O novo conservadorismo brasileiro: de Reagan a Bolsonaro | Marina Basso Lacerda

Não é difícil entender por que o livro de Marina Basso Lacerda, O novo conservadorismo brasileiro, fruto de sua tese de doutorado no IESP/UERJ, foi finalista no Prêmio Jabuti 2020 na categoria de Ciências Sociais. O livro é bom. Bem distribuído, conciso e sóbrio. Mas, assim como qualquer obra, há alguns defeitos que abrem flancos para críticas. O mais complexo deles pautado no próprio conceito que permeia todo o livro: neoconservadorismo. É inegável que há uma nova configuração na política brasileira, cujo marco inicial pode ser pensado nas Jornadas de Julho de 2013. Não que o Bolsonarismo seja consequência direta das Jornadas, mas aquele momento pode ser pensado como a gênesis de um processo de ruptura e turbulências que foram gradualmente se intensificando a cada ano. Mas até que ponto essa direita, que sem dúvida ascendeu, pode ser entendida como uma nova direita? E, mais problemático, é possível utilizar apenas um conceito para englobar uma configuração tão heterogênea de grupos que vão de conservadores laicos a fundamentalistas religiosos? Leia Mais

O Novo Conservadorismo Brasileiro: de Reagan a Bolsonaro | Marina Basso Lacerda

Em outubro de 2018, um número considerável de jornalistas, cientistas políticos e historiadores ficou atônito diante do resultado das eleições no Brasil: o país havia elegido, pela primeira vez, um presidente da República de extrema-direita: Jair Messias Bolsonaro. Integrante do chamado “baixo clero” da Câmara dos Deputados – ala composta por políticos inexpressivos e com pequena capacidade de influenciar decisões importantes –, Bolsonaro notabilizara-se por pronunciamentos sobre temas, no mínimo, polêmicos, como os elogios à ditadura civil-militar e ao torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, a defesa de milícias e, mais recentemente, a popularização do que seria um “kit gay” a ser utilizado nas escolas de educação básica. Antes uma figura caricata, hoje ele foi alçado ao cargo mais importante do país.

Neste momento, portanto, o livro O novo conservadorismo brasileiro: de Reagan a Bolsonaro, de Marina Basso Lacerda, adquire uma relevância ainda maior. Mesmo que a obra tenha sido escrita durante uma parte considerável do período analisado, isso não parece ter sido um problema para a investigação com a qual a autora nos brinda. No livro – originalmente uma tese de doutorado em Ciência Política, desenvolvida na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) –, a advogada e analista legislativa da Câmara dos Deputados identifica o fenômeno com perspicácia e ilumina esse cenário ainda um tanto nebuloso. Em resumo, a autora nos ajuda a compreender as razões do recente crescimento neoconservador, que culminou com a eleição de Bolsonaro à Presidência. Leia Mais

Raízes do conservadorismo brasileiro: a abolição na imprensa e no imaginário social | Juremir Machado da Silva

Em linguagem ágil, narrativa vertiginosa, Juremir Machado da Silva, em 38 capítulos, leva o leitor às páginas de jornais que interpretavam os significados dados por autores de notícias acerca do dia da abolição definitiva da escravidão no Brasil, e também eventos variados que ajudariam a compreender o 13 de maio de 1888. Contudo, os capítulos, cuja organização não compreendi o sentido, falam de tudo um pouco em termos de notícias da defesa ou ataque ao regime escravista. Como o livro não tem uma hipótese a ser trabalhada, uma questão a ser respondida, então, o leitor se depara com um circuito aberto de idas e vindas a jornais do século XIX: notícias sobre escravidão e situações ocorridas em anos posteriores, como o golpe militar-empresarial de 1964, e a ditadura então instalada, constituem boa parte do estilo narrativo da obra. Comentários para lá de genéricos e senso comum completam o quadro, como o da abertura do capítulo dezesseis: Leia Mais