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Cidade e Habitação na América Latina / Urbana / 2014
Este Dossiê Cidade e Habitação na América Latina está organizado a partir dos trabalhos apresentados (em Conferências e Sessões Temáticas) no III Congresso Internacional de História Urbana ocorrido em Brasília no mês de novembro de 2013 e organizado pelo Grupo de Pesquisa em História do Urbanismo e da Cidade (GPHUC-UnB / CNPq) e pelo Centro Interdisciplinar de Estudos da Cidade do IFCH-UNICAMP. A “origem” do Congresso foi a organização da coletânea “Ciudad y Vivienda en America Latina – 1930 / 1960”, coordenada por Carlos Sambricio (ETSAM / Universidad Politecnica de Madrid), publicada em 2012 pela Editora Lampreave (SAMBRICIO, 2012). A realização do livro envolveu pesquisadores de Universidades do Brasil, Cuba, Argentina, Chile, Venezuela, Colômbia e México, que elaboraram estudos sobre as cidades capitais e sobre habitação social nos seus respectivos países.
O III Congresso Internacional de História Urbana – “Cidade e Habitação na América Latina” centrou-se nas investigações históricas acerca de ações empreendidas pelos Estados Nacionais dos Países Latino-americanos no campo das problemáticas habitacionais de interesse social e de intervenção urbana-planos urbanísticos no contexto da importante urbanização e industrialização vivenciada no continente entre as décadas de 1930 e 1960. Entre os objetivos que orientaram o congresso e, consequentemente, este dossiê, vale mencionar a atualização dos debates sobre resultados de investigações, no campo dos estudos urbanos, da temática proposta para o evento: Cidade e Habitação na América Latina, 1930-1960”; a discussão, a partir de pesquisas em diferentes nacionalidades, acerca das relações entre projetos políticos, política urbana e habitação no período. Além disso, ao aprofundar o debate acadêmico sobre diferenças e aproximações entre as políticas urbanas nos países do continente americano, por meio de uma perspectiva comparada, o evento e este dossiê buscam viabilizar a continuidade e o aprofundamento das interlocuções acerca da história urbana estabelecidas, entre outros espaços, em dois congressos anteriores, organizados em 2004 e 2009.
O livro (Ciudad y Vivienda en America Latina) e o III Congresso Internacional de História Urbana apresentavam ainda uma especificidade importante: os estudos, os pesquisadores envolvidos e a estrutura proposta para realizar o evento privilegiaram investigações históricas feitas nos países da América Latina. Com a publicação do Dossiê pela URBANA, os trabalhos aprovados para o Congresso e os textos das Conferências de pesquisadores brasileiros convidados para o evento em Brasília complementam o escopo dos estudos que foram inicialmente publicados no livro em 2012, ampliando assim o acesso a pesquisas que dialogam com o tema geral, tanto no Brasil como em outros países do continente americano.
Outro aspecto relevante da proposta original do livro e que reverberou no Congresso e no Dossiê agora publicado foi o recorte temporal 1930-1960, em continuidade aos Congressos anteriores, dedicados às décadas iniciais do século XX, além de abranger debates e projetos polêmicos e significativos para a redefinição do lugar político e cultural das Américas nas relações entre as nações no período. O III Congresso buscou promover uma oportunidade de interlocução entre pesquisadores voltados à investigação de processos sociais, políticos, econômicos e culturais de singular relevância para o continente americano, particularmente para os países de colonização espanhola e o Brasil – aspecto ampliado por este Dossiê, que se abre para uma temporalidade mais larga, ampliando as relações para décadas anteriores e posteriores ao recorte 1930-1960.
Cidade e Habitação na América Latina
Ao tomar-se o próprio Brasil como exemplo para se pensar a temática no período, entre as décadas de 1930 e 1960, é possível reconhecer a proeminência do debate proposto pelo livro, norteador das sessões e conferências do III Congresso Internacional de História Urbana. Numerosos estudos têm investigado os desdobramentos de mudanças profundas e polêmicas circunscritas ao logo desses trinta anos entre 1930-1960, que em certa medida transformaram estruturalmente os processos de desenvolvimento do país, sobretudo pela relevância da reestruturação produtiva marcadamente industrial conduzida pelas duas expressivas forças políticas brasileiras, organizadas em torno de dois governos nacionais: o primeiro liderado por Getúlio Vargas (1930-1945), portanto, integralmente inserido entre o contexto de rupturas da ordem política institucional de 1930 e 1937, o segundo representado por Juscelino Kubitschek (1956-1960). Este segundo, já no âmbito da redemocratização instaurada com o final do Estado Novo e elaboração da Constituição de 1946, conhecida como Constituição Municipalista, especialmente pela sua orientação liberal, e que culminou com a inauguração de Brasília. Deve-se ressaltar ainda, considerando-se os intensos e reiterados debates em torno das expressões modernas na arquitetura, a importância que adquiriu nesse período a redefinição do lugar específico da arquitetura e do urbanismo produzidos no continente americano entre as demais expressões, ou seja, a discussão em pauta no período acerca das possibilidades de uma contribuição cultural e política singulares nas Américas. Ao lado do impulso dito “desenvolvimentista”, tal debate de fundo cultural não deixou de intervir fortemente no contexto dos debates políticos no continente, desdobrando-se em repercussões que permanecem na pauta dos estudos sobre o período por seu papel crucial – estudos do campo da História, das Ciências Sociais, da Arquitetura e Urbanismo etc.
