História Indígena / Ensino d(e) História Indígena e Educação Escolar Indígena Brasileira / História e Diversidade / 2018

Em tempos atuais, na sociedade brasileira, sinais de preconceito e intolerância contra Indígenas, Negros e LGBTs ganham visibilidade e reúnem novos adeptos e versões. Em vários momentos, ressoam em espaços de representações governamentais, midiáticos e até escolares, algumas expressões sobre um desses povos que achávamos ter vencido. Como por exemplo, “pra que tanta terra para índio”?, colocando em xeque lutas e conquistas históricas dos povos indígenas brasileiros.

A Revista História e Diversidade, por meio do Dossiê História Indígena / Ensino d(e) História Indígena e Educação Escolar Indígena Brasileira, apresenta no formato de artigos, estudos produzidos por pesquisadores / professores indígenas e não indígenas que buscam refletir sobre o processo histórico de contatos culturais, étnicos e políticos entre os povos indígenas e não indígenas ao longo da História do Brasil. E, ao mesmo tempo, analisar o resultado do pós-contato através da escolarização indígena, no qual saberes tradicionais e os novos conhecimentos científicos e tecnológicos produzidos por esses povos começam a fazer parte do currículo acadêmico e escolar, promovendo diálogos e práticas pedagógicas interculturais de protagonismo indígena.

Os artigos foram divididos em seções temáticas que compreendem: 1) História Indígena e seu ensino, considerando a história de contato interétnico e cultural, remanescentes de tempos coloniais e dias atuais com escritas indígenas e outros pesquisadores. 2) Educação Escolar Indígena, com ênfase nas experiências acadêmicas acerca da escolarização indígena.

Nos “Fragmentos da história dos índios Bororo nas terras de Mato Grosso”, Loiva Canova analisa a presença do povo Bororo na nova repartição administrativa de Portugal, em 1748, as minas do Mato Grosso e as do Cuiabá. Contextualizando, a formação da Capitania de Mato Grosso a partir do processo de expansão, conquista e colonização que resultou na apropriação de terras indígenas, num cenário de resistência e conflitos étnicos na colonização portuguesa em terras ao sul da América.

A história e cultura dos “Remanescentes indígenas no Planalto Serrano” é descrita por Suelen de Andrade e Nanci Alves da Rosa, da Universidade do Planalto Catarinense (UNIPLAC), que enfatizam a história indígena dos povos Xoclengs e Kaigangs, os quais, juntamente com os Guaranis, forjaram as primeiras comunidades humanas na Serra Catarinense. As autoras abordam ainda, o resultado do contato desses povos com os bugreiros, que promoveram a “limpeza” étnica em nome da expansão e modernização do Planalto Catarinense.

Ao estudar “O primeiro contato do povo Pandéérééj do Município de Aripuanã (MT): uma perspectiva indígena”, a professora indígena Beatriz Cinta Larga e a professora Regiane Custódio lançam luzes sobre o contato interétnico entre os Cinta Larga e os não indígenas, partindo, de testemunhos, dos anciãos Eduardo Kaban Cinta Larga e Capitão Cinta Larga, captados pela etnografia escrita por João Dal Poz Neto (1991) e Julie Cruikshank (2002).

O testemunho do Xavante Elidio TsõrõnéParidzané, com a coautoria da professora Marli A. de Almeida, na escrita do artigo “A desintrusão de Marãiwatsédé: narrativas indígenas de um retorno”, apresenta-nos a história de contato dos Xavante pelos não indígenas, na década de 60 do século XX, durante o regime militar. Ao acompanhar a entrevista de seu pai, Cacique Damião Paridzané ao Bispo emérito da Prelazia do Araguaia, Dom Pedro Casaldáliga, o indígena Elídio nos brinda com a história da desintrusão da Terra Indígena Marãiwatsédé, uma das vitórias na batalha dos povos Xavante para o retorno aos seus territórios tradicionais, em 2013.

Em “Casamentos interétnicos na aldeia Umutina: autorreconhecimento da identidade Umutina”, a professora Umutina Alessandra Corezomáe Boroponepá narra a história de contato desses indígenas com não indígenas durante a construção das linhas telegráficas pelo Marechal Cândido Mariano Rondon que nas primeiras décadas do século XX, oportunizou a “mistura” étnica entre Umutina, Bororo, Terena e Chiquitano através de casamentos interétnicos, na aldeia Umutina, em Barra do Bugres (MT). O estudo realizado pela autora ao entrevistar os anciãos, aponta para a agência indígena, quando constata que os grupos indígenas “misturados” pelo casamento interétnico resolveram se autorreconhecer como Umutina.

