéticas: João Cabral de Melo Neto e Sophia de Mello Breynner Andresen (1933-1974), realizou “uma navegação no multiverso da vida e obra de João Cabral de Melo Neto e de Sophia de Mello Breynner Andresen, cujo ancoramento está na visibilidade do trabalho poético com a aproximação de seus significados e mediações no mar da história”, buscando “refletir como a capacidade da práxis artística comporta em si uma dimensão política e histórica.” Shirley Aparecida Gomide Cabral, no texto intitulado Uma cidade, dois olhares: Lisboa segundo Fernando Pessoa e José Saramago, “pelo viés da tradição das narrativas de viagem,” analisou “os diferentes olhares de dois autores consagrados da literatura portuguesa sobre a cidade de Lisboa.” Quais sejam: Fernando Pessoa e José Saramago. “Esses escritores, apesar de terem vivido em épocas e contextos diversos, escreveram obras que podem ser lidas como relatos de viajantes, tendo o amplo tema da viagem como força e motivação principal.”

As coautoras Larissa Silva Nascimento e Michelle Santos, no artigo denominado Imagens do Holocausto em Maus, de Art Spiegelman, e em Os emigrantes, de W. G. Sebald: o que os quadrinhos e a literatura nos ensinam sobre a realidade e a ficção, investigaram “a tradição imagética presente nas representações do Holocausto, procurando assinalar a problemática relação entre realidade e ficção nas obras Maus, escrita por Art Spiegelman, e Os emigrantes, de W. G. Sebald.” Márcia Maria de Medeiros, em A história da literatura e a compreensão dos meandros da sociedade inglesa da Baixa Idade Média, enfatizou que “Geofrey Chaucer é visto pelos intelectuais como um dos maiores escritores de língua inglesa de todos os tempos” e que “sua obra monumental, Os contos da Cantuária, externa a história de um grupo de peregrinos que vai de Londres até Cantuária visitar o túmulo de São Thomas Becket. No caminho, cada peregrino conta uma história, e no conjunto das mesmas desfilam muitos dos diferentes estilos literários da Idade Média, assim como no conjunto dos peregrinos, se retrata um cenário da sociedade inglesa do período em questão, a saber, os anos que compreendem os séculos XIV e XV.” Diante disso, a autora procurou destacar “um panorama da literatura inglesa até o aparecimento de Geoffrey Chaucer como expoente da mesma, retratando as principais características de sua obra maior e a articulação desta com o espaço histórico e social no qual o poeta estava contido.”

A última contribuição do item Artigos, de autoria de Vera Cecília Machline, chama-se A contribuição da narrativa The man in the Moone de Francis Godwin para cogitações seiscentistas sobre a Lua. Esse escrito reconstituiu “o contexto da narrativa de Francis Godwin, obra intitulada The man in the Moone, que estimulou novas cogitações seiscentistas sobre a Lua.” Conforme escreveu a autora, “essa obra foi originalmente publicada em 1638 e pertence a uma vertente literária de viagens imaginárias a orbes extraterrestres surgidas no início dos tempos modernos, que tem pontos em comum com o gênero inaugurado pela Utopia, cujo autor é Thomas More. Entretanto, a narrativa de Godwin influenciou especialmente outra linhagem da época, constituída por escritos cosmológicos argumentando que – tal como a Terra – a Lua e outros astros poderiam ser habitados.”

Finalizando esse número da Cordis, temos o item Pesquisas, no qual há dois escritos. Juliana Carneiro da Silva e sua orientadora de Iniciação Científica, Amnéris Ângela Maroni, no trabalho intitulado A literatura e o fora – perigosa (não-)relação: contestação, resistência e criação, dedicaram-se a analisar como a literatura, em particular por meio de romances ambientados sobretudo no Século das Luzes, transformaram a sociedade nas quais determinadas obras foram veiculadas. Maria Madalena Dib Mereb Greco e sua orientadora de graduação, Dolores Pereira Ribeiro Coutinho, no escrito chamado As mulheres e o discurso de submissão, ao trabalharem “com as relações entre homens e mulheres no século XIX e como s e construiu o conceito de família,” procuraram “recuperar as vozes ocultas, sobretudo das mulheres” que integravam o território do então sul da Província de Mato Grosso, utilizando-se, para tal, de “acordos e das convenções realizadas através de contratos de casamento, testamentos, destinação de dotes, contratos de arras e outros acertos cartoriais.”

