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Carlo Ginzburg | ArtCultura | 2007
Os trinta anos recém-completados da publicação original de O queijo e os vermes: o cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela Inquisição, bem como os vinte anos de sua tradução brasileira, parecem uma data oportuna para refletir sobre a trajetória intelectual do seu autor nas últimas décadas. Aquele livro, como se sabe, foi responsável por projetar Carlo Ginzburg como um dos mais inovadores historiadores de sua geração e — traduzido em vinte e dois idiomas além do italiano — tornou-se uma espécie de marco da renovação dos estudos de história da cultura popular, tanto quanto de um modo de fazer história que aliava a análise atenta das minúcias, o interesse pelo protagonismo individual (ou o ponto de contato entre as estruturas de larga duração e o cotidiano mais banal de um personagem sem importância, cuja vida dificilmente poderia ser considerada como estatisticamente representativa) e tudo aquilo que muito freqüentemente se tem considerado como características centrais de uma perspectiva micro-histórica. Somava-se a isso, ainda, a atenção sobre a exposição e a narração, o flerte entre a história e a literatura.
Todos esses aspectos, imediatamente reconhecidos pela crítica histórica, converteram o livro num clássico, e não apenas na Itália. O exemplo próximo e mais eloqüente é aquele dado pelo público brasileiro, que garantiu não somente as reedições sucessivas da história de Menocchio (incluindo aí mais recentemente uma edição de bolso com grande tiragem), como também a tradução quase imediata da maior parte da produção intelectual desse autor nos últimos vinte anos.1 Leia Mais