Os aspectos culturais dos indígenas Myky e o ensino d(e) história indígena em “Artefato cultural do povo Myky: machado de pedra” são apresentados pelo indígena Tupy Myky e pelo professor Carlos Edinei de Oliveira na pesquisa realizada na aldeia Japuíra, terra Indígena Menku, município de Brasnorte (MT) sobre a origem e uso do machado de pedra pelo povo Myky. Sobretudo pela importância patrimonial e cultural do machado de pedra para os indígenas que ao mesmo tempo os representa como símbolo cultural para a humanidade e também os auxilia no autorreconhecimento. Haja vista que ao entrevistar os anciãos, Tupy, conseguiu identificar traços culturais anteriores ao contato com o colonizador não indígena, viáveis para serem transformadas em narrativas didático-históricas de ensino d(e) história indígena.

A escrita “Cultura Indígena: batizado tradicional do menino Manoki” do professor indígena Claudionor Tamũxi Iranxe, da Escola Estadual Indígena Tapura, em Brasnorte (MT), em parceria com a professora Regiane Custódio apresenta-nos a possibilidade de conhecermos o batizado tradicional do menino Manoki como um procedimento cultural insubstituível para uma boa educação dos meninos, pois, marca o rito de passagem do menino para a adolescente, e consequentemente, para a idade adulta. O batizado tradicional é uma forma de educação dentro da cultura. Após seu acontecimento os meninos terão um aprendizado não apenas com os homens, mas se tornarão responsabilidade da família, e todo o grupo contribuirá com a sua formação.

O processo formativo de Educação Indígena desenvolvido no século XIX por religiosos é apresentado pela professora Verone Cristina da Silva em “Catequese, escola e militarismo: A missão dos capuchinhos na fronteira Brasil e Paraguai”. A autora analisa a catequese os indígenas Guaná pelos missionários capuchinhos na fronteira entre Brasil e Paraguai, com base no Decreto n. 426, ao longo do século XIX. Durante a investigação em documentos oficiais, o estudo apresenta agência indígena na escolarização dos Guaná como propositivo de catequese pelos colonizadores luso-brasileiros.

Em relação ao processo formativo educacional indígena, entre o final do século XX e início do século XXI, as autoras Iraci Aguiar Medeiros e Leda Gitahy analisaram a experiência da formação de professores indígenas realizada na Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT, a partir de 2001. De acordo com este estudo, a experiência do 3º Grau Indígena inaugurou no Brasil, a formação dos professores indígenas para atuarem em suas aldeias. Isto posto, verifica-se que a capacitação de professores indígenas contribui para conquistas de lutas antigas, como afirmação de identidades, demarcação de terras e Educação Escolar Indígena.

A confluência entre as conquistas indígenas no campo da Educação Escolar Indígena e o estudo de Ensino d(e) História Indígena, com base na “nova história indígena” está muito bem representada pela escrita da professora e pesquisadora desse campo Luisa Tombini Wittman e demais autores, no “Papel da Universidade no Ensino de História Indígena: uma análise dos cursos de História em Santa Catarina”. Ao debruçar-se sob as propostas curriculares dos cursos de História da IES (UFSC, UDESC, UFFS, UNISUL, UNESC, FURB) que a partir da aprovação da Lei n. 11.645 / 08, têm o compromisso de formar profissionais da Educação Básica para o ensino da História e Cultura dos povos indígenas, os autores analisam a realidade, desafios e possibilidades de construção de uma História Indígena no estado de Santa Catarina.

Enfim, as produções que compõem este dossiê somam-se a vários estudos desenvolvidos no Brasil sobre o protagonismo indígena, sendo temáticas de pesquisa e ensino construídas por não indígenas, ou como apresentamos neste volume, através dos quais os indígenas narram suas histórias. Na tentativa de produzir conhecimentos e contribuir para a diminuição preconceito e intolerância.

Além do Dossiê, esta edição da Revista História e Diversidade publica também dois artigos complementares. O primeiro artigo denominado “Um novo lugar social a ser ocupado: os intelectuais e as representações dos negros no Brasil republicano”, de Juliana Aparecida Nunes, analisa o processo de representação dos negros durante o período republicano brasileiro, a partir da análise da construção da representação social realizada por intelectuais e os impactos sociais destas representações.

O segundo artigo, de autoria de Raylinn Barros da Silva, “Curar e higienizar o sertão do antigo extremo norte goiano (atual norte tocantinense): os missionários católicos Orionitas e suas estratégias de catolização pela saúde”, apresenta um estudo acerca da atuação dos missionários orionitas e o uso do processo sanitário e de higienização como instrumento de catolização a partir da década de 1950.

Boa leitura!