A partir desse número, visando registrar academicamente e, não obstante, também notabilizar o trabalho realizado pelos pareceristas da Cordis, divulgamos especificamente a relação daqueles que, ao serem solicitados, enviaram-nos os seus pareceres a respeito da temática Cronistas, Escritores e Literatos. Somos gratos pelo empenho de todos os que prontamente colaboraram nesta empreitada. Temos ciência de que expressiva parte do que a Cordis representa, sendo um indicativo desta realidade a primeira “nota” obtida por este Periódico na mais recente avaliação realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), cuja divulgação ocorreu no primeiro semestre de 2012, na qual recebemos a classificação B3 para a área de História, deve- -se ao vosso inquestionável empenho. Dito isso, desejamos, agora, ótimas leituras e esperamos que individualmente e, mais ainda, no conjunto, este número da Cordis seja de grande valia à sociedade.

São Paulo (SP), dezembro de 2012

Marcelo Flório

Nataniél Dal Moro

Editores Científicos


FLÓRIO, Marcelo; MORO, Nataniél Dal. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n. 9, p. 1-5, jul. / dez., 2012. Acessar publicação original [DR]

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Comunicação, Modernidade e Arquitetura / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2012

Esta obra é mais do que um simples panorama de estudos com a temática Comunicação, Modernidade e Arquitetura que integra o número 8, jan. / jun. de 2012, da Cordis: Revista Eletrônica de História Social da Cidade. Trata-se de um demonstrativo da situação da História e da historiografia contemporâneas, tal como vem sendo feita por estudiosos advindos de diversos horizontes e que partilham um mesmo espírito de amor à pesquisa. Dela emana um ponto de partida que conduz, lado a lado, com a estruturação clássica do século XIX às inovações pertinentes à exploração das novas trilhas da história.

De fato, a História não está alheia às profundas mudanças que ocorrem em outras Ciências. Como dizia Jacques Le Goff, são os novos problemas e as novas abordagens que inovam e enriquecem os setores tradicionais da História.

Admitimos de sua leitura que, a partir da escolha de um objeto de estudo já se supõe uma interpretação interior e anterior, gerada pelo nosso interesse do presente. Observamos, assim, que não lidamos com dados puros, mas com uma fragmentação da nossa maneira de ver o universo. Sabemos também que a linguagem em que assinalamos e apontamos um dado será a própria linguagem com que o interpretaremos. Isso nos encaminha ao reconhecimento de que, desde o anseio de saber e de encontrar as formas de apreendê-lo, a nossa intenção de pesquisa reparte-se em duas direções diversas.

A primeira delas está ligada ao real, ao apreender o objeto, ao conhecimento e aos limites e definições do campo investigativo e do que desejamos explorar. A segunda delas revela o nosso tipo de resposta ligado à nossa contribuição, com base nos instrumentos e nos procedimentos a que recorremos para atingir os nossos fins.

Como fonte dessa escolha, cada autor endossa os meios de exploração próprios ao objeto de estudo escolhido. O estilo de cada um desses trabalhos, o seu discurso e os seus objetivos, resultaram na relação entre a sua própria identidade com a pesquisa, suas fontes escolhidas, e a força de vontade para a sua execução. Isso gera, como consequência, um fortalecimento de resultados refletidos no prazer dos resultados, frutos da exploração e da descoberta. Cada um deles, ao reler o produto de suas análises e reflexões pode voltar ao seu plano original, e mesmo sentir o aflorar de novas questões e incertezas. É que as investigações feitas por eles, despertam a curiosidade do historiador em cada um, deixando transparecer, no trabalho concluído, um passado discernível, seus esboços, modelos e versões precedentes até a versão final.

Nas leituras escolhidas para esses escritos, observa-se, ainda, a proximidade da palavra que lemos e, um conjunto de palavras que são precisas, e nos falam do que desejamos conhecer. Os artigos, num total de quinze, se mantêm em seus domínios próprios de interesse, mas em seu conjunto, testemunham o esforço feito pela manutenção da unidade temática.

Fabio Ares, no artigo intitulado Barrio de Montserrat: territorio tipográfico (1780 y 1871), analisou aspectos da imprensa na Argentina, mais especificamente na cidade de Buenos Aires. Patrícia Vargas Lopes de Araújo e Thiago Henrique Mota Silva, por meio do texto denominado Rústicos e civilizados: representações da sociedade, do espaço e do homem mineiro, problematizaram os escritos de José João Teixeira Coelho e de Diogo Pereira Ribeiro de Vasconcelos.

Luiz Aloysio Mattos Rangel, em Entre livros e televisão: ambiguidades históricas em Fahrenheit 451, tratou das indeterminações históricas a partir da análise da obra de ficção científica Fahrenheit 451, do escritor norte-americano Ray Bradbury. Manuel Coelho Albuquerque, no escrito chamado História, arte e atitude educativa: tensões étnicas e políticas, preocupou-se com as concepções tradicionais a respeito dos indígenas e em como as artes, em geral, podem se alimentar de falsas concepções, como a inevitabilidade do desaparecimento desse povo.