Uma aproximação de caráter econômico, nesse caso, permite considerar que o desenvolvimento brasileiro passou por uma mudança estrutural e estruturante da base econômica profundamente agrária vigente ao longo do período imperial e da chamada primeira república (ainda que a mudança não tenha implicado na eliminação completa de formas de organizações então vigentes). Tal abordagem pode ser sintetizada, em termos abrangentes, a partir de duas tendências importantes. Antes da década de 1930 e desde o movimento republicano de 1889 [1] , pode ser caracterizada principalmente por uma “política econômica externa, de tipo liberal” (IANNI, 1971: 28) agroexportadora e baseada na produção do café [2] ; depois de 1930, é possível identificar o delineamento de uma tendência fundamentalmente industrial, mediante orientação conjuntural do planejamento econômico pela implementação de políticas direcionadas em certa medida à substituição da importação de produtos, e estruturalmente pela lógica da dependência (re)estabelecida já no final da década de 1960 em relação ao capitalismo central.
Contudo, se por um lado a industrialização, sobretudo a chamada indústria de base, pode ser considerada orientadora da política nacional de desenvolvimento desde 1930, de certa forma, até como política de Estado e não apenas da política de governo, por outro lado não pode ser analisada desvinculadamente das concepções e princípios macroeconômicos e políticos que fundamentaram os projetos e em especial os projetos de governo até 1960. Os projetos políticos construídos em torno do governo de Getúlio Vargas orientaram suas ações na “defesa de novas soluções para os problemas da sociedade nacional” (IANNI, 1971: 69). Para Octavio Ianni, essas novas soluções devem ser consideradas de tipo nacionalista, caracterizadas pela redefinição das relações do Brasil com o capitalismo mundial, nacionalizando as decisões sobre a política econômica.
Em relação às forças mobilizadas em torno do projeto governamental do presidente Juscelino Kubitschek, na década de 1950, as orientações assumidas no planejamento governamental, estruturadas no Plano de Metas, expuseram princípios distintos ao chamado nacionalismo varguista em relação ao mesmo capitalismo mundial. Segundo Fernando Rezende, ao reforçar a complementaridade dos setores que compunham o parque produtivo brasileiro, o Plano de Metas completa o ciclo de industrialização iniciado na década de 1930, promovendo a diversificação da indústria brasileira. Entretanto, afirma o autor, “ao apoiar essa nova etapa de industrialização no estreitamento das relações do capital privado nacional com o internacional, ele alterou o padrão de dependência externa, revertendo a posição nacionalista da Era Vargas” (REZENDE, 2011: 179).
É também nesse contexto de esforços para o desenvolvimento brasileiro orientado pela ação planejada do Estado –diante de opostos em seus princípios, concepções e ideologias – que o processo de concepção, construção e inauguração de Brasília, como capital do Brasil, teve papel relevante para o país. Vista nesse sentido, a inauguração da nova capital brasileira extrapola inclusive sua inserção nacional e internacional no debate intelectual e profissional no campo específico da arquitetura e urbanismo. Essa realização perpassa o próprio debate sobre o planejamento governamental brasileiro e as decisões relativas ao desenvolvimento nacional, no mesmo momento em que os outros países latino-americanos também o fazem a partir das suas experiências particulares. No caso de Brasília como fator estrutural, sua construção justificava os “investimentos no setor de transportes (rodoviários), pois as ligações do país com Brasília, assim se supunha, provocariam a integração e o desenvolvimento da hinterland” (LAFER, 2003: 35).
Ainda conforme Celso Lafer, do ponto de vista político-econômico, a opção por Brasília e sua inclusão no Plano de Metas foi resultante do conceito de ponto de germinação concebido por equipe criada pelo governo Juscelino para elaboração de programas de desenvolvimento econômico. O conceito estava pautado “no pressuposto de que a oferta de infraestrutura provocaria atividades produtivas” (LAFER, 2003). Por outro lado, o próprio Lafer entende todos os cinco setores do Plano de Metas, mas especialmente alimentação, energia e transportes – estes dois, bases estruturais para a consolidação do processo de industrialização da economia desde 1930 – como associados a outro conceito, o de ponto de estrangulamento, mapeados na existência de áreas de demanda insatisfeita de infraestrutura, consequência do desequilíbrio do desenvolvimento econômico brasileiro (LAFER, 2003).