Cáceres, novembro de 2018

Carlos Edinei de Oliveira (Unemat)

Marli Auxiliadora de Almeida (Unemat)

Organizadores

Osvaldo Mariotto Cerezer (Unemat)

Editor


OLIVEIRA, Carlos Edinei de; ALMEIDA, Marli Auxiliadora de; CEREZER, Osvaldo Mariotto. Apresentação. História e Diversidade. Cáceres, v.10, n.1, 2018. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê

Fronteiras e Migrações / História e Diversidade / 2017

O Dossiê Fronteiras e Migrações reúne abordagens a partir de resultados de pesquisas que discutem essas temáticas, em especial, a relação entre concepções sobre fronteira e o fenômeno das migrações. A migração como fenômeno humano é um debate recorrente na História, sobretudo, se considerarmos os deslocamentos como estratégias de sobrevivência, de realizações e aspirações diversas e outras perspectivas de vida. Essas discussões se tornam emergentes quando dirigimos nossa atenção para situações pontuadas por crises financeiras, em maior ou menor grau, estado de guerra com várias conotações político-ideológicas ou étnicas, catástrofes e perseguições de diferentes naturezas e todas as formas de refúgios e exílios. Com a mesma densidade a temática “fronteiras” tem um formato caleidoscópico e, portanto, permite discussões abrangentes que, do ponto de vista epistemológico, abarca todos os campos do conhecimento em várias temporalidades.

As discussões e concepções sobre fronteira estão dispostas em um campo polissêmico de situações que abrange conceitos, vivências e experiências dos que habitam e dos que estudam os diversos espaços fronteiriços em várias dimensões. Tomando por base a escrita do historiador Arno Alvarez Kern (2016, p. 11) “o conceito de fronteira é utilizado a partir de uma escolha deliberada e racional, buscando respostas para os questionários científicos que estabelecemos sobre as situações limites, nos territórios onde sociedades e culturas diferentes se encontram e se confrontam”. Das vivências dos territórios (trans) fronteiriços ressaltam o caldo de culturas, as formas de sobrevivência, o pertencimento ao lugar e a constituição de múltiplas identidades.

Como acontecimento demarcador da existência humana e, em especial na atualidade, os fluxos migratórios são complexos e alguns deles se assemelham à calamidades demarcadas por dramas familiares, condições econômico-sociais adversas alocadas nos desdobramentos de uma economia global pontuada por uma distribuição desigual de rendimentos e de riquezas. Esse quadro produz cada vez mais restrições de acesso aos bens indispensáveis às vivências humanas como, por exemplo, a falta de oportunidades de trabalho ou mesmo o subemprego e a sub-vivência. Os conflitos armados, a depuração étnica, a violação de direitos universais, perseguições e a ineficiência de governos e / ou a falta de políticas públicas capazes de acolher as populações mais vulneráveis também são razões para que contingentes populacionais se desloquem de um lugar para outro e para outros mais.

Nessa perspectiva, o mencionado dossiê apresenta seis textos. Em “Imigrantes e migradores: a fronteira em movimento” a historiadora Márcia Solange Volkmer analisa a densidade populacional na fronteira Brasil / Argentina a partir de correntes migratórias oriundas das províncias da Confederação Argentina e da Europa, além dos imigrantes brasileiros. As formas em que se estabelecem as relações transfronteiriças no espaço platino também são tratadas pela autora. Com o texto “Deslocamentos de ontem e de hoje na fronteira Brasil-Guiana: quem são os novos personagens (e as causas) da história atual?”, a antropóloga Mariana Cunha Pereira discute os deslocamentos contínuos e temporários que instituem vivências na fronteira do Brasil com a Guiana, tendo como fundamento os processos de colonização dos espaços fronteiriços desde o século XIX. O trabalho explora os sentidos das relações interétnicas situando-os nos panoramas socioeconômico e cultural para dar visibilidade às complexas questões de nacionalidade de ambos os lados da fronteira.

Em seguida, com o texto “Movilidad pendular transfronteriza de trabajadoras paraguayas entre Ciudad del Este (Paraguay) y Foz do Iguaçu (Brasil)”, os autores Arnaldo González Aguilera e Pedro M. Staevie recorrem às fontes orais para abordar a costumeira travessia dos territórios fronteiriços entre Brasil e Paraguai – Ponte da Amizade –, privilegiando as atividades laborais femininas e as estratégias de sobrevivência familiar. No quarto texto intitulado “Deslocamentos humanos: brasileiros e bolivianos no painel da globalização e da imigração transfronteiriça” a historiadora Maria do Socorro S. Araújo traz uma discussão sobre os arranjos econômicos globais, ou seja, o processo de globalização e as contradições / desigualdades derivadas do mesmo, incluindo a divisão internacional do trabalho. Nesse contexto, a autora situa e aborda os deslocamentos humanos na fronteira oeste Brasil-Bolívia destacando o fluxo de bolivianos que buscam a sobrevivência em territórios brasileiros. Da mesma forma, o texto apresenta a imigração do tipo pendular que habitualmente acontece no mesmo espaço transfronteiriço, onde brasileiros e bolivianos constroem um cotidiano para além das nacionalidades.