Zélia Jesus de Lima, em Arte de rua na cidade de Salvador (BA): a imagem do negro articulada com a mídia, analisou o papel desempenhado pelos elementos visuais, operando no discurso da arte, focalizando pormenorizadamente a presença do negro baiano nos campos religioso e cultural. Leandro Patricio Silva, no artigo Conflitos entre o Leão e a Baiana em torno da sombrinha: o frevo duplicado e a afirmação da pernambucanidade (1979-1986), discutiu a afirmação da identidade pernambucana na primeira metade da década de 1980 por meio dos conflitos gerados no campo discursivo de Pernambuco em face da apropriação do frevo pelos baianos.

Jucélia Bispo dos Santos, através do escrito intitulado Espaços públicos e construção de discursos: o Pelourinho como expressão da baianidade, ateve-se em analisar alguns discursos que estiveram presentes no processo de restauração deste espaço citadino, ocorrido entre 1992-1993. Bárbara Maria Caldeira e Vanessa Ribeiro Simon Cavalcanti, coautoras do artigo História e Fotografia: do protótipo daguerreótipo ao papel de fonte visual no planejamento didático, problematizam a relação entre História e a Fotografia com o objetivo de discutir a importância da imagem como documento e fonte histórica representante do século XX e, portanto, facilitador do processo ensino-aprendizagem na construção e na identificação dos alunos como sujeitos históricos e culturais.

Elizangela Patrícia Moreira da Costa e Vanessa Fabíola Silva de Faria, no escrito intitulado Atitudes linguísticas de migrantes sulistas em Mato Grosso: um estudo em Sinop, verificaram as tendências nas atitudes linguísticas que migrantes sulistas manifestam em relação às variedades linguísticas mato-grossenses, e, ainda, se o falar sinopense apresenta características consideradas típicas do falar mato-grossense. George Araújo, no trabalho denominado Transformações urbanas, migração, imigração e “questão social” em Montevidéu entre fins do século XIX e começos do século XX, relacionou as transformações urbanas, a migração interna, a imigração e a questão social desta cidade, articulando-as com a história do movimento operário latino-americano em Montevidéu entre fins do século XIX e começos do século XX.

Maiara Juliana Gonçalves da Silva, no texto Natal sob o olhar do O Olofote: cenas urbanas na cidade em 1919, analisou as imagens textuais produzidas a respeito das cenas urbanas veiculadas no jornal literário-humorístico O Olofote. Cinthya Luarte Magdaleno, no artigo denominado Privatizar para modernizar: la dinámica agraria en la ciudad de México (1950-2010), mostrou como durante a urbanização e a modernização da cidade do México iniciou-se um processo paralelo de privatização das terras comunais.

Geraldo Barbosa Neto, em A história contada com pedra, areia e imagens: a representação do descobrimento português no litoral potiguar e o monumento do padrão de posse conservado na Fortaleza dos Reis Magos, em Natal (RN), intentou mostrar, por meio de uma análise do vestígio material de um padrão de pedra português e da construção de um cenário histórico para contextualizá-lo, como se criou uma representação do descobrimento do litoral potiguar. Almir Félix Batista de Oliveira, no trabalho intitulado O que se preservou em João Pessoa ou de quando a arte e a arquitetura definem o patrimônio cultural de uma cidade, ateve-se em mostrar como a arte e as formas arquitetônicas foram essenciais para a formatação do patrimônio preservado na cidade de João Pessoa, que é a capital do Estado da Paraíba.

E, finalizando o item Artigos, Henry Albert Yukio Nakashima, em estudo chamado Mesquita: entre a arte e o divino, analisou a relação das artes com as mesquitas, focalizando em especial a cidade de São Paulo, mais particularmente o caso da primeira mesquita a ser inaugurada na América Latina, que data do final da década de 1920 nesta urbe.

Já no item Pesquisas, há dois escritos. Paulo Victor Albertoni Lisboa e a sua orientadora de Iniciação Científica, Amnéris Maroni, no texto chamado O pensamento selvagem e a psicologia infantil: uma crítica à tradição ocidental, detiveram-se em analisar alguns elementos que acusam a fertilidade do diálogo especificamente no tratamento do pensamento selvagem e da psicologia infantil dos autores Claude Lévi-Strauss e Maurice Merleau-Ponty. Por fim, Priscilla Perrud Silva e a sua orientadora de graduação, Zueleide Casagrande de Paula, em A antiga estação ferroviária de Londrina (1946-1950): linguagem arquitetônica do Ecletismo, empreenderam ações para estudar as linguagens arquitetônicas mescladas em meio à plasticidade da Arquitetura Eclética que constitui o edifício que atualmente abriga o Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss.