Enquanto decisão política apoiada na orientação técnica do planejamento governamental, Brasília consubstanciou-se na complementaridade e articulação dos dois conceitos, o de estrangulamento e o de germinação, associando a necessidade de eliminação dessa demanda insatisfeita com a necessidade de oferta de infraestrutura para a expansão da economia e do desenvolvimento nacional. Nessa perspectiva, uma decisão política com duas temporalidades: a primeira relacionada à elaboração do projeto urbanístico – expressa no próprio concurso público vencido por Lucio Costa –, a segunda relacionada à construção da cidade propriamente dita, esta sim fundamental para a consolidação dos dois conceitos e seus objetivos.
Outro aspecto que envolve a decisão política por Brasília, também fundamental nesta segunda temporalidade – a construção da capital – é a consolidação do setor de transportes como base estrutural do desenvolvimento (e elemento de integração) brasileiro desde o século XIX, ainda no âmbito da economia agroexportadora. Na década de 1950, no contexto da implementação desta decisão política, esse setor já orientava a industrialização brasileira nucleada em São Paulo, particularmente pela indústria automobilística, matriz da lógica rodoviarista do desenvolvimento intramunicipal, interregional e nacional (COUTINHO, 2003: 37-57).
Por outro lado, ao considerar-se também outras leituras políticas possíveis para o período, atentas também às dimensões simbólicas não menos importantes nos debates acerca do desenvolvimento e dos projetos em pauta ao longo das décadas de 1930 a 1960, é possível ainda compreender essas transformações – efetivadas ou desejadas – como participantes ativas da construção de novos modos de compreensão do país e do continente. Brasília poderia ser vista, assim, não apenas como partícipe de um plano de desenvolvimento e um “plano de metas”, mas de um plano não material e projetivo, com funções simbólicas e mesmo identitárias importantes e de forte repercussão.
É possível perceber a redefinição do papel histórico da cidade para o país, não apenas no momento de decisão política definitiva sobre a nova capital, mas também ao longo dessas décadas, por exemplo, no segundo governo Getúlio Vargas, com a criação em 1953 da Comissão de Localização da Nova Capital. Acompanhando a pergunta de Laurent Vidal, que permite uma indagação também simbólica e profundamente política desse projeto, que função poderia ter uma cidade antes (e além) de sua existência física? Ou ainda: “A que corresponde essa imperiosa necessidade social de projetar ou fundar, mesmo no papel ou em palavras, as cidades?” (VIDAL, 2009: 11).
A consideração dessa dimensão simbólica, não apenas para o caso de Brasília ou do Brasil, mas do Continente todo e também a Europa pode abrir espaço ainda para o entendimento de mobilizações tradicionalmente compreendidas como críticas, como as vanguardas, em suas ligações mais ou menos explícitas com projetos políticos direcionados à modernização, afastados da crítica às instituições. No lugar dos posicionamentos de vanguarda clássicos, de negatividade e questionamento, abre-se possibilidades de investigação a respeito de vanguardas que propuseram a construção de uma nova ordem, de uma tradição ou “linguagem comum” (pensando o campo da arquitetura e mesmo do urbanismo no continente americano).3
Ao mesmo tempo, o debate em torno de aspectos arquitetônicos e urbanísticos na Europa naquele momento não estava, todavia, unicamente centrado nas proposições e orientações teóricas de Le Corbusier, como se fossem os únicos encaminhamentos possíveis ou desejáveis. Entre 1918 e 1934, a arquitetura vigente na Europa experimentava uma dupla preocupação ao propor um novo modelo de habitação social e ao questionar a estrutura urbana herdada do passado. O tema da habitação social provocou o debate sobre os programas de necessidades (definindo-se o conceito de existensminimum), assim como, desde a intenção de diminuir custos, abandonar os sistemas construtivos tradicionais e assumindo os critérios tayloristas para propor primeiro a estandardização e logo depois a industrialização da habitação.
Estabelecer um novo modelo urbano pressupôs refletir sobre as características do bloco edificado, analisando como sua agregação configurava a cidade moderna, o que levou a teorizar tanto sobre os espaços livres, políticas de transportes, novos equipamentos, critérios de intervenção nas áreas históricas das cidades, características dos planos municipais e planos regionais. O singular dos debates ocorridos no período entre 1918 e 1934 é que eles conseguiram persuadir os distintos governos (Alemanha de Weimar, Holanda, Áustria, França, URSS, Inglaterra, Itália e Espanha) sobre a necessidade de assumir aquelas questões como questões de Estado: uma pesquisa sobre as políticas habitacionais desses países e sobre os planos urbanísticos verificará não somente como as bases dos mesmos respondiam àquele debate, mas também como os técnicos que elaboraram os projetos o fizeram a partir de premissas formuladas por uma mais que vigente vanguarda arquitetônica.