O texto do professor e historiador Carlos Edinei de Oliveira destaca os processos de colonização recente em Mato Grosso, na segunda metade do século XX, nos municípios de Tangará da Serra, Campo Novo dos Parecis e Sapezal, territórios tradicionalmente ocupado por diferentes povos indígenas. Esses espaços são ocupados por populações oriundas de diferentes lugares do Brasil, provenientes dos fluxos migratórios que compuseram a nova fronteira agrícola do centro oeste. O autor rastreia o movimento de colonização que iniciou na Era Vargas, passando pela política desenvolvimentista do governo Kubitschek e se efetivando durante e pós-ditadura civilmilitar brasileira. Como fontes documentais, as abordagens se remetem às mensagens dos governadores de Mato Grosso, às propagandas imobiliárias publicadas em jornais e revistas e panfletos de prefeituras municipais.

Nessa perspectiva de discussões, por último, apresentamos o texto intitulado “Reflexões acerca da História de Sinop / MT: imigração e fronteira agrícola”, do professor e historiador Edison Antonio de Souza. Nesse trabalho, o autor faz uma leitura sobre a constituição da cidade enquanto espaço urbano decorrente da expansão da fronteira agrícola no Estado, durante a década de 1970, viabilizada como projeto originário de colonização. As abordagens versam sobre as condições políticas e econômicas com as quais as “cidades novas” se estabelecem no estado de Mato Grosso, destacando a relação direta com a economia do agronegócio.

Além do Dossiê, este número apresenta seis Textos Extras de autores de diferentes regiões e instituições brasileiras, contemplando estudos e debates acerca de questões como: revolução francesa, surdez e ensino de história, leprosários na Era Vargas, relatos orais de pracinhas e ensino de história, escravismo no sul do Brasil e pena de morte no Brasil Imperial.

O primeiro texto de autoria de Bruno Mesquita Falcetti com o título “A revolução francesa: panorama histórico e os efeitos que moldaram a sociedade contemporânea”, apresenta uma análise a respeito das consequências da Revolução Francesa para a sociedade contemporânea, tendo como referência de análise as seguintes questões: processo histórico de construção; aspectos sociais, relações de poder e estrutura dos Estados europeus na década de 1780; narrativa histórica; fatores que levam Napoleão Bonaparte a tornar-se o principal ator no pós-revolução e nas guerras e nova república, assim como os efeitos e influências da revolução francesa no ambiente internacional do século XIX.

O segundo texto, de autoria de Ernesto Padovani Netto, aborda uma questão crucial e pouco discutida na área da História. Com o título “À margem da historiografia e sem acesso às aulas de História: cultura e identidade surda na luta pelas conquistas de direitos”, o artigo apresenta um debate sobre a comunidade surda como um grupo de sujeitos históricos, vinculados por uma noção de identidade, mas não inclusos na historiografia e “excluídos” das aulas de história, em virtude da condição de surdos.

Já o terceiro artigo, de autoria de Ivan Ducatti e Terezinha Martins dos Santos Souza, apresenta um estudo acerca do tratamento dispensado aos leprosos no Brasil de Vargas. Com o título “A prisão em nome da saúde: o isolamento compulsório em leprosários no Brasil de Vargas”, os autores analisam o isolamento compulsório de portadores de hanseníase no Brasil a partir da década de 1930, destacando-a como um período marcado por fortes questões totalitárias, como o nazifascismo, influenciando o pensamento brasileiro e legitimando ações governamentais.

O quarto artigo“O relato vivo como evidência para a aprendizagem de história, a partir de experiências com Pracinhas”, de Jucilmara Luiza Loos Vieira, apresenta o resultado de um estudo desenvolvido com alunos do terceiro ano do ensino médio, sobre os pracinhas na segunda guerra mundial. Por meio de relatos orais de pracinhas, o estudo evidenciou a importância dos relatos para a formação da consciência histórica na relação entre passado, presente e futuro.

Por sua vez, o quinto artigo intitulado “O negro na sociedade escravista do Alegrete oitocentista: trajetórias e lutas pela liberdade”, de autoria de Márcio Jesus Ferreira Sônego, apresenta um estudo sobre as relações estabelecidas entre senhores e escravos em Alegrete no século XIX, com o objetivo de compreender as lutas empreendidas pelos escravizados em busca da liberdade. Por último, o sexto artigo de autoria de Oseas Batista Figueira Junior, com o título “Crime e castigo: pena de morte e a manutenção da ordem no Império Brasileiro (1830-1876)”, apresenta um estudo sobre como a elite imperial atuou para enfrentar e conter as agitações populares que ocorreram no Brasil do séc. XIX, examinando as formas de controle social criadas e a eficácia de tais instrumentos de controle.

Desejamos à todos bons momentos de leitura e aprendizado!

Cáceres / MT, dezembro de 2017

Maria do Socorro de Sousa Araújo (UNEMAT)

Osvaldo Mariotto Cerezer (Editor)


ARAÚJO, Maria do Socorro de Sousa; CEREZER, Osvaldo Mariotto. Apresentação. História e Diversidade. Cáceres, v.9, n.1, 2017. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê

Fronteiras em perspectivas / História e Diversidade / 2016

O dossier Fronteiras em perspetivas é o resultado da reunião de vários pesquisadores que se dedicam ao estudo de sua(s) fronteira(s). São apresentados aqui diferentes possibilidades interpretativas acerca de como os diversos grupos sociais (indígenas, portugueses e espanhóis) estabelecidos ao longo das fronteiras norte, oeste e sul se encontraram e se confrontaram durante o período colonial. Neste sentido, reunimos aqui quatroze trabalhos que nos possibilitam compreender como este encontro / desencontro pode criar, resignificar e reelaborar as diversas espacialidades ao longo fronteira luso-espanhola.