Para concluir, acredito que, mesmo para quem queira pensar em termos de estruturas mais profundas, bem além dos efeitos que cercam toda a matéria verbal, aqui apreendida neste número da Revista Cordis, não se poderá deixar de verificar, sob qualquer pretexto, os momentos mais fortes de intensidade e evidência aqui dispostos com tanta integridade, anunciando a beleza da heterogeneidade dos escritos.

Fortaleza- CE, junho de 2012

Luciara Silveira de Aragão e Frota

Conselho Editorial


FROTA, Luciara Silveira de Aragão e. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n. 8, jan. / jun., 2012. Acessar publicação original [DR]

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História, Corpo e Saúde / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2011

Cordis é uma palavra de origem latina que significa coração. Muitas palavras em nossa língua derivam de cordis, como: concordar, discordar, recordar, decorar, etc. A palavra cordial também deriva de cordis. Foi com a intenção de homenagear o “Homem Cordial”, descrito pelo historiador Sérgio Buarque de Holanda, que, em 2008, o Núcleo de Estudos de História Social da Cidade (NEHSC) batizou, de Cordis, a Revista Eletrônica de História Social da Cidade. Feliz escolha! Em sua sétima edição, a referida revista traz a temática História, Corpo e Saúde. Este título está ligado à palavra cordis em muitos sentidos: História, recordar, cordis; Corpo, saúde, coração, cordis.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), “saúde não é apenas a ausência de doença, mas um estado de completo bem-estar físico, mental e social.” Esta definição possui, portanto, implicações legais, sociais e econômicas. A percepção de saúde muda com o tempo e varia entre as diferentes culturas, assim como as crenças sobre o que traz ou retira a saúde.

A presente edição da Revista Cordis aborda, em onze artigos, uma nota de pesquisa e uma resenha, aspectos históricos ligados ao corpo e à saúde física e mental, da pré-história aos dias atuais.

Duas pestes, a bubônica, medieval, e a AIDS, atual, são tratadas em diferentes ângulos. A peste bubônica, mais conhecida como a Peste Negra, que assolou a Europa na Baixa Idade Média, dizimando mais de 50 milhões de pessoas, é analisada na cidade de Campina Grande, em 1912. A AIDS, peste moderna, que já afetou 37,8 milhões de pessoas em todo o mundo e ceifou 20 milhões delas, é abordada através de uma polêmica que ocorreu, entre 1986 e 1998, nos meios médicos e científicos, sobre um dos aspectos de sua transmissão.

Corpos evidenciados em cenas rupestres em São Raimundo Nonato, no Piauí, dialogam com os corpos do mundo de ontem e de hoje. O corpo feminino e suas representações sociais na contemporaneidade, com novas linguagens, e as influências da mídia também é contemplado.

A criança é vista de várias maneiras: em uma perspectiva histórica, a educação e o cuidado com crianças pequenas são estudadas nas políticas públicas, mostrando que quase sempre são confundidas.

A eugenia, movimento científico e social que surgiu no final do século XIX na busca de uma “raça pura”, não foi um movimento homogêneo no mundo, mas apresentou várias facetas, como nos mostra um dos artigos. No Brasil, a eugenia esteve presente nos discursos médicos, no Paraná. Na capital alencarina, a eugenia influenciou o modo de vida e de diversão das pessoas.

A violência contra crianças e suas consequências psicológicas, gerando o medo, com mudanças na atuação das instituições sociais para combatê-la, foi fruto de estudos e pesquisas.

Segundo a psicologia, a loucura é uma condição patológica da mente humana, que apresenta pensamentos considerados “anormais” pela sociedade. O problema da loucura na historiografia do século XX, com a visão de segregação das pessoas consideradas insanas, pelas autoridades administrativas, médicas e policiais, também é abordado.

O uso político, por meio da imprensa paraense, entre 1897 e 1909, de questões ligadas a falta de alimentos de primeira necessidade, e problemas ligados a falta de saúde na cidade de Campinas, entre os anos de 1929 e 1945, são aqui retratados.

Tudo isso, e muito mais, o leitor encontrará neste número da Revista Cordis.

Boa leitura!