É possível notar hoje certo consenso entre as opiniões de historiadores da arquitetura e urbanismo nesse sentido: de que os temas identificados não foram monolíticos, portanto, uma opção desinformada pretender generalizar as preocupações apresentadas pelos profissionais como se fossem todas concernentes ao “movimento moderno”. Não houve um racionalismo, mas vários, de sentido e características bem distintas, e os partidários dessas diferentes linhas de atuação enfrentaram-se no campo das ideias, o que resulta errôneo às pesquisas identificar as propostas defendidas por Le Corbusier nos Congresss Internacionais de Arquitetura Moderna, os CIAMs, com aquelas desenvolvidas em Berlin por Bruno Taut ou Martin Wagner, ou em Frankfurt por Ernest May (SAMBRICIO, 2012: 25).
São conhecidas as críticas à ortodoxia de Le Corbusier, formuladas tanto pelos que reclamaram uma Nova Objetividade como por críticos como Karel Teige, enfrentando os famosos “cinco pontos”, que entendiam como reflexo formal de um novo academicismo. Certo é que a crise econômica de 1929 transformou o panorama europeu: se até aquele momento as políticas de habitação haviam sido competência das municipalidades, sindicatos e empresas, as escalas de intervenção mudaram sensivelmente, a partir dessa crise e desde o momento em que se assumiu a política keynesiana baseada em grandes projetos de infraestrutura capazes de reativar a economia (planos municipais ou regionais, políticas de abastecimento de água, planos rodoviários ou de novas redes ferroviárias, etc.).
Isso porque, se em 1929 Ernst May organizou para o II CIAM a exposição sobre a chamada habitação mínima, em 1933, no IV CIAM, a escala é discutida em outros parâmetros. Ao mesmo tempo, se compararam os planos de crescimento urbano, proclamando os conceitos de “habitação, trabalho, lazer e transportes” como pautas, cujo resultado dos debates será a publicação, em 1942, da Carta de Atenas, na qual, depois de reivindicar o conceito funcional da arquitetura moderna e do urbanismo, manifestava-se que os problemas que enfrentariam as cidades deveriam ser solucionados mediante a segregação funcional estrita e a distribuição da população em blocos altos de apartamentos separados por amplos espaços.
A reconstrução, depois da guerra de 1939-1945, acabou por modificar a situação anterior: se os debates entre os profissionais se mantiveram, depois da guerra cada país assumiu uma política própria, descartando ou ignorando as proposições dos quem apenas poucos anos antes foram “oráculos”. De algum modo se encerrava um ciclo. Contudo, ao mesmo tempo em que a continuidade do que foi discutido nos anos de 1930 sofreria uma interrupção na Europa, ela continuaria a apresentar desdobramentos na América Latina.
Ao se abordar essas transformações sob pontos de vista da Europa, é possível notar como a natureza egocêntrica da cultura arquitetônica europeia ignorou por muito tempo o que ocorria na América Latina, pois apresentava-se convencida de sua superioridade cultural. No entanto, não apenas eram poucas as escolas de arquitetura abertas nos países da América Latina, ainda que as elites nacionais latino-americanas solicitassem insistentemente “soluções europeias” e regimes tidos como populistas, muitas vezes presididos por militares ou lideranças políticas desenvolvessem políticas abertamente repressoras.
Para uma Europa que apenas saía de totalitarismos, mostrava-se inverossímil crer que esses governos poderiam implementar tanto políticas habitacionais como planos urbanísticos para modificar suas cidades coloniais. Como consequência, inclusive da parte dos setores especializados, optou-se por ignorar as políticas, cobrando ao máximo a qualidade de certas obras arquitetônicas. Em certos casos, pode-se dizer que não interessavam as políticas fiscais nem a criação dos sistemas de financiamento que possibilitaram o acesso à habitação: interessava apenas a obra de determinados arquitetos. De certo modo, o Brasil foi identificado com a obra de Lucio Costa e Oscar Niemeyer, a Venezuela com a de Villanueva, o México com as edificações de Pani, Cuba com o papel desempenhado por Martinez Inclán e a Argentina com o trabalho de Bonet Castellana.
Uma primeira perspectiva analítica entendeu serem os governos populistas nacionais responsáveis por desenvolver políticas de habitação e políticas urbanas, ainda que, no caso brasileiro, por exemplo, as ações urbanísticas desenvolvidas no contexto municipal tivessem uma relação mais direta e institucionalizada com o Governo Federal a partir de 1964 / 1965, quando da criação do Banco Nacional de Habitação (BNH) e do Serviço Federal de Habitação e Urbanismo (SERFHAU). No contexto latino-americano hispânico, com a intenção de oferecer satisfação aos seus seguidores, realizaram um trabalho singular, tanto fomentando a construção de habitações para a classe média então em formação, como assumindo e desenvolvendo as denominadas “unidades de vizinhança”, amplos bairros com serviços, equipamentos e infraestrutura que determinaram o crescimento urbano das cidades.