Apesar de ser pouco comum nos dicionários de termos históricos, o conceito de fronteira, segundo o historiador e arqueólogo Arno Alvarez Kern em seu artigo Fronteira / fronteiras: conceito polissêmico, realidades complexas, tem sido primordial para pesquisas históricas sobre os grupos sociais situados nos limites extremos de territórios contíguos. Segundo o autor, a utilização deste conceito nos permite ilustrar as trocas culturais, as mútuas influências linguísticas e o lento amadurecimento de sínteses que terminam gerando novas identidades nestes espaços fronteiriços. Já a historiadora Sílvia Helena Zanirato em seu artigo Fronteiras: definições conceituais e possibilidades investigativas, além de apontar algumas possibilidades interpretativas para o conceito de fronteira, salienta ainda, a necessidade de se realizar pesquisas na perspectiva interdisciplinar e do tempo presente na fronteira Brasil Bolívia. Para a historiadora, tal ação tornaria a região de Cáceres e a Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), lugares extremamente profícuos para os estudos acerca desse campo de conhecimento.

Ao investigar as dinâmicas étnicas utilizadas pelos indígenas Cristãos e Infiéis nos espaços de fronteira, Chiquitania e Pantanal: conflitos, reciprocidade e mobilidade social (século XVIII), a historiadora Ariane Aparecida Carvalho de Arruda, buscar compreender os fenômenos de interação e intercâmbios pacíficos e bélicos entre os distintos agentes sociais, a partir das ações e respostas dos indígenas diante das relações assimétricas com os europeus, ao longo do século XVIII. Essas vinculações entre os espaços, segundo a autora, proporcionaram a mobilidade entre os atores sociais, que utilizavam não somente o confronto e a resistência, mas a negociação e a reciprocidade para atuarem na expansão europeia.

Na pesquisa Uma fronteira letrada: As reações escritas dos guaranis ao tratado de limites (1752-1761), o historiador Eduardo S. Neumann salienta que, ao analisar os episódios do conflito deflagrado nas reduções orientais, em meados do século XVIII, – a partir do impacto das práticas da escrita na organização social das reduções – é possivel compreender o modo como os guaranis missioneiros pautaram suas ações e atitudes em uma fronteira letrada. Segundo o autor, a comunicação in scriptis mantinha as principais lideranças informadas a respeito dos acontecimentos recentes, e ao mesmo tempo, cumpria a função de veicular uma versão indígena diante dos rumores que circulavam na região implicada no Tratado de Madri.

Em “Diré también alguna cosa de las que no he visto, a fin de que se sepa las que han existido”: as populações indígenas em “Viajes por la America Meridional”, de Felix de Azara (1809), as historiadoras Eliane Cristina Deckmann Fleck e Elisa Fauth da Motta examinaram as descrições e avaliações que o engenheiro militar espanhol, Felix de Azara, fez sobre certas práticas indígenas, inserindo-as em seu contexto de produção – fortemente marcado pelo pensamento ilustrado e pela reorientação da política imperial espanhola –, e analisando-as à luz da produção historiográfica e antropológica sobre as populações indígenas da América platina

No artigo Um certo capitão-mor: Poder local e redes familiares na expansão da fronteira Sul da América portuguesa (1721-1735), o historiador Fábio Kühn percorre alguns aspectos da trajetória do polêmico capitão-mor de Laguna, Francisco de Brito Peixoto. Segundo autor, esta análise possíbilitou dimensionar a importância das redes familiares, fundamentais nas estratégias sucessórias empregadas por esse membro da elite paulista que migrou para o Sul, ajudando a expandir as fronteiras do Império português na América meridional durante a primeira metade do século XVIII.

Discutindo a ação política empreendida pela Companhia de Jesus, mas especificamente pelos jesuítas, para converter índios “selvagens” em “autênticos homens” e depois em cristãos, temos a pesquisa A Companhia de Jesus nas fronteiras da América Espanhola da historiadora Ione Aparecida Martins Castilho Pereira. Segundo a autora, só a redução faria com que estes indígenas deixassem a vida pagã e levassem uma “vida política e humana”, facilitando assim, a catequização e a defesa das missões das incursões, internas e externas, praticadas tanto por espanhóis encomendeiros como portugueses. Afinal, reduzir as diversas etnias indígenas a um novo espaço urbano significou para estes jesuítas intervir profundamente no modo de ser dos indígenas, criando assim, estruturas urbanas que pudessem manter o indígena consciente da presença divina na missão e, ao mesmo tempo, que contribuísse para o sustento e manutenção de toda a população indígena reduzida neste espaço.