Fortaleza- CE, dezembro de 2011

Ana Margarida Furtado Arruda Rosemberg

Conselho Editorial


ROSEMBERG, Ana Margarida Furtado Arruda. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n. 7, jul. / dez., 2011. Acessar publicação original [DR]

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História, Arte e Cidades / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2011

O número 6 da Revista Cordis: Revista de História Social da Cidade, tem como tema as relações entre História, Arte e Cidades. Os artigos da presente publicação visam registrar a historicidade de diversas experiências artísticas erigidas nas cidades, em que as vivências humanas são recuperadas a partir de estudos na área da cultura. E é por meio de textos, que dialogam com diferentes vertentes da Nova História Cultural, que é dada visibilidade aos símbolos, valores e comportamentos criados / recriados pelos sujeitos sociais em suas tramas na cidade. Nessa perspectiva, os escritos desatam alguns dos fios das tessituras sociais e expressam uma preocupação em incorporar homens e mulheres de múltiplas temporalidades nas cidades, deixando fluir suas sociabilidades, subjetividades, modos de vida, valores e sentimentos que são engendrados no conflituoso e tenso cotidiano da realidade social.

Os textos estão consubstanciados na noção de que documento é tudo o que registra a ação e a experiência humana. Essas reflexões apontam que os ecos das vozes dos sujeitos sociais emergem a partir de olhares, de interpretações históricas atentas às práticas presentes no cotidiano comum e que não estejam contempladas apenas em documentos textuais de arquivos oficiais. Dentro dessa dimensão de análise, os artigos estão coadunados com o que foi enfatizado pelo historiador francês Lucien Febvre, da “Escola dos Annales”, ao afirmar que todo documento ao exprimir o homem, seus gostos e sua maneira de ser é objeto da História.

O eixo temático História, Arte e Cidades parte do pressuposto teórico-metodológico de que a linguagem artística na cidade é fruto da ação de diferentes grupos sociais e que a cada dia inventam / reinventam suas cidades ideais e singulares. Os habitantes das cidades deixam cravadas as marcas de suas passagens no tempo-espaço, enquanto lugares de memória. Seguindo essa linha de raciocínio, os textos expressam o viver urbano por meio de uma diversidade de fontes documentais: literatura, escultura, biografia e logradouros públicos.

As pesquisas que se debruçam sobre a literatura como documento histórico apresentam análises que interrogam as representações produzidas por escritos sobre a sociedade em questão, de modo a apreender o imaginário dos autores e suas implicações político- -ideológicas. É o caso dos textos de “Sessão das Moças: sociabilidades por escrito”, de Alexandre Sardá Vieira; “Habitar o tempo: entre Recife, Barcelona e Sevilha de João Cabral de Melo Neto (1947- 1959)”, de Fernanda Rodrigues Galve e “Relações de gênero e situações de violência no romance O Cortiço, de Aloísio de Azevedo”, de Tânia Regina Zimmermann.

As narrativas que debatem as identidades dos sujeitos históricos e as relações entre história e memória são elaboradas pelos artigos: “O monumento e a cidade. A obra de Brecheret na dinâmica urbana”, de Irene Barbosa de Moura; “Como um canteiro de linguagens e identidades, de história e de arte do Cemitério Municipal São José, Ponta Grossa (PR)”, de Maristela Carneiro; “Praça Willie Davis – Londrina (PR): espaço como memória”, de Lorraine Oliveira Nunez e “Espaço urbano, supermercado de rede: aproximação e distanciamento”, de Desirée Blum Menezes Torres.

A abordagem que entrecruza História, arte e biografia é a de Eugênia Desirée Frota, no artigo “Linguagem e coerência na obra de Pasolini”, em que apresenta as bases político-sociais da obra poética, crítica e contundente, de Pasolini. E, há também o texto “A dança na Ribalta: o Cuballet em Goiânia (1995-2000)”, de Rejane Bonomi Schifino, que investiga as relações entre dança e cidade, a partir de uma perspectiva histórica.

Completam este número, os tópicos: entrevista, resenhas e pesquisas de graduação, que apresentam reflexões inseridas nos novos rumos da escrita historiográfica sobre a cidade.

São Paulo- SP, junho de 2011.

Yvone Dias Avelino (PUC-SP)

Marcelo Flório (Universidade Anhembi Morumbi)

Os Editores


AVELINO, Yvone Dias; FLÓRIO, Marcelo. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n. 6, jan. / jun., 2011. Acessar publicação original [DR]

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Irmã Leda / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2010

Dossiê é uma palavra de origem francesa que significa documento, documentação, ou relatório, sobre algo ou alguém. Nesta breve apresentação da Revista Cordis n. 5, jul. / dez. 2010, os nossos olhares se dirigem a uma pessoa importante nesta Instituição de Ensino Superior que é a PUC-SP: a Irmã Leda Maria Pereira Rodrigues, falecida em junho de 2010.