O desenvolvimento dessas políticas implicou na criação dos institutos de financiamento capazes de estabelecer políticas fiscais, como a criação de bancos que possibilitassem a concessão de empréstimos para a aquisição das habitações; o que em determinados casos viabilizou a criação de institutos de ordenação do solo urbano, gabinetes de projetos e propostas de intervenção urbana. Dito de outra forma, as proposições efetivamente implementadas entre 1930 e 1960 não devem ser entendidas unicamente como resultado dos trabalhos dos bons arquitetos, mas enquadrando-as no que foram políticas de Estado.
Por fim, e como indagação para outras investigações e publicações, apresentamos a seguinte problematização: apesar da existência de políticas desenvolvidas na Argentina, Chile, Brasil, Cuba, Venezuela, Colômbia, México e em outros países do continente americano, é possível afirmar que não houve homogeneidade entre elas. Isso porque foram muitas vezes mutuamente estranhos e distintos nesses países os modos de conduzir a construção de habitação para classe média – a preocupação com as unidades habitacionais ou a definição dos processos de verticalização – e a transformação da cidade ocorreu de maneira similar. A percepção dessas aproximações e diferenças aponta de modo claro a vigente necessidade de promover pesquisas e encontros entre pesquisadores para que se possam analisar características específicas comparativamente, ou seja, que os aspectos circunscritos a cada nacionalidade sejam colocados em debate conjuntamente. O Dossiê “Cidade e Habitação na América Latina” pretende, nesse sentido, contribuir com a divulgação de estudos sobre os problemas urbanos na América Latina que de alguma forma permitam construir e percorrer caminhos cujas “portas de entrada”, muitas delas, estão ainda por abrir. Tais caminhos não podem prescindir de uma articulação interinstitucional “interna” à América Latina, inclusive como um projeto político e histórico, o que exige olharmo-nos diretamente, sem passar pelo Sena ou pela Tâmisa. De outra forma, continuaremos construindo a história urbana da América Latina a partir da Europa? E mais, como pensar a história urbana da América Latina como uma história urbana ibero-americana, ainda que isso possa significar uma (possível) contradição, já que Portugal e Espanha estão também na Europa?
O Dossiê e sua organização
A organização da edição n. 8 não mudou em relação ao projeto editorial da Revista URBANA. Apesar de manter-se organizado basicamente em duas partes principais, dossiê e artigos, pelo projeto editorial da revista a sessão artigos teria temática independente, desvinculada da sessão dossiê. Especialmente no caso da edição n. 8, Cidade e Habitação na América Latina, todos os textos seguirão a mesma temática, pois foram elaborados inicialmente para o III Congresso Internacional de História Urbana, realizado em Brasília no mês de novembro de 2013.
A única diferença entre ambas as sessões está na inclusão dos artigos resultantes das conferências realizadas por pesquisadores brasileiros convidados na sessão dossiê, reservando-se à sessão artigos os trabalhos dos pesquisadores – brasileiros e estrangeiros – aprovados para apresentação no Congresso.
Os Editores da URBANA agradecem aos autores, que desde o III Congresso Internacional de História Urbana, e agora com a publicação do Dossiê Cidade e Habitação na América Latina, contribuíram com o debate sobre a história urbana da América Latina. Agradecemos também aos pesquisadores que participaram da produção do livro “Ciudad y Vivienda em America Latina, 1930-1960”, pois está ai a origem desse importante tripé “livro-Congresso-Revista”, inclusive pela participação de todas as representações nacionais no Congresso. Desejamos uma boa leitura.
Notas
1 O ano de 1889 aqui adotado é apenas para caracterizar o corte temporal pela configuração institucional do Estado Republicano e Federativo no Brasil. Não significa desconsiderar as complexidades e importância de períodos anteriores da história do desenvolvimento nacional, por exemplo, desde a consolidação do Brasil Imperial ao longo do século XIX, tanto que algumas referências a esse período serão realizadas no decorrer do texto.
2 É necessário considerar o papel da implementação da infraestrutura territorial (ferrovias, Porto de Santos, armazéns, instituições, a própria modernização das cidades, etc.) no Estado de São Paulo para o desenvolvimento da economia cafeeira, como importante delineadora da concentração espacial da produção industrial no Brasil. Embora não seja o único elemento, podemos dizer que a economia cafeeira paulista foi fundamental na criação dos “fatores territoriais de produção” da industrialização substancialmente implementada a partir de 1930, concentrando-a na região Sudeste, especialmente no eixo Rio de Janeiro-São Paulo
Referências
COUTINHO, Luciano. O desafio urbano-regional na construção de um projeto de nação. In: GONÇALVES, Maria Flora; BRANDÃO, Carlos A; GALVÃO, Antônio C. (org.). Regiões e Cidades, Cidades e Regiões: O desafio urbano-regional. São Paulo- SP: EdUNESP / ANPUR, 2003. pp: 37-57.