Analisando o conceito de civilização que deveria ser aplicado aos índios da América portuguesa e às práticas sociais indígenas, temos a pesquisa da historiadora Loiva Canova intitulada Índios e Civilização na Capitania de Mato Grosso sob a perspectiva do Directório. Segundo a autora, o Directório além representar o resultado da política Iluminista destinada aos índios, cujas resoluções eram inicialmente dada aos índios do Grão-Pará e Maranhão, foi capaz de interferir na vida de muitos índigenas que viviam nas terras da capitania de Mato Grosso. Na pesquisa Tierra adentro: fronteira e contato interétnico na pampa de Buenos Aires (século XVIII), a historiadora Maria Cristina Bohn Martins busca compreender, a partir de um conjunto de missões erigidas na pampa argentina em meados do XVIII, o quanto a fronteira austral e suas populações foram um desafio e um “ponto limite” para as práticas coloniais em franca expansão neste século.

Já a pesquisa da antropóloga Mercedes Avellaneda sobre La esclavitud indígena em los siglos XVI, XVII y XVIII en relación a la región del Paraguay y de Chiquitos en el Oriente Boliviano, procura demonstrar como o processo de escravidão indígena nestas regiões se desenvolveu por mais de dois séculos. E para compreender o impacto que estas transformações causaram na configurtação espacial dos grupos indígenas, a autora realiza uma reflexão do avanço e retrocesso das frentes de conquista, tanto espanhola quanto portuguesa, afim de dimensionar sua verdadeira importância nos processos de formação da fronteira.

Otávio Ribeiro Chaves apresenta o artigo O Secretíssimo Plano de Comércio e de Segurança organizado pela Monarquia portuguesa em 1770. Afirma o autor, com base no estudo das secretíssimas instruções enviadas em 1772 para os governadores das capitanias do Grão-Pará, São José do Rio Negro e de Mato Grosso, que, foi possível perceber os interreses geopolíticos portugueses para as regiões que faziam fronteiras com os domínios espanhóis na América do Sul. Um dos principais pontos de sua narrativa direciona-se a organização e execução do contrabando com os antigos territórios missioneiros jesuíticos de Orinoco, Quito e Peru. Busca-se perceber esta prática principalmente num espaço compreendido pela capitania de Mato Grosso e as antigas missões jesuíticas de Mojos e Chiquitos no período de 1770-1777. Não deixando, porém, de estabelecer a leitura dos acontecimentos que ocorriam em outras capitanias fronteiriças com os domínios hispânicos. De um extremo do território da América portuguesa, na fronteira oeste, deslocamos a nossa leitura para a Colônia do Sacramento, situado no extremo sul da América do Sul.

Realizando um estudo crítico sobre a construção do espaço urbano e a conquista territorial de Capitania de Mato Grosso através da comparação entre as cidades de Vila Bela da Santíssima Trindade (1752) e Vila Real do Bom Jesus do Cuiabá (1727), temos a pesquisa do historiador Romyr Conde Garcia intitulada Espaço do povo e espaço do rei na terra da conquista: Vila bela, Cuiabá e os seus distintos espaços. Encerrando este dossie, temos a pesquisa da historiadora e arqueóloga Tatiana de Lima Pedrosa Santos intitulada Entre rios: Fronteiras, populações e cultura material no norte. Em sua produção, a autora buscou construir um enfoque teórico para se pensar a fronteira amazônica numa perspectiva que leve em consideração seu passado, identificando assim, as contribuições e os limites do conceito de fronteira.

Além do dossiê, este número publica cinco artigos extras. O primeiro artigo intitulado Quilombos: uma estratégia de resistencia e enfrentamento dos escravos africanos diate da dominação européia, de Janaina de Fátima Zdebskyi, aborda o Quilombo como estratégia de resistência dos escravos e escravas no Brasil, relacionando a temática com a sala de aula e a situação das comunidades quilombolas na atualidade.

O segundo texto, de autoria de Luciana de Freitas Gonçalves, denominado Religiões de matrizes africanas nas Histórias em Quadrinhos: uma ferramenta pedagógica no ensino de História da África e cultura afro-brasileira, apresenta um debate acerca da utilização das histórias em quadrinhos no ensino de História, com foco na análise de produções com histórias que visam mostrar a África do ponto de vista dos africanos e afrodescendentes, analisando as diferentes representações, propondo-as como instrumentos de reflexão durante as aulas de História.

O terceirto artigo Homens de ferro, mulheres de pedra: fugas e formações de quilombos na fronteira entre as coroas portuguesa e espanhola (século XVIII-1809), Bruno Pinheiro Rodrigues realiza um estudo sobre as fugas perpetradas por cativos no oeste da América portuguesa e a formação de quilombos, entre o século XVIII ao ano de 1809, utilizando-se de documentação produzida na América portuguesa e espanhola sobre fugas, travessias de fronteiras, estratégias quilombolas e tentativa de levante urbano.