Foi ela a idealizadora e fundadora do Curso de Estudos Pós-Graduados em História, ainda nos anos 70. O presente dossiê é pequeno em relação ao muito que tal historiadora e freira da Congregação Agostiniana significou em vida.

Muitos desejaram escrever, poucos se atreveram, pois falar dela não é fácil. Figura dialética, que sabia ser doce e severa ao mesmo tempo, deixou saudades, exemplos e boas lembranças àqueles que com ela conviveram.

Seu falecimento foi deveras sentido, tanto no âmbito acadêmico, religioso e pessoal. Sua figura dinâmica e de vanguarda estará sempre guiando este Programa de Pós-Graduação, esta Universidade e sua Congregação.

O presente Dossiê traz uma resenha escrita pela Professora Doutora Vanessa Ribeiro Simon Cavalcanti – Conexões Históricas para Além de Uma Geografia Paulista: Educação, Gênero e Instituições –, onde analisa a Tese de Doutorado de Irmã Leda – A Instrução Feminina em São Paulo: Subsídios para uma História até a Proclamação da República.

Seus orientandos se fazem representar pelo Professor Doutor Marcelo Flório e pela Professora Doutora Maria de Lourdes Eleutério, em seus respectivos textos Aprendizagem com Afeto e Homenagem à Irmã Leda Maria Pereira Rodrigues.

O Professor Doutor Roberto Coelho Barreiro Filho foi seu amigo e companheiro de trabalho na Fundação São Paulo, mantenedora da PUC-SP, e narra sua convivência com Irmã Leda no texto Irmã Leda: Um Personagem Histórico.

Suas colegas de trabalho no Programa de Estudos Pós-Graduados em História se fazem representar pelas Professoras Doutoras Estefânia Knotz Canguçu Fraga, Luciara Silveira de Aragão e Frota e Yvone Dias Avelino, respectivamente com os textos Homenagem à Irmã Leda, A Irmã Leda que Eu Conheci e Três Personagens em Uma Só: Mulher, Religiosa e Educadora – Irmã Leda Maria Pereira Rodrigues, onde relatam convivências, agradecimentos, vidas e histórias.

A Congregação das Irmãs Agostinianas também se manifestou, trazendo um olhar religioso nas qualidades de nossa homenageada, no texto Irmã Leda Pereira Rodrigues.

O Centro de Ex-Alunos da PUC-SP, órgão criado também por nossa homenageada, deixa aqui um tributo de saudades através da figura de Regina Oliveira, atual Coordenadora do Centro (http: / / www.pucsp.br / ex-alunos / saudades_irma_leda.html): “Neste momento de saudade, na união de nossas preces, nós do Centro de Ex-Alunos da PUC-SP, queremos prestar uma homenagem à querida irmã Leda, responsável pela criação de uma política de relacionamento diferenciada entre a PUC e seus ex-alunos. […] Estamos aqui, com irmã Leda para juntos a homenagearmos, unidos num sentimento de amor maior que une todas nossas memórias, toda nossa saudade em um só coração, em um só sentimento, no universo com Deus. Lembrando uma de suas máximas favoritas: ‘Concedei-me, Senhor, que eu em ti e tu em mim, possamos sempre permanecer assim […]’.”

Será sempre lembrada e jamais esquecida, como podemos observar nas homenagens aqui prestadas pelos que tiveram a honra de conviver com tão expressiva e singular pessoa.

São Paulo- SP, dezembro de

Yvone Dias Avelino – Professora Doutora

Marcelo Flório – Professor Doutor

Editores Científicos


AVELINO, Yvone Dias; FLÓRIO, Marcelo. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n. 5, jul. / dez., 2010. Acessar publicação original [DR]

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Séries Urbanas: conflito e memória / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2009-2010

O II Encontro Transdisciplinar de História e Comunicação: Séries Urbanas: conflito e memória foi promovido pelo Grupo de Pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem e pelo Núcleo de Estudos de História Social da Cidade (NEHSC), na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) entre os dias 3 e 4 de dezembro de 2009, e teve como tema central a problemática urbana e as implicações dela decorrentes, agravadas, transformadas ou apenas parcialmente alteradas em sua constituição objetiva e simbólica. Justamente por isso da pertinência do subtítulo do encontro: Séries Urbanas: conflito e memória.

Ao eleger como tema Séries Urbanas: conflito e memória buscou-se estabelecer diálogos não somente com pesquisas feitas nas disciplinas da Comunicação e Semiótica e da História, mas também com outras áreas e saberes que se empenham em tensionar criticamente as especificidades, particularidades e permanências históricas, sociais e midiáticas de um mundo tão múltiplo em certos aspectos e restrito em outros. Não resta dúvida de que as indagações acerca do mundo urbano-citadino e das relações com a memória, o corpo, a mídia e a cultura barroca e mestiça são amplas e devem receber uma atenção toda especial da academia, tal como já o fazem, há várias décadas, os integrantes do NEHSC e do Grupo de Pesquisa Comunicação e Cultura.