GORELIK, Adrian. Das vanguardas a Brasília: cultura urbana e arquitetura na América Latina. Belo Horizonte, MG: Editora UFMG, 2005.
IANNI, Octávio. Estado e Planejamento Econômico no Brasil. São Paulo: Civilização Brasileira, 1971.
LAFER, Celso. O Planeamento no Brasil: observações sobre o Plano de Metas (1956-1961). In: MINDLIN, Betty (org.). Planejamento no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 2003 REZENDE, Fernando. Planejamento no Brasil: auge, declínio e caminhos. In: CARDOSO JR., José Celso (org.). A reinvenção do Planejamento Governamental no Brasil. Brasília: Ipea, 2011
SAMBRICIO, Carlos (org.). Ciudad y Vivienda en América Latina: 1930-1960. Madrid: Lampreave, 2012
VIDAL, Laurent. De Nova Lisboa a Brasília: a invenção de uma capital (séculos XIX-XX). Trad. Florence Marie Dravet. Brasília: UnB, 2009.
Josianne Cerasoli
Rodrigo de Faria
Carlos Sambricio
FARIA, Rodrigo de; CERASOLI, Josianne; SAMBRICIO, Carlos. Editorial. Urbana. Campinas, v.6, n.1, jan. / jun., 2014. Acessar publicação original [DR]
Urbanistas e urbanismo: a escrita da história como campo de investigação / Urbana / 2013
FARIA, Rodrigo de; CERASOLI, Josianne. Editorial. Urbana. Campinas, v.5, n.2, jul / dez, 2013. OBS: Apresenta o mesmo editorial no volume 5, número 1 [DR]
Urbanistas e urbanismo: a cidade como objeto de intervenção / Urbana / 2013
Urbanistas e Urbanismo no Brasil
O interesse no estudo dos profissionais passa fundamentalmente pela possibilidade de compreensão dos processos de circulação das ideias urbanísticas e sobre os problemas e desafios urbanos de um modo geral. Foram (e são) essas ideias que estruturaram (estruturam) os debates sobre melhoramentos urbanos e planos urbanísticos, planos diretores, planos regionais, o desenvolvimento social-urbano a construção-institucionalização do urbanismo no Brasil, especialmente a institucionalização do campo disciplinar do urbanismo como prática profissional de atuação nas administrações municipais para soluções dos “problemas urbanos”: neste caso especialmente pela atuação de engenheiros e urbanistas. Ao mesmo tempo, essas mesmas ideias têm papel importante, mesmo fora do campo dos especialistas, ao instruir paulatinamente as formas de apreensão e entendimento do urbano.
A institucionalização do urbanismo no âmbito das administrações municipais compreende uma conjuntura profissional e institucional em construção desde o século XIX, com as primeiras Comissões de Melhoramentos, como a do Rio de Janeiro na década de 1870; as Diretorias de Engenharia e Obras Públicas, onde uma primeira geração de engenheiros-urbanistas desenvolveu suas atividades; as Seções de Cadastro e Urbanismo, como a organizada durante a atuação do engenheiro Victor da Silva Freire em São Paulo na década de 1920; as Comissões de Planos da Cidade, já no contexto histórico do Estado Novo; ou ainda as experiências autorais individuais, tais como de Nestor de Figueiredo e seu Plano para João Pessoa.
Nessa primeira conjuntura histórica de atuação profissional no campo do urbanismo, os profissionais atuaram fundamentalmente na infraestruturação e modernização urbana, geralmente com intervenções em canalização de rios, implantação de sistemas ferroviários, de sistemas de abastecimento de água e canalização de esgoto, iluminação pública, ajardinamento de áreas livres, entre outras. Todavia, não desconsideravam os processos mais amplos, prevendo e orientando a expansão urbana, como foi o caso do Plano do Novo Arrabalde em Vitória elaborado pelo engenheiro Francisco Saturnino de Brito, publicado em 1896 .
É neste primeiro movimento de atuação profissional que o processo de construção-circulação das ideias urbanistas sobre a intervenção nas cidades adquiriu uma dimensão internacional, sobretudo nas décadas de 1910 e 1920. Nesse momento, o diálogo aberto com profissionais de outras nacionalidades é fundamental para o aprofundamento do campo conceitual e do vocabulário erudito de intervenção nas cidades (TOPALOV e DEPAULE, 2001, p. 17-38) brasileiras, principalmente os diálogos que ocorreram nos debates sobre a contratação de Alfred Agache para a elaboração do “Plano de Remodelação, Embelezamento e Extensão do Rio de Janeiro”, publicado em 1930, simultaneamente à apresentação de croquis por Le Corbusier propondo para Capital Federal uma grande estrutura urbana que articulava a paisagem natural do Rio de Janeiro (PEREIRA, 1996, p.396-376; DE FARIA, 2007).