O quarto texto, O Artigo 26A e seus desdobramentos no currículo da Educação Básica de Mato Grosso, de autoria de João Bosco da Silva, apresenta um estudo sobre os impactos do Artigo 26A da Lei de Diretrizes de Base da Educação Nacional, fruto das lutas dos movimentos sociais negros pela reparação das formas equivocadas de demonstrar a participação negra na formação da cultura nacional, no dia a dia escolar no Estado de Mato Grosso.

O último artigo, de Maureci Moreira de Almeida e Paulo Alberto dos Santos Vieira, denominado Narrativas sobre o negro na telenovela brasileira: entre o mito da democracia racial e a ideologia do branqueamento, apresenta uma análise sobre concepções racistas relacionando-as com o debate acerca de como as telenovelas brasileiras fazem operar e difundir o mito da democracia racial e a ideologia do branqueamento.

Ao final desta obra, queremos agradecer a todos os autores pelas ótimas contribuições. Desejamos boas leituras!

Cáceres, julho de 2016.

Ione Aparecida Martins Castilho Pereira

Arno Alvarez Kern (PUCRS)

Otávio Ribeiro Chaves (UNEMAT)

Osvaldo Mariotto Cerezer (Editor


PEREIRA, Ione Aparecida Martins Castilho; KERN, Arno Alvarez; CHAVES, Otávio Ribeiro; CEREZER, Osvaldo Mariotto. Apresentação. História e Diversidade. Cáceres, v.8, n.1, 2016. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê

Ensino de História, Cidadania, Cultura e Identidades / História e Diversidade / 2015

História e Diversidade: Ensino de História, Cidadania, Cultura e Identidades

É com grande satisfação que apresentamos o sétimo volume da Revista História e Diversidade, do curso de Licenciatura em História da Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT – Campus de Cáceres que tem como objetivo a constituição de um espaço de divulgação de pesquisas e reflexões sobre História e Diversidade, priorizando a publicação de artigos que versam sobre História, Ensino de História, Diversidade Cultural, Formação e Prática Docente.

Este volume apresenta o Dossiê intitulado História e Diversidade: Ensino de História, Cidadania, Cultura e Identidades que é composto por duas seções: 1) Ensino de História, Patrimônio e Diversidade, que tem como foco principal a dinâmica entre o ensino de história, diversidade, e direitos sociais; e 2) Teoria da História, Capital e Diversidade, que articula artigos com reflexões sobre a construção do conhecimento histórico, o setor elétrico brasileiro, e uma discussão de gênero a partir da personagem Laura de Vison.

O artigo de abertura intitulado “Entre muitos ‘outros’: ensino de história e integração latino-americana”, de autoria de Juliana Pirola da Conceição, Doutora em Educação pela Faculdade de Educação da Unicamp, tem como objetivo analisar de que maneira o ensino de história influencia a prática cotidiana dos indivíduos, em especial a relação entre o ensino da América Latina e a integração entre os latinos americanos. Para tanto, teve como objeto de estudo específico um conjunto de entrevistas realizada com 73 jovens, de duas escolas públicas da região central da cidade de São Paulo, desse universo de jovens, 6 eram bolivianos, o que potencializa a contribuição do seu recorte analítico.

O segundo artigo “As decisões do Tribunal Superior do Trabalho como instrumento para o ensino dos Direitos Sociais: a formação de um banco de dados”, elaborado por Alisson Droppa (Doutor em História pela Unicamp) e Magda Barros Biavaschi (Doutora em Economia pela Unicamp), tem como objetivo apresentar o banco de dados das decisões do Tribunal Superior do Trabalho, que teve como área de jurisprudência a terceirização, com o propósito de pensar na constituição de documentos para o ensino dos direitos sociais e da luta pela construção do direito e da cidadania no Brasil.

O terceiro artigo “A importância do ensino de história para a reflexão do tempo presente: o conceito de estranhamento e seu potencial para um inconformismo sadio” de Filipe Cambraia do Canto, graduado em História, é um relato e uma reflexão sobre a prática docente, a partir da experiência com o desenvolvimento do estágio, em que ministrou 24 aulas para o Ensino Médio. Os questionamentos e interesses dos estudantes possibilitaram indagações, procurando estabelecer conexões com o tempo presente, o ensino de história, e a desnaturalização dos objetos, possibilitando a problematização da realidade dos alunos do Ensino Médio, como ponto de partida para o fazer histórico em sala de aula.

O quarto artigo “Territórios negros: patrimônio, diáspora e tempo” elaborado por Gabriel Gonzaga, estudante da licenciatura em História da UFRGS, teve como objetivo questionar a noção temporal que norteou a construção de algumas práticas no interior do projeto patrimonial “Territórios Negros: Afro-brasileiros em Porto Alegre”, procurando estabelecer relações transversais entre a cultura afro-brasileira e o ensino de história.

