Cidades / Canoa do Tempo / 2007

Já sabemos todos que o tempo não pode ser detido em sua marcha inexorável na direção do que ainda não sabemos. Mas o tempo pode ser recuperado e uma das formas possíveis de se fazer isso é percorrê-lo ao inverso, pela memória, pela narrativa em suas diversas formas e, claro, pela escrita historiográfica.

A revista Canoa do Tempo nasce com este anseio de percorrer o tempo, e, às margens de um rio tão belo, profundo e misterioso quanto são os rios do passado. Nada mais natural, portanto, do que evocar, no início de nosso percurso, a imagem dos pequenos e aparentemente frágeis barcos tão caros aos nossos ribeirinhos.

A imagem de nossos pequenos barcos, cruzando os longos rios de nossa Amazônia não poderia mesmo ser mais evocativa de uma jornada que pretende ancorar em vários portos e deixar-se levar ao infinito, sem jamais, no entanto, esquecer o lugar de onde partiu. E, como no fim de todas as viagens, para vê-lo com novos e atentos olhos ao retornar.

Em sua primeira viagem, nossa canoa aportou nas cidades e, em suas múltiplas manifestações e formas de vida, defrontou-se com as áfricas imaginárias na belle époque paulistana, adentrou os igarapés setecentistas dos líderes indígenas da colônia e foi ainda mais longe em busca dos indivíduos medievais. E este foi apenas o início de sua viagem, esperemos, então, que muitas outras se sigam a esta.

Sínval Carlos Mello Gonçalves –  Coordenador do Programa de Pós-Graduação em História.

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