A articulação com profissionais de diferentes nacionalidades ocorre também em outro sentido, a partir do próprio Brasil, pela interlocução profissional empreendida pelos profissionais brasileiros. Dois exemplos que não são os únicos e nem mesmo as únicas formas de articulação são ilustrativos dessa articulação: o diálogo empreendido por Victor da Silva Freire com estudos e profissionais europeus ao menos em dois importantes artigos, “Melhoramentos de São Paulo” e “Cidade Salubre” (de 1911 e 1914, respectivamente), discutindo os problemas da capital paulista em diálogo, por exemplo, com os estudos realizados por Camillo Site ainda no século XIX; e a formação como urbanista de Atílio Correia Lima na França, que no posterior retorno ao Brasil passa a atuar profissionalmente tanto no ensino na ENBA (convidado por Lucio Costa), como na atividade de projeto urbanístico (plano inicial de Goiânia).
No âmbito da institucionalização e prática urbanística nas administrações municipais brasileiras, é necessário referir-se aos Departamentos de Urbanismo no contexto da redemocratização legitimada pela Constituição Municipalista de 1946, especialmente, mas não os únicos, o Departamento de Urbanismo da Prefeitura do Rio de Janeiro organizado e dirigido inicialmente pelo engenheiro José de Oliveira Reis, e o Departamento de Urbanismo de São Paulo criado em 1947 no bojo dos debates profissionais entre os engenheiros Prestes Maia e Luiz de Anhaia Mello (FELDMAN, 2005).
Está nesse movimento pela criação contínua das instituições de urbanismo, pós1940 e ao longo das décadas de 1950 e 1960, um debate sobre o planeamento municipal, não mais limitando à atuação profissional e a própria compreensão sobre urbanismo e planejamento urbano, restrito às áreas urbanas dos municípios. Da mesma forma, estimula-se o debate profissional e institucional sobre dimensão regional do desenvolvimento, pelo que deveria considerar em termos de processos de cooperação intermunicipal para a elaboração de planos regionais, ou ainda, a cooperação interestadual, como no caso da Comissão Interestadual da Bacia Paraná- Uruguai, CIBPU (FELDMAN, 2008). E aqui outro importante momento de interlocução profissional internacional com as visitas de Pe. Lebret ao Brasil e a criação da Sociedade para Análise Gráfica e Mecanográfica Aplicada aos Complexos Sociais (SAGMACS, envolvida nos trabalhos da CIBPU) no ambiente intelectual do Movimento Economia e Humanismo (ANGELO, 2010), e suas vinculações com profissionais brasileiros, entre eles Antônio Bezerra Baltar em Recife e Antônio Delorenzo Neto em São Paulo.
Na década de 1960, especificamente na transição entre a redemocratização pós-1946 e o Golpe Militar de 1964, o processo de institucionalização do urbanismo na administração pública brasileira foi incorporado no governo federal com a criação do Serviço Federal de Habitação e Urbanismo (SERFHAU), juntamente com a criação da instituição financeira para gerir os recursos federais no âmbito das políticas urbanas, o Banco Nacional de Habitação. No caso do SERFHAU, destaca-se, sobretudo a atuação de Harry James Cole (LUCCHESE, 2009) após processo de reformulação do órgão em 1966, tendo desse processo participado e nesse contexto defendendo e divulgando a necessidade do planejamento urbano e dos planos locais integrados.
Desde a atuação nos municípios brasileiros passando pelo governo federal, muitos foram os profissionais urbanistas que durante os congressos e nas revistas especializadas apontavam a necessidade de criação de um órgão federal de urbanismo, tal como consta em artigos apresentados no I Congresso Brasileiro de Urbanismo em 1941, especialmente a proposta de criação do Departamento Nacional de Urbanismo (MARTINS, 1941, p. 128-131) feita pelo engenheiro Mario de Souza Martins, incluída como recomendação nas conclusões da Seção I – História e Divulgação, presidida por Atilio Correia Lima no I Congresso Brasileiro de Urbanismo, em 1941.
Processo histórico que passa pela criação da Comissão Nacional de Políticas Urbanas e Regiões Metropolitanas no âmbito do II PND na década de 1970, com a atuação de Jorge Franciscone e Maria Adélia de Souza, aponta a clara articulação multidisciplinar de atuação nos temas urbanos e urbanísticos, ele formado Arquiteto, ela Geógrafa, e que não pode desconsiderar o debate urbanístico ocorrido no Brasil em função do concurso para Brasília no final da década de 1950. Este debate foi claramente marcado pela interlocução dos profissionais brasileiros com as discussões realizadas no âmbito dos Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna, os CIAM.
Nesse contexto histórico largo está a importância dos estudos sobre a atuação profissional de urbanistas e pensadores da “questão urbana” no Brasil – profissionais atuantes no Brasil nos séculos XIX e XX e permanecem como referências intelectuais de primeira grandeza para o contínuo processo de compreensão-intervenção nas cidades brasileiras.