Este II Encontro buscou pensar os projetos e as práticas de diversos sujeitos históricos por meio de distintas concepções e análises. Por vezes, esta política acadêmica pode até ser considerada incompatível com os ofícios das áreas em pauta. Todavia, a afirmação não se sustenta. Basta voltarmos o olhar para o passado: quantos e quantos assuntos eram deixados de lado pelo fato de algumas pessoas afirmarem que “não era possível” estabelecer este ou aquele diálogo com esta ou aquela disciplina.

De forma mais pontual, o II Encontro visou também tornar públicas, mais ainda, as pesquisas feitas pelos professores e alunos dos Programas de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica e do de História da PUC-SP. São trabalhos originários de reflexões desenvolvidas sobretudo em cursos de mestrado e de doutorado, alguns já finalizados e outros em fase de conclusão. De um total de 41 trabalhos / resumos aprovados inicialmente para apresentação oral (mais 2 palestras e 1 peça de teatro), 24 estão agora no formato de artigo e compõem um número especial da Revista Cordis.

Ótimas leituras!!!

São Paulo- SP, junho de 2010

Jurema Mascarenhas Paes

Nataniél Dal Moro

Editores assistentes


PAES, Jurema Mascarenhas; MORO, Nataniél Dal. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n. 3-4, jul., 2009 / jun., 2010. Acessar publicação original [DR]

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Cidades: Processos Migratórios e Imigratórios / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2009

Cidades: Processos Migratórios e Imigratórios é o título central da temática do segundo número da Revista Cordis. Os escritos que integram a presente publicação visam divulgar socialmente alguns estudos que se interessam pelas muitas faces e fases experienciadas pelos sujeitos que, em algum momento, partiram de um território para outro ou se depararam com a presença de sujeitos de outras plagas em “seus” territórios.

As cidades brasileiras, nos séculos XIX e XX, em especial neste último, foram constituídas sobremaneira por meio das colaborações de migrantes e imigrantes. Alguns vieram de outros continentes, como os portugueses; outros, como os indígenas, fizeram migrações “dentro” de um mesmo território. Esse processo quase sempre tem razões históricas e motivações pontuais de ordem econômica ou política, mas inegavelmente a primeira é superior a segunda.

Situação semelhante ocorreu e ainda ocorre em urbes de outras partes do globo. Seja por causa de questões políticas, culturais, científicas, interesses econômicos, sociais ou culturais, o fluxo de sujeitos de um território para outro, ou por vezes outros, é um fator decisivo na alteração e mesmo transformação das realidades citadinas e também rurais. Quase toda a humanidade é, em algum sentido, – ou já foi – migrante.

Os textos que integram a Revista Cordis contemplam diversas formas de migração, imigração e inclusive emigração. As abordagens também não são estanques: há enfoques que utilizam análises antropológicas, outros históricas. Alguns se aproximam e dialogam criticamente com as interpretações que a Sociologia e a Política vêem desenvolvendo nas últimas décadas. A Lingüística também tem contribuído de modo fundamental para problematizar antigas indagações, tensionando fontes e documentos antes tidos como “neutros” ou culturalmente positivos.

As reflexões propostas pelos autores indicam que os indivíduos vindos de outras plagas, neste caso os imigrantes, sobretudo os europeus, trouxeram para o Brasil concepções políticas que se confrontaram com as leis e os valores da sociedade dominante; a presença destas pessoas alterou qualitativa e quantitativamente o cotidiano das cidades, imprimindo costumes e práticas antes inexistentes ou não efetivados pela comunidade em que se instalaram, seja amistosa ou forçosamente. A fixação destas pessoas proporcionou a viabilização de algumas tecnologias e a perenidade de certos trabalhos no espaço citadino.

A reterritorialização, com a chegada de outras pessoas, foi inevitável. Criaram-se fronteiras e desfizeram-se parte das existentes. Na cidade de São Paulo, determinadas regiões passaram a ter “bairros étnicos”, se bem que na realidade não o eram de todo. Construiu-se a imagem de que havia “bairro de italianos”, “bairro de japoneses”, “bairro de portugueses”, dentre outros.

Os migrantes e imigrantes ajudaram a modernizar a cidade, embora nem sempre tenham usufruído materialmente desta modernização física. Passaram por privações e chegaram a ser criminalizados em razão da origem, do credo, da língua e do trabalho que realizavam, sendo explorados não somente pela elite nacional, que os via mais como mão-de-obra – seriam escravos mais civilizados –, mas também pelos próprios conterrâneos.

