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2666 – Roberto Bolaño / Rodrigo Perez / 04 fev 2021
Hoje, trato do romance de formação “2666“, do escritor chileno Roberto Bolanõ, publicado pela Companhia das Letras, em 2010. Eu estudo fenômenos políticos, mas sou apaixonado pela prosa ficcional. E temos aqui um bom texto literário, que me faz lembrar a Poética de Aristóteles, um tratado filosófico dedicado à Arte. O que quero lembrar aqui é que a palavra “ficção” não é sinônimo de mentira.
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Noturno do Chile | Roberto Bolaño
O aclamado Roberto Bolaño, na época com 47 anos, lança em 2000 o livro Noturno do Chile. Bolaño, nascido em 1953, em Santiago do Chile2, tem 12 obras traduzidas para o português3 e mais de 20 obras em sua língua de origem4, distribuída por todo o mundo. Em 1968, foi com a família para o México. Com ideias revolucionárias, retorna ao Chile em 1973 e é preso após o golpe de mesmo ano. Seguiu para o exílio em El Salvador, voltou ao México e finalmente assentou-se na Espanha em 19775 até sua morte em 2003.
A obra Noturno do Chile é contada em apenas dois parágrafos, sob a narrativa de 1ª pessoa, a vida do religioso, soberbo e como Bolaño dita: lamentável6, padre Sebastián Urrutia Lacroix, um crítico literário, escritor e padre, que delirante em seu leito de morte confronta-se consigo mesmo os erros e acertos do passado, que revela em uma fomentada e quase polêmica voz a sua conduta, que pouco condiz com sua batina, ou sua carapuça, como o próprio diz. Isso pode ser visto quando o personagem repudia camponeses por sua feiura e até a velhice de seu amigo, que o induziu ao mundo intelectual, o crítico literário e amigo pessoal de Pablo Neruda, Farewell. Há também uma culpa impregnada na narrativa, que nos é permitida sentir pela figura do jovem envelhecido, que provoca e aborrece o doente padre: é o próprio, debochando de seu estado atual. Leia Mais