Os artigos publicados neste dossiê vêm a público em dois números consecutivos da Revista Urbana (6 e 7) e tiveram origem em intensos debates realizados em torno dessas questões durante o seminário Trajetórias: urbanistas e urbanismo no Brasil, realizado em Brasília, em abril de 2013, organizado pelo Grupo de Pesquisa em História do Urbanismo e da Cidade –UnB / CNPq, pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – UnB, pelo Centro Interdisciplinar de Estudos da Cidade – Unicamp e pela Rede Urbanismo no Brasil – USP / CNPq.
Referências
TOPALOV, C.; DEPAULE (2001). A cidade através de suas palavras. In: BRESCIANI, Maria S. Martins (org.). Palavras da Cidade. Porto Alegre: EDUFRGS.
PEREIRA, Margareth da Silva (1996). Pensando a metrópole moderna: os planos de Agache e Le Corbusier para o Rio de Janeiro. RIBEIRO, Luis C. de Q; PECHMAN, Robert (org.). Cidade, povo e nação – gênese do urbanismo moderno. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
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Rodrigo de Faria – Professor Doutor (UnB)
Josianne Cerasoli – Professora Doutora (Unicamp)
Editores Responsáveis pelo número
FARIA, Rodrigo de; CERASOLI, Josianne. Editorial. Urbana. Campinas, v.5, n.1, jan / jun, 2013. Acessar publicação original [DR]
Os eruditos e a cidade / Urbana / 2012
Trajetória ou biografia? Uma ou outra seriam aproximações indistintas para estudos sobre a experiência vivida por algum personagem? Poderíamos dizer que a ideia de trajetória remete imediatamente ao aspecto profissional dessa experiência pessoal e, portanto, equivaleria à trajetória profissional? Seria a biografia justificável somente pela abordagem da experiência pessoal, por uma suposta singularidade? Ou ainda, seria possível falar em biografia profissional, como uma “entrada” híbrida, que remeteria necessariamente para a experiência profissional e pessoal, entrecruzadas? Sem eleger, de antemão, uma entre essas abordagens, a proposta do dossiê “Os eruditos e a cidade” apresenta uma oportunidade para se discutir o tema.
A opção foi favorecer o diálogo, nem sempre convergente, entre diversos campos disciplinares a partir das seus aportes conceituais, resultando em diferentes visões sobre a questão, o dossiê priorizou propostas que buscassem pensar o papel, a atuação, as proposições de representantes dos saberes em suas ações sobre a cidade. Médicos, engenheiros, urbanistas, arquitetos, artistas, entre outros personagens que de modos diversos tematizaram o urbano figuram entre aqueles que fizeram dos saberes eruditos seu referencial para problematizar e atuar na cidade, seja na construção das infra-estruturas urbanas, dos sistemas viários, dos planos para moradias e saneamento habitacional, dos planos de expansão urbana, dos planos de intervenção urbana, das obras de abastecimento de água, ou ainda na configuração de um campo profissional para se pensar a cidade, por meio de associações, conferências, instituições de ensino, na administração municipal, entre outras atuações. O interesse do Dossiê “Os Eruditos e a Cidade” é justamente perscrutar a atuação daqueles que a partir de sua formação técnica e erudita atuaram na construção do sistema urbano brasileiro ou na forma de se pensar a cidade, sobretudo pela ação direta nas municipalidades.
Perscrutar a vida de uma pessoa não é tarefa simples. A vida profissional pode ser algo fugidia ao pesquisador, sobretudo quando os vestígios da sua trajetória profissional são restritos quantitativamente, ou ainda restritos qualitativamente, quando se depara com aspectos “lacunares” dessa vida, por vezes destituídos de vestígios documentais mais amplos que propiciem uma interpretação substantiva e profunda. Cartas, ofícios, memoriais, projetos, filiações institucionais, interlocutores e tantas outras categorias documentais que viabilizariam uma interpretação mais detalhada, articulada às tramas técnicas, sociais e profissionais que cada vida consubstanciou, orientam, portanto, (e justamente pela eventual inexistência de uma documentação mais densa) uma interpretação interessada não apenas em sua trajetória, digamos, individualizada ou singularizada, mas antes ampliada para as articulações desse personagem, e dos saberes que orientam suas propostas, às questões em pauta em cada momento histórico.
A partir dessas considerações sobre as possibilidades para se pensar a atuação dos profissionais na construção das cidades, o Centro Interdisciplinar de Estudos da Cidade convida à leitura deste número da revista Urbana, manifestando a gratidão dos editores pelas importantes contribuições recebidas.
Rodrigo de Faria – Professor Doutor (UnB)
Josianne Cerasoli – Professora Doutora (Unicamp)
FARIA, Rodrigo de; CERASOLI, Josianne. Apresentação. Urbana. Campinas, v.4, n.1, jan. / jun., 2012. Acessar publicação original [DR]