Finalmente, esperamos, com a divulgação virtual destes textos, mostrar os processos migração e imigração como realidades variadas dentro da urbe, cada qual portadora de cotidianos distintos. Essa realidade, porém, sempre foi materializada por pessoas concretas que, em contato com outros sujeitos, igualmente concretos, humanos, fez surgir conflitos, tensões, rupturas, confrontos entre sujeitos que buscavam, ao seu modo, construírem – o mais adequado é reconstruírem – as suas próprias histórias, forjar suas vidas diante de realidades já constituídas.

São Paulo- SP, junho de 2009

Nataniél Dal Moro

Editor assistente


MORO, Nataniél Dal. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n. 2, jan. / jun., 2009. Acessar publicação original [DR]

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Deslocamentos humanos. Cidades – Memórias / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2018

 

[Deslocamentos humanos. Cidades e memórias]. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n. 21 jul. / dez., 2008. Acessar dossiê [DR]

 

Cidade e Linguagens / Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade / 2008

A Revista Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade – é resultado do esforço e dedicação dos integrantes do Núcleo de Estudos de História Social da Cidade (NEHSC), da PUC-SP. No decurso desses mais de 15 anos, o desejo de criar uma revista sempre esteve presente nas nossas discussões. Apenas agora vem a público este primeiro número, neste ano de 2008, onde grandes acontecimentos ocorreram nesta Universidade, nesta cidade, neste país e no mundo.

Como intelectuais que somos, e como historiadores que praticam a ciência do homem, não poderíamos deixar de recuperar algumas questões tão significativas dentro deste número “Cidade e Linguagens”. Gostaríamos de contemplar mais estudiosos desta temática, mas não deixaremos de fazê-lo nos períodos subseqüentes a esta primeira publicação.

A Universidade é o universo da diversidade e, para isso, a nossa proposta acompanha os ditames intelectuais desta prática. O NEHSC homenageia o Homem Cordial já apontado por Sérgio Buarque de Hollanda, além do percurso dos modernistas, que revolucionaram a cultura, caindo no movimento antropofágico, onde a Cidade e suas linguagens praticam a antropofagia social no cotidiano, particularmente na cidade de São Paulo, onde o humano se transformou no desumano, e onde as práticas éticas às vezes extrapolam os sentidos positivos que deveriam se manter.

Os artigos da temática “Cidade e Linguagens” enfocam os passos humanos na construção da cidade e buscam recuperar as singularidades inúmeras de suas caminhadas, como ressalta Michel de Certeau. Nessa perspectiva, os passos humanos constroem espaços, temporalidades e tecem os lugares, onde a metricidade dos sujeitos sociais produz a existência da cidade.

O NEHSC não se fecha na cidade de São Paulo, mas se amplia da Cidade Clássica à Contemporaneidade, onde seus integrantes têm dado contribuições excelentes para a Historiografia Contemporânea com seus trabalhos publicados, suas falas em palestras, e suas aulas metodicamente elaboradas, seja em São Paulo, Salvador, Fortaleza ou Burgos, onde temos desdobramentos e relações acadêmicas.

Os editores científicos e os conselhos editorial e consultivo se sentem honrados e felizes em apresentar neste número 1 pesquisas híbridas de cursos, profissionais, graduandos, pós-graduandos, etc. A diversidade é a competência da Universidade, e aqui se faz concreta.

São Paulo- SP, dezembro de 2008

Yvone Dias Avelino

Marcelo Flório

Editores Científicos


AVELINO, Yvone Dias; FLÓRIO, Marcelo. Apresentação. Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade, São Paulo, n. 1, jul. / dez., 2008. Acessar publicação original [DR]

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Cordis | PUC-SP | 2008

Cordis 2 Cordis

Cordis – Revista Eletrônica de História Social da Cidade (São Paulo, 2008-), vinculada ao Programa de Estudos Pós-Graduados em História e ao Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), é uma revista acadêmica semestral e temática, disponibilizada de forma gratuita pela internet, que se propõe discutir a História e sua integração com os diversos ramos do conhecimento.

O periódico publica artigos, entrevistas, traduções, resenhas e pesquisas de graduação, em particular de assuntos das Ciências Humanas e Sociais.

Sua missão é publicar escritos que problematizem questões referentes à História e à historiografia, em especial a das cidades, primando por contribuir com os campos histórico e da cultura dos sujeitos analisados e, não obstante, também da sociedade em geral.

[Periodicidade anual].

[Acesso livre].

ISSN: 2176-4174

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