O quinto artigo, o primeiro da segunda seção desse dossiê, intitulado “O sentido da História: entre metanarrativas e particularidades”, de Paulo Robério Ferreira Silva, Mestre em Ciências Sociais pela PUC Minas, propôs reflexões sobre o fazer histórico, sobretudo sobre os questionamentos provenientes da consideração de que o conhecimento histórico é uma modalidade do discurso. Diante desse questionamento, procurou estabelecer conexões para o conhecimento histórico, em que se destaca os elos da generalização e da especificidade.

O sexto artigo, “A “ética” da concorrência: concentração de capital no setor elétrico brasileiro – 1900 / 1950”, de Marcelo Squinca da Silva, Doutor em História pela PUC São Paulo, discutiu a postura de alguns empresários frente ao processo de urbanização do Brasil, em especial a superação da demanda da energia elétrica, o que evidenciou a postura conservadora da burguesia empresarial, que foi gestada dependente e subordinado ao Estado.

O sétimo artigo, “Laura de Vison: um(a) artista de nossos tempos de discussão sobre gênero”, de Walace Rodrigues, Doutor em Humanidades pela Universiteit Leiden (Holanda), a partir da apresentação da personagem Laura de Vison, sobre o seu trabalho performático nos anos 1980 e 1990, no cenário gay do Rio de Janeiro. O autor propõe uma historiografia das personalidades históricas LGBT brasileiras. Além do dossiê, este número da Revista História e Diversidade, publica ainda cinco artigos extras e uma resenha.

O primeiro artigo intitulado “Entre guerras “justas” e “injustas”: jogos de interesses no hinterland de Benguela e a produção de cativos (século XVIII), de Bruno Pinheiro Rodrigues, Doutor em História pela Universidade Federal de Mato Grosso, apresenta uma análise do quadro de alianças formado no hinterland de Benguela, um dos maiores portos exportadores de cativos para a América portuguesa durante o século XVIII e início do XIX, e uma reflexão sobre a construção da legitimidade de uma guerra “justa”, a partir dos arranjos políticos e alianças com chefes locais.

O segundo artigo, “Relações entre Museus e Cidades: experiências de professores de história no Museu de Artes e Ofícios em Belo Horizonte- MG”, de Jesulino Lucio Mendes Braga, Doutor em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais, aborda a relação entre o Museu de Artes e Ofícios (MAO) e a cidade de Belo Horizonte a partir de uma pesquisa feita com professores de história que fazem uso educativo da exposição museal. A análise considera as experiências e as narrativas que os docentes produzem no contato com a exposição. Os docentes elaboram significados para as ações de ensino com o uso da exposição do MAO e apontam as potencialidades de usos dos espaços da cidade para a educação.

O terceiro artigo, “As cadeias no Mato Grosso do século XIX: um olhar sobre o cárcere”, de autoria de Patrícia Figueiredo Aguiar, doutoranda em História pela Universidade Federal de Uberlândia, realiza uma análise sobre as circunstâncias em que se estabeleciam as cadeias na primeira metade do século XIX na província de Mato Grosso.

O quarto artigo denominado “Práticas de esporte, educação física e educação moral e cívica na Ditadura Militar: uma higiene moral e do corpo”, de Reginaldo Cerqueira Sousa, doutorando em História pela Universidade Federal do Paraná, analisa as formas de legitimação do regime autoritário por meio da análise dos manuais e Educação Moral e Cívica e das práticas esportivas nos espaços de educação de jovens e o processo de constituição de uma espécie de pedagogia moral e do corpo viabilizado, principalmente, pela reestruturação do ensino por meio de reformas na educação, de programas e de projetos educacionais em fi ns dos anos de 1960 e durante a década de 1970.

O quinto artigo, “O efeito Cólera em meio às mutações ideológicas do Punk brasileiro”, de Tiago de Jesus Vieira, doutorando em História pela Universidade Federal de Mato Grosso, analisa dois álbuns da banda Cólera, como elementos interlocutores para explicitar o conturbado contexto da produção das identidades punk no decurso da década de 1980. A partir da análise dos álbuns, o estudo visa compreender como estes se inseriram no processo de “composição ideológica punk” no Brasil.

Por fim, a resenha organizada por Valdeci da Silva Cunha, doutorando em História pela Universidade Federal de Minas Gerais, apresenta a obra de RANCIÈRE, Jacques. O espectador emancipado. 1ª edição. Trad. Ivone C. Benedetti. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012.

Desejamos que as leitoras e os leitores apreciem os artigos que compõem esse volume da revista História e Diversidade, se sintam encorajados a participar dos debates propostos e enviem contribuições para os próximos volumes.

Boa leitura!

Caroline Pacievitch

Halferd Carlos Ribeiro Júnior

Osvaldo Mariotto Cerezer


PACIEVITCH, Caroline; RIBEIRO JÚNIOR, Halferd Carlos; CEREZER, Osvaldo Mariotto. Apresentação. História e Diversidade. Cáceres, v.7, n.2, 2015. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê